man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Meltt – Within You, Within Me (Bayonne Remix)
Oriundos de Vancouver, no Canadá, os Meltt têm já uma assinalável reputação no país natal, como uma das bandas que melhor replica aquele rock majestoso e de forte cariz progressivo, enquanto não renega contactos mais ou menos estreitos com outros espetros sonoros, com particular destaque para a eletrónica ambiental, a música de dança e o próprio R&B. Já com um vasto catálogo em mãos, surpreenderam a nossa redação o ano passado com Another Quiet Sunday, um EP com cinco canções que valeram bem a pena destrinçar.
Um dos grandes destaques desse EP era o tema Within You, Within Me, uma canção tremendamente nostálgica, delicada e contemplativa, que acaba de ser revista pelo projeto Bayonne, encabeçado pelo músico e compositor norte-americano Roger Sellers, natural de Austin, no Texas. Esta remix de Within You, Within Me ofereceu ao original um perfil sonoro ainda mais charmoso, com a guitarra e a bateria a replicarem repetitivamente um trecho melódico simples mas orelhudo, ao qual vão sendo induzidos arranjos percussivos e outras nuances das mais variadas proveniências, num resultado final imponente e que não deixa de conter uma simplicidade marcante. Confere a remix assinada por Bayonne e o original...
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Cigarettes After Sex – Dark Vacay
Já há finalmente sucessor para Cry, o disco que os norte-americanos Cigarettes After Sex lançaram em dois mil e dezanove. O novo trabalho do projeto oriundo de El Paso, no Texas e liderado por Greg Gonzalez, ao qual se juntam Jacob Tomsky, Phillip Tubbs e Randy Miller, chama-se X, e irá ver a luz do dia a doze de julho, com a chancela da Partisan Records.
Tejano Blue foi o primeiro single revelado do alinhamento de X, um álbum que, de acordo com o próprio Greg Gonzalez, se debruça sobre um relacionamento amoroso que durou quase meia década, apresentando retratos crus, imagéticos e por vezes obscenos dessa jornada emocional. Esse single de apresentação do disco, Tejano Blue, era uma homenagem à música da infância texana que Gonzalez escutava e retrata o desejo de estar com alguém e fazê-lo sentir-se amado e especial para sempre.
Agora chega a vez de conferirmos Dark Vacay, o segundo single retirado de X. Trata-se de uma composição em que Greg recorda um amor de verão e que sonoramente nos oferece mais um tratado de indie pop atmosférica tremendamente contemplativo e intimista, assente numa interseção, nem sempre óbvia, entre diversos entalhes sintéticos e algumas cordas reluzentes, num resultado final bastante sedutor e sensual, que o falsete adocicado de Greg remata exemplarmente. Confere...
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Man Man – Iguana
O texano Ryan Kattner, que já criou música com o pseudonimo Honus Honus, vive em Filadélfia e que também é mundialmente famoso por estar casado com a célebre atriz Constance Wu, é o líder do projeto sonoro Man Man, que já conta com vinte anos de carreira e que se prepara para regressar aos discos com um trabalho intitulado Carrot On Strings, um alinhamento de onze canções que vai suceder ao registo Dream Hunting In The Valley Of The In-Between, de dois mil e vinte e que irá ver a luz do dia a sete de junho, com a chancela da Sub Pop Records.
É nas asas de um curioso e labiríntico indie rock psicadélico experimental, de forte pendor setentista, que navega Iguana, o primeiro single divulgado do alinhamento de Carrot On Strings e a canção que abre o disco. Iguana inicia com uma hipnótica linha melódica abrasiva sintética, que começa por ser trespassada por uma batida seca encharcada com um groove irrepreensível e que nos obriga automaticamente a abanar a anca. Depois, com a ajuda das guitarras e de diversos sopros, Ryan enlea-nos com uma amálgama sinfónica recheada de elementos e detalhes que, do jazz ao eletro, nos instigam com uma vibe psicadélica incomum, mas prodigiosa, num resultado final que nos embarca numa viagem contundente rumo a uma indie lo fi e psicadélica, que nota-se claramente que foi cuidadosamente pleaneada e cuidada. Confere Iguana e o artwork e a tracklist de Carrot On Strings...
