man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Viagra Boys - Street Worms
Sebastian Murphy, Benjamin Vallé, Tor Sjödén, Henrik Höckert e Martin Ehrencrona são os Viagra Boys, um coletivo sueco oriundo de Estocolmo e que acaba de surpreender os mais incautos com Street Worms, nove canções assentes num indie rock encorpado, volumoso e efusivo, que mistura baixo e guitarras com batidas sintetizadas e aproxima o projeto não só de uma sonoridade eminentemente punk, mas também daquele garage rock cru, sujo e vibrante que fez escola há duas e três décadas atrás nos dois lados do Atlântico.
Street Worms é um banquete de melodias repletas de momentos de glória e celebração, onde letras e voz, se cruzam com uma vasta miríade instrumental para dissertar com particular acidez e ironia sobre um conservadorismo que vai tomando cada vez mais conta da nossa urbanidade ocidental mais elitista, que não tem sabido muito bem como reagir ao saudável crescimento da importância das minorias e do medo que esse movimento, que tem também cada vez mais força na internet, acaba por provocar nas esferas dominantes pouco dispostas a repartir o pão que têm absorvido apenas e só para si, há já várias décadas. E os Viagra Boys parecem dispostos a levar o seu garage rock nessa direção eminentemente intervencionista, fazendo-o com assinalável mestria dançavel e psicadélica, quer no sintético groove negro de Down In The Basement, mas também no aditivo refrão da irónica masculinidade de Sports, na afirmação do baixo como verdadeira locomotiva do som do quinteto no pós punk de Just Like You e ainda no modo inédito como o saxofone desafia a acidez dos outros arranjos que vagueiam pela espetacular melodia que sustenta Slow Learner, canção que espraia-se nos nossos ouvidos e nos faz vibrar de alto a baixo com particular languidez.
Street Worms é um álbum que não serve para as pistas de dança convencionais, mas que é perfeito para quem pretende abanar a anca ao som de uma sonoridade um pouco ortodoxa e exigente, mas tanto ou mais recompensadora que a que habitual se escuta por baixo da bola de espelhos, vinda de uma Suécia que é país modelo no acolhimento de refugiados, mas também um território fértil em convulsões e pátria de uma das extremas direitas mais ativas e violentas da Europa. A música dos Viagra Boys, uma banda que do nome à performance algo descontraída e espontânea parece não querer ser levada demasiado a sério, mas que tem o firme controle sobre aquilo que defende e pretende instigar no ouvinte, tem esse elan teatral trágico comediante, esse sabor a crítica e a chamada de alerta para um fenómeno de resistência e repulsa aos movimentos migratórios que tem vindo a ganhar repercurssões particularmente alarmantes nos países nórdicos e que pouco tem de parodiante ou que seja passível de ser objeto de ligeiro sarcasmo. The same worms that eat me/Will someday eat you, too, assim termina no sinistro negrume de Worms, um disco que quer, no fundo, mostrar-nos que, mais tarde ou mais cedo, acabamos por ser todos iguais. Espero que aprecies a sugestão...