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The Decemberists – I’ll Be Your Girl

Segunda-feira, 19.03.18

Três anos depois do excelente What A Terrible World, os The Decemberists de Colin Meloy estão de regresso com I'll Be Your Girl, o oitavo disco de uma bem sucedida carreira de quase duas décadas de uma das bandas essenciais para o relato da história do indie rock de travo eminentemente folk do percurso musical norte-americano mais recente. Lançado à boleia da Capitol Records, I'll Be Your Girl contém onze canções que mais uma vez concentram toda a destreza musical deste grupo oriundo de Portland, que é igualmente exímio a criar composições grandiosas e crescentes, mas também instantes sonoros intimistas e melancólicos, com a grande novidade desta vez a ser um efusivo piscar de olhos à pop de cariz mais sintético e retro que fez escola na década de oitenta do século passado, uma nuance nova no grupo e que faz com que tenha a possibilidade de agradar a um espetro ainda mais alargado de ouvintes.

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É a mais genuína herança sonora da América profunda que continua a preencher o código genético dos The Decemberists, até agora abastecidos essencialmente por cordas, que foram servindo como um veículo privilegiado de expressão da criatividade e de manifestação de sentimentos e emoções. Assim, ao longo da sua distinta carreira, este coletivo mergulhou fundo na psicadelia folk, mas mais do que se aproximar de uma musicalidade calcada em antigas nostalgias, deixaram-se consumir abertamente tanto pela música country como pela soul, referências que percorreram o adn de praticamente toda a discografia anterior a este I'll Be Your Girl. Agora, ao oitavo disco, sem descurarem a habitual aproximação com o cancioneiro norte americano, estratégia que o ambiente acústico de Cutting Stone e Starwatcher, o piano de Rusalka, Rusalka / The Wild Rushes, uma tensa e dramática narrativa baseada numa antiga parábola eslava, a luminosidade do dedilhar de Once In My Life ou a pronúncia grave e rugosa das notas e dos arranjos de Your Ghost denunciam de forma declarada, os The Decemberists colocam esse travo a ruralidade no plano secundário e oferecem uma paleta de sons inédita mais urbana e contemporânea ao projeto, com um espectro mais virado para a electrónica e para o synthpop, estilos que seduziram e captaram a alma do grupo. Canções como o single Severed, um oásis de sintetizadores cheios de batidas e efeitos cósmicos, com aquele travo punk new wave tão peculiar e o baixo e o efeito robotizado da voz e da guitarra de We All Die Young são exímias no modo como nos mostram o quanto foi feliz esta opção dos The Decemberists em sairem da sua habitual zona de conforto e divagarem por territórios a que estavam menos habituados. Para isso foram fatores decisivos dois fatores; a entrada do coletivo num novo estúdio e, principalmente, a companhia de um produtor diferente, com Tucker Martine, colaborador de longa data dos The Decemberists, a dar o lugar a John Congleton, uma referência da indie norte americana e camaleónico no modo como consegue navegar e tocar todos os extremos desse universo sonoro, muitas vezes na mesma composição. O facto de estas novas matrizes passarem para a linha da frente do processo criativo que norteou este álbum, foi uma opção bastante ponderada, algo que o vocalista Colin Meloy confirmou recentemente (When you’ve been a band for 17 years, inevitably there are habits you fall into. So our ambition this time was really just to get out of our comfort zone. That’s what prompted working with a different producer and using a different studio. We wanted to free ourselves from old patterns and give ourselves permission to try something different).

Há em I'll Be Your Girl uma capacidade subtil dos The Decemberists de incorporar um sentimento universal e quase filosófico de crença em algo novo, diferente e, por isso, substancialmente melhor. O grupo continua a manter a habitual postura quase religiosa que os carateriza, mas torna-se mais eclético, abrangente e por isso mais intenso e sedutor, com muitas das canções a refletirem sobre fé e crenças, mas também sobre o amor, o bucólico e o nostálgico. Espero que aprecies a sugestão...

The Decemberists - I'll Be Your Girl

01. Once In My Life
02. Cutting Stone
03. Severed
04. Starwatcher
05. Tripping Along
06. Your Ghost
07. Everything Is Awful
08. Sucker’s Prayer
09. We All Die Young
10. Rusalka, Rusalka / The Wild Rushes
11. I’ll Be Your Girl

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publicado por stipe07 às 21:19


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