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Ride – Last Frontier

Terça-feira, 20.02.24

Cinco anos após This Is Not A Safe Place, os míticos Ride, uma banda britânica nascida em mil novecentos e oitenta e oito e formada por Andy Bell, Mark Gardener, Laurence "Loz" Colbert e Steve Queralt, estão de regresso aos discos à boleia de Interplay, o terceiro registo de originais após a segunda fase da vida do grupo, iniciada em dois mil e quinze, um alinhamento de onze canções que vai ver a luz do dia a vinte e nove de março, com a chancela do consórcio PIAS / Wichita Recordings.

Ride anuncia novo single 'Last Frontier' e detalhes do sétimo álbum  'Interplay'

Grandes mestres do indie fuzz rock, os Ride divulgaram há algumas semanas a primeira amostra de Interplay, uma imponente canção chamada Peace Sign, cheia de guitarras inebriantes e abrasivas, sintetizações cósmicas e um registo percurssivo fenético e algo hipnótico.

Agora, a meio de fevereiro, o grupo de Oxford oferece-nos para audição uma segunda amostra do disco. Trata-se de uma composição intitulada Last Frontier. Foi produzida por Richie Kennedy e impressiona pelo modo como a bateria e o baixo vão replicando diversas nuances rítmicas, à medida que uma melodia com um elevado travo nostálgico setentista é exemplarmente sustentada por uma vigorosa guitarra que mantém sempre um nível de distorção e de eletrificação exemplar. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:45

The Smile – Wall Of Eyes

Terça-feira, 30.01.24

Cerca de ano e meio depois de A Light For Attracting Attention, o disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead, com Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, a banda está de regresso com um novo álbum intitulado Wall Of Eyes, um alinhamento de oito canções que viu a luz do dia recentemente, com a chancela da XL Recordings.

The Smile 'Wall of Eyes' Review

Já em junho do ano passado tinha ficado a pairar no ar a ideia de que os The Smile teriam na forja um novo disco, quando divulgaram o single Bending Hectic, uma canção que fez parte do alinhamento apresentado pelo trio em alguns dos seus concertos de verão e que, contando com a participação irrepreensível de alguns membros da London Contemporary Orchestra, oferecia-nos, em pouco mais de oito minutos, uma fina e vigorosa interseção entre o melhor dos dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado. Essa suspeita inicial acabou por se confirmar, materializando-se num disco que agrega nas suas oito composições um fabuloso conteúdo sonoro, lírico e conceptual.

De facto, Wall Of Eyes capitaliza todos os atributos intepretativos do trio que assina os seus créditos e que, partindo dessa base, soube rodear-se de outros músicos que, em momentos chave do álbum, como é o caso do clarinete e do saxofone de Robert Stillman em Read The Room e Friend Of A Friend, ou da flauta de Pete Warehan em Teleharmonic e também em Read The Room, só para citar dois exemplos, foram preponderantes para acentuar um charmoso e contemporâneo ecletismo que materializa uma fina e vigorosa interseção entre o melhor de dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado, tendo, na sua génese, o jazz como pedra de toque e uma mescla entre rock alternativo e eletrónica ambiental como traves mestras no adorno e na indução de cor e alma a um catálogo de canções de forte cariz intimista e que apenas revelam todos os seus segredos se a sua audição for dedicada.

Logo a abrir o registo, o tema homónimo oferece-nos um portento de acusticidade intimista, sem colocar em causa a personalidade eminentemente rugosa e jazzística do projeto. Cordas dedilhadas com vigor, exemplarmente acompanhadas por um baixo pulsante, sustentam a voz enleante e profundamente enigmática de Yorke, enquanto diversos efeitos se vão entalhando na melodia, ampliando o efeito cinematográfico da mesma. É uma canção repleta de nuances, pormenores, sobreposições e encadeamentos, num resultado final indisfarçadamente labiríntico e que, mesmo não parecendo, guarda em si também algo de grandioso, comovente e catárquico. Depois, Teleharmonic parece querer imobilizar-nos definitivamente porque afunda-nos numa angulosa espiral cósmica hipnotizante, mas o travo progressivo de Read The Room, que paira no regaço de um carrocel psicadélico de sintetizações e distorções e efeitos, logo nos recorda novamente que estas são, acima de tudo, canções feitas para atiçar, inflamar zonas de conforto e deixar definhar apatias e desconsolos.

