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Black Rebel Motorcycle Club – Black Tape EP

Quarta-feira, 07.02.24

Cinco anos depois de Wrong Creatures, os norte americanos Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, estão de regresso com novidades, um EP com quatro canções intitulado Black Tape, que ainda retira dividendos daquele que foi o oitavo disco da carreira de uma banda com mais de década e meia de carreira e que se estreou em dois mil e um com um extraordinário homónimo, cujo conteúdo fez destes músicos de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.

El regreso de Black Rebel Motorcycle Club: escucha su nuevo EP «The Black  Tape» – Nación Rock

Wrong Creatures foi produzido por Nick Launay (Yeah Yeah Yeahs, Arcade Fire, Nick Cave) e ofereceu-nos uns Black Rebel Motorcycle Club cientes não só do mundo em que vivem e das várias transformações que foram sucedendo nos últimos vinte e cinco anos, mas também das alterações estilísticas e de formação que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas. As quatro canções de Black Tape EP foram incubadas durante o processo de gravação do registo e, tendo ficado de fora do seu alinhamento, ganham agora protagonismo enquanto servem para nos recordar que os Black Rebel Motorcycle Club continuam bem vivos e em excelente forma.

De facto, logo com a toada lasciva e provocante de Bad Rabbit e o fuzz rugoso e cerrado de Bandung Hum, somos colocados bem no epicentro de um adn que também contém impressivos traços de post punk e blues e que, abraçando igualmente o noise rock, plasma uma simbiose perfeita entre a guitarra de Peter, o baixo de Robert e a forte percussão de Leah. São duas canções extraordinárias e que, reafirmando a interação brilhante entre estes três músicos, comprovam o indesmentível travo de diversidade e de perspicácia melódica e instrumental que sempre definiu o percurso dos Black Rebel Motorcycle Club, dentro dos limites bem definidos da filosofia sonora que os anima.

Depois do ruído incisivo e direto de Running In The Red (Messy) nos mostrar um perfil mais garageiro, Black Tape EP remata com uma versão longa e ainda mais experimental do tema DFF (For Those Who Can’t) que abria o alinhamento de Wrong Creatures. Recordo que DFF (For Those Who Can’t) era um típico tema introdutório, com um baixo firme e constante e uma percurssão com uma cadência crescente e neste EP acaba por se tornar numa excelente opção para o ocaso do alinhamento, na medida em que ajuda a sossegar os ânimos saudavelmente atiçados pelas três composições anteriores.

Black Tape EP é, em suma, um suplemento vitamínico bastante anguloso do conteúdo de Wrong Creatures que, fazendo-nos suspirar por um novo álbum do grupo, oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, preocupam-se, estilisticamente, em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...

 

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publicado por stipe07 às 17:54

Geographer - Van Halen

Sexta-feira, 26.01.24

Os Geographer são uma banda natural de São Francisco, na Califórnia, um trio formado por Michael Deni (voz, guitarra), Nathan Blaz (violoncelo, sintetizadores) e Brian Ostreicher (bateria). No verão de 2005, há já quase vinte anos, após uma série de mortes na família de Deni, ele deixou Nova Jersey e foi viver para São Francisco. Aí conheceu Blaz e Ostreicher e juntos formaram este grupo que se estreou nos discos em 2008 com Innocent Ghosts. Dois anos depois, em 2010, surgiu o EP Animal Shapes e a vinte e oito de fevereiro de dois mil e doze Myth, o sempre difícil segundo álbum, através da Modern Art Records. Três anos depois, os Geographer completaram a sua triologia inicial com mais um Ghost, neste caso o Ghost Modern, um novo compêndio de doze canções, que viram a luz do dia a vinte e quatro de março de dois mil e quinze através da Roll Call Records.

Geographer - Van Halen

Oito anos depois de Ghost Modern, os Geographer regressam ao nosso radar devido a A Mirrror Brightly, o novo disco do grupo, um novo alinhamento de catorze canções que deverá chegar aos escaparates em fevereiro e que antecipámos no início deste mês de janeiro com o single The Burning Handle, uma canção que aborda a temática dos sonhos, nomeadamente o facto de todos nós falarmos sobre eles e de admitirmos que gostávamos que muitos se realizassem, mas que é raríssimo isso acontecer.