Iguana
Cryptoad
Tastes Like Metal
Mongolian Spot
Blooodungeon
Carrots On Strings
Mulholland Drive
Pack Your Bags
Alibi
Cherry Cowboy
Odyssey
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Cigarettes After Sex – Tejano Blue
Já há finalmente sucessor para Cry, o disco que os norte-americanos Cigarettes After Sex lançaram em dois mil e dezanove. O novo trabalho do projeto oriundo de El Paso, no Texas e liderado por Greg Gonzalez, ao qual se juntam Jacob Tomsky, Phillip Tubbs e Randy Miller, chama-se X, e irá ver a luz do dia a doze de julho, com a chancela da Partisan Records.
Tejano Blue é o primeiro single revelado do alinhamento de X, um álbum que, de acordo com o próprio Greg Gonzalez, se debruça sobre um realcionamento amoroso que durou quase meia década, apresentando retratos crus, imagéticos e por vezes obscenos dessa jornada emocional. Este single de apresentação do disco, Tejano Blue, é uma homenagem à música da infância texana que Gonzalez escutava e retrata o desejo de estar com alguém e fazê-lo sentir-se amado e especial para sempre. É uma composição fortemente melancólica e inebriante, com fortes reminiscências na melhor pop ambiental oitocentista, assentando numa melodia sintética planante, que é depois trespassada por uma bateria lenta, mas contundente e pelo falsete sempre impressivo de Greg, num resultado final bastante sedutor e sensual. Confere...
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Cage The Elephant – Neon Pill
Cinco anos depois de Social Cues, os norte americanos Cage The Elephant, de Matt Schultz (voz), Brad Schultz (guitarra), Jared Champion (bateria), Daniel Tichenor (baixo) e Lincoln Parish (guitarra), estão finalmente de regresso com um novo single intitulado Neon Pill. Esta nova canção do projeto natural de Bowling Green, no Kentucky, foi gravada nos Texas e produzida por John Hill.
Neon Pill ainda não traz atrelado o anúncio do sucessor de Social Cues, mas oferece-nos uns Cage The Elephant a manterem bastante firme a bitola que orientou o alinhamento desse disco de dois mil e dezanove e que balançava entre a típica rugosidade daquele rock feito sem adereços desnecessários e a calorosa e acústica pop, tudo misturado com um salutar experimentalismo psicadélico.
De facto, o refrão algo imprevisível e o clima constantemente rugoso, mas melodicamente aditivo de Neon Pill, e a forma como as cordas são manuseadas e produzidas, são detalhes do tema que comprovam a firmeza dos Cage The Elephant no seu propósito de criar sem preocupações estilísticas ou de obediência cega a fronteiras sonoras, concebendo, ao mesmo tempo, canções plenas de originalidade e com uma elevada bitola qualitativa, ao mesmo tempo que brincam com os nossos sentimentos mais íntimos, uma faceta também essencial do adn deste grupo. Confere...
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Devendra Banhart – Flying Wig
Quase meia década depois do álbum Ma (2019), Devendra Banhart está de regresso aos discos com Flying Wig, o seu décimo primeiro registo de originais, um alinhamento de dez canções que viu a luz do dia recentemente, com a chancela da Mexican Summer. Flying Wig foi produzido pela galesa Cate Le Bon que, como certamente se recordam, aparece também nos créditos dos discos mais recentes dos Wilco ou dos Deehunter, tendo sido gravado, segundo rezam as crónicas, pela dupla, Devendra e Cate, numa pequena cabana perdida algures em Topanga Canyon, na América profunda, local onde Neil Young terá vivido durante algum tempo.
