man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Portugal. The Man – Summer Of Luv
Conforme já demos conta por cá há algumas semanas atrás, Chris Black Changed My Life é o fantástico título do novo disco dos norte americanos Portugal. The Man, de John Baldwin Gourley, um trabalho que irá chegar aos escaparates a vinte e três de junho com a chancela da Atlantic Records e que terá nos créditos da produção Jeff Bhasker, colaborador de longa data de nomes como Beyoncé, Harry Styles e SZA.
Chris Back Changed My Life será o nono disco da carreira desta banda natural de Portland, no Oregon. É dedicado a Chris Black, antigo membro do grupo que faleceu há quase quatro anos e teve já alguns singles revelados, como Dummy ou What, Me Worry?, que nos foram mostrando que este novo álbum dos Portugal. The Man será um excelente tratado de pop psicadélica, ágil e rápida. Summer Of Lov, composição que conta nos créditos com a participação especial dos neozelandeses Unknown Mortal Orchestra, amplia essa certeza, já que se trata de uma canção agradável, rica em detalhes e texturas, com um forte apelo às pistas de dança e com uma atmosfera eminentemente pop que, estreitando os laços entre a psicadelia e o R&B, contém a impressão firme da sonoridade típica das duas bandas, uma simbiose feliz e bem sucedida que vai catapultar Chris Back Changed My Life para uma estética bastante abrangente. Confere...
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Gorillaz – Cracker Island
Pouco mais de dois anos após Song Machine, Season One: Strange Timez, já está nos escaparates, com a chancela da Parlophone Records, Cracker Island, o oitavo álbum dos britânicos Gorillaz, projeto formado por Russell, Noodle, 2D e Murdoc e conduzido pelo enorme Damon Albarn, talvez a única personalidade da música alternativa contemporânea capaz de agregar nomes de proveniências e universos sonoros tão díspares e fazê-lo num único registo sonoro.
Cracker Island, impressiona desde logo pela vastíssima listagem de participações especiais, da qual constam nomes tão proeminentes como Stevie Nicks, Bad Bunny, Beck, Tame Impala, Bootie Brown, Adeleye Omotayo, um dos nomes maiores do projeto vocal Humanz Choir, um coro que teve um papel determinante no conteúdo de Humanz, o disco que os Gorillaz lançaram em dois mil e dezassete e outros artistas de relevo. Se tal não é de estranhar, por ser já um hábito neste projeto, nomeadamente em Plastic Beach, para a nossa redação o melhor trabalho da carreira dos Gorillaz, existe, no entanto, um ponto convergente, que é a opção por artistas que têm na pop, no seu formato eminentemente clássico, a sua zona de conforto, nomeadamente aquela pop que se cruza com o mais buliçoso R&B e que tem como origem o lado de lá do atlântico
E de facto, Cracker Island personifica um afastamento, talvez definitivo, dos Gorillaz daquele rock de matriz mais clássica, o rock que assenta em guitarras encharcadas em distorções, para uma guinagem em absoluto para territórios de cariz eminentemente sintético, ou seja, um modus operandi que, mantendo a experimentação como um conceito essencial, tem a eletrónica nos comandos, o hip-hop e o R&B na mira e o rock como apenas um apêndice, que pode servir para adornar detalhisticamente algumas canções.
Seja como for, uma das facetas mais curiosas das dez composições de Cracker Island é todas elas conseguirem atingir com enorme mestria o propósito simbiótico entre aquilo que é o som Gorillaz e o adn do convidado de cada tema. E esse é um dos grandes atributos do disco. A singela acusticidade minimalista e melancólica de Tormenta, o rap psicadélico de New Gold, como seria de esperar tendo em conta a presença dos Tame Impala e Bootie Brown, o transe retro de Oil, abrilhantado por beats inconfundíveis, a tonalidade pop do tema homónimo, a fusão entre dub e downtempo em Baby Queen, o travo urbano e caliente de Silent Running, aprimorado por um Adeleye Omotayo na sua melhor forma e o inesperado cruzamento entre jazz e soul em Possession Island, são os instantes maiores de toda uma caldeirada impressiva, mas tremendamente sagaz e contemporânea, que parece ter sido incubada com abertura de espírito, mas também, obedecendo à filosofia estilística de cada participante, sempre na busca de um tronco comum, que defina aquele que é, duas décadas após a estreia, o definitivo adn dos Gorillaz.
