man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Vampire Weekend – Only God Was Above Us
Cerca de meia década depois do excelente Father Of The Bride, os Vampire Weekend de Ezra Koenig, Chris Baio e Chris Tomson, estão de regresso aos discos com Only God Was Above Us, o quinto compêndio da carreira do grupo de Nova Iorque. Only God Was Above Us tem dez canções produzidas por Ariel Rechtshaid, habitual colaborador da banda e viu a luz do dia hoje mesmo, com a chancela da Columbia Records.
Ao quinto disco da carreira, os Vampire Weekend resolvem homenagear figuras e eventos importantes da história de Nova Iorque, a sua cidade natal, das duas décadas finais do século passado, enquanto apresentam o disco mais eclético e abrangentedo seu catálogo. O trio sempre enriqueceu o seu cardápio à custa de canções divididas entre um travo afro e o rock alternativo, bastante impresso no disco homónimo de estreia, de dois mil e dezoito, um modus operandi que com Contra e nos anteriores Modern Vampires Of The City e Father Of The Bride, também evoluiu para sonoridades mais maduras e experimentais, mas Only God Was Above Us, sem deixar de apostar nesta lógica de continuidade evolutiva, apresenta elementos inéditos que beliscam universos tão díspares como o hip-hop ou o punk rock, comprovando esta busca de uma ainda maior heterogeneidade e complexidade para o cardápio do grupo.
De facto, logo que foram conhecidas as composições Capricorn e Gen-X Cops , percebeu-se que os Vampire Weekend estavam a apostar numa tonalidade mais rugosa e crua do que as propostas anteriores, mas sem colocarem de lado a minúcia ao nível dos detalhes e dos arranjos que sempre caraterizou o arquétipo sonoro das canções do projeto. Depois, quando escutámos Classical, mesmo havendo uma maior preponderância, ao nível dos arranjos, das teclas e dos sopros, não amainou essa tónica num registo sonoro exuberante e ruidoso e instrumentalmente rico e diversificado.
Seja como for, a herança riquíssima da banda e o fio condutor com o seu catálogo não podia deixar de existir. De facto, canções como Mary Boone, composição que coloca todas as fichas numa mescla entre um clima intimista comandado pelo piano e um refrão encharcado em exuberância e cor, sensações proporcionadas por um coro gospel e diversos entalhes percussivos, onde não falta um sample do loop de bateria do clássico dos Soul II Soul, Back To Life (However Do You Want Me) e Ice Cream Piano, um bem suceiddo exercício de simbiose que de forma experimental e criativa sustenta uma melodia pop com um certo cariz épico e melancólico e, enquanto tema perfeito de abertura, nas suas nuances rítmicas se divide constantemente entre a simplicidade e a grandeza dos detalhes, são excelentes exemplos de um adn sempre radiante e que também se explica pelo modo peculiar e sempre criativo como interseta toda a amálgama instrumental de que o trio se serve quando entra em estúdio, seja orgânica, seja sintética. Depois, se Connect nos oferece um planante e charmoso exercício rítmico que divide o protagonismo entre piano e bateria, na busca de um universo simultaneamente intrincado e lisérgico, Prep-School Gangsters acaba por ser a canção que melhor condensa todo este receituário, no modo como cruza uma guitarra elétrica buliçosa com batidas e ritmos com funk e com um travo tropical delicioso, com alguns dos arquétipos essenciais do rock psicadélico setentista, rematados por detalhes de cordas de forte indole orgânica.
Com um travo geral com um forte travo classicista, charmoso e sentimentalmente tocante, Only God Was Above Us divide-se constantemente entre a simplicidade e a grandeza dos detalhes, enquanto se entrega, de forma experimental e criativa, à busca incessante de melodias com um forte cariz pop e radiofónico, mas sem deixarem de piscar o olho aquele universo underground e mais alternativo que sempre serviu de inspiração aos Vampire Weekend e que acabou por ser um elemento chave para conseguirem criar mais um brilhante naipe de canões que amplifica ainda mais a notoriedade que já hoje os distingue. Espero que aprecies a sugestão...