Mestre da folk de elevado travo psicadélico, Devendra está cada vez mais focado em se deixar enlear por abordagens sonoras que lhe permitam aguçar o seu espírito criativo através de arsenais instrumentais que incluam, predominantemente, fontes sonoras de origem sintética, de modo a criar canções que tenham um forte cariz soturno e intimista. Ape In Pink Marble, em dois mil e dezasseis, foi uma das abordagens mais bem sucedidas deste autor neste universo sonoro que contém este elevado pendor cósmico que os sintetizadores oferecem e Flying Wig aguça o estilo e consolida a jornada. No entanto, o piano e as guitarras mantêm uma saudável omnipresença, num resultado final que se pode caterizar como uma mescla híbrida bem sucedida entre dois universos distintos mas, como se comprova, de possível conciliação e com resultados frutuosos.
Flying Wig está, portanto, repleto de canções intrincadas, nem sempre de fácil absorção imediata, mas que não deixam de carregar no seu dorso, elegância, requinte e bom gosto. Nun é, talvez, a melhor porta de entrada para a filosofia estilística do álbum; É uma canção que, assentando numa batida sintética algo hipnótica e num teclado anguloso que acomodam um registo vocal grave assertivo, oferece ao ouvinte um composto algo agridoce, mas tremendamente melódico. Depois, a beleza vocal de Sirens, a crua apatia lisérgica de Charger e o aprimorado jogo entre a gentileza e uma certa agressividade que se estabelece no modo como o orgânico e o sintético se entrelaçam no tema homónimo, são outros momentos interessantes de um registo com uma estética muito própria e que nos mergulha em recortes dolorosos de tudo o que abastece o âmago do autor.
Em suma, a impressão imedidata que a audição de Flying Wig deixa no ouvinte é que se trata de um disco tremendamente feminino, sensação que poderá muito bem estar interligada com o facto de o autor ter gravado quase todo o registo envergando um vestido que Cate lhe ofereceu, assim como algumas jóias e adereços. Pensado para tratar a tristeza com um ligeiro sorriso, representando bem todo o arco sentimental que abastece a mente sempre conturbada de Devendra Banhart, este álbum encarna, uma vez mais, sem rodeios, alguns recortes dolorosos e metáforas, sem deixar de ser mais um acervo acessível e encantador da carreira do músico texano. Espero que aprecies a sugestão...
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The Polyphonic Spree – Salvage Enterprise
Os texanos The Polyphonic Spree não são uma banda no sentido mais restrito do termo. São liderados por Tim Delaughter, antigo vocalista dos extintos Tripping Daisy, mas são, de facto, uma instituição, já que têm uma constituição inconstante, que consiste geralmente de uma secção coral, uma dupla de teclistas, um percussionista, um baterista, um baixista, um guitarrista, um flautista, um trompetista, um trombonista, um violinista, um harpista, um trompetista, um tocador de pedal steel e um técnico de efeitos eletrónicos.
Ao longo de uma carreira com mais de duas décadas, os The Polyphonic Spree têm, desde o ano de dois mil, gravitado em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e em cada novo trabalho reinventam-se e quase que se transformam num novo projeto. Independentemente da fórmula, é sempre habitual nos seus álbuns, os The Polyphonic Spree oferecerem ao ouvinte verdadeiras orgias lisérgicas de sons e ruídos etéreos ou orquestrais e que os orientam muitas vezes, e a nós também, em simultâneo, para direções aparentemente opostas, geralmente da indie pop etérea e psicadélica, ao rock experimental.
Assim, dez anos depois de Psychphonic, o último longa duração da banda de Dallas, três do EP We Hope It Finds You Well, que continha um alinhamento de versões de temas selecionados por Delaughter e dois de Afflatus, uma coleção maior de covers, que incluia também as que faziam parte do alinhamento desse We Hope It Finds You Well e revisitações de originais dos The Rolling Stones, The Bee Gees, Daniel Johnston, ABBA, Rush, The Monkees, Barry Manilow, INXS e muitos outros, os The Polyphonic Spree estão de regresso ao formato álbum com Salvage Enterprise, um alinhamento de nove canções que viu a luz do dia com a chancela da Good Records e que, de acordo com Tim, personifica um verdadeiro renascer das cinzas.
