man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Widowspeak – The Jacket
Quase dois anos depois de Plum, um dos melhores discos de dois mil e vinte para a nossa redação, os Widowspaek estão de regresso aos lançamentos discográficos no próximo mês de março. O novo registo da dupla formada pela cantora e escritora Molly Hamilton e o guitarrista Robert Earl Thomas, dois músicos com raízes em Tacoma e Chicago, mas estabelecidos na cidade que nunca dorme há já algum tempo, chama-se The Jacket, tem dez canções e irá ver a luz do dia a onze de março, com a chancela da insuspeita Captured Tracks.
Everything Is Simple foi o primeiro single divulgado de The Jacket, uma composição que explora, com a ajuda das cordas do baixo e da guitarra, a mescla de alguns cânones fundamentais do melhor rock setentista, com a graciosidade única da folk-pop atual. Alguma semanas depois chegou a vez de conferirmos While You Wait, um gracioso tema que fazia jus às melhores virtudes meditativas e psicadélicas dos Widowspeak, com alguns sopros, de elevado travo centro africano, a ofereceram ao mesm um resultado bastante charmoso e emoldurado com uma identidade declaradamente vintage. Agora, no ocaso de fevereiro, já é possível escutar o tema homónimo do registo, uma canção que versa sobre o modo como as nossas escolhas relativamente ao que vestimos podem dizer muito de nós e que sonoramente nos oferece uns Widowspeak um pouco mais hipnóticos, minimalistas e psicadélicos que o habitual, centrando numa guitarra encharcada de blues e nas diferentes nuances que a mesma pode criar, o arquétipo sonoro da composição. Confere...
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Andrage - Andrage
Margarida Marques (Voz), Daniel Gouveia (Trompete), Humberto Dias (Bateria), João Heliodoro (Saxofone Tenor), José Rego (Baixo) e Pedro Campos (Guitarra), são os Andrage, uma banda que começou o seu percurso em dois mil e dezassete e cujo nome é inspirado numa planta nativa do território Alentejano, uma escolha que se deve ao facto de grande parte dos elementos da banda serem naturais do Baixo Alentejo. Esta planta acaba por servir de metáfora para a filosofia interpretativa do grupo, que se assume como detentor de ideias delicadas à superfície mas bem firmes desde a base. Na passada sexta-feira, dia dezasseis de abril, chegou aos escaparates Andrage, o novo trabalho homónimo do grupo, um alinhamento de oito canções gravadas e masterizadas por Bruno Xisto nos estúdios Black Sheep Studios em Sintra e com a chancela da Throwing Punches.
Disco que se escuta de fio a pavio com um sorriso sincero e instintivamente feliz nos lábios, Andrage está encharcado de composições diversificadas e acessíveis, repletas de melodias orelhudas e que, tendo sido alvo de uma produção aberta e notoriamente inspirada, proporcionam-nos um baquete sonoro de forte cariz eclético e ímpar abrangência. Entre o rock e o jazz, neste deslumbrante festim de sons, cadências rítmicas e dissertações melódicas, é vasta a fusão de estilos e tiques, não só por causa de um arsenal instrumental feliz e que, além das habituais cordas, tem nos sopros e nas teclas elementos preponderantes na indução de emotividade, cor e substância aos temas, mas também devido a um registo vocal sem meios termos e constantemente nos píncaros da emotividade.
De facto, o abraço indulgente entre a guitarra e o saxofone em So Wrong, a subtileza dilacerante de Sign, o ambiente festivo de Getting Wild, uma composição assente em sons inteligentes e solidamente construídos, que nos emergem num universo carregado de batidas e ritmos que não deixam de exalar um certo erotismo, o travo glam de Wasting Time e o vigor rítmico que o baixo impôe em Stuck e que nunca resvala, são provas concretas da excentricidade dos Andrage e da rara graça como os seus membros combinam e manipulam, com sentido melódico e lúdico, a estrutura de uma canção, no fundo, um esforço indisciplinado, infantil, amiúde feito de improviso e claramente emocional, que sobrevive num universo subsónico e contrastante, que parece falar-nos ao ouvido e à anca de sonhos, de liberdade e de redenção.
Andrage é, pois, um disco que exala amadurecimento por todos os poros, uma firmeza artística assente num impecável trabalho de produção que permite que todo o arsenal instrumental utilizado pelos autores tenha o seu protagonismo no tempo certo, em suma, um verdadeiro banquete requintado, sedutor e repleto de charme, um oásis de cor e luz que evoca ambientes sonoros repletos de nostalgia, mas que, simultaneamente, também soam de uma forma muito nova e refrescante. Espero que aprecies a sugestão...
