man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Wings Of Desire – Shut Up And Listen EP
A dupla britânica Wings Of Desire é natural da cidade de Stroud, no sul de Inglaterra e junto da fronteira com o Pais de Gales. Chamaram a atenção da crítica o ano passado com o disco Life Is Infinitive, uma coleção de treze canções que a banda tinha lançado anteriormente online e que teve a chancela da WND Recordings.
Um ano depois desse álbum, a dupla formada por James Taylor e Chloe Little está de regresso com um novo EP intitulado Shut Up & Listen, um tomo de quatro temas que tem um cariz benemérito, já que a receita da venda de uma edição limitada do registo em formato cassete irá reverter para uma associação da cidade natal chamada The Long Table, que ajuda diariamente com refeições pessoas carenciadas.
Quando a efervescência nebulosa das guitarras que conduzem o tema que dá nome a este EP entram pelos nossos ouvidos, somos transportados para um gloriosa herança sonora enérgica e que sustentou, na década de oitenta do século passado, uma forma de fazer rock que olhava com particular gula para uma certa tonalidade psicadélica, que tinha também um forte travo cinematográfico. E. de facto, a música destes Wings Of Desire tem essa capacidade imediata de fazer ressurgir da mente de quem os escuta, cadeias de eventos, mais ou menos extraordinários e que, muitas vezes, não são mais do que desejos recalcados, ou medos e anseios que o nosso âmago guarda a sete chaves.
Com uma temática bem vincada e que procura encarnar uma espécie de aviso contra o niilismo e a ignorância, alimentados cada vez mais por uma distopia digital que ameaça perigosamente a Mãe Terra, através de massas automatizadas e influenciadores algorítmicos que nos poderão levar para um futuro distópico, Shut Up And Listen impressiona por este ponto de vista algo apocalítico em que o universo e a Terra estão a já a exibir as suas próprias formas de vingança bíblica, na forma de inundações, furacões, tremores de terra ou explosões solares. No entanto, canções como Forgive and Forget (Reprise), composição que os Arcade Fire não menosprezariam ter no seu catálogo, também nos dão um laivo de esperança no futuro, porque enquanto existirmos como espécie, também haverá lugar para o amor e para a compreensão relativamente ao outro.
Assim, este aviso constante relativamente a uma possível destruição iminente, é-nos suavemente entregue com melodias vibrantes, recriadas não só pelas já referidas guitarras, mas também por sintetizadores planantes, que incubam portentos de krautrock com um groove hipnotizante, verdadeiros orgasmos de rock progressivo, vigorosos mas também melancólicos, onde não falta um forte apelo ao airplay radiofónico, mas também à introspeção pura e dura. Este EP é, de facto, um verdadeiro soporífero, feito de versos fortes e cantantes e refrões gritantes, verdadeiros hinos de estádio que nos mostram que ainda podemos viver neste mundo a tentar melhorar o nosso eu, em busca de uma efémera perfeição. Espero que aprecies a sugestão...