man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Van Dale - Van Dale
Foi no passado dia trinta e um de março que chegou aos escaparates em formato digital e cassete Van Dale, o espetacular novo disco dos Van Dale, um trabalho homónimo de um trio norte americano oriundo de Columbus, no Ohio, que inclui no alinhamento dos membros dos já consagrados Way Yes e uma das novas grandes apostas da insuspeita e espetacular editora Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
Em nove canções cheias de energia, os Van Dale ressuscitam alguns dos melhores detalhes do grunge e do rock alternativo dos anos noventa, com as distorções de Peacefully e o efeito da guitarra e as transições de volume e ritmo de Bed Of Bricks a trazerem-nos à memória aquelas tardes de domingo ou de gazeta semanal, em que era rei quem tinha uma Yamaha DT 500 ou um par de Dr Martens e nos ouvidos um Walkman com cassetes pirateadas com gravações dos Nirvana, dos Pearl Jam ou dos Soundgarden.
Estes Van Dale vão diretos ao assunto, não perdem tempo com arranjos desnecessários, mas, nem por isso, deixam de ter um apreciável sentido estético e uma veia experimental apreciável que, por exemplo, em What It's All About pisca o olho ao rock progressivo e em I Got Money tem um certo travo ao surf rock, com uma roupagem mais eletrificada e rugosa. Mas seja qual for a abordagem, tematicamente, os problemas típicos da juventude dominam a componente lírica e há uma cuidada mistura da voz com as letras e os arranjos das melodias, o que faz com que o próprio som da banda ganhe em harmonia e delicadeza o que podia ver colocado em causa devido ao grau de distorção das guitarras, quase sempre no red line. Speak Yellow é um claro exemplo do sucesso obtido na busca deste difícil equilíbrio e, mesmo nos temas em que os Van Dale procuram ser melodicamente mais incisivos, como na curiosa e recomendável balada Travis e na épica e sentimental Awalking Home, a constante sensação de recrodação daquelas cassetes antigas que temos lá em casa, empoeiradas, cheias de gravações caseiras e lo fi, do que ouvíamos à cerca de vinte a vinte e cinco anos, nunca é colocada em causa.
Nostálgicos e com o louvável intuíto de nos fazerem regressar ao passado com canções caseiras a navegarem numa espécie de meio termos entre o rock clássico, o grunge, punk rock e a psicadelia, os Van Dale entregam-nos neste homónimo, de mão beijada e em todo o seu esplendor a sua visão atual do que realmente foi o rock alternativo, as guitarras barulhentas e os sons melancólicos do início dos anos noventa, assim como todo o clima sentimental dessa época e as letras consistentes, que confortavam e destruiam o coração num mesmo verso. E o grande brilho deste disco é, ao ouvi-lo, ter-se a perceção das bandas que foram usadas como inspiração, não como plágio, mas em forma de homenagem. Uma homenagem tão bem feita que apreciá-la é tão gratificante como ouvir uma inovação musical da semana passada. Espero que aprecies a sugestão...