Agora, cerca de três semanas depois, chega a vez de contemplarmos Van Halen, um luminoso e efusiante hino sonoro que encontra fortes reminiscências naquela pop de forte cariz sintético que fez escola nos anos oitenta. Em Van Halen, certamente uma homenagem à mítica banda de hard rock do final do século passado, uma batida sintética abrasiva é continuamente trespassada por cordas das mais diversas proveniências e outros efeitos planantes, com o refrão a ser conduzido por uma guitarra abrasiva, num resultado final majestoso e algo épico. Confere..

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publicado por stipe07 às 17:46

Geographer – The Burning Handle

Quinta-feira, 04.01.24

Os Geographer são uma banda natural de São Francisco, na Califórnia, um trio formado por Michael Deni (voz, guitarra), Nathan Blaz (violoncelo, sintetizadores) e Brian Ostreicher (bateria). No verão de 2005, há já quase vinte anos, após uma série de mortes na família de Deni, ele deixou Nova Jersey e foi viver para São Francisco. Aí conheceu Blaz e Ostreicher e juntos formaram este grupo que se estreou nos discos em 2008 com Innocent Ghosts. Dois anos depois, em 2010, surgiu o EP Animal Shapes e a vinte e oito de fevereiro de dois mil e doze Myth, o sempre difícil segundo álbum, através da Modern Art Records. Três anos depois, os Geographer completaram a sua triologia inicial com mais um Ghost, neste caso o Ghost Modern, um novo compêndio de doze canções, que viram a luz do dia a vinte e quatro de março de dois mil e quinze através da Roll Call Records.

Geographer - The Burning Handle (Official Video) - YouTube

Oito anos depois de Ghost Modern, os Geographer regressam ao nosso radar devido a A Mirrror Brightly, o novo disco do grupo, um novo alinhamento de catorze canções que deverá chegar aos escaparates já em fevereiro.

The Burning Handle é o mais recente single retirado do alinhamento de A Mirror Brightly. A canção aborda a temática dos sonhos, nomeadamente o facto de todos nós falarmos sobre eles e de admitirmos que gostávamos que muitos se realizassem, mas como é raríssimo isso acontecer. The Burning Handle foca-se nesse exato instante em que o contacto entre aquilo que sonhamos, de bom ou de mau, acaba por, efetivamente, se expressar na vida real. Sonoramente, o tema é conduzido a meias por um piano algo hipnótico e uma guitarra com um fuzz rugoso pleno de charme, com a voz de Deni a acamar a melodia, num resultado final com uma elegância particularmente hipnótica e sedutora. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:49

Young Moon – Triggered By Sunsets

Quinta-feira, 06.07.23

Young Moon é o nome do projeto a solo liderado por Trevor Montgomery, um músico norte-americano natural de São Francisco, na Califórnia, mas que vive em Nelson, na costa da ilha sul da Nova Zelândia, para onde se mudou em dois mil e dezanove, depois do suicídio de um amigo. Na sua nova casa, numa localidade conhecida pelo frenesim cultural e pelo bom clima, Montgomery mergulhou no trabalho, construiu um estúdio num templo abandonado e, já nele, esboçou um naipe de canções que vieram a dar origem a Triggered By Sunsets, o novo álbum de Young Moon, que sucede ao aclamado registo Colt, de dois mil e dezasseis.

Music | Young Moon

Gravado e misturado pelo próprio Trevor Montgomery, com as participações especiais de Jeff Moller no baixo, materizado por Matthew Barnhart e gravado também nos estúdios Raccoonland, em São Francisco, além do estúdio de Montgomery, em Nelson, Triggered By Sunsets contém onze belíssimas canções, que têm um claro intuíto de servirem de banda sonora de um doloroso, mas essencial, exercicio pessoal de exorcização e de virar de página para o autor. Logo a abrir o disco, em Dance Yer Sadness, os sintetizadores soturnos e o registo vocal springsteniano, temperado com incríveis efeitos ecoantes e uma guitarra com um timbre metálico intenso, oferecem-nos um clima que exala nostalgia por todos os poros, tornando bem presente o conceito de memória e o modo como as pessoas que passaram pelas nossas vidas em tempos continuam a afetar o nosso presente.

