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The Antlers – Blight

Sexta-feira, 10.10.25

Os The Antlers, um projeto fundamental do indie rock experimental norte-americano dos últimos vinte e cinco anos, formado por Peter Silberman e por Michael Lerner, lançaram em dois mil e vinte e um o último disco de originais, um trabalho chamado Green To Gold, que tem finalmente sucessor. Trata-se de um alinhamento de dez canções intitulado Blight, que acaba de ver a luz do dia, com a chancela da Transgressive Recordings.

The Antlers Blight

Como certamente os leitores mais atentos deste espaço de crítica e divulgação musical se recordam, os The Antlers mantiveram-se ativos depois de Green To Gold, nomeadamente em dois mil e vinte e três, ano em que divulgaram os temas Ahimsa, sete minutos preenchidos com uma lindíssima folk tipicamente americana, batizados com o nome de um ancião índio e cujo original era um dos momentos maiores da carreira a solo de Peter. Ofereceram-nos, também, mais três temas; A lindíssima balada I Was Not There, uma canção intitulada Rains, que era um espantoso tema sobre renovação, otimismo e abertura à mudança e Tide, uma composição que versava sobre o modo como o tempo passa implacavelmente, sem pausas ou esperas, por cada um de nós.

Blight, o novo disco da dupla, acaba por ser uma consequência lógica desse processo criativo, com os seus pouco mais de quarenta e cinco minutos a impressionarem imenso, quer pela riqueza detalhística e pela diversidade de nuances, transversal às nove canções do alinhamento, quer pela própria filosofia lírica e estilística subjacente ao registo e, acima de tudo, pela emotividade e assombro que a sua audição dedicada suscita.

Logo no registo vocal penetrante e no meigo piano de Consider The Source, somos submergidos num universo sonoro sui generis, em que folk, eletrónica ambiental e jazz dançam entre si, numa mescla escorreita e homogéna, que toca no âmago, mesmo que a predisposição para tal seja mínima. A música dos The Antlers mantém, duas décadas depois, intacta essa faceta nobre e sentida, que teve desde sempre, de oferecer aos ouvintes um regaço aconchegante de repouso e de intimidade, mesmo que algumas canções possam abordar temáticas algo depressivas e sombrias.

Blight aprimora esse modus operandi com diversos momentos altos e de audição obrigatória. Carnage, por exemplo, versa, de acordo com Silberman, sobre o modo cruel como tratamos outras espécies para nossa conveniência. O cheiro de fumo de um incêndio numa floresta ou o som de uma motoserra são, de acordo com o projeto, contradições que é impossível ignorar. Sonoramente, Carnage começa por carregar em si um travo minimalista sintético alimentado por um toque repetitivo num teclado, que começa a ser adornado por diversas nuances percurssivas, um piano insinuante e, finalmente, por alguns entalhes abrasivos, que culminam numa explosão sónica de reverberizações, sobrepostas em camadas quase indecifráveis que, como é hábito nos The Antlers, não deixam de estar, curiosamente e por incrível que pareça, repletas de intimidade e de delicadeza. Depois, Something In The Air é uma canção soberba no modo como respeita e, de certo modo, sublima a mais pura essência do adn dos The Antlers. Num misto de intimidade, espiritualidade e delicadeza, o piano magnânimo e cru, as cordas serenas que depois, a meio, resvalam para uma espiral sónica de reverberizações e os vários entalhes percurssivos, muitos de origem sintética, constroem um tema melodicamente simples, mas rico em nuances e que acaba por ser também lindíssimo porque, a espaços, consegue ser inquietante, não deixando indiferente o ouvinte mais dedicado.

O minimalismo sussurrante e algo inquietante de Pour, a delicada luminosidade que exala das cordas acústicas que dedilham com destreza o manto melódico que vai depois acomodar a espiral sintética em que assenta a vigorosa e cósmica Deactivate, o modo paciente como a guitarra e a bateria tricotam um soporífero oásis de jazz experimental intitulado Calamity e a pacata solidez de A Great Flood, são outros momentos altos de um disco que acaba por encarnar uma espécie de epopeia sonora que acumula um amplo referencial de elementos típicos de diversos universos sonoros, que se vão entrelaçando entre si de forma particularmente romântica, cinematográfica e até, diria eu, objetivamente sensual. Espero que aprecies a sugestão...

01. Consider The Source
02. Pour
03. Carnage
04. Blight
05. Something In The Air
06. Deactivate
07. Calamity
08. A Great Flood
09. They Lost All Of Us

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publicado por stipe07 às 15:36






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