man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Wild Beasts - Present Tense
Três anos após o excelente Smother, o quarteto britânico Wild Beasts está de regresso com Present Tense, um novo álbum lançado no passado dia vinte e quatro de fevereiro pela Domino Records. Depois de trabalharem com Richard Formby nos três primeiros álbuns, este novo trabalho foi gravado com Lexxx, um engenheiro de som parceiro de Mike Stent e que já trabalhou em álbuns de Björk, Madonna e Goldfrapp.
A carreira dos Wild Beasts tem sido marcada por um desenvolvimento progressivo e um aumento da bitola qualitativa da sonoridade apresentada de disco para disco, com o ponto alto a ser atingido com Smother, considerado unanimemente o ponto alto da carreira deste grupo. Assim, era com elevada pressão que se aguardava um novo trabalhos dos Wild Beasts e importa referir, sem mais delongas, que Present Tense não defrauda quem estava à espera de algo de nivel semelhante a Smother, com a nuance de haver ainda propostas sonoras mais ambiciosas e sofisticadas e um alargar do leque musical dos Wild Beasts, além de uma qualidade lírica acima de qualquer suspeita e que importa também analisar com algum detalhe.
Então, Present Tense reforça a sonoridade caraterística que os Wild Beasts já apresentam há cerca de uma década e aprimora a vertente experimental, na medida em que não a descura e mantém as canções acessíveis à maioria dos ouvidos, como comprova o já apreciável catálogo de singles retirados do disco (Wanderlust, Mecca, Sweet Spot e A Dog’s Life). A toada geral das canções é amena e a vertente instrumental centra-se mais no campo sintético, do que propriamente nas guitarras, valendo-se de um conjunto de referências que vão da música minimalista dos anos setenta, a alguns fragmentos da eletrónica atual, sem descurar uma forte presença da synthpop típica dos anos oitenta, de forma equlibrada e não demasiado vintage. Todos estes aspetos mergulham Present Tense num universo que abrange alguns elementos específicos das novas propostas que vão surgindo no campo da dream pop, algo que projetos como os Everything Everything e Alt-J têm apresentado, dois grupos também britânicos e que confessam admirar a discografia dos Wild Beasts.
Este clima sonoro que não deixa também de ter um certo charme, juntamente com o habitual falsete de Thorpe, ajuda à aproximação entre a banda e o ouvinte, ao mesmo tempo que confere a densidade correta às letras, ajudando a que o conjunto final de muitas canções tenha vida e um pulsar que não nos passa despercebido.
Da política, à estratificação social, passando, obviamente, pelo amor, Present Tense aborda a nossa realidade, permite que nos identifiquemos com o conteúdo e canções como o single Wanderlust (Don't confuse me with someone who gives a fuck), ou a abordagem da luxúria e da sedução em Sweet Spot, asim como algum exibicionismo e machismo patentes em Nature Boy, fazem-nos pensar nessas questões. Também é difícil não nos deixarmos levar pelo romantismo melancólico de Palace, mas o meu grande destaque deste disco é mesmo Sweet Spot, uma excelente música, com o clima contido de sempre e pontuado pela vocalização etérea de Thorpe e por sintetizadores que nos envolvem até ao final da canção
Present Tense é um disco que amarra várias pontas soltas que os Wild Beasts foram deixando ao longo do seu percurso e, com isso, amplia o cardápio de referências e a herança inspiradora que deixa para outras bandas que se possam servir de Present Tense como um válido e importante referencial. Ao longo da audição este vai crescendo de ofrma bela e sofisticada e aconselho vivamente um isolamento completo de eventuais distrações sonoras para que possam seer devidamente apreciados todos os detalhes que sustentam o alinhamento. Espero que aprecies a sugestão...
01. Wanderlust
02. Nature Boy
03. Mecca
04. Sweet Spot
05. Daughters
06. Pregnant Pause
07. A Simple Beautiful Truth
08. A Dog’s Life
09. Past Perfect
10. New Life
11. Palace