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Teenage Fanclub – Nothing Lasts Forever

Sexta-feira, 22.09.23

Trinta anos após o registo de estreia e quatro do excelente disco Here, os icónicos veteranos escoceses Teenage Fanclub, formados por Norman Blake, Raymond McGinley, Francis Macdonald, Dave McGowan e Euros Childs, voltaram em dois mil e vinte e um ao ativo e mais efusivos e luminosos do que nunca, com Endless Arcade, doze canções de um projeto simbolo do indie rock alternativo e que provou, nesse registo, que ainda tem um lugar reservado, de pleno direito, no pedestal deste universo sonoro.

Teenage Fanclub Announce New Album Nothing Lasts Forever, Share Video for  New Song: Watch | Pitchfork

Um ano depois desse belíssimo regresso, ou seja, o ano passado, o projeto escocês voltou a dar sinais de vida com uma nova composição intitulada I Left A Light On, que acabou por ser a primeira amostra de um novo trabalho dos Teenage Fanclub, um disco intitulado Nothing Lasts Forever, que acaba de chegar aos escaparates, com a chancela da Merge Records e da PeMa, etiqueta do próprio grupo.

A ideia de luz é o foco central de um portentoso alinhamento de dez canções que, no seu todo, encarnam um tratado de indie rock com aquele perfil fortemente radiofónico que sempre caracterizou os Teenage Fanclub. De facto, Nothing Lasts Forever, um álbum encharcado em positividade, sorridente melancolia, inocente intimismo e ponderado pendor reflexivo, é um caminho seguro, retílineo e consistente rumo aquele indie rock que provoca instantaneamente sorrisos de orelha a orelha, independentemente do estado de espírito inicial. É um disco cheio de canções leves, melodicamente sagazes e, se forem analisadas tendo em conta o catálogo já vasto do projeto, são imperiosas no modo como, com uma intensidade nunca vista no quinteto, desbravam caminho até uma mescla contundente entre os primórdios da indie folk, a britpop e o melhor rock oitocentista.

Logo a abrir o disco, em Foreign Land, o modo como uma rugosa e épica distorção é trespassada por cordas vibrantes e melodicamente irrepreensíveis, cativa de imediato o ouvinte, ao mesmo tempo que o esclarece devidamente acerca da caraterização do adn que fez dos Teenage Fanclub, ao longo destas décadas, uma banda de pedestal, ou seja, uma referência obrigatória para muitos outros grupos que também procuram o seu lugar ao sol. A guitarra elétrica que acama Tired Of Being Alone é outra imagem de marca e, ao mesmo tempo, um porto seguro para uma canção sentimentalmente desafiante e o piano de I Left A Light On, a prova do apurado ecletismo e da superior sagacidade interpretativa de um quinteto que, por incrível que pareça, pode muito bem estar, à boleia de Nothing Lasts Forever, no pináculo da carreira.

O disco prossegue e no embalo percurssivo de It's Alright, uma canção com um espírito veraneante anguloso, no travo surf punk de Falling Into The Sun, ou na singela acusticidade que atiça a lágrima fácil ao som de Middle Of My Mind, somos afagados por quase quarenta minutos feitos de canções assobiáveis, mas com substância, que dão vida a um bom disco de indie pop rock, feito da mais pura estirpe escocesa. Nothing Lasts Forever é calor e luz, mas ouve-se em qualquer altura do ano. Intenso, poético e cheio de alma, exala um sedutor entusiasmo lírico, uma atmosfera sempre amável e prova que, quando os intérpretes têm qualidade, escrever e compôr boa música não é uma ciência particularmente inacessível. Aliás, para os Teenage Fanclub nunca foi. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:39






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