Essa sensação de ajuste de contas com o passado, de modo a obter redenção, mantém-se no resto do disco, com o travo oitocentista de Deep Ecology a saber a uma espécie de luz brilhante que se distingue claramente no mais profundo abismo, uma sensação algo díspar, mas intensa que, pouco depois, os dois instrumentais, The Practice Of Repeating e Supposed Dreamer, também exalam. É como se Mnotgomery se servisse da música para virar o seu coração do avesso e utilizar a vulnerabilidade que sente devido ao que passou, para criar, mesmo dentro de si, algo de inquebrável, sólido e eterno. Aliás, Heart Of Glass, uma canção adornada por um fantástico slide de uma guitarra aconchegante, é outra prova cabal de que é possível escrever canções com equilíbrio e enorme criatividade, tentando agregar dois mundos, o da escrita e o da música, com cada um a ter o seu propósito bem definido e a serem claramente antagónicos. O luminoso otimismo das cordas que conduzem I Laid On My Back With Death e o frenesim sintético de Say Young Moon, em que teclas e bateria se revezam no adorno de uma camada cósmica de sons intrigantes, aprofundam esta curiosa ironia de versar filosoficamente sobre a dor, a tristeza e a perca, usando melodias, ritmos e instrumentações radiantes e efusivas.

Até ao ocaso do disco, Triggered By Sunsets não desilude os apreciadores daquele indie pop com forte travo shoegaze; O intrigante registo vocal sussurrante e ecoante de Montgomery, um baixo vibrante, sempre adornado por uma guitarra jovial e criativa e com alguns efeitos e detalhes típicos da pop e do punk dos anos oitenta, acompanhados por uma bateria e uma secção ritmíca geralmente aceleradas, fazem deste disco um portento de intensidade e vibração, fazendo com que os seus quase quarenta minutos se espraiem pelos nossos ouvidos de modo preguiçosamente intenso e a exalar um indie pop muito caraterístico, puro e cheio de emoção. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:37

Black Rebel Motorcycle Club – Live At Levitation

Terça-feira, 13.06.23

Criado em Austin no Texas, em dois mil e oito, por membros dos The Black Angels, Levitation é o nome de um movimento que organiza eventos em vários continentes, tendo já passado por Toronto, Vancouver, Paris, Chicago e algumas cidades da América Latina e que tem como grande alvo o indie rock de cariz mais progressivo e psicadélico. Bandas e artistas como os Night Beats, Holy Wave, Ringo Deathstarr e outras, já deram concertos organizados por este movimento, que teve como um dos momentos mais altos um espetáculo que os Black Rebel Motorcycle Club deram em dois mil e treze e que acaba de ser agora editado pela banda, no âmbito da edição deste ano do Record Store Day.

Black Rebel Motorcycle Club: "Little Thing Gone Wild"

Neste Live At Levitation, os Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, passam em revista uma carreira que, na altura do concerto, tinha quase década e meia de uma banda que se estreou em 2001 com um extraordinário homónimo e cujo conteúdo fez desta banda de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.

Canções como Red Eyes And Tears ou Spread Your Love têm um cunho ainda mais orgânico, visceral e cru do que o respetivo original e Beat The Devils Tattoo é tocada de modo ainda mais experimental que a versão original. São versões ao vivo que vivem das várias transformações que o projeto foi sofrendo, quer estilísticas, quer ao nível do plantel, nuances que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas.

O único lamento deste registo é não conter Love Burns, talvez a canção mais imponente da banda. Seja como for, essa lacuna não retira brilho a pouco mais de quarenta minutos que nos oferecem uns Black Rebel Motorcycle Club que talvez não tenham salvo o rock, mas há que ser justo e admitir que se tornaram numa das bandas essenciais deste género musical. Nos primeiros dez anos de existência, mesmo após a estreia e o similar Take Them On, On Your Own, quando infletiram um pouco no rumo e em Howl e quando abraçaram também a country e a folk, não deixaram nunca de perder a sua identidade, que apenas foi um pouco abalada com Baby 81 e The Effects of 333, os dois únicos álbuns dos Black Rebel Motorcycle Club que não me seduzem e que considero terem sido verdadeiros tiros ao lado na valiosa trajetória musical do grupo. Portanto, na primeira década de existência, os Black Rebel Motorcycle Club nem sempre cumpriram a ótima expetativa criada na estreia mas, em 2009, Beat the Devil's Tattoo voltou a colocar o percurso do grupo nos eixos e pessoalmente devolveu-me uma esperança que se confirmou ser justificada, já depois deste Live At Levitation, em Specter At The Feast, um trabalho muito marcado pela morte do pai de Robert, que também era um grande suporte da banda, e que voltou a colocar o trio num caminho certo, que se endireitou definitivamente em Wrong Creatures.