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The Growlers – Natural Affair
Os The Growlers são uma banda norte americana de Costa Mesa, na Califórnia, formada por Brooks Nielsen (voz), Matt Taylor (guitarra), Scott Montoya (bateria), Anthony Braun Perry (baixo) e Kyle Straka (teclas e guitarra) e que descobri já em 2012 por causa de Hung At Heart, o terceiro álbum da discografia do grupo, um disco gravado em Nashville, editado em novembro desse ano através da Everloving Records e que foi produzido por Dan Auerbach dos The Black Keys. Um ano após esse registo, disponibilizaram Guilded Pleasures e em dois mil e catorze, com uma cadência quase anual, os The Growlers regressaram às edições com Chinese Fountain, um trabalho que cimentou definitivamente o adn de um projeto que aposta numa sonoridade fortemente influenciada pela psicadelia dos anos sessenta.
Após Chinese Fountain os The Growlers entraram num período de relativo pousio e criaram a sua própria etiqueta, a Beach Goth Records and Tapes. Casual Acquaintances, disco editado o ano passado, foi o primeiro sinal de vida do grupo nesta nova fase da carreira, um levantamento de algumas demos, lados b e temas inacabados que a banda foi juntando ao longo das sessões de gravação dos discos anteriores e que acabam de ver finalmente sucessor, um trabalho intitulado Natural Affair e que merece ser descoberto com alguma minúcia já que contém canções com elevada bitola qualitativa.
Frequentemente catalogados com uma banda de surf rock, a sonoridade do projeto vai muito além dessa simples catalogação e Natural Affair é mais uma demonstração cabal dessa permissa. Se no tema homónimo do registo é a pop radiante e efusiva que dita leis, logo a seguir, em Long Hot Night (Halfway To Certain) e em Shadow Woman a toada é um pouco mais à blues, com Pulp Of Youth e Foghorn Town a olharem com astúcia para climas algo etéreos e psicadélicos e Social Man a ter um travo tropical que se saúda, até porque se espraia com enorme deleite pelos nossos ouvidos. A partir daí, no chill lo fi de Truly ou no modo astuto como a banda exercita alguns dos cânones fundamentais do rock psicadélico setentista em Tune Out, percebe-se claramente o charme e a personalidade ímpar de um disco cuja aparente simplicidade e descomprometimento não será obra do acaso, mas a obediência clara a um desejo de criação de uma imagem própria, inerente ao conceito de rebeldia, mas sem descurar um apreço pela qualidade comercial e pela apresentação de um alinhamento de canções que agrade às massas.
Os The Growlers têm toda a aparência de conviverem pacificamente com a herança do rock das últimas quatro ou cinco décadas, mas escapam do eventual efeito preverso da mesma e fazem-no com mestria, até porque há uma elevada sensação de espontaneidade num álbum que deve estar no radar de todos aqueles que se interessam por este espetro sonoro. Espero que aprecies a sugestão...
01. Natural Affair
02. Long Hot Night (Halfway To Certain)
03. Pulp Of Youth
04. Social Man
05. Foghorn Town
06. Shadow Woman
07. Truly
08. Tune Out
09. Coinstar
10. Stupid Things
11. Try Hard Fool
12. Die And Live Forever
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The Rolling Stones – Honk
Ativos desde mil novecentos e sessenta e dois, os britânicos The Rolling Stones de Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Brian Jones, são uma das bandas fundamentais e mais bem sucedidas da história da música e um ícone da cultura pop, não só contemporânea, mas também, naturalmente, do último meio século. Ainda ativos, sempre prontos a ir para a estrada e em estúdio a preparar um novo registo de originais que poderá muito bem ver a luz do dia ainda este ano, apesar dos recentes problemas de saúde de Jagger, os Rolling Stones acabam de editar Honk, uma obra que reune, em dois discos, os maiores sucessos do grupo.
Honk contém trinta e seis composições e nelas é atualizada toda a história discográfica do grupo britânico, desde clássicos da década de sessenta e de setenta como Start Me Up, Brown Sugar e Rocks Off, até Angie e Rock And A Hard Place, temas de final do século passado, assim como algumas composições presentes em Blue & Lonesome, o disco que o grupo lançou há quase três anos e que venceu um Grammy em dois mil e dezasseis.
A versão deluxe de Honk inclui um terceiro disco com dez composições gravadas ao vivo em digressões recentes dos The Rolling Stones. Entre elas estão Dead flowers, Bitch e Wild Horses, que contam com as participações de Brad Paisley, Dave Grohl e Florence Welch respectivamente. Confere...
