man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
The Horrors – Ariel
Os britânicos The Horrors continuam a impressionar com os temas que revelam do alinhamento de Night Life, o novo disco do quarteto natural de Southend, no leste de Inglaterra e atualmente formado por Faris Badwan, Rhys Webb, Amelia Kidd e Jordan Cobb. Night Life sucede a V, o último registo de originais do projeto, editado em dois mil e dezassete e irá ver a luz do dia vinte e um de março, com a chancela da Fiction e da Universal.
Desta vez, a surpresa ganha forma no conteúdo de Ariel, o tema que abre o alinhamento de nove canções de Night Life. Ariel é uma composição que vai crescendo em arrojo e intensidade, como se exige a um tema de abertura marcante e que, desde logo, cative o ouvinte, com um enredo sonoro bastante centrado numa vasta miríade de nuances, detalhes e interseções sintéticas, que contêm um intenso travo progressivo e experimental, ampliando ainda mais o já habitual ambiente místico, nebuloso, psicadélico e exemplarmente caótico que carateriza o adn dos The Horrors. Confere...
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bdrmm – Microtonic
Já está nos escaparates Microtonic, o terceiro disco de originais dos britânicos bdrmm de Ryan Smith, Jordan Smith, Joe Vickers, Danny Hull e Luke Irvin. Microtonic sucede ao álbum I Don't Know, que a banda natural de Hull lançou no verão de dois mil e vinte e três, depois de se terem estreado no formato longa duração com o registo homónimo Bedroom, em dois mil e vinte.
pic by Stew Baxter
Gravado com a ajuda de Alex Greaves, habitual colaborador dos bdrmm, Microtonic tem a chancela da Rock Action, etiqueta dos Mogwai e conta com os contributos de nomes como Sydney Minsky Sargeant dos Working Men’s Club e Olivesque dos Nightbus. As suas dez composições comprovam o cada vez maior grau de ecletismo de um projeto que começou por navegar nas águas turvas de um punk rock ecoante e com forte pendor lo fi para, meia década depois da estreia, olhar com cada vez maior gula para as infinitas possibilidades que a eletrónica e, consequentemente, uma salutar simbiose entre o sintético e o orgânico podem incubar.
De facto, Microtonic é um disco que, na sua essência, procura equilibrar-se entre dois universos que, sendo manuseados com ímpar criatividade, originam catálogos sonoros que merecem dedicada audição, quer pela deomnstração prática dessa premissa, quer, principalmente, pela elevada bitola qualitativa do seu conteúdo. Microtonic merece tal atenção e isso torna-se claro logo em John On The Ceiling, tema que assenta em diversas camadas de sintetizações, loopings e uma batida frenética, detalhes que se entrelaçam e se sobrepõem, criando um clima dançante e algo distinto daquela suja nostalgia que marcou as primeiras propostas do projeto.
Logo depois, Infinite Peaking, algures entre o dramático e o épico, oferece-nos mais de cinco minutos exemplarmente burilados com guitarras ecoantes, sintetizadores cósmicos e um registo percussivo vibrante, oferecendo ao nosso ouvido mais um amigável confronto entre o rock alternativo de cariz mais lo fi e o chamado shoegaze psicadélico. Já quase no ocaso do alinhamento, Lake Disappointment, um tema particularmente agreste e impulsivo, confirma o desejo do projeto em se embrenharem, cada vez mais, em climas dançantes e, ao mesmo tempo, algo cavernosos, enquanto é colocada em declarado ponto de mira a tal intrincada e bastante burilada fusão entre eletrónica e shoegaze.
Disco que não nos deixa aterrar de imediato e que após a audição tem instantes que ficam a ressoar no âmago de quem o escutou com critério e devoção, Microtonic eleva-nos ainda mais alto e ao encontro do típico universo flutuante e inebriante em que assentam os bdrmm. Ouvi-lo levanta o queixo e empina o nariz, e prova, mais uma vez e com outro brilho, que este grupo britânico tricota as agulhas certas num rumo discográfico enleante, que tem trilhado percursos sonoros interessantes, mas sempre pintados por uma psicadelia que escorre, principalmente, nas guitarras, cimentando o cliché que diz que gostar de bdrmm continua a ser, mais do que nunca, também uma questão de bom gosto e agora, também, nas pistas de dança Espero que aprecies a sugestão...