O disco prossegue e se a robótica guitarra que introduz Under Our Pillows nunca desarma no modo como nos inquieta, enquanto conduz uma abrasiva composição que em pouco mais de seis minutos nos inebria com um punk jazz rock de elevadíssimo calibre, já em Friend Of A Friend, os diversos entalhes sintéticos e alguns sopros, assim como o registo vocal ecoante de Yorke, dão asas a um tema que inicialmente cresce em arrojo e acalma repentinamente para, logo depois, numa espécie de jogo sonoro do toca e foge, deixar-nos, uma vez mais, irremediavelmente presos à escuta.

Até ao ocaso de Wall Of Eyes, a melancolia comovente de I Quit, o bucolismo etéreo e introspetivo de Bending Hectic que, curiosamente, fica ainda mais vincado e realista quando aos seis minutos explode numa majestosa espiral de imediatismo e de rugosidade labiríntica e a longínqua cândura do piano que se insinua em You Know Me!, rematam, com notável nível de destreza, bom gosto e requinte, a essência de Wall Of Eyes, um disco que disserta com gula sobre cinismo, ironia, sarcasmo, têmpera, doçura, agrura, sonhos e esperança, enquanto se torna num portento de indie rock do mais contemporâneo, atual e sofisticado que é possível escutar nos dias de hoje.

De facto, Wall Of Eyes é um álbum excitante e obrigatório, não só para todos os seguidores dos Radiohead, mas também para quem procura ser feliz à sombra do melhor indie rock atual, independentemente do seu espetro ou proveniência estilística. O alinhamento do registo contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica, materializando a feliz junção de três músicos que acabaram por agregar, no seu processo de criação, o modus operandi que mais os seduz neste momento e que, em simultâneo, melhor marcou a sua carreira, quer nos Radiohead, quer nos Sons Of Kemet. É um disco experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 13:49

The Smile – Friend Of A Friend

Terça-feira, 16.01.24

Cerca de ano e meio depois de A Light For Attracting Attention, o disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead, com Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, a banda está de regresso com um novo álbum intitulado Wall Of Eyes, um alinhamento de oito canções que irá ver a luz do dia a vinte e seis deste mês, com a chancela da XL Recordings.

The Smile Preview 'Wall of Eyes' With 'Friend of a Friend' Video Event

Já em junho do ano passado tinha ficado a pairar no ar a ideia de que os The Smile teriam na forja um novo disco, quando divulgaram o single Bending Hectic, uma canção que fez parte do alinhamento apresentado pelo trio em alguns dos seus concertos de verão e que, contando com a participação irrepreensível de alguns membros da London Contemporary Orchestra, oferecia-nos, em pouco mais de oito minutos, uma fina e vigorosa interseção entre o melhor dos dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado.

Cinco meses depois de Bending Hectic, em novembro último, os The Smile confirmaram os rumores e, mais do que isso, mostraram o single homónimo, o artwork e a tracklist de Wall Of Eyes, um portento de acusticidade intimista, sem colocar em causa a personalidade eminentemente rugosa e jazzística do projeto.

Agora, a poucos dias do disco chegar aos escaparates, chega ao nosso ouvido mais uma canção do alinhamento de Wall Of Eyes. Chama-se Friend Of A Friend e nela, a voz enleante e profundamente enigmática de Yorke começa por se entrelaçar suavemente com o piano, enquanto a bateria se procura insinuar, delicadamente, nessa trama inicial. A partir daí, a composição vai recebendo diversos entalhes sintéticos e alguns sopros, a voz de Yorke ganha um registo ecoante e o tema cresce em arrojo, acalmando repentinamente, logo depois, numa espécie de jogo sonoro do toca e foge que deixa o ouvinte mais incauto irremediavelmente preso ao que escuta.