CD 1
01. Start Me Up (Remastered)
02. Brown Sugar
03. Rocks Off
04. Miss You
05. Tumbling Dice
06. Just Your Fool
07. Wild Horses
08. Fool To Cry
09. Angie
10. Beast Of Burden
11. Hot Stuff
12. It’s Only Rock’n’Roll (But I Like It)
13. Rock And A Hard Place
14. Doom And Gloom
15. Love Is Strong
16. Mixed Emotions
17. Don’t Stop
18. Ride ‘Em On Down
CD 2
01. Bitch
02. Harlem Shuffle
03. Hate To See You Go
04. Rough Justice
05. Happy
06. Doo Doo Doo Doo Doo (Heartbreaker)
07. One More Shot
08. Respectable
09. You Got Me Rocking
10. Rain Fall Down
11. Dancing With Mr. D
12. Undercover (Of The Night)
13. Emotional Rescue
14. Waiting On A Friend
15. Saint Of Me
16. Out Of Control
17. Streets Of Love
18. Out Of Tears
CD 3
01. Get Off Of My Cloud (Live At Principality Stadium, Cardiff)
02. Dancing With Mr. D (Live At The Gelredome, Arnhem)
03. Beast Of Burden (Feat. Ed Sheeran) (Live At Arrowhead Stadium, Kansas)
04. She’s A Rainbow (Live At U Arena, Paris)
05. Wild Horses (Feat. Florence Welch) (Live At London Stadium)
06. Let’s Spend The Night Together (Live At Manchester Evening News Arena)
07. Dead Flowers (Feat. Brad Paisley) (Live At Wells Fargo Center, Philadelphia)
08. Shine A Light (Live At ArenA, Amsterdam)
09. Under My Thumb (Live At London Stadium)
10. Bitch (Feat. Dave Grohl) (Live At The Honda Center, Anaheim)
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The Dirty Coal Train - Juvenile delinquent
Depois de quatro álbuns, uma compilação e vários singles, já está nos escaparates há mais de meio ano Portuguese Freakshow, o último disco do projeto The Dirty Coal Train, que nasceu da mente do casal Ricardo Ramos e Beatriz Rodrigues, uma dupla natural de Viseu e a residir em Lisboa, que se tem assumido na presente década como uma das bandas mais excitantes do garage rock nacional. É um longo registo com quase quatro dezenas de temas e que conta com vários convidados especiais, nomeadamente Carlos Mendes (Tédio Boys, The Parkinsons, The Twist Connection), Nick Nicotine (The Act-Ups, Ballyhoos, The Jack Shits, Bro X), Victor Torpedo (The Parkinsons, Subway Riders), Ondina Pires (The Great Lesbian Show, Pop Dell'Arte), Fast Eddie Nelson (Big River Johnson, Fast Eddie & the Riverside Monkeys), Captain Death (Tracy Lee Summer) e Mário Mendes (Conan Castro & the Moonshine Piñatas), entre outros, um projeto megalómano bem sucedido lançado em vinil pela Groovie Records em parceria com a Garagem Records, tendo sido gravado nos estúdios Golden Pony em Lisboa e no King no Barreiro.
Cheio de acordes rápidos e batidas viciantes, Juvenile delinquent é o mais recente single retirado de Portuguese Freakshow, um tema também já com direito a um vídeo da autoria do Ricardo e da Beatriz e que, de acordo com o press release do lançamento, brinca com os clichés do rockabilly: a delinquência juvenil dos 50's e o espírito da geração beat. Assim, em pouco menos de um minuto e meio a canção oferece-nos um tratado de rock cru e direto, uma composição de completo transe roqueiro e onde se cruzam garage, punk sessentista, blues, rockabilly e até surf rock.
Juvenile delinquent faz parte de um álbum que impressiona pelo seu todo e que está repleto de referências a seres fantásticos e ao cinema mais alternativo. Portuguese Freakshow, que já tem sucessor pronto e previsto para ser lançado em maio, acaba por ser um retrato sonoro bastante interessante e impressivo acerca da nossa realidade atual enquanto povo, que parece muitas vezes bastante desligado da realidade e a viver num permanente estado de alienação que é aqui de certo modo documentado com uma elevada dose de humor, ironia e simbolismo. O registo foi produzido pelos próprios Ricardo Ramos e Beatriz Rodrigues e o artwork é da autoria de Olaf Jens. Confere Juvenile delinquent..
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The Dirty Coal Train - Portuguese Freakshow
Depois de quatro álbuns, uma compilação e cinco singles, já está nos escaparates Portuguese Freakshow, o novo disco do projeto The Dirty Coal Train que nasceu da mente do casal Ricardo Ramos e Beatriz Rodrigues, uma dupla natural de Viseu e a residir em Lisboa, que se tem assumido na presente década como uma das bandas mais excitantes do garage rock nacional. É um longo registo com quase quatro dezenas de temas e que conta com vários convidados especiais, nomeadamente Carlos Mendes (Tédio Boys, The Parkinsons, The Twist Connection), Nick Nicotine (The Act-Ups, Ballyhoos, The Jack Shits, Bro X), Victor Torpedo (The Parkinsons, Subway Riders), Ondina Pires (The Great Lesbian Show, Pop Dell'Arte), Fast Eddie Nelson (Big River Johnson, Fast Eddie & the Riverside Monkeys), Captain Death (Tracy Lee Summer) e Mário Mendes (Conan Castro & the Moonshine Piñatas), entre outros, um projeto megalómano bem sucedido lançado em vinil pela Groovie Records em parceria com a Garagem Records, tendo sido gravado nos estúdios Golden Pony em Lisboa e no King no Barreiro.