Salvage Entreprise, é um portento de indie rock progressivo e experimental. É um disco ambivalente porque se a maioria das suas composições assentam, melodicamente, numa desarmante simplicidade, já que têm sempre como base o dedilhar de uma viola acústica ou a vibração das teclas de um piano, atingem, depois, quase sempre, picos de epicidade indiscritíveis, que transmitem sempre, a quem escuta, uma torrente de emocionalidade e sentimentalismo, a que é difícil ficar alheio e indiferente.
Logo a abrir o registo, Section 44: Galloping Seas é uma verdadeira alegoria a essa tal epicidade. À medida que o tema cresce afagado por cordas singelas, guitarras flashantes, sons nebulosos com ímpar cosmicidade, sinos e ondas do mar, flautas e violinos, conjuram entre si numa canção de enormes proporções. Fica assim dado o mote, com intensidade e robustez, acerca do conteúdo sonoro de quase quarenta e três minutos que têm, clara e descaradamente, a herança dos Pink Floyd como uma influência constante e que se saúda, diga-se.
Depois deste início galopante, mantendo-se as permissas conceptuais, Section 45: Wishful, Brave, And True, oferece-nos um instante de certo modo mais intimista e reflexivo, mas sem deixar de lado uma saudável complexidade, assente numa vastidão de recursos intrumentais orquestrais, que muitas vezes se manifestam quase de modo impercetível mas que, em conjunto, atiçam e envolvem o ouvinte sem nenhum despudor. O modo como um coro de vozes e o violoncelo dão as mãos quase no ocaso do tema, fazem cerrar qualquer punho mais empedernido.
Section 46: Give Me Everything é, de seguida, outro exemplo espetacular do modo como uma simples viola consegue carregar nos braços o peso de uma orquestra inteira sem vacilar nem por um segundo. Ela nunca se deixa abafar e mantém-se sempre firme até ao final de uma canção que rasga o peito e incendeia a alma, como se não houvesse amanhã. Depois, se as flautas, os arranjos percurssivos metálicos e o slide da guitarra de Section 49: Hop Off The Fence sustentam uma espécie de banda sonora perfeita para um conto animado infantil que nos coloca bem no centro de um éden infinitamente primaveril, se a cosmicidade estelar de Section 50: Open The Shores materializa uma das mais bonitas canções de embalar criadas neste milénio, ou se Section 51: Winds Of Summer, é a banda sonora perfeita para abrir os portões do purgatório no dia do juízo final, Section 48 (Shadows On The Hillside) é, em suma, a apoteose de Salvage Enterprise, uma composição que exala uma ímpar e desconcertante melancolia, materializada num permanente slide das guitarras e no modo como essas cordas encaixam no piano, assim como nas já habituais flautas e violinos.
Salvage Enterprise pode ser rock coral, rock sinfónico, rock experimental, rock progressivo, pouco importa. O que toca no âmago do ouvinte, que dedicadamente se deixa absorver sem receio pelo seu conteúdo, é o modo como o seu alinhamento ilustra na perfeição o cariz poético de um grupo ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade e sempre capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-lo para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas, que só os The Polyphonic Spree conseguem transmitir. Espero que aprecies a sugestão...
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Sun June – Bad Dream Jaguar
Bad Dream Jaguar é o fantástico título do novo trabalho do projeto norte-americano Sun June, um quinteto sedeado em Austin, no Texas e formado por Laura Colwell, Michael Bain, Justin Harris, Sarah Schultz e Stephen Salisbury. Bad Dream Jaguar é o terceiro disco dos Sun June, que se estrearam em dois mil e dezoito com o registo Years, um alinhamento que teve sucessor três anos depois, com o álbum Somewhere.