01. Goit (Feat. Working Men’s Club)
02. John On The Ceiling
03. Infinity Peaking
04. Snares
05. In The Electric Field (Feat. Olivesque)
06. Microtonic
07. Clarkycat
08. Sat In The Heat
09. Lake Disappointment
10. The Noose
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The Horrors – Trial By Fire
Sete anos depois de V, o último registo de originais do projeto, editado em dois mil e dezassete, os britânicos The Horrors estão finalmente de regresso aos nosso radar, com uma nova formação e o anúncio de um novo álbum da banda para o início da primavera de dois mil e vinte e cinco. A banda que mantém da formação original o líder e vocalista Faris Badwan e o baixista Rhys Webb, aos quais se juntam atualmente a teclista Amelia Kidd e o baterista Jordan Cobb, tem na forja um novo alinhamento de nove canções intitulado Night Life, que irá ver a luz do dia vinte e um de março, com a chancela da Fiction e da Universal.
Composição com um clima bastante rugoso, vincadamente cavernoso, mas também com uma curiosa tonalidade enleante e até sensual, Trial By Fire é o segundo single retirado do alinhamento de Night Life, tendo sido produzida por Yves Rothman. A canção impressiona pelo vigor do baixo, pela robustez da bateria, pelo clima algo sinistro das sintetizações e pelo modo abrasivo e potente como a guitarra distorce, principalmente no refrão, num resultado final que remete para aquele rock sombrio, experimental e gótico, de forte cariz oitocentista, que é, também, uma das imagens de marca deste projeto. Confere...
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Foxing – Foxing
Em dois mil e vinte e três os aclamados Foxing celebraram uma década do lançamento do seu disco de estreia Albatross, considerado hoje um verdadeiro clássico do emo rock norte-americano contemporâneo. No entanto, a banda formada pelo vocalista Conor Murphy, o guitarrista Eric Hudson, o baterista Jon Hellwig e o baixista Brett Torrence, o mais recente membro, não ficou presa ao passado e tem já um novo disco nos escaparates. É um homónimo com doze canções, produzido e misturado por Hudson, o guitarrista e que viu a luz do dia com a chancela da Grand Paradise.
Foxing sucede ao aclamado álbum Draw Down The Moon, que o grupo natural de St. Louis, no Missouri, lançou em dois mil e vinte e um e mantém o projeto na senda de uma sonoridade que consegue, em pouco mais de alguns segundos, passar do caótico e abrasivo, ao profundamente melancólico e planante, sempre com um travo tremendamente lisérgico, utilizando um processo criativo que tem tanto de inédito e pouco usual, como de profundamente atrativo e catártico. É, na sua génese, uma opção racional focada no uso coerente e intencional do ruido, direcionando-o para um propósito previamente delineado e que olha para o mesmo como uma virtude e uma porta aberta a inúmeras e bem sucedidas possibilidades criativas. De facto, o som dos Foxing incomoda a espaços, também embala em certos períodos, mas a verdade é que, de uma forma ou de outra, nunca deixa de ter em si algo de comovente e instintivamente magnético.
Foxing ganha vida no leitor físico ou digital e logo no perfil simultaneamente lo fi e depois contundentemente cavernoso de Secret History, percebemos, com prontidão, que nos espera uma imponente e vertiginosa parada de emo rock experimental e progressivo, que ganha contornos de excelência no manancial lisérgico de cordas abrasivas, distorções incontroladas e detalhes percussivos da mais variada proveniência de Greyhound, tudo rematado exemplarmente com o inconfundível falsete de Murphy, uma das imagens de marca de todo o alinhamento, diga-se. Depois, Hell 99, a segunda composição do álbum, uma canção vigorosa, crua, caótica, efusiva, rugosa, frenética, contundente e, principalmente, abrasiva, já agora cantada pelo guitarrista Eric Hudson e que reflete sobre a sensação de fadiga extrema e de burnout, amplifica ainda mais o grau de imponência e de profusão sonora e a profunda emotividade lírica do registo, com os gritos de Eric a quererem personificar aquele desejo que todos nós temos, amiúde, de deitar cá para fora tudo aquilo que nos asfixia e abafa.