Cheio de acordes rápidos e batidas viciantes, Portuguese Freakshow é um tratado de rock crú e direto, hora e meia de completo transe roqueiro feito com originais, mas também com versões de clássicos, de bandas tão distintas como os Residents, The Animals, Richard & The Young Lions, The Standells, Marti Barris e Beat Happening, entre outros. No seu alinhamento cruzam-se diferentes universos desse espetro sonoro, desde o garage, ao punk sessentista, passando pelo blues, o próprio metal, o rockabilly e o surf rock. Este elevado ecletismo aliado a uma enrome segurança e vigor interpretativos, além de proporcionarem ao ouvinte contacto com uma personalidade e uma amplitude sonora algo agressiva, no bom sentido, tem como grande cereja no topo, para quem conhecer os trabalhos anteriores dos The Dirty Coal Train, permitir a perceção de que a dupla ampliou a técnica e o apuro interpretativo, quer instrumental quer vocal, com a percussão a ser um dos aspetos em que isso mais se nota, mas com os riffs e os efeitos das guitarras a exalarem também novas nuances, que não se coibem de penetrar por territórios mais intrincados e progressivos, nomeadamente quando deambulam pelos algumas experimentações eletrónicas.
Álbum que impressiona pelo seu todo e repleto de referências a seres fantásticos e ao cinema mais alternativo, Portuguese Freakshow acaba por ser um retrato sonoro bastante interessante e impressivo acerca da nossa realidade atual enquanto povo, que parece muitas vezes bastante desligado da realidade e a viver num permanente estado de alienação que é aqui de certo modo documentado com uma elevada dose de humor, ironia e simbolismo. o registo foi produzido pelos próprios Ricardo Ramos e Beatriz Rodrigues e o artwork é da autoria de Olaf Jens. Espero que aprecies a sugestão...
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Snakes - Snakes
Baltimore, no estado do Maryland, é o poiso dos Snakes de Eric Paltell, Cooper Wright, George Cessna e Cobra Jones, uma banda de regresso aos lançamentos discográficos com um homónimo, cuja edição, quer digital quer física, tem a chancela da insuspeita e espetacular editora, Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
Em Theme For Snakes a cortina deste álbum abre-se e perante nós, impávido e sereno, o imenso e quente deserto que preenche grande parte do oeste norte americano mostra-se deslumbrante e altivo e que nomes como John Ford, Howard Hawks, Fritz Lang, ou até mesmo Ennio Morricone, Quentin Tarnatino e Sergio Leone, este último com uma nada desprezável dimensão paródica, projetaram com implacável mestria na grande tela.
Rapidamente se percebe que estes Snakes são uma das bandas que atualmente melhor traduz e interpreta um estilo sonoro que nem sempre é de fácil aceitação do lado de cá do atlântico, mas que é muito caro a um país que nasceu e avançou e deve muito da sua herança cultural aos cowboys e aos seus duelos ao pôr do sol com foras da lei, a garimpeiros e exploradores corajosos e sedentos de riquezas e a saloons empoeirados e a tresandar a whisky pestilento, não só no Texas, mas também em paisagens remotas e selvagens da Califórnia, Arizona, Utah, Colorado ou Wyoming.
As sete canções deste Snakes são uma verdadeira ode e homenagem a todo este ideário, com canções como a pulsante Young American, a sombria e enigmática Aloha From Old Mexico e a cinematográfica Calling Out The Law a colocarem-nos bem no epicentro de uma trama que se serve essencialmente das guitarras para dar vida a histórias onde aventura, crime, paixão, vingança, amor e coragem se misturam e que podemser escutadas, ou até que o sol se ponha ou até que uma bala certeira nos separe e nos desligue destes Snakes. Espero que aprecies a sugestão...
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Country Playground - Turdus Merula
Editado no passado dia vinte de julho pela Preguiça Magazine, Turdus Merula é o trabalho de estreia da dupla Country Playground, um projeto com raízes em Leiria e formado por Rodrigo Cavalheiro, baterista e vocalista dos Born a Lion e Fernando Silva, ex-guitarrista dos leirienses e extintos Canker Bit Jesus, dois inspirados músicos que de Neil Young a Buffallo Springfield e passando por Townes Van Zandt, Johnny Cash, Rolling Stones ou os Eagles, procuram recriar a textura sonora pura e crua do fim dos anos sessenta, início dos setenta, dando um cunho pessoal mais eléctrico e forte, de modo a replicar aquilo que eles próprios batizaram de electric farmer rock.
