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WHY? - The Well I Fell Into

Sexta-feira, 16.08.24

Natural de Cincinnati, o norte-americano Yoni Wolf juntou-se, em dois mil e quatro, ao coletivo de hip hop Anticon, um dos mais estimulantes laboratórios de invenção de novos caminhos e recontextualizações de referências, formas e linguagens de genética hip hop. Passaram então a ser um trio, rebatizaram o projeto de cLOUDDEAD e juntos elevaram o hip hop delirante, neurótico e fragmentado ao estatuto de entidade essencial para a compreensão do século XXI.

Why? announce new album, The Well I Fell Into - Treble

Entretanto os cLOUDDEAD deram o berro, mas Yoni Wolf (aka WHY?) seguiu em frente e formou, com o seu nome artístico, uma nova banda com o seu irmão Josiah. Estrearam-se nos discos em dois mil e cinco com Elephant Eyelash, registo ao qual se seguiu Alopecia, em dois mil e oito, o glorioso expoente da união entre pop, hip hop e o experimentalismo, no fundo a bitola pela qual se rege a sonoridade deste projeto. Em dois mil e nove deram-nos Eskimo Snow, um álbum cheio de canções mais sombrias e nasaladas, com um tom provocador e afectado, uma receita milagrosa que se repetiu três anos depois com Mumps, Etc, treze canções repletas de humor negro e que mostravam uma estranha obsessão de Yoni pela morte, algo que o artista admitia, à época, com uma honestidade, quase desarmante, plasmar na escrita das suas canções. 

Doze anos depois de Mumps, Etc, este projeto WHY? regressa ao nosso radar devido a um novo disco, um alinhamento de catorze canções intitulado The Well I Fell Into, que viu a luz do dia a dois de agosto com a chancela da Waterlines Label, etiqueta detida pela própria banda e que comprova a ascenção meritória deste projeto rumo a um patamar de excelência que merece amplo destaque, guindado por um disco que segue as permissas estilísticas acima discriminadas, que vivem essencialmente, como de certa forma foi descrito, de uma junção cuidada de diversos estilos e influências.

Explorando temas tão profundos como o sentimento de perca ou de auto descoberta, The Well I Fell Into é um mergulho sugestivo, impressivo e detalhisticamente rico e complexo, na mente de Yoni, um artista que chamou a estúdio, para gravar o álbum, um naipe de talentosos músicos e artistas, dos quais se destacam Gia Margaret, Macie Stewart, Lillie West, Serengeti, ou Ada Lea. O resultado final são pouco mais de quarenta e cinco minutos intensos e luminosos, mas também cheios de emoção e profundamente pensativos, nostálgicos e melancólicos.

Carregamos no play e em Marigold, a voz grave e nasalada de Yoni e o modo como se entrelaça com o piano e os violinos, oferece-nos uma espécie de receita milagrosa, na forma de um portento de indie pop que não descura, como também seria de esperar, uma aproximação angulosa à herança do melhor R&B contemporâneo, nomeadamente no registo percussivo. Depois, o clima intimista das cordas que acamam Brand New, amplia a sagacidade sonora do disco, ao mesmo tempo que testa a nossa capacidade de resistência à lágrima fácil.

Com início tão prometedor, é difícil abandonar a audição do disco, algo de que não nos arrependemos, logo a seguir, na arrebatadora G-dzillah G’dolah, uma extraordinária canção, que recria a história de alguém que viaja de avião ao encontro da amada que já não vê há algum tempo e que, sonoramente, tem como base um simples mas algo hipnótico trecho instrumental conferido por um piano que vai depois recebendo diversos adornos e interseções, que começam num violoncelo insinuante, que é depois abraçado por uma bateria de forte travo jazzístico e por violinos e outras sintetizações, num resultado final que recria uma melodia lindíssima e comovente, que quase nos leva às lágrimas. Depois, no meio de algumas incursões, mais ou menos escondidas, pelo dub e pelo jazz, a simplicidade cósmica de When We Do The Dance, as aproximações contundentes ao hip-hop nas asas das confessionais Jump e, principalmente, da épica Sin Imperial, a acusticidade solarenga de The Letters, Etc., o vigor sónico de Nis(s)an Dreams, Pt. 1, o rock simultaneamente emotivo e progressivo de Versa Go!, o delicioso travo blues e jazzístico de Sending Out A Pamphlet e o perfil psicadélico de Atreyu, escutamos uma representação feliz das diferentes colagens de experiências assumidas por Yoni ao longo da sua carreira e que parece ter sido alvo de uma espécie de súmula neste seu novo cardápio, um festim de canções pop exemplarmente polidas, picotadas e fragmentadas e que penetram profundamente no nosso subconsciente.

