man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Violent Mae – Kid
Connecticut e The Outer Banks são as raízes da dupla Becky Kessler e Floyd Kellogg, juntos desde o final de 2013 e a coberto do nome Violent Mae e da The Telegraph Recording Company que acaba de editar Kid, o fabuloso segundo disco de um projeto que se estreou com um também bastante recomendável homónimo, lançado logo no início da carreira.
Antes de nos debruçarmos sobre o conteúdo de Kid, é interessante referir que a intenção inicial destes dois músicos não era formar os Violent Mae. Tudo começou quando Becky convidou Floyd para gravar e produzir o seu disco de estreia a solo, mas a química entre ambos foi tão forte que acabou por ser espontânea a necessidade de ambos em se juntarem num projeto a dois,algo que aconteceu em boa hora.
Tiro certeiro no rumo exato e na direção sonora que esta dupla pretende seguir na sua demanda sonora, muito relacionada com a típica soul de uma américa profunda, com fortes raízes e uma identidade bastante vincada, Kid tem tudo para se tornar numa referência obrigatória no espetro sonoro em que se insere, pelo modo como ao longo do seu alinhamento o reverb e a distorção das guitarras replicam com enorme naturalidade um rock genuino e altivo, que não defraúda a herança que nomes como PJ Harvey, na fase inicial da carreira, ou, mais recentemente, a enorme Cat Power, têm construído com notável precisão e elevada bitola qualitativa.
Do rock direto e conciso de In The Sun, até ao ambiente algo místico e espiritual que serve de base ao código genético do indie rock de cariz mais psicadélico, presente nas guitarra de In My Ring, passando pelo percussiva progressão galopante que nos oferece a cândura de Rob Me Blind, Kid inicia de modo esplendoroso, imbuído com uma contemporaneidade desarmante, ampliada pelo travo retro que exala por todos os poros e prende-nos até ao ocaso de um alinhamento que, independentemente das diferentes nuances que depois adopta, transporta uma identidade rica e um carimbo particularmente impressivo.
Na verdade, esse início prometedor tem sequência e o restante conteúdo contém outros momentos que deixarão certamente uma extraordinária impressão relativamente à banda e, melhor que isso, proporcionam momentos de puro prazer e diversão sonoras, capazes de nos elevar a um patamar superior de emoção, movimento e lisergia. E isso sucede quando em temas mais intimistas e reflexivos como Away e Flame e outros mais experimentais como a primeiro caótica e depois charmosa Murdered Bird, ou a profunda Birthday, os Violent Mae colocam um pouco de lado os tiques estereotipados que sustentam a arquitetura sonora do rock e optam por uma psicadelia fortemente eletrificada, arriscando a busca por um inedetismo que asfalta um caminho que é só deles e diferente de todos os outros que nos podem levar rumo ao mesmo espetro sonoro. Aliás, a nebulosidade corpulenta de Lou1 e o eco estratosférico que levita em redor do caldeirão inebriante que resulta da amálgama de sons que escorrem do arsenal instrumental de Neon Halos, num frenesim visceral algo lascivo, são composições que nos oferecem um ambiente envolvente, quente e assumidamente másculo e direto, mas também intimista e acolhedor.
Verdadeiro tratado de indie rock, pleno de fuzz e reverb, como já foi referido, mas também muito mais rico e abrangente que estas duas permissas, até porque não se confunde com a miríade de propostas semelhantes que atualmente vão surgindo neste género sonoro, Kid só poderia ter germinado num universo muito próprio e certamente acolhedor de uma banda que logo pretende assumir uma posição cimeira à custa de uma sensibilidade melódica invulgarmente eletrificada e que sabe muito bem o caminho que quer continuar a trilhar no futuro. Espero que aprecies a sugestão...
01. In The Sun
02. In My Ring
03. Rob Me Blind
04. Away
05. IOU1
06. Murdered Bird
07. Kid
08. Flame
09. Intro
10. Neon Halos
11. Birthday
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1 comentário
De Nuno Soares a 04.12.2015 às 12:14
Saudações musicais!