Com um início tão ofegante, seco e ríspido, chegamos, em Spit, aquele instante em que temos de decidir se ficamos por aqui e não damos nem uma segunda oportunidade ao disco, ou se não resistimos a essa tentação fácil e seguimos em frente, inevitavelmente até ao ocaso de Foxing. E a verdade é que o travo narcótico da canção tem esse efeito de nos prender, até porque a curiosidade em relação ao que ainda poderá vir a seguir, é algo que se sente com uma clareza pouco usual nos dias de hoje.
O eco agudo do som sintetizado repetitivo que introduz Cleaning, a canção com o perfil mais etéreo e experimental do disco, o inesperado travo indie de Barking e os bips percussivos que se cruzam com a bateria na explosiva Kentucky McDonald's parecem conter, nesta sequência, criada certamente para ser o âmago conceptual do registo, uma espécie de código sagrado que, se conseguirmos decifrar, nos faz aceder ao mundo alternativo que os Foxing consideram ser o melhor refúgio e a alternativa mais segura relativamente ao mundo real em que coexistimos.
Imponência e verticalidade na abordagem ao rock mais efusivo e um olhar anguloso a uma salutar epicidade, são também ideias que assaltam o ouvinte mais atento no final da audição de um disco que se assume como um catálogo obrigatório dentro das propostas mais contemporâneas que abordam aquele rock progressivo que tem feito escola no outro lado do atlântico nas últimas três décadas. E diga-se, em abono da verdade, que esta banda norte-americana assume-se, sem qualquer receio e com Foxing, como um projeto porta estandarte de um subgénero do rock que tem tido um airplay cada vez menor depois do período aúreo que viveu no dealbar do novo século, mas que ainda agrega, feizmente, uma legião fiel e devota de seguidores. Espero que aprecies a sugestão...
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Suuns – The Breaks
Os Suuns são um dos segredos mais bem guardados do panorama alternativo canadiano. Apareceram em dois mil e sete pela mão do vocalista e guitarrista Ben Shemie, ao qual se juntam, atualmente, Joseph Yarmush e Liam O’Neill. Estrearam-se nos álbuns em dois mil e dez com Zeroes QC e três anos depois chegou o extraordinário Images Du Futur, um trabalho que lhes elevou o estatuto grandemente, tendo merecido enormes elogios, não só no Canadá, mas também nos Estados Unidos e na Europa. Já na segunda metade da última década a dose dupla Hold/Still e Felt manteve a bitola elevada, dois discos que confirmaram definitivamente que estamos na presença de um grupo especial e distinto no panorama indie e alternativo atual.
Em dois mil e vinte e quatro os Suuns continuam a enriquecer o seu catálogo com um novo disco intitulado The Breaks. É o sexto compêndio da carreira do trio sedeado em Montreal e acaba de ver a luz do dia, com a chancela da Joyful Noise Recordings.
Tomo de oito canções exemplarmente buriladas e encharcadas com o já habitual ambiente místico, nebuloso, exemplarmente caótico e tremendamente orgânico que alimenta o catálogo dos Suuns, The Breaks abre as hostilidades com cândura, imagine-se, à boleia de Vanishing Point, canção perfeita para servir de banda sonora para uma início de manhã tranquila, de preferência de um dia sem rumo ou planos. É um perfil sonoro bastante intimista e até sentimental que volta a impressionar quase no ocaso do disco, em Doreen, tema que encontra no minimal mas aconchegante dedilhar de uma guitarra o braço direito do registo vocal envolvente de Ben, dupla que depois cede o pódio a um jogo subtil, mas intrincado, de diversas interseções sintéticas, com um intenso travo progressivo e experimental.