Após repetidas audições, The Well I Fell Into acaba por impregnar-se como uma lapa, porque nos oferece a inolvidável sensação de estarmos na presença de uma coleção de canções que poderiam ter sido idealizadas por uma criança que ganhou voz de adulto, aprimorou os seus dotes musicais, instrumentais, de escrita e melódicos, mas que, bem lá no fundo, nunca cresceu, nunca deixou de brincar com os instrumentos e assim conseguiu mais uma metáfora perfeita dos extremos desiquilíbrios em que vive o seu eu e o mundo em que ele vive, que é, como todos bem sabemos, também o nosso. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 11:43

Orville Peck – Death Valley High (feat. Beck)

Quinta-feira, 18.07.24

A revelação country Orville Peck está de regresso aos discos no início do próximo mês de agosto, com Stampede, o terceiro ábum do músico sul africano, um alinhamento de quinze canções, muitas delas duetos, que conta com várias participações especiais de nomeada, com especial destaque para Beck Hansen, Elton John, JT Nero, Bernie Taupin, Drew Lindsay, Ben Cramer, Amiel Gonzales, Tobias Jesso Jr., Molly Tuttle e Nathaniel Rateliff, entre outros.
See Orville Peck, Beck Team for New 'Death Valley High' Video

Já foram divulgados varios singles do alinhamento de Stampede e o mais recente é Death Valley High, a canção que conta com a participação especial de Beck e que cruza, com elevada mestria, o melhor dos dois mundos dos dois protagonistas. Várias interseções sintéticas e uma batida encharcada num groove corrosivo, duas imagens de marca do catalogo de Beck, cruzam-se com um registo melódico eminentemente country, adornado por cordas vintage, uma marca indelevel do catálogo de Peck, enquanto os dois músicos dissertam sobre uma noite bem vivida em Las Vegas, com jogos de azar, festas e comportamentos extravagantes, como não podia deixar de ser.

Death Valley High já tem direito a um vídeo, dirigido por Austin Peters e que conta com as participações especiais de Sharon Stone e da drag queen Gigi Goode. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:38

Andrew Belle – Swimmers (Hushed)

Quinta-feira, 08.02.24

Nascido em Chicago, no Illinois e dono de uma das vozes mais apaixonantes do universo sonoro contemporâneo, Andrew Belle é também um dos intérpretes mais interessantes da indie pop do lado de lá do atlântico, um artista que conhece, com minúcia e destreza, como replicar um ambiente sonoro multicolorido e espetral, sendo claramente influenciado pela paisagem multicultural de Los Angeles, cidade onde o músico vive atualmente.

Dive Deep | Andrew Belle

Em dois mil e vinte e um Andrew Belle lançou o quarto disco da sua carreira, um trabalho intitulado Nightshade, um lindíssimo alinhamento de dez canções que contou nos créditos com James McAlister, habitual colaborador de Belle. Nightshade estava repleto de canções intensas e charmosas, que escorriam à sombra de um clima claramente pop, que jogava em três tabuleiros distintos, o R&B, a folk e a eletrónica.

Quase três anos depois do lançamento de Nightshade, um dos seus grandes momentos, o tema Swimmers, que abria o alinhamento do registo, acaba de ser revisto por Andrew Belle. A nova versão de Swimmers intitula-se Swimmers (Hushed), coloca de lado os sintetizadores do original e, apenas com a viola e o piano, a canção ganha um clima ainda mais envolvente e etéreo, sem colocar em causa a sua estrutura melódica, num resultado final que nos leva numa viagem bastante impressiva por um mundo muito peculiar e intimista. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:43

Matt Corby – Desert Land

Terça-feira, 24.10.23

Há pouco mais de uma década, no meio da interminável vaga de novos artistas que iam surgindo todos os dias e que foram consolidando os alicerces de um blogue já numa fase de afirmação consistente da sua existência, houve alguns autores que, nesse inesquecível ano de dois mil e doze, acabaram por ficar na retina da nossa redação. Um deles foi o australiano Matt Corby, músico cujo primeiro single, Brother, editado no verão desse ano e grande destaque de um EP intitulado Into The Flame, soou do lado de cá como um daqueles singles revelação e que fez querer descobrir, na altura, toda a obra que esse artista já tinha lançado.