Em suma, Live At Levitation oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, estilisticamente se preocupam em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 20:18

The Reds, Pinks And Purples – The Town That Cursed Your Name

Quarta-feira, 22.03.23

Sedeado em São Francisco, na Califórnia, o projeto The Reds, Pinks And Purples chamou a nossa atenção no início do ano transato com um registo intitulado Summer At Land's End, um compêndio de onze canções com a chancela da insuspeita Slumberland Records e cuja audição foi uma solarenga odisseia pelas águas serenas de uma indie pop que fascinou no modo como fazia sorrir sem razão aparente, tendo como justificação única para isso, o seu travo intenso e agradável.

The Reds, Pinks and Purples announce new album with first single "Life In  The Void" | The Line of Best Fit

Poucos meses depois, em pleno verão de dois mil e vinte e dois, este grupo, que é, basicamente, um projeto a solo de Glenn Donaldson, voltou à carga com Still Clouds At Noon, mais oito canções que comprovaram que este é um nome a ter em conta no cenário indie de cariz mais lo fi e experimental norte-americano, numa carreira que se iniciou em dois mil e dezanove com o registo Anxiety Art, um disco que vale bem a pena explorar.

Agora, na primavera de dois mil e vinte e três, Glenn está de regresso com um disco intitulado The Town That Cursed Your Name, ajudado por Kati Mishikian, Lewis Gallardo e Thomas Rubenstein. É um alinhamento de doze canções e do qual já é possível conferir o tema honónimo, uma composição assente na já habitual cascata de guitarras que acamam o registo vocal ecoante de Glenn, agarrando-nos pelos colarinhos, de modo intenso, aconchegante e quente. É uma canção que nos apresenta, com elevado grau de exatidão, o traço conceptual de um artista exímio a criar canções que se espraiam com o condão de nos fazer relaxar e perceber que tudo tem o seu tempo devido, seja uma estação do ano, mas também uma emoção ou um sentimento. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:37

The Reds, Pinks And Purples – Still Clouds At Noon

Quarta-feira, 10.08.22

Sedeado em São Francisco, na Califórnia, o projeto The Reds, Pinks And Purples chamou a nossa atenção no início do ano com um registo intitulado Summer At Land's End, um compêndio de onze canções com a chancela da insuspeita Slumberland Records e cuja audição foi uma solarenga odisseia pelas águas serenas de uma indie pop que fascinou no modo como fazia sorrir sem razão aparente, tendo como justificação única para isso, o seu travo intenso e agradável.

The Reds, Pinks & Purples Lift Spirits On Sweet New Single "Pour The Light  In" - NBHAP

Agora, em pleno verão de dois mil e vinte e dois, este grupo, que é, basicamente, um projeto a solo de Glenn Donaldson, volta à carga com Still Clouds At Noon, mais oito canções que comprovam que este é um nome a ter em conta no cenário indie de cariz mais lo fi e experimental norte-americano, numa carreira que se iniciou em dois mil e dezanove com o registo Anxiety Art, um disco que vale bem a pena explorar.

Glenn Donaldson é, de facto, bastante profílico e criativo. Utiliza a composição musical como modo de exorcizar e materializar pensamentos, ideias e ansiedades, oferecendo-se ao processo criativo sem constrangimentos temporais que possam de alguma forma castrar a sua vontade de criar. Esta liberdade que o músico desde sempre impôs a si próprio, acaba por exalar uma salutar futilidade, já que, quer no arquétipo das canções, quer na componente lírica, percebe-se, claramente, que mais importante que reflexões filosóficas profundas ou edifícios sonoros intrincados, boa é a música que resulta de um exercício criativo espontâneo e que verse sobre a realidade comum que é, no fundo, aquela que identifica e carateriza a existência neste mundo, da esmagadora maioria dos comuns mortais.