Liricamente bastante sentimental e debruçando-se sobre temas tão comuns e nossos, como a dor, o amor, a amizade, a perda e a procura e o reencontro, Turdus Merula contém sete canções que retrata muitas experiências pessoais dos autores e que trazem na bagagem uma carga emocional forte.
Gravado no verão de 2014, este disco começou por ser uma edição de autor digital, mas a Preguiça Magazine aceitou, felizmente, dar-lhe uma edição física, num trabalho onde o rock e a country dançam entre si com particular deleite e assombro de modo a replicar uma sonoridade crua, rude e pura, sem artifícios, mas também com um curioso travo pop, nomeadamente na luminosidade melódica. É, no fundo, um indie rock, animado e dançável, com algum fuzz nas guitarras que debitam distorções vintage, feito com entrega e devoção e de onde se destacam Song for Neil, uma homenagem desinteressada e sentida a Neil Young, uma influência muito grande para a dupla, o blues rugoso, atormentado e sombrio da guitarra de Grandpa's Grave e o festim inebriante da luminosidade que orienta a melodia de My Last Love Song. Seja como for, todas as sete canções são explosivas e há uma tensão poética sempre latente, sendo certamente propositada a busca do espontâneo e do gozo, se é que é possível falar-se em estética na música. Pelo menos a mim custa-me... Confere a entrevista que adupla concedeu a este blogue e espero que aprecies a sugestão...
Grandpa's Grave
Sand Woman
My Last Love Song
Seas Of Blood
Song For Neil
Down To Mexico
Golden Field
Os Country Playground acabam de abrir as hostilidades com Turdus Merula, sete canções gravadas há cerca de um ano e que pelos vistos estavam na gaveta, à espera que alguém as editasse fisicamente, já que havia sempre a possibilidade de edição em formato digital, em nome próprio. Antes de conversarmos um pouco sobre o trabalho, vamos apontar agulhas para a dupla. Os Country Playground surgiram por geração espontânea, foi uma ideia luminosa de dois amigos após uma noite de copos, por exemplo, ou foi fruto de um período de gestação bastante ponderado? Como surgiu a possibilidade de fazerem música juntos?
Os Country Playground começaram como um projeto do Rodrigo por volta de 2008. O Rodrigo tinha escrito umas músicas com a mulher e pretendia apresentá-las num formato simples e intimista, apenas acompanhado por uma guitarra acústica. Após alguns concertos, o Rodrigo começou a desmotivar-se porque muitas vezes não conseguia transmitir o registo intimista das canções. Também não se sentia muito confortável com a guitarra, que não é o seu instrumento “natural”. Por estes motivos, resolveu arrumar o projeto até que em 2014 foi convidado para dar um concerto. Nessa altura ele quis mudar um pouco as coisas, alterar a sonoridade para algo mais cru e sujo e mais próximo do rock. Foi aí que ele se lembrou de me ligar para saber se eu estaria interessado em experimentar tocar com ele – eu passava a assumir a guitarra eléctrica e algumas vozes, e o Rodrigo a bateria e a voz principal. Já nos conhecíamos há muito tempo, mas nunca tínhamos tocado juntos. Felizmente entendemo-nos às mil maravilhas e aí surgiram os Country Playground como os conheces hoje.
E Country Playground porquê? Por acharem que a aparente ligeireza e lisergia da vossa sonoridade rock de influência country tem algo de natural e rural, digamos assim, e que vocês chamam de electric farmer rock, ou é um nome completamente desfasado da componente sonora do projeto?
Este nome descreve muito bem o que nós fazemos, mas por acaso até surgiu de uma brincadeira. No Festival Sudoeste 2001, o Rodrigo lembrou-se de criar uma brincadeira para animar a malta nas horas vagas. Era uma espécie de tábua de equilíbrio, mas em vez de uma tábua, era um tronco que se movia em cima de outros dois troncos. Basicamente, a diversão consistia em subir para o tronco de cima e fazê-lo rodar para frente e para trás, sem cair – e passar horas nisto. Foram muitos bate-cu e risada à conta disso: havia gente que acordava cedo para ir praticar, outros que até chegaram atrasados a concertos por causa da brincadeira. O Rodrigo batizou este passatempo de Country Playground, mas ficou com o nome sempre na cabeça sabendo que se poderia adequar a um projeto futuro.
Olhando então agora para Turdus Merula… Bateram a muitas portas antes de verem o disco editado? E foi fácil convencer a Preguiça Magazine?
