man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Luís Capitão - Casa Incerteza
Foi no passado dia dezassete de maio que chegou aos escaparates Vida Dupla, o disco de estreia de Luís Capitão, um alinhamento que mistura fado e rap com inusitada mestria e que contou com a participação especial de Leonardo Pisco, aos comandos da viola. São sete temas como os sete mares deste mundo, repletos de instrumentais exóticos, algo diferentes da estética que está sempre associada à guitarra portuguesa, o grande sustentáculo melódico do alinhamento do disco.
João Mota
Experimentar para viajar, arriscar para fazer dançar, chocar para agradar, é esta a energia pretendida pelo autor para Vida Dupla, que tem já várias músicas do seu alinhamento com direito ao formato single. A mais recente é Casa Incerteza, canção escrita por Bruno Sena e que, misturando vários ingredientes sonoros e chegando, desse modo, a novas receitas, nos apresenta alguns dos melhores sabores sonoros que se podem escutar neste longa duração. Confere o vídeo do tema, assinado por Cross Eye...
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Saturnia e Um Corpo Estranho - O Místico Orfeão Sónico de Um Corpo Estranho e Saturnia
Produzido por Sérgio Mendes, editado pela Malafamado Records e com uma interessantíssima a parte gráfica a cargo do ilustrador Paulo Buchinho, O Místico Orfeão Sónico de Um Corpo Estranho e Saturnia é a feliz materialização em forma de disco de uma estreita colaboração entre os projetos de Setúbal, Saturnia, encabeçado por Luís Simões e Um Corpo Estranho, uma dupla composta por João Mota e Pedro Franco.
Com as participações especiais dos bateristas Samuel Palitos (Censurados, A Naifa, Ladrões do Tempo, GNR) e Filipe Caeiro (Awaiting the Vultures, Daniel Catarino) e da viola campaniça de Tozé Bexiga (Projecto RAIA:Planeta Campaniça), O Místico Orfeão Sónico de Um Corpo Estranho e Saturnia é um disco com uma essência avassaladoramente rock, conforme ditam as regras que encabeçam as guitarras encabeçadas pela dupla que encarna Um Corpo Estranho, mas apimentada por um travo psicadélico, conforme seria de esperar, estando Luis Simões também nos créditos do registo.
E, de facto, se as guitarras do Pedro e do João são as grandes responsáveis pela condução melódica do disco, Luis é o garante da vasta míriade de arranjos cósmicos e flashantes, que acabam por ser também traves mestras da filosofia estilística de um alinhamento de dez composições que têm a mística do Rio Sado, o espírito lírico de Luísa Todi e o canto trágico das Sadinas que inspiraram Bocage. Espero que aprecies a sugestão...
Um Corpo Estranho
https://umcorpoestranho.com
https://www.facebook.com/umcorpoestranho/
https://www.instagram.com/umcorpoestranho/
https://open.spotify.com/artist/1cQWwZEu8SXlZi89WEQgTv?si=1xzCs4L3Ro-xA9gSxZm0aA
https://umcorpoestranho.bandcamp.com
Saturnia
http://www.saturniamusic.com
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https://saturnia.bandcamp.com
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Um Corpo Estranho - Mavorte
Foi em dois mil e dezanove que a nossa redação apresentou o projeto nacional sedeado em Setúbal chamado Um Corpo Estranho, formado por Pedro Franco e João Mota. Na altura a nossa redação teve o privilégio de ouvir antecipadamente o extraordinário disco Homem Delírio, na altura o terceiro registo de originais do projeto e que sucedia aos trabalhos De Não Ter Tempo (2014), que contou com a participação de Celina da Piedade e incluia uma versão de um tema da Madredeus e Pulso (2016), considerado por alguma imprensa especializada como um dos melhores discos nacionais desse ano (Santos da Casa RUC, Certeza da Música, No Sólo Fado).
