man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Wavves And Cloud Nothings – No Life For Me
Dois dos nomes mais consensuais e profícuos do indie rock lo fi atuais são, certamente, os Wavves de Nathan Williams e os Cloud Nothings de Dylan Baldi. Para regalo dos ouvidos de todos aqueles que, como eu, seguem com particular devoção este subgénero do indie rock, No Life For Me, um compêndio de nove canções assndao pelas duas bandas, é um dosmarcos discográficos do ano, sem qualquer dúvida. No Life For Me aparece nos escaparates à boleia da Ghost Ramp e foi gravado e produzido pelo coletivo Sweet Valley, formado por Nathan e o seu irmão Joel Kynan, sendo um trabalho que, na sua génese, é feito de experimentações sujas que procuram conciliar esta componente lo fi com a surf music, numa embalagem caseira e íntima e que não coloca em causa o adn sonoro identitário dos dois projetos.
No Life For Me junta talentos fazendo-o, felizmente, sem pretensões demasiado grandiosas ou eloquentes. Costura a sonoridade calculadamente poluída dos Wavves com a energia típica dos Cloud Nothings, de modo a que no disco transpire sempre, na quase meia hora que dura, a inexistência de alguma música em que prevaleça um dos projetos, sendo mais do que um trabalho de simbiose, uma compilação em que o resultado final é algo de particularmente novo e inovador, tendo em conta o percurso discográfico dos autores.
As nove canções do álbum são quase todas aceleradas e feitas com guitarras aditivas e uma voz que às vezes parece perder o tom, mas que nunca descura o teor melódico, sendo essa apenas e só aparente lacuna, mais um detalhe, certamente propositado, para o charme pretendido. Aliás, também não falta, em alguns instantes, aquela componente surf pop muito californiana, onde Nathan muitas vezes se deita para compôr.
Se a introdução de Nervous, acomodada num baixo irrepreensível e num excelente refrão cheio de loopings e arranjos distribuídos em camadas, faz deste tema um momento intenso e obrigatório no disco, canções como a intuitiva Come Down ou o o reverb do tema homónimo induzem o peso e a velocidade que os dois grupos exigem, com Nothing Hurts a encerrar com beleza e bom gosto um trabalho arrojado e que, apesar do constante noise das guitarras, nunca deixa de conter uma sonoridade aberta, acessível e pop.
Álbum, na minha opinião, fundamental e também percurssor da reinvenção do movimento lo fi tão em voga nos últimos anos e que tem dado alguma primazia à vertente psicadélica, como comprovam os conterâneos Ty Segall ou The Oh Sees, No Life For Me é um passo significativo numa outra direção, mas igualmente nobre e bem sucedida, de duas bandas que, sem deixarem de ser rugosas, intensas e viscerais, procuram um brilho pop mais acessivel e imediato e uma abordagem ao noise mais elástica, orelhuda, angulosa e até radiofónica. Espero que aprecies a sugestão...
01. Untitled I
02. How It’s Gonna Go
03. Come Down
04. Hard To Find
05. Untitled II
06. Nervous
07. No Life For Me
08. Such A Drag
09. Nothing Hurts