Esta simplicidade é, sem dúvida, o atributo maior deste projeto, plasmado em canções sempre vibrantes, melodicamente acessíveis e texturalmente diversificadas, sem colocar em causa a já referida simplicidade de processos. Por exemplo, a cascata de guitarras que acamam o registo vocal ecoante de Glenn em Happiness All Around, agarra-nos pelos colarinhos, de modo intenso, aconchegante e quente. É uma canção que realmente nos apresenta, com elevado grau de exatidão, o traço conceptual de um registo pleno de canções que se espraiam, uma a seguir à outra, com o condão de nos fazer relaxar e perceber que tudo tem o seu tempo devido, seja uma estação do ano, mas também uma emoção ou um sentimento. Alias, o efeito que deambula permanentemente pelo tem homónimo tem esse peso sedutor, esse travo a magia e êxtase, que Donaldson tanto gosta de imprimir às suas composições. O registo vocal pleno de sentimento, mas também de mistério, de Everything You Ever Loved (Ver 2), além de arranjos acústicos luminosos e guitarras ecoantes e com o grau de distorção apropriado de Violent Pictures, ou o charme dos arranjos que dão cor a All Night, comprovam, de facto, que sendo este um trabalho que carrega consigo claras reminiscências do melhor indie de finais do século passado, deve a sua essência a um músico claramente consciente dos terrenos sonoros que pisa, que tanto têm uma veia nostálgica, como uma faceta muito contemporânea e que merece uma elevada posição crítica, tendo em conta as propostas mais recentes que vão chegando do universo da chamada indie pop. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 13:50

Papercuts – Past Life Regression

Quinta-feira, 19.05.22

Quatro anos depois do excelente Parallel Universe Blues, os Papercuts estão de regresso às luzes da ribalta com Past Life Regression, dez canções que viram a luz do dia em abril último, à boleia da Slumberland Records, a nova etiqueta deste projeto encabeçado por Jason Robert Quever e David Enos e oriundo de São Francisco, na costa oeste dos Estados Unidos da América.

Oh Nobody's Son | Papercuts

Past Life Regression é mais uma feliz jornada afagada nas nuvens poeirentas da folk pop psicadélica, com nomes como os Spiritualized, Echo & The Bunnymen, ou Leonard Cohen a serem influêcias declaradas, como Jason já admitiu recentemente. É um disco muito marcado pela mudança deste músico para São Francisco, depois de alguns anos a viver em Los Angeles, assim como pela questão pandémica atual e pela tensão politica que continua a dividir uma América muito marcada pelos acontecimentos que na última década têm criado feridas profundas nesse país.

Ao longo do alinhamento de Past Life Regression, Quever procura também colocar em perspetiva a sua carreira como grande mentor deste projeto Papercuts, acabando por alimentar nas dez canções um balanço feliz entre aquela que tem sido a sua demanda pelo alargado arco conceptual do chamado indie rock, que começou por abordagens mais ou menos cruas e diretas a universo lo-fi, no início da carreira e que, neste momento, se situa naquela esfera estilística que tem sempre em ponto de mira, nomeadamente ao nível da produção, quer a luminosidade, quer o requinte. 

A pop cósmica de Lodger, uma canção que nos faz levitar rumo às estrelas sem grande dificuldade, afagados por sintetizadores pulsantes e um jogo de cordas majestoso, o luminoso tratado de indie pop que é I Want My Jacket Back, canção que prima pela escolha assertiva de diversos arranjos percurssivos, que nunca ofuscam o brilho que as cordas conferem à canção do primeiro ao último segundo e a tonalidade burilada de The Strange Boys, tema com um orgão distorcido a acamar uma pafernália quase impercetível de sons, numa melodia de elevado cariz épico, são maravilhosos instantes sonoros de um registo que pode ser comparado a uma daquelas telas impressivas que exalam emoção e cor por todos os seus milimetros quadrados.

Past Life Regression é, em suma, um álbum que, canção após canção, implora pela nossa atenção, que sendo para ele orientada, sacia o nosso desejo de ouvir algo rico, charmoso e tremendamente contemporâneo e que deixa uma marca impressiva firme e de recompensadora codificação. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:38

ORANGEPURPLEBEACH - Exposure

Sexta-feira, 18.03.22

Nos primeiros dias de dois mil e vinte, o mítico intérprete e compositor indie John Vanderslice resolveu fechar o seu reputado estúdio de São Francisco Tiny Telephone, onde produziu discos de nomes tão importante como os Death Cab for Cutie, Spoon, Deerhoof, The Magnetic Fields, e mudar-se para Los Angeles. Em pleno confinamento começou a explorar sons de fontes eminentemente analógicas e a tentar abordagens à escrita e à composição sonora radicalmente diferentes de tudo aquilo que tinha feito até então.