Para ser sincero, não batemos a muitas portas. Falámos com as editoras de Leiria, que são de pessoal que nós conhecemos e com quem nos damos bem, mas por diferentes motivos não foi possível editarem. Nós estávamos até mais virados para fazer uma edição digital, porque o formato que realmente queríamos (vinil) era extremamente dispendioso e arriscado. Quando nos preparávamos para editar em formato digital fomos ter com a Preguiça Magazine para nos ajudarem com a promoção do trabalho. A Preguiça Magazine tem bastante expressão a nível local, é seguida por muita gente e permitiria divulgar o lançamento do trabalho. Quando reunimos com a Paula Lagoa da Preguiça Magazine fomos surpreendidos pela vontade deles em editarem o nosso trabalho. Ficámos muito contentes, porque seria a primeira edição de música da Preguiça e porque eles acreditaram cegamente em nós desde o primeiro momento (nem quiseram ouvir o disco!!!). É claro que eu penso que as imperiais que bebemos durante a nossa conversa podem ter influenciado um pouco os desenvolvimentos, mas gosto de acreditar que não.
Como deverão compreender, é natural escutar-se este fantástico trabalho e sermos transportados para um indie rock que pisca bastante o olho a sonoridades que foram surgindo no outro lado do atlântico no início da segunda metade do século passado, com um certo cariz lo fi, mas também com um curioso travo pop, nomeadamente na luminosidade melódica. Sendo assim, acho que um dos vossos maiores atributos foi ter sabido pegar em possíveis influências que admiram e dar-lhes um cunho muito próprio, uma marca vossa e distinta. Como descrevem, em traços muito gerais, o conteúdo sonoro de Turdus Merula?
O Turdus Merula é um disco rock, de forte influência country, com uma sonoridade crua, rude e pura – sem artifícios. Procurámos captar o som mais próximo possível do que fazemos ao vivo. Eu e o Rodrigo gostamos bastante de Neil Young, Buffallo Springfield, Townes Van Zandt, Johnny Cash, Rolling Stones, Eagles... e procurámos um pouco recriar a textura sonora pura e crua do fim dos anos 60, início dos 70. É claro que lhe demos o nosso cunho pessoal, mais eléctrico e forte. De qualquer das formas, em termos líricos, é um disco bastante sentimental. Fala de dor, amor, amizade, perda, procura e reencontro. Retrata muitas experiências pessoais e tem uma carga emocional forte. No fim, ficámos bastante satisfeitos com o resultado final, uma vez que tanto as canções como a própria sonoridade do álbum ficaram muito próximas do que idealizámos no início do processo de gravação.
Este indie rock, animado e dançável, com algum fuzz nas guitarras que debitam distorções vintage e com um baixo encorpado, é mesmo o género de música que mais apreciam?
Nós não temos baixo – nem no disco, nem ao vivo. De qualquer forma o nosso som de guitarra, além de sujo é algo grave para compensar a ausência desse instrumento. Sim, nós gostamos muito deste tipo de música, é talvez o tipo de som que ouvimos mais atualmente. Mas também temos outros gostos. Penso que além do universo country-rock, também gostamos do rock puro – sem qualquer tipo de restrições. Eu até gosto de algumas coisas que roçam o metal e o industrial. Basicamente, nós gostamos de música... de preferência que seja boa e feita por pessoas com coração e entrega.
Quais são as vossas expectativas para Turdus Merula? Querem que este trabalho vos leve até onde?
Até este momento estamos bastante contentes com que está a acontecer. O álbum está a ser bem aceite por muita da comunicação social. Para nossa surpresa está a passar em bastantes rádios locais por todo o país e o feedback que tenho recebido quando falo com pessoal da imprensa é bastante positivo. Nós já tínhamos um pouco esse feedback cá na nossa zona, mas é mais surpreendente quando o recebes de pessoas que não conheces e que ainda nem te viram ao vivo – só ouviram o disco. Esperamos que este disco nos permita tocar o máximo pelo país fora. Isso é o que eu e o Rodrigo mais gostamos de fazer. Ter a oportunidade de mostrar como são os Country Playground ao vivo e provocar reações (esperamos que positivas) a quem nos vá ver e ouvir. Também esperamos que este disco seja o primeiro de muitos... já temos material pronto para um segundo. Mas cada coisa a seu tempo.
Penso que a vossa sonoridade poderia ser bem-sucedida nos países que abrem os braços ao chamado indie rock mais clássico. Os Country Playground estão, de algum modo, a pensar numa internacionalização, ou é apenas Portugal importante para o futuro da vossa carreira?
Nós gostamos de pensar na possibilidade da internacionalização dos Country Playground. Penso que até podíamos ter uma certa facilidade em termos logísticos, uma vez que somos só dois e estamos muito orientados e focados no que estamos a fazer. No entanto, somos realistas e temos a noção que ainda nos falta percorrer muito caminho para pensarmos nisso. Agora estamos mesmo interessados em dar a conhecer a banda por todos os cantos de Portugal. Ainda não demos nenhum concerto fora da zona de Leiria e estamos mesmo expectantes para ver as reações fora de “casa”. Acho que ainda temos que provar o que valemos a muita gente por cá.