Matt Corby, con los pies en la arena R&B en 'Desert Land' - Binaural

Já na alvorada da primavera deste ano de dois mil e vinte e três, e depois de no final do ano anterior termos divulgado um single intitulado Problems, Matt Corby voltou aos nossos radares, também pouco mais de dois anos depois de um par de canções chamadas If I Never Say a Word e Vitamin, que o músico lançou em dois mil e vinte. E fê-lo à boleia de um disco intitulado Everything's Fine, o terceiro da sua carreira, um alinhamento de onze canções gravado nos Rainbow Valley Studios com Chris Collins e que foi cuidadosamente dissecado pela nossa redação.

Agora, já no outono, Matt Corby volta a fazer-nos companhia devida a Desert Land, uma nova canção que o músico australiano incubou juntamente com o acima referido Chris Collins (Gang of Youths, Middle Kids) e Nat Dunn (Rita Ora, Tkay Maidza), seus habituais colaboradores e que também fazem parte, como se depreende, dos créditos de Everything’s Fine.

Desert Land versa sobre as relações, a força mental que muitas vezes é necessário dispender para as manter e o modo como as mesmas chocam muitas vezes com os nossos vícios e adições. Sonoramente, com os dois pés bem fincados no R&B, Desert Land é um curioso tratado sonoro repleto de soul, com um groove e uma luminosidade ímpares, conferidas por uma bateria de forte timbre nostálgico e cósmico e um piano insinuante. O resultado é uma espécie de indie jazz psicadélico, bastante vibrante e policromático, um soft punk charmoso que, em quase três minutos, demonstra alguns dos melhores atributos de um artista inovador, bastante criativo e que, no modo como agrega, burila e mistura o orgânico e o sintético, mostra uma saudável e sedutora faceta marcadamente futurista, aprofundada pelo cariz sensual da sua postura vocal. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:39

Black Pumas – Angel

Sexta-feira, 20.10.23

A dupla Black Pumas, formada por Eric Burton e Adrian Quesada, estreou-se nos lançamentos discográficos com um registo homónimo lançado em dois mil e dezanove, um álbum que venceu sete Grammys e recebeu imensos elogios por parte da crítica especializada. Agora, quatro anos depois dessa auspiciosa estreia, a dupla prepara-se para voltar a impressionar à boleia de Chronicles of a Diamond, um registo que chegará aos escaparates no final deste mês de outubro. São dez composições produzidas pelo próprio Adrian Quesada e que irão, certamente, burilar ainda mais uma mescla de estilos, nomeadamente o rock, a soul, o blues, o jazz e o funk psicadélico, um modus operandi que faz já parte do adn Black Pumas.

Black Pumas revela a poderosa “Angel”

More Than A Love Song, a canção que abre o alinhamento de Chronicles of a Diamond, foi a primeira amostra revelada do disco, um tema que esteve em alta rotação na nossa redação há pouco mais de um mês, como certamente os leitores e os ouvintes mais atentos se recordam. Depois, também escutámos, mais recentemente, Mrs. Postman, uma divertida e insinuante composição, que impressionou pelo modo como um piano pleno de soul, exemplarmente tocado por JaRon Marshall, convidado especial da dupla, a sustentava.

Agora chega a vez de nos deliciarmos com Angel, o terceiro single retirado do disco e a quinta do alinhamento de Chronicles Of A Diamond. Angel é uma canção mais intimista e, de certo modo, mais intrincada que as anteriores. Uma viola acústica dá o mote para quase cinco minutos simultaneamente singelos e hipnóticos, plenos de emoção e que demonstram, uma vez mais, o modo como o registo vocal sensual de Eric Burton é exímio a contar eventos aparentemente ordinários, mas que ganham, através do seu registo interpretativo exemplar, uma amplitude sentimental ímpar. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:35