Pelo meio, os Suuns dedicam-se a demonstrar, com irrepreensível criatividade, uma mestria interpretativa que estes verdadeiros músicos e filósofos exalam com superior requinte na sedutoramente intrigante Fish On A String, no eletronoise pop apimentado de Rage, ou na impetuosidade atmosférica bastante peculiar e climática de Road Signs and Meanings, o âmago de The Breaks.
O registo eminentemente experimental e intuitivo do tema homónimo, composição que se projeta num conjunto de rugosas e abrasivas sintetizações, com uma base sonora bastante peculiar e climática, ora banhadas por um doce toque de psicadelia narcótica a preto e branco, ora consumidas por uma batida com um teor ambiental denso e encorpado e o perfil abrasivo, mas tocante, de Wave, tema agregado em redor de um sintetizador artilhado de diversos efeitos cósmicos e de um registo vocal robotizado clemente, rematam com superior quilate o conteúdo magistral de um disco em que quem mais ordena é uma peculiar e distinta pafernália de ruídos sintéticos, mas em que o modo como as cordas espreitam no meio desse minucioso caos, não é notoriamente obra do mero acaso, algo bem vincado, por exemplo. na já referida Doreen.
Masterizado por James Plotkin e produzido por Adrian Popovich, The Breaks é música futurista para alimentar uma alquimia que quer descobrir o balanço perfeito entre idealismo e conflito e que aos poucos, para o conseguir, acaba por revelar uma variedade de texturas e transformações que configuram uma espécie de psicadelia suja, assente numa feliz união entre o orgânico e o sintético, simbiose com uma certa tonalidade minimalista mas que costura todas as canções do álbum, sem excessos e onde tudo é moldado de maneira controlada. Novamente assertivos e capazes de romper limites, os Suuns oferecem-nos, entre belíssimas sonorizações instáveis e pequenas subtilezas, um portento sonoro de invulgar magnificiência, um verdadeiro orgasmo volumoso e soporífero, disponível para quem se deixar enredar numa espécie de armadilha emocionalmente desconcertante, feita com uma química interessante e num ambiente despido de exageros desnecessários, mas que busca claramente a celebração e o apoteótico. Espero que aprecies a sugestão...
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Foxing – Hell 99
Em dois mil e vinte e três os aclamados Foxing celebraram uma década do lançamento do seu disco de estreia Albatross, considerado hoje um verdadeiro clássico do emo rock norte-americano contemporâneo. No entanto, a banda formada pelo vocalista Conor Murphy, o guitarrista Eric Hudson, o baterista Jon Hellwig e o baixista Brett Torrence, o mais recente membro, não ficou presa ao passado e tem já um novo disco pronto. É um homónimo com doze canções, produzido e misturado por Hudson, o guitarrista e que vai ver a luz do dia a treze de setembro, com a chancela da Grand Paradise.
No inicio deste mês de agosto partilhámos com os nossos leitores e ouvintes Greyhound, o primeiro avanço revelado do alinhamento de Foxing, um disco que,já agora, sucede ao aclamado álbum Draw Down The Moon, que o grupo natural de St. Louis, no Missouri, lançou em dois mil e vinte e um. Greyhound era uma imponente e vertiginosa parada de emo rock experimental e progressivo, um manancial lisérgico de cordas abrasivas, distorções incontroladas, detalhes percussivos da mais variada proveniência, tudo rematado exemplarmente com o inconfundível falsete de Murphy.
Agora chega a vez de conferirmos Hell 99, a segunda composição do álbum. Vigorosa, crua, caótica, efusiva, rugosa, frenética, contundente e, principalmente, abrasiva, Hell 99 é uma composição cantada pelo guitarrista Eric Hudson e que reflete sobre a sensação de fadiga extrema e de burnout, com os gritos de Eric a quererem personificar aquele desejo que todos nós temos, amiúde, de deitar cá para fora tudo aquilo que nos asfixia e abafa. Confere...