Cracker Island é, em suma, mais um intrigante exemplo sonoro de mescla de diferentes culturas, num pacote seguro e familiar, que permite a Albarn deixar mais uma vez vincada a sua apetência natural para se servir das raízes de qualquer estilo e conferir às mesmas o seu toque de personalidade, contornando, sem beliscar, todas as referências culturais dos seus convidados que, se não tivessem a mente tão aberta como o anfitrião, poderiam ver limitado o processo criativo. E assim, isentos de tais formalismos, não receiam misturar tudo aquilo que ouvem, aprendem e assimilam nas respetivas carreiras, fazendo-o com enorme bom gosto, ao mesmo tempo que refletem com indisfarçável temperamento sobre este mundo conturbado em que todos vivemos. Espero que aprecies a sugestão...
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Gorillaz – Silent Running
Foi há já mais de ano e meio que chegou aos escaparates Song Machine, Season One: Strange Timez, o sétimo álbum dos britânicos Gorillaz, projeto formado por Russell, Noodle, 2D e Murdoc e conduzido pelo enorme Damon Albarn, talvez a única personalidade da música alternativa contemporânea capaz de agregar nomes de proveniências e universos sonoros tão díspares e fazê-lo num único registo sonoro. Depois disso, os Gorillaz já nos presentearam com várias canções novas, os temas New Gold, Cracker Island, a composição que vai dar nome ao novo disco do grupo, com edição prevista para este mês de fevereiro de dois mil e vinte e três, Baby Queen , Skinny Ape e, mais recentemente, Silent Running.
Esta nova composição divulgada do alinhamento de Cracker Island, registo que terá a chancela da Parlophone Records e que contará com as participações especiais de nomes tão proeminentes como Stevie Nicks, Bad Bunny, Beck, Tame Impala, Bootie Brown e muitos outros artistas de relevo, conta com a participação especial de Adeleye Omotayo, um dos nomes maiores do projeto vocal Humanz Choir, um coro que teve um papel determinante no conteúdo de Humanz, o disco que os Gorillaz lançaram em dois mil e dezassete. Em Silent Running é possível conferir quase cinco minutos assentes numa filosofia sonora tremendamente contemporânea. A composição, melodicamente sagaz e encharcada em diversos arranjos acústicos e curiosas nuances sintéticas, cruza alguns dos melhores tiques identitários da melhor pop e do mais buliçoso R&B atuais, um modus operandi que é já uma imagem de marca dos Gorillaz. Confere...
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Molly Burch – Cozy Christmas & December Baby
Quem também não escapou à febre das canções de Natal, foi a norte-americana Molly Burch que lançou, bem a tempo de iluminar ainda mais as bandas sonoras da época festiva que se avizinha, duas novas composições alusivas à efeméride. Chamam-se Cozy Christmas e December Bay e surgem na sequência de um disco de natal que a artista lançou em dois mil e dezanove e que continha uma bela mistura de canções assinadas pela própria Molly e covers de originais de nomes tão míticos como John Early ou Kate Berlant.
Nestas duas novas canções de Natal, a cantora e compositora natural de Austin, no Texas, navega no terreno que se sente mais confortável e que se carateriza por ambientes deslumbrantes emotivos e algo jazzísticos e que não descuram uma leve pitada de R&B, mas que têm como base os cânones fundamentais da melhor indie pop atual. Se o primeiro tema, Cozy Christmas, assenta num registo eminentemente radiofónico, December Baby é uma daquelas baladas de Natal que não deixam ninguém indiferente. Duas canções díspares, que materializam um lançamento sonoro impecavelmente dotado de charme e tremendamente feminino, com um clima assumidamente polido e contemporâneo, mas também algo intrigante e instigador, como é norma nesta autora sempre disponível ao questionamento contundente, quer sobre si própria quer sobre aqueles ou aquilo que a incomodam ou atiçam, mesmo que seja Natal. Confere...
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Matt Corby - Problems
Há cerca de uma década, no meio da interminável vaga de novos artistas que iam surgindo todos os dias e que foram consolidando os alicerces de um blogue já numa fase de afirmação consistente da sua existência, houve alguns que nesse inesquecível ano de dois mil e doze acabaram por ficar na retina da nossa redação. Um deles foi o australiano Matt Corby, músico cujo primeiro single, Brother, editado no verão desse ano e grande destaque de um EP intitulado Into The Flame, soou do lado de cá como um daqueles singles revelação e que fez querer descobrir, na altura, toda a obra que esse artista já tinha lançado.
