man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Vague - Tempdays EP
Nova aposta da Siluh Records, os austríacos Vague são cinco jovens rapazes de Viena impregnados por um manancial de efeitos e distorções alicerçadas em trinta anos de um indie rock feito, neste caso, com três guitarras bastante inspiradas e um enorme bom gosto. Obscuros e melancólicos, mas plenos de energia e focados numa enorme dedicação à causa, estes Vague não complicam na altura de exaltar o retro, mesmo que nos dias de hoje exista já alguma saturação relativamente ao vintage e são um claro exemplo de que quando a música é boa, esse tipo de projeções e comporações tornam-se inócuos e a data da gravação pouco importa, sendo apenas um mero detalhe formal sem qualquer valor.
Formados por Gabriel Hyden (guitarra e voz), Simon Dallaserra (guitarra e voz), Konstantin Heidler (guitarra e voz), Juan Marhl (baixo) e Gregor Apfalter (bateria), os Vague são cinco músicos na casa dos vinte anos, com a nuance interessante de praticamente todos os elementos gostam de escrever letras, nomeadamente os guitarristas. Tempdays, o EP de estreia do grupo, viu a luz do dia a dezasseis de janeiro e contém cinco canções, com os créditos das letras a distribuirem-se do seguinte modo: Konstantin Heidler escreveu Black Sheep, Simon Dallaserra escreveu Nothing Again e Take It Still e Gabriel Hyden escreveu Vain City e Space Addict.
Logo no baixo e no fuzz e no efeito da guitarra de Nothing Again percebemos claramente que estes Vague são uma banda que tem colado a si, como seria de esperar, o indie rock de cariz mais alternativo e que aposta no revivalismo de outras épocas, nomeadamente os primórdios do punk rockmais sombrio que fez furor nos finais da década de setenta e início da seguinte. O próprio registo vocal grave e lo fi de Gabriel aponta para a memória de Ian Curtis ou Richard Reilly.
Já o single, Vain City, inflete num sentido mais luminoso e relaxado, apesar do baixo introdutório, sendo um belo instante sonoro pop onde a voz é colocada em camadas, sempre lado a lado com as guitarras e o baixo vibrante, criando uma atmosfera contemplativa, com uma forte vertente experimental nas guitarras e uma certa soul na secção rítmica.
Até ao ocaso de Tempdays torna-se ainda imprescindível e especial deleitar os nossos ouvidos com o ritmo sempre crescente, até à inevitável explosão sónica, da épica Take It Still. A solarenga guitarra de Black Sheep e a relação progressiva que o baixo e a bateria constroem na canção, com um início algo inocente mas que depois ganha uma tonalidade muito vincada, são outros excelentes tónicos para potenciar a capacidade de Gabriel, o vocalista, em soprar na nossa mente e envolvê-la com uma elevada toada emotiva e delicada, que faz o nosso espírito facilmente levitar e que provoca um cocktail delicioso de boas sensações. Esta mesma sensação ganha um fôlego ainda maior em Space Addict, um tema onde a voz atinge o auge açucarado qualitativo, uma canção que ilustra o quanto certeiros e incisivos os Vague conseguiram ser na replicação do ambiente sonoro que escolheram.
Tempdays carimba uma certa ideia de maturidade de um coletivo que parece caminhar confortavelmente por cenários que descrevem dores pessoais e escombros sociais, com uma toada simultaneamente épica e aberta, fazendo-o demonstrando a capacidade eclética dos Vague em compôr boas letras e oferecer-lhes belíssimos arranjos, assentes num baixo vibrante adornado por uma guitarra jovial e pulsante e com alguns dos melhores efeitos e detalhes típicos do rock alternativo e do indie punk vintage mais sombrio. Espero que aprecies a sugestão...
1. Nothing Again
2. Vain City
3. Black Sheep
4. Space Addict
5. Take It Still