Agora, no início do verão de dois mil e vinte e um, os Um Corpo Estranho voltam à carga, novamente abrigados pela editora independente Malafamado Records, com um novo single intitulado Mavorte, uma canção que conta com a participação da também setubalense Cátia Mazari Oliveira, responsável pelo projecto A Garota Não. O tema foi produzido por Sérgio Mendes, guitarrista e produtor de A Garota Não, mas também habitual colaborador dos Um Corpo Estranho, tendo sido ele quem produziu o já referido Homem Delírio.
De acordo com a própria dupla, Mavorte, composição que reflete sobre diversas dualidades e que nos deslumbra não só pelas cordas, mas também pelo jogo vocal bastante impressivo e realista, é um tema pessoal que nasce da análise de relações e vivências passadas, que fala de amor e de perdão mas também de auto-superação.
Mavorte já tem direito a um lindíssimo vídeo produzido pelas produtoras Souza Filmes e Garagem e realizado por António Aleixo, vencedor de vários prémios nacionais e internacionais entre os quais um prémio Sophia há dois anos. Confere...
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Loosense - Saloon
Enorme família sedeada em Setúbal e formada por Pedro Nobre, João Completo, Iúri Oliveira, Gonçalo Mahú, Diogo Costa, Diogo Marrafa, Rafael Gil, José Zambujo, Rúben Silva e Ivo Rodrigues, os Loosense são um dos projetos mais interessantes do jazz contemporâneo nacional, aquele jazz corajoso e irrequieto, que irrompe fronteiras e convenções, porque ousa cruzar-se com alguns dos arquétipos fundamentais do indie rock de início da segunda metade do século passado, uma espécie de funk jazz rock que se estreou no verão de dois mil e dezoito com Doze e que, pouco mais de um ano depois, nos oferece Saloon, o segundo alinhamento de canções do projeto e cujo nome homenageia o espaço onde os Loosense ensaiam desde dois mil e catorze, ano em que se formaram.
Gravado, tal como Doze, no Estúdio Vale de Lobos em Sintra, no verão de dois mil e dezoito, Saloon está recheado de composições astutas, no modo como conseguem ser indutoras de paisagens multicoloridas, telas impressivas que se instalam quase instantaneamente na mente de quem se predispõe a uma escuta dedicada e atenta deste Saloon. Para que isso suceda, guitarras que fluem livremente, sopros bem vincados e uma vasta panóplia percurssiva, onde o baixo assume, muitas vezes, o protagonismo maior, são fortes aliados, amigos que dão as mãos firmemente enquanto entroncam no desejo do coletivo em materializar essa impressão e, ao mesmo tempo, encarnar um forte ensejo de oferecer algo de positivo e marcante ao ouvinte.
Os sopros melancólicos e esvoaçantes de Capitol e o modo como, em particular, no primeiro tomo dessa composição, se deixam embalar pelo piano, o modo incrível como, no capítulo seguinte, a guitarra flamenga nos instiga, sacode e provoca, através de Marco Alonso, um mestre interpretativo deste intrumento de cordas único, a charmosa eletrónica ambiental que arquiteta Flamingo, o profundo e inebriante pendor festivo de Dabox e o anguloso piscar de olhos a uma vibe funk tropicalista em Tokyo, são apenas alguns dos instantes maiores de um registo composicionalmente interessantíssimo e de um inconformismo estético irrepreensível. Espero que aprecies a sugestão...
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Um Corpo Estranho - Homem Delírio
Já chegou aos escaparates Homem Delírio, o terceiro registo de originais do projeto Um Corpo Estranho, formado por Pedro Franco e João Mota e sedeado em Setúbal. O registo sucede aos trabalhos De Não Ter Tempo (2014), que contou com a participação de Celina da Piedade e incluia uma versão de um tema da Madredeus e Pulso (2016), considerado por alguma imprensa especializada como um dos melhores discos nacionais desse ano (Santos da Casa RUC, Certeza da Música, No Sólo Fado). Além destes três álbuns, Um Corpo Estranho também conta já no seu cardápio com três bandas sonoras para os bailados, A velha Ampulheta, Qarib e A Almofada da Paula, este último baseado na obra da pintora Paula Rego. Importa ainda referir que estes finalistas do Prémio José Afonso em 2015, já compuseram para curtas metragens e peças de dança e de teatro.