John Vanderslice forms new band ORANGEPURPLEBEACH, preps debut LP (stream a  track)

Assim, fortemente inspirado pelos ares da eletrónica e até do próprio hip-hop, Vanderslice resolveu dar vida a um novo projeto a solo intitulado ORANGEPURPLEBEACH e começou a criar o esboço de um naipe de canções que serão materalizadas no disco d E A T h ~ b U g, que irá ver a luz do dia a oito de abril.

De facto, em termos rítmicos, estruturais e texturais, os temas que farão parte do alinhamento de  d E A T h ~ b U g divergem do seu catálogo anterior, algo que já ficou bem patente há algumas semanas quando foi divulgado o tema Pylon Shadow e ainda mais agora na canção Exposure, uma divertida e luminosa composição eminentemente sintética, repleta de sintetizações flashantes, mas que também conta com proeminentes arranjos de cordas, Confere...

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publicado por stipe07 às 17:49

The Reds, Pinks And Purples – Summer At Land’s End

Sexta-feira, 04.02.22

Sedeado em São Francisco, na Califórnia, o projeto The Reds, Pinks And Purples é um nome a ter em conta no cenário indie de cariz mais lo fi e experimental norte-americano, que acaba de regressar aos discos neste ano de dois mil e vinte dois, o quarto de uma carreira que se iniciou em dois mil e dezanove com o registo Anxiety Art e que vale bem a pena explorar.

The Reds, Pinks & Purples Lift Spirits On Sweet New Single "Pour The Light  In" - NBHAP

O novo álbum da banda, que é, basicamente, um projeto a solo de Glenn Donaldson, chama-se Summer At Land's End, tem onze canções e viu a luz do dia com a chancela da insuspeita Slumberland Records. A sua audição é uma solarenga odisseia pelas águas serenas de uma indie pop que fascina no modo como faz sorrir sem razão aparente, tendo como justificação única para isso, o seu travo intenso e agradável.

Logo a abrir o registo, a cascata de guitarras que acamam o registo vocal ecoante de Glenn em Don’t Come Home Too Soon, agarram-nos pelos colarinhos, de modo intenso, aconchegante e quente. É uma canção que realmente nos apresenta, com elevado grau de exatidão, o traço conceptual de um registo que, tal como o proprio nome indica, é excelente para nos fazer ansiar por um verão ainda algo distante, mas que todos desejamos que chegue, mas no tempo certo. O modo como as próprias canções se espraiam, uma a seguir à outra, têm mesmo esse condão de nos fazer relaxar e perceber que tudo tem o seu tempo devido, seja uma estação do ano, mas também uma emoção ou um sentimento. Alias, Let’s Pretend We’re Not In Love tem mesmo esse peso sedutor, esse travo a magia e êxtase, no modo como retrata a beleza da atração inicial entre duas pessoas que não conseguem resistir, por mais que tentem, aquilo que já as liga.

Summer At Land's End prossegue, mantendo-se sempre nos carris, canção após canção, ao longo de pouco mais de trinta e seis minutos verdadiramente mágicos. O registo vocal pleno de sentimento, mas também de mistério, além de arranjos acústicos luminosos e guitarras ecoantes e com o grau de distorção apropriado e Pour The Light In, o charme dos arranjos que dão cor a New Light, o brilho das cordas que ondulam em My Soul Unburdened, a pitada noventista que exala de All Night We Move e o registo rítmico vigoroso e a eletrificação ecoante da guitarra, com o grau de distorção apropriado, nomeadamente no solo, em Tell Me What Is Real, comprovam, de facto, que sendo este um trabalho que carrega consigo claras reminiscências do melhor indie de finais do século passado, deve a sua essência a um músico claramente consciente dos terrenos sonoros que pisa, que tanto têm essa veia nostálgica, mas também uma faceta muito contemporânea e que merece uma elevada posição crítica, tendo em conta as propostas mais recentes que vão chegando do universo da chamada indie pop. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:47






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