Agora, quase no final de dois mil e vinte e dois, Matt Corby volta aos nossos radares, dois anos depois de um par de canções chamadas If I Never Say a Word e Vitamin, que lançou em dois mil e vinte. E tal sucede por causa de Problems, um novo tema do autor australiano, gravado nos Rainbow Valley Studios com Chris Collins e o primeiro avanço daquele que será o terceiro disco do artista australiano. É um trabalho ainda sem nome divulgado, mas que irá ver a luz do dia em março do próximo ano.
Problems mistura blues, R&B, soul e folk, com um tremenda sensibilidade pop. É uma canção vibrante, feita de uma espécie de chillwave que nos faz divagar, à medida que somos alcochoados por uma batida enleante, acompanhada por um piano buliçoso e diversos detalhes sintéticos com uma faceta algo cósmica e, por isso, subtilmente futurista. Confere...
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Air Waves – The Dance
Nicole Schneit é a feliz proprietária da magnífica voz que dá vida ao projeto a solo Air Waves, cujo nome é inspirado numa mítica canção dos Guided By Voices de Robert Pollard. Air Waves estreou-se em dois mil e sete com um registo homónimo que vale bem a pena destrinçar, ao qual se seguiram outros assinaláveis compêndios, nomeadamente Dungeon Dots, em dois mil e dez e Parting Glances, meia década depois. No entanto, o trabalho de Nicole Schneit só se começou a evidenciar verdadeiramente e com superior notoriedade junto da crítica em dois mil e dezoito com o excelente disco Warrior, que teve sequência há alguns dias atrás com um registo intitulado The Dance, que terá a chancela da Fire Records.
Em pouco menos de meia hora, The Dance espraia-se por nove canções que foram gravadas nos estúdios Figure 8, em Brooklyn, Nova Iorque, com as contribuições dos bateristas David Christian e Ben Florencio e do guitarrista Ethan Sass, contando também nos créditos com contribuições decisivas de nomes tão proeminentes como Skyler Skjelset (Fleet Foxes, Beach House), Luke Temple, Brian Betancourt, Cass McCombs, Rina Mushonga, Frankie Cosmos e Lispector.
Temas encharcados em profunda nostalgia e majestosidade, com a gloriosa década oitocentista do século passado na linha da frente, arregaçados, quase sempre, por sintetizações de forte cariz etéreo, acompanhadas de um registo vocal bastante emotivo e impactante, como sucede, por exemplo, em Wait, uma canção que explora as dificuldades de foco e de concentração que todos nós nos recordamos de ter sentido em idades mais precoces, são caraterísticas que abundam num disco concebido por uma artista ímpar no modo como domina diferentes vertentes e se expressa em múltiplas linguagens artísticas e culturais, sendo a música o código por excelência que Nicole utliza para expressar o mundo próprio em que habita e dar-lhe a vida e a cor, as formas e os símbolos que ela idealiza.
De facto, se na rugosidade das cordas que conduzem The Roof, o clássico rock alternativo se destaca, em Alien a participação feliz de McCombs já deixa interessantes pitadas folk no alinhamento, com a eletrónica ambiental de Black Metal, ou a delicadeza pop de Treehouse a amplificarem o modo vigoroso como The Dance tem este travo de quem pretende comunicar connosco através de um código específico chamado diversidade estilística, tal é, como se percebe, a complexidade e a criatividade que estão plasmadas nas suas canções.
The Dance é, portanto, um disco em que cordas, sintetizadores e teclados são a matriz do arsenal bélico com que esta artista fantástica nos sacode enquanto traduz visões alienadas de uma mente criativa que parece, em determinados períodos, ir além daquilo que vê, pensa e sente, nomeadamente quando questiona alguns cânones elementares ou verdades insofismáveis do nosso mundo. Espero que aprecies a sugestão...