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Suuns – Overture
Os Suuns são um dos segredos mais bem guardados do panorama alternativo canadiano. Apareceram em dois mil e sete pela mão do vocalista e guitarrista Ben Shemie, ao qual se juntam, atualmente, Joseph Yarmush e Liam O’Neill. Estrearam-se nos álbuns em dois mil e dez com Zeroes QC e três anos depois chegou o extraordinário Images Du Futur, um trabalho que lhes elevou o estatuto grandemente, tendo merecido enormes elogios, não só no Canadá, mas também nos Estados Unidos e na Europa. Já na segunda metade da última década a dose dupla Hold/Still e Felt manteve a bitola elevada, dois discos que confirmaram definitivamente que estamos na presença de um grupo especial e distinto no panorama indie e alternativo atual.
Em dois mil e vinte e quatro os Suuns vão continuar a enriquecer o seu catálogo com um novo disco intitulado The Breaks. Será o sexto compêndio da carreira do trio sedeado em Montreal e irá ver a luz do dia a seis de setembro, com a chancela da Joyful Noise Recordings.
Já há vários singles divulgados do alinhamento de The Breaks e no início do passado mês de julho demos aqui conta de um deles, uma canção chamada Doreen, com um perfil interpretativo bastante intimista e sentimental, que tinha, inicialmente, no minimal mas aconchegante dedilhar de uma guitarra o braço direito do registo vocal envolvente de Ben, dupla que depois cedia o pódio a um jogo subtil, mas intrincado, de diversas interseções sintéticas, com um intenso travo progressivo e experimental.
Agora, um mês depois de termos escutado Doreen, chega a vez de conferirmos Overture, o último single que os Suuns vão revelar do disco antes de o mesmo chegar aos escaparates. Overture são pouco mais de dois minutos assentes num indie rock experimental e progressivo exaltante, que impressiona pelo registo vocal pleno de sentimentalismo e pelo modo como é acamado por cascatas de sintetizações pulsantes e um registo percussivo contundente e tremendamente visceral, nuances que conferem a Overture uma epicidade e uma magnificiência únicos. Confere...
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The KVB – Labyrinths
Os londrinos The KVB construiram na última meia década um firme reputação que permite afirmar, com toda a segurança, que são, atualmente, uma das melhores bandas a apostar na herança do krautrock e do garage rock, aliados com o pós punk britânico dos anos oitenta. Formados pela dupla Nicholas Wood e Kat Day, os The KVB deram nas vistas em dois mil e dezoito com o registo Only Now Forever, criaram semelhante impacto no ano seguinte com o EP Submersion e, em dois mil e vinte e um com o disco Unity e no verão do ano passado enriqueceram ainda mais o seu catálogo à custa de Artefacts (Reimaginings From The Original Psychedelic Era), um disco que chegou aos escaparates a doze de maio com a chancela da Cleopatra Records, uma etiqueta independente sedeada em Los Angeles. Agora, quase um ano após esse registo, a dupla prepara-se para regressar aos discos com Tremors, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia a cinco de abril, com a chancela da Invada Records.
Gravado entre Bristol e Manchester com a ajuda do produtor James Trevascus, Tremors deverá, de acordo com o próprio projeto, aprofundar os conceitos de distopia e apocalipse, que estiveram sempre presentes no ideário lírico dos The KVB, mas de um modo mais pessimista e profundo, abordando também os conceitos de perda, resistência, lamento e aceitação de mudanças inevitáveis.
Labyrinths é o primeiro single revelado do alinhamento de Tremors. É um verdadeiro tratado de indie punk rock progressivo, enérgico e abrasivo, com um travo geral denso, agressivo e sujo, que encontra o seu principal sustento em guitarras encharcadas em distorções vigorosas, na impetuosidade da bateria e na cosmicidade dos sintetizadores, instrumentos que se entrelaçam na construção de uma canção que espreita perigosamente uma sonoridade muito próxima da pura lisergia. Confere...