O final de Friend Of A Friend é grandioso, comovente e indisfarçadamente labiríntico, como tem sido norma nos avanços já revelados de Wall Of Eyes, um disco que será, certamente, um portento de indie rock do mais contemporâneo, atual e sofisticado que é possível escutar nos dias de hoje. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:21

Ride – Peace Sign

Domingo, 14.01.24

Cinco anos após This Is Not A Safe Place, os míticos Ride, uma banda britânica nascida em mil novecentos e oitenta e oito e formada por Andy Bell, Mark Gardener, Laurence "Loz" Colbert e Steve Queralt, estão de regresso aos discos à boleia de Interplay, o terceiro registo de originais após a segunda fase da vida do grupo, iniciada em dois mil e quinze, um alinhamento de onze canções que vai ver a luz do dia a vinte e nove de março, com a chancela do consórcio PIAS / Wichita Recordings.

Ride: “Peace Sign” - Música Instantânea

Os Ride são grandes mestres do indie fuzz rock e, tendo em conta Peace Sign, a composição que abre o registo e a primeira amostra revelada do alinhamento de Interplay, o novo disco da banda de Oxford será um verdadeiro oásis para os amantes desse género sonoro, já que é uma imponente canção, cheia de guitarras inebriantes e abrasivas, sintetizações cósmicas e um registo percurssivo fenético e algo hipnótico.

Peace Sign, um portentoso hino shoegaze, tem origem numa jam session dos Ride, que decorreu, algures em dois mil e vinte e um, nos estúdios OX4 studios, de Mark Gardener e liricamente inspira-se no filme O Alpinista, produzido por Peter Mortimer, Nick Rosen  e que conta a história do visionário alpinista canadiano Marc-André Leclerc. Confere Peace Sign e o artwork e atracklist de Interplay...

01. Peace Sign
02. Last Frontier
03. Light in a Quiet Room
04. Monaco
05. I Came to See the Wreck
06. Stay Free
07. Last Night I Came
08. Sunrise Chaser
09. Midnight Rider
10. Portland Rocks
11. Essaouira
12. Yesterday Is Just a Song

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publicado por stipe07 às 20:47

The Smile - Wall Of Eyes

Segunda-feira, 13.11.23

Cerca de ano e meio depois de A Light For Attracting Attention, o disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead, com Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, a banda está de regresso com o anúncio de um novo álbum intitulado Wall Of Eyes, um alinhamento de oito canções que irá ver a luz do dia a vinte e seis de janeiro do próximo ano, com a chancela da XL Recording.

Radiohead Side Project the Smile Return With New Album 'Wall of Eyes'

Já em junho tinha ficado a pairar no ar a ideia de que os The Smile teriam na forja um novo disco, quando divulgaram o single Bending Hectic, uma canção que fez parte do alinhamento apresentado pelo trio em alguns dos seus concertos mais recentes e que, contando com a participação irrepreensível de alguns membros da London Contemporary Orchestra, oferecia-nos, em pouco mias de oito minutos, uma fina e vigorosa interseção entre o melhor dos dois mundos, o do orgânico e o do sintético, de modo exemplarmente burilado. Agora, cerca de cinco meses depois de Bending Hectic, os The Smile confirmam os rumores e, mais do que isso, mostram o single homónimo, o artwork e a tracklist de Wall Of Eyes.