Lançado com o apoio da Fundação GDA, produzido por Sérgio Mendes, elemento já frequente nos arranjos de Um Corpo Estranho e com as participações especiais de Paulo Cavaco ao piano e o acordeão inconfundível da, já habitual, Celina da Piedade, citada acima, Homem Delírio abre em modo excelência com Fio A Par Do Mal, uma canção que reflete sobre diversas dualidades e que nos deslumbra com um jogo vocal bastante impressivo e realista. A partir dessa impressionante interpretação está dado o mote para um alinhamento que no bucolismo e na superior complacência das cordas de Sangue Irmão e do tema homónimo, começa por nos levar a viajar até ao outro lado da fronteira, com o intuíto de nos apresentar alguém que quase todos conhecemos e que inspirou o processo de escrita do álbum. Assim, nessa demanda por uma sedutora Andaluzia espanhola cheia de histórias de um cavaleiro que lutou contra moinhos de vento e de cheiro a feno, reluz o conhecido escritor Ernest Hemingway, que é para os Um Corpo Estranho uma espécie de Dom Quixote moderno, não só por causa do seu cardápio lírico, mas também pelo modo pouco regrado como viveu, num trajeto onde inquietação, isolamento e desgosto conviveram paredes meias com um corajoso aventureiro.
Apresentado o Homem Delírio personagem que vai seguir de mãos dadas conosco até ao ocaso do alinhamento, de seguida, cordas, vozes em dor e uma distorção agreste alimentam em O Estrangeiro uma profunda reflexão sobre a problemática da crise dos refugiados e o modo como o nosso continente tem lidado com quem se vê abruptamente privado do lugar onde sempre pertenceu e passa a conviver em terra estranha com a desconfiança e o preconceito de quem nem sempre acolhe como devia. Esta temática da desconfiança e dos receios é substituida, pouco depois, por mais um fator causador de angústia e depressão humana, o universo da morte e da perca, mas que nesta abordagem também intui sobre o renascimento e o recomeço. É mais uma dicotomia alvo de reflexão, neste caso ao som do piano de Hera, com as mesmas teclas e o acordeão de Só O Paraíso a nos fazerem contemplar outra, o modo como olhamos para determinados espaços físicos e lugares e os analisamos, ou pela perspetiva dos factos provados que eles testemunharam e que a história narra com maior ou menor exatidão, ou os mitos e as lendas que lhes estão muitas vezes associados.
Esta maravilhosa viagem pelo nosso âmago termina com Valsa do Acaso, canção que encerra o alinhamento em modo convite, para que cada um de nós tenha a capacidade de meditar sobre a nossa existência e não recear mudar caso sinta que pode muito bem ter dentro de si um Homem Delírio a precisar de urgente exorcização. Pode muito bem fazer este exercício de introspeção ao som destes pouco mais de trinta minutos pensados para serem analisados à lupa, como é essencial na música que preenche e enriquece e nos dá algo de novo dentro da amálgama sonora dos dias de hoje, até porque os protagonistas de Um Corpo Estranho são exímios no modo como nos oferecem sons criados com forte inspiração em elementos paisagísticos, enquanto se debruçam sobre o lado mais inconstante e dilacerante da nossa dimensão sensível e colocam a nu algumas das feridas e chagas que, desde tempos intemporais, perseguem a humanidade e definem a propensão natural que todos temos, enquanto espécie, de cair insistentemente no erro e de colocar em causa o mundo que nos rodeia. Espero que aprecies a sugestão...