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The Pineapple Thief – Every Trace Of Us
Os The Pineapple Thief, uma já mítica banda britânica natural de Sommerset, estão de regresso aos discos com It Leads To Us, oito canções que irão ver a luz do dia a nove de fevereiro do presente ano, por intermédio da Kscope. Este registo sucede a Nothing But The Truth, um extenso álbum que o grupo lançou em dois mil e vinte e um, sendo já o décimo quarto deste coletivo que nasceu em mil novecentos e noventa e nove pela iniciativa de Bruce Soord, ao qual se juntam atualmente Jon Sykes, Steve Kitch, Gavin Harrison e Beren Matthews.
The Frost foi o primeiro single divulgado do alinhamento de It Leads To This, há algumas semanas atrás. Recentemente foi extraído do álbum, também em formato single, o tema Every Trace Of Us. Trata-se de uma composição que obedece à receita habitual em que assenta o processo criativo dos The Pineapple Thief, mestres a incubar canções feitas com guitarras exuberantes e repletas de distorções, acompanhadas por uma bateria e um baixo sempre encorpados e algumas nuances eletrónicas proporcionadas por sintetizadores e samplers, dando assim origem a um indie rock rugoso e fortemente épico, abrilhantado e sustentado por uma voz sempre imponente, o principal fio condutor deste single Every Trace Of Us. Pela amostra, certamente que It Leads To This será mais uma prova de maturidade e acuidade sonora dos The Pineapple Thief, ao mesmo tempo que renovará o arsenal de arranjos e tiques que compôem o já extenso e rico catálogo do projeto. Confere...
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Black Rebel Motorcycle Club – Live At Levitation
Criado em Austin no Texas, em dois mil e oito, por membros dos The Black Angels, Levitation é o nome de um movimento que organiza eventos em vários continentes, tendo já passado por Toronto, Vancouver, Paris, Chicago e algumas cidades da América Latina e que tem como grande alvo o indie rock de cariz mais progressivo e psicadélico. Bandas e artistas como os Night Beats, Holy Wave, Ringo Deathstarr e outras, já deram concertos organizados por este movimento, que teve como um dos momentos mais altos um espetáculo que os Black Rebel Motorcycle Club deram em dois mil e treze e que acaba de ser agora editado pela banda, no âmbito da edição deste ano do Record Store Day.
Neste Live At Levitation, os Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, passam em revista uma carreira que, na altura do concerto, tinha quase década e meia de uma banda que se estreou em 2001 com um extraordinário homónimo e cujo conteúdo fez desta banda de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.
Canções como Red Eyes And Tears ou Spread Your Love têm um cunho ainda mais orgânico, visceral e cru do que o respetivo original e Beat The Devils Tattoo é tocada de modo ainda mais experimental que a versão original. São versões ao vivo que vivem das várias transformações que o projeto foi sofrendo, quer estilísticas, quer ao nível do plantel, nuances que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas.
O único lamento deste registo é não conter Love Burns, talvez a canção mais imponente da banda. Seja como for, essa lacuna não retira brilho a pouco mais de quarenta minutos que nos oferecem uns Black Rebel Motorcycle Club que talvez não tenham salvo o rock, mas há que ser justo e admitir que se tornaram numa das bandas essenciais deste género musical. Nos primeiros dez anos de existência, mesmo após a estreia e o similar Take Them On, On Your Own, quando infletiram um pouco no rumo e em Howl e quando abraçaram também a country e a folk, não deixaram nunca de perder a sua identidade, que apenas foi um pouco abalada com Baby 81 e The Effects of 333, os dois únicos álbuns dos Black Rebel Motorcycle Club que não me seduzem e que considero terem sido verdadeiros tiros ao lado na valiosa trajetória musical do grupo. Portanto, na primeira década de existência, os Black Rebel Motorcycle Club nem sempre cumpriram a ótima expetativa criada na estreia mas, em 2009, Beat the Devil's Tattoo voltou a colocar o percurso do grupo nos eixos e pessoalmente devolveu-me uma esperança que se confirmou ser justificada, já depois deste Live At Levitation, em Specter At The Feast, um trabalho muito marcado pela morte do pai de Robert, que também era um grande suporte da banda, e que voltou a colocar o trio num caminho certo, que se endireitou definitivamente em Wrong Creatures.
Em suma, Live At Levitation oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, estilisticamente se preocupam em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...