Bad Dream Jaguar viu a luz do dia no final deste mês de outubro com a chancela da Run For Cover e tem fantásticas canções num alinhamento que vale bem a pena destrinçar. Uma delas é, por exemplo, Get Enough, uma canção que versa, de acordo com a vocalista Laura Colwell, sobre o sonho impossível que ela guarda dentro de si, de que os The Beatles se irão reunir um dia, foi, no final de agosto, como todos certamente se recordam, o primeiro single retirado do seu alinhamento. Refiro-me muito em particular a esta composição, como forma de suscitar no leitor a curiosidade relativamente a um disco que impressiona pelo modo como toca, enquanto navega nas águas escorreitas de uma indie pop, com um delicioso travo a folk, em que cordas, sintetizadores e diferentes nuances percussivas se afagam, com enorme mestria, sedução, romance, lisergia e mistério.
Easy Violence e John Prine, respetivamente a sexta e sétima canções do trabalho, são outras duas canções contundentes e fortemente imersivas, assim como Mixed Bag, uma canção com elevado travo folk, assente em cordas luminosas, um baixo discreto, mas omnipresente e diversos entalhes proporcionados por teclas e bateria, com o registo vocal bastante sedutor de Laura Colwell a ser o detalhe decisivo para conferir ao tema e a todo o disco, uma imagem de marca que é já caraterística indelével do adn Sun June, mestres na criação de canções sempre íntimas, melancolicamente reluzentes e particularmente gráficas. Espero que aprecies a sugestão...
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Black Pumas – Chronicles Of A Diamond
A dupla Black Pumas, formada por Eric Burton e Adrian Quesada, estreou-se nos lançamentos discográficos com um registo homónimo lançado em dois mil e dezanove, um álbum que venceu sete Grammys e recebeu imensos elogios por parte da crítica especializada. Agora, quatro anos depois dessa auspiciosa estreia, a dupla volta a impressionar à boleia de Chronicles of a Diamond, um registo de dez composições produzidas pelo próprio Adrian Quesada e que burilam, ainda mais, uma mescla de estilos, nomeadamente o rock, a soul, o blues, o jazz e o funk psicadélico, um modus operandi que faz já parte do adn Black Pumas.
Honestidade, charme, entrega e uma enorme soul, são alguns dos conceitos chave de um registo que coloca o rock num pedestal com intenso brilho. E o melhor rock é, sem qualquer espécie de dúvida, aquele que agrega descaradamente diferentes nuances, bebe de várias fontes, não teme piscar o olho ao aqui e ao acolá, fazendo tudo isso sem perder a essência marcante de uma forma de criar música que tem, sem qualquer sombra de dúvida e desde os anos cinquenta do século passado, na classe operária negra do lado de lá do atlântico uma das suas grandes forças motrizes. Os Black Pumas são detentores sapientes dessa herança identitária, uma filosofia interpretativa que conhecem melhor que ninguém, porque lhes está no sangue esta faceta simultaneamente híbrida e agregadora, aliada a uma pouco usual empatia entre a dupla, que só se explica pela forte amizade que une Burton e Quesada.
Assim, em Chronicles Of A Diamond embarcamos numa fuastosa viagem roqueira até um universo sonoro feito de majestosidade instrumental, assente quase sempre em cordas eletrificadas com o têmpero certo. É um rock que não se inibe, em momento algum de dar espreitadelas incisivas ao melhor funk jazz contemporâneo, com o amor e as relações passionais ou familiares a estarem na linha da frente do ideário lírico de um rgisto fortemente entalhado e embrulhado numa constante tonalidade psicadélica.