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Panda Bear And Sonic Boom – Reset
Os Panda Bear e o projeto Sonic Boom têm já uma longa história de parcerias, mais ou menos profícuas. Recordo que Peter Kember misturou e masterizou o registo Tomboy, disco a solo de Noah Lennox, a grande trave mestra dos Panda Bear e fez também parte dos créditos de produção de disco de dois mil e quinze, Panda Bear Meets The Grim Reaper, que à época fez furor na nossa redação. Entretanto, por essa altura, Kember mudou-se para Lisboa, onde Lennox, natural de Baltimore, no Maryland, já vive há ainda mais tempo e os dois artistas têm cimentado ainda mais uma relação que materializou-se recentemente num disco intitulado Reset, que viu a luz do dia com a chancela da Domino Recordings.
Repleto de interseções sónicas vibrantes, cordas exuberantes, traços identitários que tanto apontam para os primórdiosdo surf rock já mais de meio século como para as tendências mais recentes da melhor eletrónica ambiental, sem esquecer alguns tiques típicos do melhor R&B e detalhes percussivos que apontam ao jazz contemporâneo, é vasta a amálgama de estilos, tendências, cores e estilos que sustentam Reset, um álbum alegre, otimista, leve e desanuviado, que irá encher as medias de quem ainda procure uma banda sonora perfeita para tardes de verão descomplicadas e festivas.
Reset é, de facto, um nome feliz para um álbum que pode muito bem ser utilizado por quem queira explicar a um principiante menos familiarizado com estas andanças do indie e da pop, como este espetro sonoro que abraça tantas latitudes foi evoluindo desde as praias do Havai, à torridez de São Francisco, passando pelos recantos de Brooklyn, os estúdios enevoados de Berlim ou até as paredes manchadas de Abbey Road. E que melhor cidade do que Lisboa para fazer tal súmula assinada por uma dupla plena de química e cuja proveniência de universos sonoros tão díspares acaba por encaixar e casar na perfeição?
De facto, logo no registo extravagante, principalmente ao nível das cordas, de Gettin’ To The Point percebe-se a notoriedade do disco e a certeza de que, venha o que vier a seguir, este é um álbum especial e repleto de surpresas. E elas tanto poderão estar na guitarra agreste e sempre firme no jogo de cintura que mantém com diversas sintetizações inebriantes e diversos elementos percussivos das mais diversas proveniências em Go On, composição que contém um sample do clássico de mil novecentos e sessenta e sete chamado Give It To Me, dos míticos The Troggs, uma banda inglesa que era formada por Reg Presley, Chris Britton, Pete Staples e Ronnie Bond, mas também no clima claustrofóbico de Everyday, na riqueza orgânica de Whirlpool, no charme contemplativo da eletrónica minimal em que assenta a singela In My Body e que depois se torna intensamente retro em Everything’s Been Leading To This e, principalmente, na ímpar epicidade de Edge Of The Edge, uma canção que em pouco menos de cinco minutos mostra que é possível, em apenas uma única composição, condensar o essencial de toda a história da melhor música alternativa contemporânea.
Reset impressiona pelo inconformismo experimental e pelo modo buliçoso como mostra que, quer Lennox, quer Kember, se mantêm particularmente inventivos mesmo num espetro sonoro onde é fácil cair na redundância e num certo marasmo, ou então, pior do que isso, resvalar para uma exacerbada radiofonia e para um vício comercial que acabe por tolher, absorver e, no final, asfixiar projetos. Espero que aprecies a sugestão...
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Vancouver Sleep Clinic – Fallen Paradise
Um dos discos que mais agradou à nossa redação em dois mil e dezanove foi Onwards To Zion, um trabalho assinado, quase na íntegra, por Tim Bettinson, o músico e compositor australiano que encabeça o projeto Vancouver Sleep Clinic. Era, à altura, o segundo registo de originais de um projeto que ficou logo debaixo de merecidos holofotes, não só da crítica dos antípodas, mas também de diversas outras latitudes do nosso globo e que tinha como grande força motriz a perca de um amigo muito chegado do músico, sendo um exercício de catarse dessa inevitável dor.
Agora, no verão de dois mil e vinte e dois, Fallen Paradise é o novo álbum deste projeto Vancouver Sleep Clinic, o terceiro do grupo, um alinhamento de dez canções que tem a chancela da Believe e que nos oferece pouco mais de trinta e seis minutos de música bastante envolvente, intimista e charmosa. É um disco intenso, riquíssimo em detalhes e nuances, orquestralmente chega a ser extravagante em alguns momentos e é tocante, já que exala, em praticamente todo o seu alinhamento, sentimentos que, à partida, mexem sempre com o nosso âmago e o nosso lado mais irracional.