Jonathan Wilson - Eat The Worm

Quinta-feira, 21.09.23

O aclamado produtor norte-americano Jonathan Wilson que, conforme demos conta na primavera de dois mil e vinte dois, ajudou Father John Misty a dar mais uma guinada conceptual e até sonora no seu catálogo, ao produzir Chloë And The Next 20th Century, tem uma reputadíssima carreira de produtor, tendo também, à semelhança do que fez com Misty, produzido discos de Angel Olsen, Margo Price e muitos outros. Além disso, é também vocalista e guitarrista da banda de Roger Waters. Importa ainda referir que Wilson tem uma curiosa carreira musical interpretativa, primeiro como membro integrante do projeto Muscadine, que fez furor no final do século passado e depois, a partir de dois mil e sete, a solo, uma fase individual criativa que viu o seu último capítulo recentemente com um trabalho intitulado Eat The Worm, que sucede ao aclamado registo Dixie Blur, lançado em dois mil e vinte.

Jonathan Wilson Announces New Album 'Eat The Worm' & Shares Sprawling  'Charlie Parker' Single

Eat The Worm é um álbum com treze canções, anunciado em março último, quando Wilson divulgou Marzipan, o primeiro single extraído de um registo que foi gravado, quase na íntegra, nos estúdios do músico, em Topanga Canyon, na Califórnia. Neste trabalho, o reputado músico ensaia, como é seu apanágio, uma abordagem tremendamente empática e próxima com o ouvinte, sem se deslumbrar e perder a sua capacidade superior de criar canções assentes num luminoso e harmonioso enlace entre cordas e teclas, que dão vida a temas carregados de intimidade e classicismo, mas também de ironia e, por isso, de certo modo provocadores.

Marzipan, o tema que abre o álbum, coloca-nos imediatamente numa mesa redonda de uma sala fumarenta, mesmo em frente a um palco escuro onde o músico, vestido impecavelmente, nos oferece audácia e esplendor, suportado por metais, sopros e cordas, tudo liderado por um piano exemplar. Logo de seguida, Bonamossa induz-nos num universo de puro requinte e de experimentação minimalista, enquanto são calcorreados alguns dos melhores traços identitários do R&B, trespassados por um sintetizador insinuante, que depois entrega todos os méritos a um lindíssimo coro de violinos. Já Ol’ Father Time, uma canção que impressiona pelo modo como viola e bateria afagam alguns efeitos planantes, pisca o olho aquela sempre curiosa e mescla entre acusticidade folk, blues e eletrónica, num resultado final de imensa beleza. Estas três composições esclarecem o ouvinte, logo a abrir, acerca da vincada identidade de Eat The Worm, um disco que consegue abraçar, quase sem se notar, diversos universos sonoros díspares e heterogéneos, que parecem conjurar entre si para incubar uma trama de caraterísticas únicas e que merecem, também por isso, dedicada audição.

A partir dessa notável introdução, canções como Hollywood Vape, uma paleta sonora pintada com rock sinfónico de primeira água, que introduz notavelmente Charlie Parker, um fabuloso tratado sonoro, tremendamente cinematográfico, que materializa uma espécie de colagem de vários trechos díspares numa única composição, enquanto abraça um elevado leque de influências que vão do jazz à folk, passando pelo rock psicadélico e progressivo, ou The Village Is Dead, tema que expressa impressivamente e com um frenesim intuitivo luminoso e festivo, todos os atributos crativos de Wilson, de modo rápido e incisivo e que assentando numa efusiante vertigem percussiva, impressiona pelo modo como um piano sem rédeas se junta à guitarra para homenagear o movimento folk que, na década de sessenta do século passado, florescia em Greenwich Village, bairros dos subúrbios de Nova Iorque, hoje transformado num complexo residencial apenas acessível à elite, são apenas três exemplos felizes de um alinhamento repleto de laivos musicais de excelência, que proporcionam, entre muitas outras sensações que só a vivência da sua audição consegue descrever, beleza e melancolia ímpares.

Eat The Worm é, pois, uma obra criativa única e indispensável, incubada por um autor que gosta de cantar e contar na primeira pessoa e assumir, ele próprio, o protagonismo das histórias que nos relata, enquanto prova ao mundo inteiro, mais uma vez, que é imcomparável a recriar diferentes personagens, cenas e acontecimentos, geralmente sempre dentro de um mesmo território criativo, neste caso o cinema. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:38

Portugal. The Man – Summer Of Luv

Quarta-feira, 31.05.23

Conforme já demos conta por cá há algumas semanas atrás, Chris Black Changed My Life é o fantástico título do novo disco dos norte americanos Portugal. The Man, de John Baldwin Gourley, um trabalho que irá chegar aos escaparates a vinte e três de junho com a chancela da Atlantic Records e que terá nos créditos da produção Jeff Bhasker, colaborador de longa data de nomes como Beyoncé, Harry Styles e SZA.