Canções como Angel, composição simultaneamente initmista e intrincada, feita de quase cinco minutos simultaneamente singelos, hipnóticos e plenos de emoção, Mrs. Postman, um divertido e insinuante tema, que impressiona pelo modo como um piano pleno de soul, exemplarmente tocado por JaRon Marshall, convidado especial da dupla, o sustenta, para depois ir recebendo diversos elementos percussivos repletos de groove e More Than A Love Song, a luminosa canção que abre o alinhamento de Chronicles of a Diamond e que assenta numa bateria que marca um ritmo repleto de groove, que recebe depois, de braços abertos, arranjos de cordas agéis e guitarras exuberantes, que versam sobre a simplicidade da vida e o modo como as dificuldades podem ser ultrapassadas se nos unirmos a quem nos quer bem e à comunidade onde vivemos, do mesmo modo que fazem os pássaros quando voam sincronizados todos juntos, são apenas três exemplos, neste álbum, que nos mostram que os Black Pumas não tiveram medo de arriscar e assumir durante a sua concepção, sem apelo nem agravo, a impressiva criatividade e maturidade que já os identifica enquanto projeto musical,
Exímios a contar eventos aparentemente ordinários, mas que ganham, através do seu registo interpretativo exemplar, uma amplitude sentimental ímpar, os Black Pumas criaram, ao segundo disco, uma obra prima discográfica entusiasmante, que leva o ouvinte a rir e a chorar, a refletir e a levitar, ao som de quase quarenta e três minutos feitos com um rock dançante, sensual e tremendamente cativante. Espero que aprecies a sugestão...
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The Polyphonic Spree – Section 48 (Shadows On The Hillside)
Os texanos The Polyphonic Spree não são uma banda no sentido mais restrito do termo. São liderados por Tim Delaughter, antigo vocalista dos extintos Tripping Daisy, mas são, de facto, uma instituição, já que têm uma constituição inconstante, que consiste geralmente de uma secção coral, uma dupla de teclistas, um percussionista, um baterista, um baixista, um guitarrista, um flautista, um trompetista, um trombonista, um violinista, um harpista, um trompetista, um tocador de pedal steel e um técnico de efeitos eletrónicos.
Já tem uma década Psychphonic, o último disco da banda de Dallas, um grupo que tem gravitado em torno de diferentes conceitos sonoros e diversas esferas musicais e que em cada novo trabalho reinventa-se e quase que se transforma num novo projeto. Independentemente da fórmula, é sempre habitual nos seus álbuns, os The Polyphonic Spree oferecerem ao ouvinte verdadeiras orgias lisérgicas de sons e ruídos etéreos ou orquestrais e que os orientam muitas vezes, e a nós também, em simultâneo, para direções aparentemente opostas, geralmente da indie pop etérea e psicadélica, ao rock experimental.
Em dois mil e vinte o grupo editou um EP intitulado We Hope It Finds You Well, na sua página bandcamp, que continha um alinhamento de versões de temas selecionados por Delaughter. Depois, no ano seguinte, em dois mil e vinte e um, chegou-nos ao ouvido Afflatus, uma coleção maior de covers, que incluia também as que faziam parte do alinhamento desse We Hope It Finds You Well e revisitações de originais dos The Rolling Stones, The Bee Gees, Daniel Johnston, ABBA, Rush, The Monkees, Barry Manilow, INXS e muitos outros.
Agora, no início do outono deste ano, os The Polyphonic Spree acabam de anunciar um novo disco que, de acordo com Delaughter, personifica um verdadeiro renascer das cinzas. É um trabalho intitulado Salvage Entreprise, que vai ver a luz do dia a dezassete de novembro, com a chancela da Good Records.
Section 44 (Galloping seas) foi o primeiro single revelado do alinhamento de Salvage Enterprise, uma composição que, como certamente se recordam, esteve em alta rotação na nossa redação muito recentemente. Agora chega a vez de escutarmos Section 48 (Shadows On The Hillside), um tema mais intimista e melancólico que Section 44 (Galloping seas) A, mas que, mesmo assim, não deixa de conter um travo de epicidade, até algo inquietante. O permanente slide das guitarras e o modo como encaixam no piano, assim como as já habituais flautas e violinos, continuam a marcar a sua presença, numa composição que prova que a herança dos Pink Floyd é uma influência constante no processo de composição alicerçado por Tim Delaughter.
Section 48 (Shadows On The Hillside) é, em suma, mais uma canção que ilustra na perfeição o cariz poético de um grupo ao mesmo tempo próximo e distante da nossa realidade e sempre capaz de atrair quem se predispõe a tentar entendê-lo para cenários complexos, mas repletos de sensações únicas, sensações que só a psicadelia dos The Polyphonic Spree consegue transmitir. Confere...