De facto, logo em Magic Bettinson avisa-nos que há magia no ar e que, se persistirmos na audição de Fallen Paradise é impossível fugirmos à cartilha hipnotizante de uma banda sonora que pretende encarnar uma espécie de mundo dos sonhos e dos desejos. A pueril guitarra que se espraia em espuma e dor em Love You Like I Do, a luminosidade intimista de The Flow, uma canção angulosamente rica em sensualidade, a feliz interseção entre R&B e rock ambiental plasmada em The Wire e, em Blood Money, a mescla assertiva entre um lindíssimo piano sonhador, abraçado à voz tocante de Tim, a sintetizadores cósmicos e a outros arranjos da mais diversificada proveniência, são músicas que entroncam no desejo deste inspirado músico de materializar em Fallen Paradise um forte ensejo de oferecer algo de positivo ao mundo, com o jazz, o rock melancólico setentista e a pop sessentistas à cabeça como inspirações óbvias de um alinhamento que não deixa ninguém passar incólume e que serve como ponte vigorosa, estável e firme para uma travessia segura rumo a um território de aconchego inimitável. Espero que aprecies a sugestão...
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All We Are – Eden
Depois de no ano passado terem subido à ribalta com Providence, o terceiro disco de uma já interessante carreira, os ingleses All We Are têm um novo tema intitulado Eden, que pode muito bem vir a ser o pronúncio de um novo alinhamento do trio de Liverpool.
Produzida por Al Doyle e Joe Goddard dos Hot Chip, Eden é uma estrondosa canção, que nos remete, no imediato, através do registo percussivo, do perfil encorpado do baixo, da distorção da guitarra e do perfil vocal para o melhor catálogo do mítico Prince. Nela, os All We Are, enquanto fazem uma espécie de ode ao malogrado artista de Minneapolis, piscam o olho à soul e ao R&B mais retro, assim como ao discosound dos anos oitenta, convidando-nos, durante pouco mais de quatro minutos, a uma postura corporal enleante e que, fisicamente, não deixa de nos induzir com um grau elevado de lisergia. Confere...
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Molly Burch – Romantic Images
Já chegou aos escaparates Romantic Images, com a chancela da Captured Tracks, o quarto disco da carreira de Molly Burch e que sucede ao excelente First Flower de dois mil e dezanove. São nove deliciosas canções que colocam esta cantora e compositora natural de Austin, no Texas, no terreno que se sente mais confortável e que se carateriza por ambientes algo nebulosos e jazzísticos e que não descuram uma leve pitada de R&B, mas que têm como base os cânones fundamentais da melhor indie pop atual.
Produzido por Alaina Moore e Pat Riley, donos da dupla Tennis e masterizado por Heba Kadry (Bjork, Beach House), Romantic Images é um acréscimo contundente ao cardápio já de si fantástico de Molly Burch. Impecavelmente dotado de charme e tremendamente feminino, com um clima assumidamente polido e contemporâneo, mas também algo intrigante e instigador, como é norma nesta autora sempre disponível ao questionamento contundente, quer sobre si própria quer sobre aqueles ou aquilo que a incomodam ou atiçam, Romantic Images é um álbum pleno de energia, segurança e sagacidade.
O piano nostálgico de Control, o baixo imponente e os flashes cósmicos de Emotion, canção apuradamente daftpunkiana, mas interpretada a meias com os Wild Nothing, a batida enfática e as sintetizações inebriantes que vagueiam por Game, o clima percurssivo bastante dançável, trespassado por buliçosos efeitos cósmicos, que afaga o portento melódico sedutor, encharcado em romantismo e contemporaneidade, que é Heart Of Gold, a porta que se abre de par em par à intimidade de alguém que só concebe o amor como algo muito próximo da perfeição no tema homónimo e a inspirada batida e o modo como diversos efeitos sintetizados se entrelaçam com uma guitarra plena de soul em New Beginning, são composições que proporcionam ao ouvinte uma experiência auditiva única e que dificilmente o deixará indiferente, caso seja apreciador de ambientes sonoros que não deixam de marcar pelo modo como instigam, mas que sonoramente são brisas amenas que proporcionam uma superior sensação de conforto e romantismo. Espero que aprecies a sugestão...