Portugal the Man shares 'Summer of Luv' - The Music Universe

Chris Back Changed My Life será o nono disco da carreira desta banda natural de Portland, no Oregon. É dedicado a Chris Black, antigo membro do grupo que faleceu há quase quatro anos e teve já alguns singles revelados, como Dummy ou What, Me Worry?, que nos foram mostrando que este novo álbum dos Portugal. The Man será um excelente tratado de pop psicadélica, ágil e rápida. Summer Of Lov, composição que conta nos créditos com a participação especial dos neozelandeses Unknown Mortal Orchestra, amplia essa certeza, já que se trata de uma canção agradável, rica em detalhes e texturas, com um forte apelo às pistas de dança e com uma atmosfera eminentemente pop que, estreitando os laços entre a psicadelia e o R&B, contém a impressão firme da sonoridade típica das duas bandas, uma simbiose feliz e bem sucedida que vai catapultar Chris Back Changed My Life para uma estética bastante abrangente. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:55

Gorillaz – Cracker Island

Terça-feira, 28.02.23

Pouco mais de dois anos após Song Machine, Season One: Strange Timez, já está nos escaparates, com a chancela da Parlophone Records, Cracker Island, o oitavo álbum dos britânicos Gorillaz, projeto formado por Russell, Noodle, 2D e Murdoc e conduzido pelo enorme Damon Albarn, talvez a única personalidade da música alternativa contemporânea capaz de agregar nomes de proveniências e universos sonoros tão díspares e fazê-lo num único registo sonoro.

Cracker Island

Cracker Island, impressiona desde logo pela vastíssima listagem de participações especiais, da qual constam nomes tão proeminentes como Stevie Nicks, Bad Bunny, Beck, Tame Impala, Bootie Brown, Adeleye Omotayo, um dos nomes maiores do projeto vocal Humanz Choir, um coro que teve um papel determinante no conteúdo de Humanz, o disco que os Gorillaz lançaram em dois mil e dezassete e outros artistas de relevo. Se tal não é de estranhar, por ser já um hábito neste projeto, nomeadamente em Plastic Beach, para a nossa redação o melhor trabalho da carreira dos Gorillaz, existe, no entanto, um ponto convergente, que é a opção por artistas que têm na pop, no seu formato eminentemente clássico, a sua zona de conforto, nomeadamente aquela pop que se cruza com o mais buliçoso R&B e que tem como origem o lado de lá do atlântico

E de facto, Cracker Island personifica um afastamento, talvez definitivo, dos Gorillaz daquele rock de matriz mais clássica, o rock que assenta em guitarras encharcadas em distorções, para uma guinagem em absoluto para territórios de cariz eminentemente sintético, ou seja, um modus operandi que, mantendo a experimentação como um conceito essencial, tem a eletrónica nos comandos, o hip-hop e o R&B na mira e o rock como apenas um apêndice, que pode servir para adornar detalhisticamente algumas canções.

Seja como for,  uma das facetas mais curiosas das dez composições de Cracker Island é todas elas conseguirem atingir com enorme mestria o propósito simbiótico entre aquilo que é o som Gorillaz e o adn do convidado de cada tema. E esse é um dos grandes atributos do disco. A singela acusticidade minimalista e melancólica de Tormenta, o rap psicadélico de New Gold, como seria de esperar tendo em conta a presença dos Tame Impala e Bootie Brown, o transe retro de Oil, abrilhantado por beats inconfundíveis, a tonalidade pop do tema homónimo, a fusão entre dub e downtempo em Baby Queen, o travo urbano e caliente de Silent Running, aprimorado por um Adeleye Omotayo na sua melhor forma e o inesperado cruzamento entre jazz e soul em Possession Island, são os instantes maiores de toda uma caldeirada impressiva, mas tremendamente sagaz e contemporânea, que parece ter sido incubada com abertura de espírito, mas também, obedecendo à filosofia estilística de cada participante, sempre na busca de um tronco comum, que defina aquele que é, duas décadas após a estreia, o definitivo adn dos Gorillaz.