A canção que dá nome ao próximo trabalho dos The Smile e que vai abrir imponentemente o seu alinhamento, que foi gravado com a ajuda do produtor Sam Petts-Davies, é um portento de acusticidade intimista, sem colocar em causa a personalidade eminentemente rugosa e jazzística do projeto. Cordas dedilhadas com vigor, exemplarmente acompanhadas or um baixo pulsante, sustentam a voz enleante e profundamente enigmática de Yorke, enquanto diversos efeitos se vão entalhando na melodia, ampliando o efeito cinematográfico da mesma. É uma canção repleta de nuances, pormenores, sobreposições e encadeamentos, num resultado final indisfarçadamente labiríntico e que, mesmo não parecendo, guarda em si também algo de grandioso, comovente e catárquico. Confere Wall Of Eyes, o vídeo do tema assinado por Paul Thomas Anderson. e o artwork e a tracklist do disco...

Wall Of Eyes
Teleharmonic
Read The Room
Under Our Pillows
Friend Of A Friend
I Quit
Bending Hectic
You Know Me!

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publicado por stipe07 às 17:21

The Smile – Bending Hectic

Terça-feira, 27.06.23

Pouco mais de um ano depois de A Light For Attracting Attention, o disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead, com Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, a banda está de regresso aos lançamentos, desta vez em formato single, com uma composição intitulada Bending Hectic, que fez parte do alinhamento apresentado pelo trio em alguns dos seus concertos mais recentes.

The Smile Drops New Single 'Bending Hectic': Listen – Rolling Stone

Em oito minutos produzidos por Sam Petts-Davies (Red Hot Chili Peppers, Frank Ocean) e que contam com a participação irrepreensível de alguns membros da London Contemporary Orchestra, Bending Hectic oferece-nos uma fina e vigorosa interseção entre o melhor dos dois mundos, o do orgânico e o do sintético, numa composição exemplarmente burilada, bastante intrincada e que, começando por impressionar pela delicadeza do modo como as cordas são dedilhadas e a bateria se vai intrometendo sorrateiramente nesse registo, acaba por nos deixar boquiabertos pelo modo como violinos, guitarra e sintetizador adicionam diversas nuances, pormenores, sobreposições e encadeamentos, explodindo tudo, com rugosidade e eloquência, pelo sexto minuto, num resultado final que sendo indisfarçadamente labiríntico é também grandioso, comovente e catárquico. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:27

Gaz Coombes – Feel Loop (Lizard Dream)

Segunda-feira, 02.01.23

Quem esteve atento à luta fraticida pelo domínio da brit pop durante a década de noventa, recorda-se imediatamente da dupla Blur vs Oasis e depois acrescenta-lhe os Suede e os Pulp, os The Charlatans e talvez os Spiritualized e os Supergrass, este, sem dúvida, o grupo britânico mais negligenciado nessa altura. Gaz Coombes, antigo líder desta banda britânica, estreou-se numa carreira a solo em 2012 e em boa hora o fez com o fabuloso Here Come The Bombs. Uns dois anos depois desse início prometedor, Coombes regressou mais uma vez à boleia da Hot Fruit Recordings, com Matador, um disco produzido pelo próprio autor e gravado no seu estúdio caseiro em Oxford.

Gaz Coombes dei Supergrass annuncia il suo quarto LP solista. Guarda il  video del singolo "Don't Say It's Over" | IndieForBunnies

No início do verão de dois mil e dezoito foi a vez de nos revelar o terceiro disco, um trabalho intitulado World's Strongest Man, com onze canções idealizadas por uma das personalidades mais criativas da indie britânica e inspiradas no concurso anual World's Strongest Man, um enorme sucesso televisivo em Inglaterra, um talkshow passado numa qualquer ilha das Caraíbas e que escolhe, após várias provas, aquele que é supostamente o homem mais forte do mundo.