Acho curioso o artwork do disco e muito bem conseguido, com a cover a cargo de Ana Sousa. O nome do disco refere-se è espécie da ave e, independentemente da resposta a essa questão, há alguma relação entre o conteúdo das canções e o conceito do projeto com o artwork?
O melro preto é um animal lindo e imponente que nos remete para uma certa ideia de liberdade. Também está muito ligado ao imaginário country, muito ligado aos animais e à natureza de uma forma em geral. Quando começámos a gravar o Turdus Merula quisemos ter uma ideia unificadora que nos permitisse ao gravar os diferentes temas, manter um certo rumo. Resolvemos que sempre que estivéssemos a gravar a parte instrumental, estaríamos a imaginar a figura de um melro. Isto é quase uma ideia metafísica, mas penso que resultou. Quando chegámos à altura de escolher um nome para o disco, percebemos que o nome estava escolhido desde o início. Também somos da opinião que a capa do disco resultou muito bem. A Ana fez um excelente trabalho, a única coisa que lhe pedimos foi que a capa tivesse um melro e um ar algo vintage, que remetesse para a ideia de um vinil dos anos setenta. Acho que ela conseguiu captar a ideia muito bem e surpreendeu-nos com um artwork excelente que nos encheu as medidas.
Adorei Down To Mexico; E a banda, tem um tema preferido em Turdus Merula?
Nós gostamos de todos, mas temos um gosto particular pela Song for Neil. Esta canção foi escrita desde o primeiro momento para um artista e pessoa que ambos admiramos – o Neil Young. Ele é uma influência muito grande para nós e também nos surgiu na vida em momentos em que ambos precisámos de ultrapassar certas dificuldades. Quisemos prestar-lhe homenagem, de forma completamente desinteressada com esta música. A mim é das que mais gozo me dá tocar. Mas ainda estamos numa fase muito inicial do nosso caminho, todos os temas nos soam bem e apetece-nos sempre tocar todos.
Não sou um purista e acho que há imensos projectos nacionais que se valorizam imenso por se expressarem também em inglês. Há alguma razão especial para cantarem apenas em inglês e a opção será para se manter?
Penso que com a nossa sonoridade, não se justifica cantar noutra língua que não o inglês. Nós não temos nada contra o português, bem pelo contrário. Na minha banda anterior tínhamos vários temas em português. O Rodrigo tem pelo menos mais dois projetos em que canta em português. Acho que as músicas devem servir-se sempre do que as faça soar melhor. Nos Country Playground acho que o português nunca ía colar de forma natural, seria sempre forçado, por isso essa é uma ideia que nem colocamos em causa.
Imagino que entretanto já tenham temas novos compostos. Será preciso esperar mais quanto tempo para saborear um novo trabalho dos Country Playground?
Sim, já temos praticamente o segundo disco escrito. Desde a gravação à edição do Turdus Merula passou quase um ano e eu e o Rodrigo temos uma facilidade muito grande em escrevermos juntos. Às vezes até no sound-check de um concerto surge uma nova música. Nos nossos concertos já apresentamos algumas dessas músicas novas. De qualquer forma, agora temos de saborear e aproveitar o que o Turdus Merula nos trouxer e assim que chegar a hora, gravamos o próximo.
Como vai decorrer a promoção de Turdus Merdula? Já sei que tocaram recentemente em Leiria e na Marinha Grande, mas onde poderemos ver os Country Playground a tocar num futuro próximo?
Nesta fase ainda estamos a fazer a promoção do disco ao nível da imprensa escrita e da rádio. Em relação aos concertos, como calculas, lançámos o disco numa época em que não é muito habitual fazê-lo, está tudo muito virado para os festivais e para as bandas que nos visitam. De qualquer forma, acho que isso também pode ter jogado a nosso favor, porque chegámos a algumas rádios que não esperávamos. Se calhar em Setembro os lançamentos são tantos que passávamos despercebidos. Também não foi a melhor altura para apanhar o comboio dos concertos de Verão, pelo que estamos a tentar alinhar tudo para arrancar para a estrada no final de Setembro. Já temos alguns showcases marcados em Fnacs, mas ainda não consigo adiantar as datas da tour de promoção do Turdus Merula. De qualquer forma, convido toda a gente a ir seguindo o nosso facebook para saberem as datas e novidades assim que as anunciarmos.
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ScotDrakula - Burner & Break Me Up EP
Os ScotDrakula são Matt Neumann (guitarra, voz), Evianne Camille (bateria, voz) e Dove Bailey (baixo, voz), três jovens músicos australianos, oriundos de Melbourne, que gostam de misturar cerveja com o rock de garagem e darem assim asas à devoção que sentem pela música e pela cultura punk. No passado dia dezasseis foi disponibilizado fisicamente, em formato cassete e num único exemplar, Burner, o novo disco do grupo, no lado a, assim como um EP intitulado Break Me Up, no lado b, com a edição a poder ser encomendada através da insuspeita e espetacular Fleeting Youth Records, uma etiqueta essencial para os amantes do rock e do punk, sedeada em Austin, no Texas.
