man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Tunng – Songs You Make At Night
Foi a vinte e quatro de agosto último, à boleia da insuspeita Full Time Hobby que chegou aos escaparates Songs You Make At Night, o sexto álbum dos Tunng, um coletivo britânico que está a comemorar década e meia de uma respeitável carreira, onde têm misturado com uma ímpar contemporaneidade e bom gosto eletrónica e folk, uma fusão feita com assinalável mestria por um coletivo que é atualmente formado por Mike Lindsay, Sam Genders, Ashley Bates, Phil Winter, Becky Jacobs e Martin Smith.
Sam Genders e Mike Lindsay são, claramente, a grande força motriz destes Tunng, uma banda que encanta e cativa os mais distraídos pelo modo como cria melodias doces e cativantes, mesmo que sejam adornadas, muitas vezes, com arranjos e samples à primeira vista tendencialmente agrestes e ruidosos. É, no fundo, um processo de criação sonora algo complexo, que não renega o uso de várias influências e onde o experimentalismo livre de constrangimentos se assume como uma filosofia condutora marcante e a maior mais valia deste modo de compôr.
Em Songs You Make At Night todas estas permissas e estratégias são tidas em conta num registo que parece ter sido pensado como a banda sonora perfeita para uma noite de sono relaxada, mas que também convide ao intimismo e à. reflexão. E a verdade é que logo na vasta pafernália de sons e detalhes sintéticos e orgânicos que preenchem, camada após camada, o tema Dream In, percebe-se, de modo particularmente belo e impressivo, a materialização de toda esta riqueza e heterogeneidade estilística. Depois, na batida sintética que conduz a parada cósmica a que sabe a pop sedutora do single ABOP e no travo profundamente enigmático que exala do dedilhar deambulante das cordas em Sleepwalking e também em Battlefront, canções que se destacam igualmente pela habitual voz rouca de Sam, que parece sempre acabada de emergir de um sono profundo e nos belíssimos arranjos percurssivos e de sopros que se entrelaçam com a viola em Crow, sentimo-nos submergidos por aquilo que nos parece ser um mundo perfeito, um mundo em que sonhar produz efeitos práticos e concretos na vida de quem acredita que os sonhos podem ser realmente vividos em plenitude
Até ao ocaso de Songs You Make At Night, na majestosidade oitocentista de Dark Heart, uma canção com um inconfundível travo retro ou na lindíssima Falt Land, tema onde leves batidas e samples vão dividindo o protagonismo com uma guitarra que nos faz emergir da solidão, o disco vai-se convertendo nos nossos ouvidos num portento de sensibilidade e optimismo, um álbum a transbordar uma espécie de amor que só se sente durante o sono e que nos liberta definitivamente de algumas das amarras que ainda filtram o modo como a nossa consciência vê o mundo durante o dia. Outro enorme atributo de Songs You Make At Night é colocar constantemente na primeira linha das sensações aquela infatigável melancolia que nos mostra que nos dias de hoje por mais que a existência humana e tudo o que existe em nosso redor, estejam amarrados à ditadura da tecnologia, ela pode ser, à boleia dos Tunng, um veículo para o encontro do bem e da felicidade, quer pessoal quer coletiva. Espero que aprecies a sugestão...
01. Dream In
02. ABOP
03. Sleepwalking
04. Crow
05. Dark Heart
06. Battlefront
07. Flatland
08. Nobody Here
09. Evaporate
10. Like Water
11. Dream Out