Agora cerca de meia década depois de World's Strongest Man, Gaz está de regresso com novidades, um novo disco intitulado Turn The Car Around, que já foi antecipado por cá no último verão com um single intitulado Sonny The Strong. Agora chega a vez de conferirmos outra tema extraído desse novo álbum de Gaz Coombes. A canção intitula-se Feel Loop (Lizard Dream) e oferece-nos pouco mais de três minutos e meio de um tratado de indie rock encorpado, vibrante e enleante, conduzido por uma distorção contundente, que vai sendo cortada por um riff metálico insinuante, com outros detalhes rebarbantes a irem cortando a direito uma composição que, no seu tdo, nos oferece-nos uma relação pouco vista em Coombes entre o rock clássico e climas mais progressivos, sem descurar um intenso sentido melódico e a tipica epicidade das melhores propostas da indie experimental que habitualmente é incubada em terras de Sua Majestade. Confere...

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publicado por stipe07 às 11:30

Philip Selway – Check For Signs Of Life

Domingo, 30.10.22

Certamente já terás ouvido falar de Philip Selway, o baterista de uma banda muito pouco conhecida chamada Radiohead e que também tem uma carreira a solo desde dois mil e dez, quando lançou, através da Bella UnionFamilial, o seu disco de estreia, que teve, quatro anos depois, um sucessor chamado Waterhouse. Depois desse segundo álbum Selway trabalhou num par de bandas sonoras e tem, finalmente, mais um registo de originais prestes a ver a luz do dia.

Phil Selway de Radiohead anuncia nuevo álbum en solitario

Assim, o terceiro disco da carreira a solo de Philip Selway chama-se Strange Dance e irá ver a luz do dia em fevereiro do próximo ano. Esse novo alinhamento do músico britânico acaba de ser antecipado com o single Check For Signs Of Life, uma imponente canção que impressiona pela sua atmosfera enigmática e cinematográfica, criada por um registo percurssivo enleante e alguns efeitos sintéticos hipnóticos, que dão vida a uma majestosa melodia com uma tensão rítmica contínua, aspetos que ajudam a cimentar a ideia de que as contribuições de Selway para os Radiohead terão certamente alguma efetividade na sonoridade da banda e não serão menosprezadas. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:57

The Smile – A Light For Attracting Attention

Sexta-feira, 13.05.22

Chega hoje mesmo aos escaparates A Light For Attracting Attention, o disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead, com Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet. Este é um álbum que tem vindo a agitar, com ânsia, burburinho e excitação, o acervo discográfico do ano de dois mil e vinte e dois, algo compreensível tendo em conta as amostras que foram sendo disponibilizadas nas últimas semanas do fabuloso conteúdo sonoro, lírico e conceptual de um alinhamento que tem a chancela da XL Recordings.

The Smile Debut Album “Free in the Knowledge” Announced with New Single |  Illustrate Magazine

Depois da audição deste disco, a primeira impressão que fica bem vincada no ouvido de quem está familiarizado com o cardápio único e incontornável de uma certa banda de Abingdon, nos arredores de Oxford, são duas questões bastante simples: Se este A Light For Attracting Attention conta com Thom Yorke e Jonny Greenwood em dois dos papéis principais da lista de créditos e se Nigel Godrich, um dos responsáveis máximos pela arquitetura sonora inconfundível dos Radiohead, é o produtor, porque é que este não é um disco assinado pelos próprios Radiohead? Se Yorke e Greenwood tiveram a ideia de um projeto paralelo, porque é que o som que idealizaram é tão semelhante ao da banda mãe de onde provêm, ao contrário do que é normal suceder? De facto, se A Light For Attracting Attention fosse o título de um novo álbum dos Radiohead, o seu conteúdo, tal como está, sem adaptações, seria, claramente, um dos destaques da exuberante discografia do mítico grupo britânico liderado por Thom Yorke e, consequentemente, apetece mesmo questionar se Ed O'Brien e Philip Selway sentir-se-ão confortáveis a ouvir este disco, podendo ter, legitimamente, a mesma sensação que nós temos.

