man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Maccabees – Marks To Prove It
Os britânicos The Maccabees de Orlando, Felix, Hugo, Rupert e Sam tiveram um início auspicioso em 2007 com Colour In It o disco de estreia, que além de ter vendido bem, conseguiu várias nomeações nas listas dos melhores álbuns daquele ano e inúmeras críticas positivas. Depois disso, trabalhos como Wall Of Arms(2009) ou Given To The Wild (2012) fizeram a banda firmar uma posição de relevo junto do universo indie e alternativo internacional, apoiados num cardápio sonoro sempre sofisticado, maduro e algo intrincado, carregado de detalhes sonoros que surpreenderam muitas vezes pela elegância, com a banda a mostrar-se sempre inovadora e a procurar sair, de disco para disco, da zona de conforto firmada pelo antecessor. Agora, três anos depois e à boleia da Universal Music, o quinteto londrino está de regresso com Marks To Prove It, onze canções que revelam uma nova inflexão na sonoridade do projeto, agora perto do indie rock de cariz mais experimental e progressivo.
Depois de três trabalhos que consolidaram uma evolução constante e progressiva e onde os The Maccabees se dispuseram a experimentar quase tudo aquilo que é possível replicar dentro do espetro sonoro em que se orientam, Marks to Prove It é uma espécie de disco de ressaca, um trabalho maduro, impecavelmente produzido e que não renegando as marcas e as cicatrizes profundas que o trajeto discográfico da banda já lhe conferiu, exala um maior realismo acerca do modo como estes artistas, já na casa dos trinta anos, vêm o mundo que os rodeia, deixando para trás todo aquele otimismo juvenil, para enveredarem por um indie rock mais sombrio e introspetivo, mas com um cariz bastante épico e eloquente.
Este disco é um bom exemplo de como o teor mais sofrido e direto de alguns poemas pode aliar-se eficazmente como melodias luminosas e sorridentes, até, num indie rock que acaba por funcionar, neste caso, como catarse de algumas desilusões que a banda viveu. Versos como Break it up and make it better, make it better (...) Swings a bottle to send him on his way down em Dawn Chorus, ou There’s one to wash it down, One to wash it out em Spit It Out e Drinking when you’re drunken, To chase down the evening (...) No-one says a word, because it breaks her heart, em Kamakura, demonstram este cariz biográfico e confessional. Na letra desta última canção fica claro que se a bebida era antes uma fonte de diversão para o grupo, agora funciona mais como um escape e um remédio para colocar de lado as situações mais adversas e oferecer um estado de alienação típico de quem parece viver sem outra saída ou escape. A própria melodia de Kamakura exala uma certa raiva, mas sempre controlada, com as guitarras a assumirem, naturalmente, a linha da frente na estrutura melódica da canção, mas permitindo que outros arranjos sintetizados ou percussivos também assumam a sua quota parte nas sensações que brotam do tema. Depois, River Song e Slow Sun são dois bons exemplos de como alguns efeitos que replicam instrumentos de sopro e as teclas do piano, em especial no segundo tema, encontram o seu próprio espaço de destaque, mesmo que as cordas e a bateria assumam, constantemente, a condução dos temas. Se, no final do alinhamento, Dawn Chorus oferece luz e cor no dedilhar da viola, mas também no charme do trompete, a já referida Spit It Out, já agora, mesmo sendo uma canção que vai crescendo progressivamente à medida que a guitarra amplia o riff e a bateria acelera a cadência, apenas subsiste como canção fortemente indutora de sentimentos fortes e intensos, porque o piano nunca se esconde e, num registo melodicamente feliz, acaba por ser a principal fonte sensitiva da canção.
Em suma, em Marks To Prove It o som dos The Maccabees mostra-se mais direto e imediato, algo que lhes confere uma crueza que não é tipicamente lo fi, mas que não deixa de conter um charme e uma aspereza que, de certo modo, personificam as marcas que a inexoravel passagem do tempo foi dexiando na pele destes músicos, mais gastos fisicamente, mas inteletualmente melhor preparados para enfrentar as agruras da vida e os desafios que a vivência no seio de uma banda reconhecida internacionalmente, com as rotinas e desafios constantes que isso exige, naturalmente provocam. Espero que aprecies a sugestão...
01. Marks To Prove It
02. Kamakura
03. Ribbon Road
04. Spit It Out
05. Silence
06. River Song
07. Slow Sun
08. Something Like Happiness
09. WW1 Portraits
10. Pioneering Systems
11. Dawn Chorus