Cracker Island é, em suma, mais um intrigante exemplo sonoro de mescla de diferentes culturas, num pacote seguro e familiar, que permite a Albarn deixar mais uma vez vincada a sua apetência natural para se servir das raízes de qualquer estilo e conferir às mesmas o seu toque de personalidade, contornando, sem beliscar, todas as referências culturais dos seus convidados que, se não tivessem a mente tão aberta como o anfitrião, poderiam ver limitado o processo criativo. E assim, isentos de tais formalismos, não receiam misturar tudo aquilo que ouvem, aprendem e assimilam nas respetivas carreiras, fazendo-o com enorme bom gosto, ao mesmo tempo que refletem com indisfarçável temperamento sobre este mundo conturbado em que todos vivemos. Espero que aprecies a sugestão...

 

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publicado por stipe07 às 13:48

Gorillaz – Silent Running

Quarta-feira, 01.02.23

Foi há já mais de ano e meio que chegou aos escaparates Song Machine, Season One: Strange Timez, o sétimo álbum dos britânicos Gorillaz, projeto formado por Russell, Noodle, 2D e Murdoc e conduzido pelo enorme Damon Albarn, talvez a única personalidade da música alternativa contemporânea capaz de agregar nomes de proveniências e universos sonoros tão díspares e fazê-lo num único registo sonoro. Depois disso, os Gorillaz já nos presentearam com várias canções novas, os temas New GoldCracker Island, a composição que vai dar nome ao novo disco do grupo, com edição prevista para este mês de fevereiro de dois mil e vinte e três, Baby Queen , Skinny Ape e, mais recentemente, Silent Running.

Gorillaz team up with Adeleye Omotayo on new song 'Silent Running'

Esta nova composição divulgada do alinhamento de Cracker Island, registo que terá a chancela da Parlophone Records e que contará com as participações especiais de nomes tão proeminentes como Stevie Nicks, Bad Bunny, Beck, Tame Impala, Bootie Brown e muitos outros artistas de relevo, conta com a participação especial de Adeleye Omotayo, um dos nomes maiores do projeto vocal Humanz Choir, um coro que teve um papel determinante no conteúdo de Humanz, o disco que os Gorillaz lançaram em dois mil e dezassete. Em Silent Running é possível conferir quase cinco minutos assentes numa filosofia sonora tremendamente contemporânea. A composição, melodicamente sagaz e encharcada em diversos arranjos acústicos e curiosas nuances sintéticas, cruza alguns dos melhores tiques identitários da melhor pop e do mais buliçoso R&B atuais, um modus operandi que é já uma imagem de marca dos Gorillaz. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:44

Molly Burch – Cozy Christmas & December Baby

Sexta-feira, 23.12.22

Quem também não escapou à febre das canções de Natal, foi a norte-americana Molly Burch que lançou, bem a tempo de iluminar ainda mais as bandas sonoras da época festiva que se avizinha, duas novas composições alusivas à efeméride. Chamam-se Cozy Christmas e December Bay e surgem na sequência de um disco de natal que a artista lançou em dois mil e dezanove e que continha uma bela mistura de canções assinadas pela própria Molly e covers de originais de nomes tão míticos como John Early ou Kate Berlant.

Molly Burch Falls in Love with Pop on 'Romantic Images' - Austin Monthly  Magazine

Nestas duas novas canções de Natal, a cantora e compositora natural de Austin, no Texas, navega no terreno que se sente mais confortável e que se carateriza por ambientes deslumbrantes emotivos e algo jazzísticos e que não descuram uma leve pitada de R&B, mas que têm como base os cânones fundamentais da melhor indie pop atual. Se o primeiro tema, Cozy Christmas, assenta num registo eminentemente radiofónico, December Baby é uma daquelas baladas de Natal que não deixam ninguém indiferente. Duas canções díspares, que materializam um lançamento sonoro impecavelmente dotado de charme e tremendamente feminino, com um clima assumidamente polido e contemporâneo, mas também algo intrigante e instigador, como é norma nesta autora sempre disponível ao questionamento contundente, quer sobre si própria quer sobre aqueles ou aquilo que a incomodam ou atiçam, mesmo que seja Natal. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:12






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