Hipotéticas polémicas à parte, debruçando-nos com alguma minúcia no conteúdo sonoro de A Light For Attracting Attention, damos de caras (e ouvidos) com um álbum que disserta com gula, cinismo, ironia, sarcasmo, têmpera, doçura e esperança, sobre a nossa cada vez mais estranha contemporaneidade, algo que não espanta porque foi concebido por um trio cujo nome, (The Smile), não se refere àquele riso inocente e doce que todos apreciamos, seja qual for a sua proveniência, mas àquele riso típico de quem nos mente diariamente e fá-lo sem pudor, nomeadamente aquele riso pateta dos políticos que nos tentam convencer do contrário daquilo que geralmente dizem. E este disco tem, então, todos os ingredientes que é usual encontrar-se num alinhamento dos Radiohead, contando com uma fina e vigorosa interseção entre o melhor dos dois mundos que de modo mais fiel abarcam a herança sonora do grupo Oxford, o mundo do orgânico e o mundo do sintético. Para que tal se materialize, não faltam mesmo várias marcas identitárias, claramente audíveis ao longo do alinhamento, quer nas distorções das guitarras e na rudeza do baixo, quer na panóplia de sintetizações, com que facilmente nos familiarizamos, porque não fazem parte do cardápio de nenhum outro projeto além do projeto dos Radiohead, a não ser daqueles que tentam, quase sempre sem sucesso, replicar uma sonoridade sem paralelo no rock alternativo das últimas três décadas.

Assim, todas as doze canções deste A Light For Attracting Attention, de uma maneira ou de outra, umas mais exuberantes, outras mais cruas e contidas, têm os seus pilares assentes numa dimensão sonora eminentemente épica e orquestral. São composições detalhísticamente ricas em nuances, pormenores, sobreposições e encadeamentos, quase sempre guiadas por um cardápio de cordas geralmente com um timbre abrasivo e rugoso, mas também por um registo percussivo de forte travo jazzístico, ou seja, canções que exalam aquele habitual ambiente soturno que decalca um terreno auditivo muito confortável para Yorke, que sempre gostou de se debruçar sobre o lado mais inconstante e dilacerante da nossa dimensão sensível e de colocar a nu algumas das feridas e chagas que, desde tempos intemporais, perseguem a humanidade e definem a propensão natural que o homem tem, enquanto espécie, de cair insistentemente no erro e de colocar em causa o mundo que o rodeia.

Assim, tomando como referência o típico universo radioheadiano, aquele rock mais cru e vigoroso que todos conhecemos e que a banda de Oxford replicou com enorme argúcia, em especial nos primeiros três discos da sua carreira, está exemplarmente representado em temas como We Don’t Know What Tomorrow Brings, um portentoso hino de synth rock para se escutar de punhos bem cerrados, mas também na elegância das distorções que acamam Skrting On The Surface, ou na abrasiva You Will Never Work In Television Again, composição que em pouco mais de três minutos nos inebria com um punk rock de elevadíssimo calibre, com guitarras ruidosas e um registo percurssivo frenético a acamarem a voz de Yorke que permanece intacta e pujante, mesmo após tantos anos. Na outra face da mesma moeda, ou seja, na herança mais sintética, ambiental e experimental, que começou a ganhar forma no início deste milénio com a mítica dupla Kid A e Amnesiac, cabem temas como Pana-vision, uma canção que nos proporciona um maravilhoso momento sonoro intimista e acolhedor, mas que depois resvala para uma pujante trama orquestral, sustentado pelas teclas do piano, adornadas, depois, com sopros sedutores e uma bateria de forte travo jazzístico, enquanto o típico falsete de Yorke, conduz o andamento do baixo, assim como em Free In The Knowdlege, música bastante reflexiva, íntima e sentimentalmente poderosa, talvez a que, em vinte e sete anos de The Bends, mais perto chegou à fronteira de Fake Plastic Treesmelodicamente assente numa belissima melodia de uma viola, que está sempre, ao longo dos quatro minutos e treze segundos que o tema dura, exemplarmente acompanhada por excelsos violinos e por diversos detalhes percussivos de forte travo jazzístico. Depois, e numa espécie de simbiose entre os dois pólos, temos o funk anguloso e vibrante de The Opposite e, num registo menos fulgurante, mas igualmente sensual, principalmente na beleza dos sopros, The Smoke, duas canções que encaixariam na perfeição no alinhamento do magistral In Rainbows, a hiperativa Thin Thing e a charmosa e melancólica Open The Floodgates. Estes são quatro exemplos de músicas que têm de modo mais ou menos declarado a eletrónica presente, mas sem abafar aquele bucolismo etéreo e introspetivo que, curiosamente, fica ainda mais vincado e realista quando conta com linhas de guitarra ligeiramente agudas e com uma bateria que parece, amiúde, rodar sobre si própria, tal é o seu grau de imediatismo e intuição, no modo como se cola às melodias e amplia o colorido das mesmas.