Para ouvir e apreciar os ScotDrakula é necessário ter fé, sentir a luz do alto e ter a mente aberta e livre de qualquer ideia pré concebida relativamente a um hipotético encontro imediato com canções detentoras de artifícios sonoros intrincados e alicerçados numa receita demasiado complexa. Percebe-se, logo que inicia a audição, que da percussão vibrante de Ain't Scared ao baixo de Burner!, passando pela distorção que orienta Little Jesus, um tema clássico no que diz respeito à conexão feliz entre o fuzz de uma guitarra e a secção rítmica vitaminada que encorpora o rock psicadélico dos anos sessenta, estes nove temas são, apenas e só, mais uma excelente porta de entrada para um universo sonoro feito com guitarras carregadas de fuzz, uma percussão vibrante e ritmada e uma postura vocal jovial e com um encanto lo fi que inicialmente se estranha, mas que depois, rapidamente se entranha.
A maior parte destas canções vive da intimidade psicadélica que se estabelece no baixo e na guitarra, uma conexão algumas vezes com uma toada visceral algo sensual, como se percebe na crueza vintage de Doors & Fours e de Dynopsykism, mas feita e vivida com extremo charme e classe, muito à moda de um estilo alinhado, que dá alma à essência de um rock que nos convida para uma viagem no tempo, do passado ao presente, através de uma banda contagiante e que parece ser mais experiente do que o seu tempo de existência, tal é o grau de maturidade que já demonstra. O hipnotismo desenfrado que se pode conferir em CrazyGoNuts é uma autêntica ode à revisão da psicadelia que busca pontos de encontro com o rock clássico, proposto há mais de quatro décadas por gigantes do rock clássico que se entregaram ao flutuar sonoro da lisergia.
Burner & Break Me Up tem uma forte ligação com o passado e se tivermos a capacidade de confiar nestes ScotDrakula e deixarmos que eles nos mostrem que são também o caminho, a verdade e a vida, conseguimos facilmente viajar e delirar ao som das suas canções. Apreciar o verdadeiro rock clássico é também uma questão de fé e este trio australiano sabe o caminho certo para nos guiar até uma feliz, renovada e efetiva conversão. Espero que aprecies a sugestão.
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Mile Me Deaf - Holography
Oriundos de Viena, os austríacos Mile Me Deaf regressaram em 2014 aos discos com Holography, um trabalho que viu a luz do dia no início de maio e que podes escutar no bandcamp do grupo, onde está igualmente disponível toda a sua discografia, podendo ser adquirido através da Siluh Records.
Um músico chamado Wolfgang Möstl é o lider destes Mile Me Deaf, sendo ele quem escreve e compôe a maioria das canções. No entanto, não se trata propriamente de um projeto a solo até porque ao vivo os Mile Me Deaf apresentam-se como um conjunto coeso, com vários músicos e que não sofre grandes alterações desde 2008, ano em que se estrearam nos lançamentos.
Quanto à música e a este disco em particular, os Mile Me Deaf são exemplares no modo como sugerem um rock de garagem, cru e lo fi, exemplarmente replicado em canções como Science Fiction, o sensual rock de cabaret de True Blood, o grunge de Cryptic Boredom Rites e em Out Of Breath At Ego Death, este último um tema algo inédito no alinhamento já que nele coexiste uma relação frutuosa entre a distorção da guitarra e da voz, com uma bateria acelerada, algo que remete a canção para o experimentalismo punk, que se estende para Domestics, no caso da voz e também para o fuzz psicadélico de Motor Down, plasmado na relação progressiva que, neste caso, se estabelece entre o baixo e a bateria.
No entanto, os Mile Me Deaf também não descuram paisagens sonoras mais amenas, com a indie pop descomprometida que temas como o single Artificial ou a divertida War Bonding, claramente comprovam. A primeira é um dos grandes destaques de Holography, uma canção com uma tonalidade muito vincada e onde Wolfgang consegue, através da voz, envolver-nos numa elevada toada emotiva e delicada, que faz o nosso espírito facilmente levitar e que provoca um cocktail delicioso de boas sensações.
Holography são doze canções onde a herança dos anos oitenta e do rock alternativo da década seguinte estão bastante presente e com o processo de construção melódica a não descurar uma forte vertente experimental nas guitarras e uma certa soul na secção rítmica, o que só abona a favor deste projeto austríaco que contém uma forte componente nostálgica, mas também algo descomprometida. Espero que aprecies a sugestão...