Disco muito desejado desde que se tornou pública a sua concretização, A Light For Attracting Attention é um álbum excitante e obrigatório, não só para todos os seguidores dos Radiohead, mas também para quem procura ser feliz à sombra do melhor indie rock atual, independentemente do seu espetro ou proveniência estilística. O alinhamento do registo contém uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica, materializando a feliz junção de três músicos que acabaram por agregar, no seu processo de criação, o modus operandi que mais os seduz neste momento e que, em simultâneo, melhor marcou a sua carreira, quer nos Radiohead, quer nos Sons Of Kemet. Surgiu, assim, um disco experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas, como tão bem prova a fabulosa e surpreendente Waving A White Flag, forte candidata ao pódio das mais bonitas canções de dois mil e vinte e dois. Espero que aprecies a sugestão...

The Smile 'A Light For Attracting Attention' Review

 

The Same

The Opposite

You Will Never Work In Television Again

Pana-vision

The Smoke

Speech Bubbles

Thin Thing

Open the Floodgates

Free in the Knowledge

A Hairdryer

Waving a White Flag

We Don’t Know What Tomorrow Brings

Skrting on the Surface

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publicado por stipe07 às 01:45

The Smile – Pana-vision

Sábado, 09.04.22

Está mesmo ao virar da esquina a chegada aos escaparates do disco de estreia do projeto The Smile que reúne Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcelo duro dos Radiohead e Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet. Os The Smile têm já algumas apresentações ao vivo no curriculum e esse disco será, certamente, um acervo discográfico incontornável do ano de dois mil e vinte e dois, tendo em conta You Will Never Work In Television AgainThe SmokeSkrting On The Surface e Pana-vision, os quatro inéditos que o trio já divulgou do registo que terá a chancela da XL Recordings.

Radiohead: The Smile Compartilha Vídeo Do Single “Pana-Vision” -  www.momentsradio.com

Se das canções já conhecidas do álbum Skrting On The Surface era aquele que mais transparecia com maior minúcia o adn sonoro único e incontornável dos Radiohead, não fosse uma canção cujo esboço foi criado no já longínquo ano de dois mil e sete durante as sessões de gravação de In Rainbows, Pana-vision, tema que faz parte do sexto episódio da série da Netflix Peaky Blinders, tem um travo fortíssimo a tudo aquilo que define o acervo fundamental da carreira a solo de Thom Yorke.

Este quarto single do trabalho de estreia dos The Smile é uma canção que nos proporciona um maravilhoso momento sonoro intimista e acolhedor, mas que depois resvala para uma pujante trama orquestral, sustentado pelas teclas do piano, adornadas, depois, com sopros sedutores e uma bateria de forte travo jazzístico, enquanto o típico falsete de Yorke, intacto e pujante, mesmo após tantos anos, deambula pela melodia, conduzindo o andamento do baixo.

Pana-vision tem também como parto forte uma animação de Sabrina Nichols que inclui obras de arte de Stanley Donwood, colaborador de longa data dos Radiohead. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:59






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