man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
John Grant – Boy From Michigan
Pouco mais de dois anos após o excelente registo Love Is Magic, um John Grant enraivecido e profundamente incomodado pela conjuntura atual do seu país natal e do mundo, não só devido à crise pandémica, mas também ao crescimento político dos extremismos, que não abrandam apesar da derrota de Trump e da entrada de Biden na Casa Branca, acaba de lançar um novo álbum intitulado Boy From Michigan, que viu a luz do dia à boleia do consórcio Partisan/Bella Union e qwue também se debruça sobre algumas memórias que o músico ainda guarda dos seus primeiros anos de vida no Michigan.
Boy From Michigan conta com Cate Le Bon nos créditos da produção que, já agora, tem um novo disco intitulado Reward e que a nossa redação recomenda vivamente. Mas voltando ao novo álbum de Grant, apesar do manto filosófico algo negro e inquietante que o inspira, é um registo com uma toada muito charmosa e onde um delicioso travo psicadélico passeia por doze composições que também encarnam um tratado de chillwave intemporal, interpretado por um dos grandes cronistas da América atual, que nunca é de meios termos, no modo com sente e se expressa, principalmente quando a narrativa se centra na sua própria figura.
Se sonoramente John Grant já testou diversas fórmulas e sempre de modo bem sucedido, o piano mantém-se, de facto, como o seu instrumento de excelência, quer no modo como exacerba as suas cicatrizes e os seus demónios, mas também quando afaga, muitas vezes, um dramatismo que até parece incontrolável e que nos revela uma espécie de apocalipse, mas que não é mais do que o saborear pleno e alegre de crenças e convicções firmes e felizes. E esta ímpar dicotomia que trespassa quase todas as canções de Boy From Michigan, feita com os fascismos, os narcissismos, as sociopatias e as psicopatias crescentes que estão a colocar em causa o futuro da própria humanidade e as vitórias pessoais e as reais ambições de Grant, é uma evidência que comprova a mestria compositória do autor, uma personagem muitas vezes ambígua, mas sempre determinada nas suas crenças e convicções acerca de um mundo que, apesar de mentalmente mais aberto e liberal, continua a ser um lugar estranho para quem nunca hesita em ser implacável, mesmo consigo próprio.
Em suma, num clima geralmente de festa e de celebração, ampliado pela aparição constante de melodias sustentadas em instrumentos como clarinetes e saxofones, Boy From Michigan documenta a pessoalidade de alguém intimamente sensível e pega nesse pilar individual para olhar metaforicamente para uma sociedade onde essa criança, hoje homem, se sente geralmente um estranho, mas sempre com uma mente aberta e uma predisposição natural para não julgar nem colocar entraves ou preconceitos, na hora de convidar quem o queira escutar com devoção, para uma onda sonora feita de diversão pura e genuína. Espero que aprecies a sugestão...
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John Grant – Boy From Michigan
Pouco mais de dois anos após o excelente registo Love Is Magic, um John Grant enraivecido e profundamente incomodado pela conjuntura atual do seu país natal e do mundo, não só devido à crise pandémica, mas também ao crescimento político dos extremismos, que não abrandam apesar da derrota de Trump e da entrada de Biden na Casa Branca, prepara-se para lançar um novo álbum intitulado Boy From Michigan, que irá ver a luz do dia a vinte e cinco de junho próximo, à boleia do consórcio Partisan/Bella Union.
Boy From Michigan conta com Cate Le Bon nos créditos da produção que, já agora, tem um novo disco intitulado Reward e que a nossa redação recomenda vivamente. Mas voltando ao novo álbum de Grant, depois de em janeiro termos contemplado o single The Only Baby, agora chega a vez de conferirmos o tema homónimo do disco, uma canção com uma toada muito charmosa e onde um delicioso travo psicadélico passeia por um tratado de chillwave intemporal, enquanto Grant disserta sobre algumas memórias que ainda guarda dos seus primeiros anos de vida no Michigan. Confere Boy From Michigan e a tracklist de Boy From Michigan...
Boy From Michigan
County Fair
03 “The Rusty Bull
The Cruise Room
Mike And Julie
Best In Me
Rhetorical Figure
Just So You Know
Dandy Star
Your Portfolio
The Only Baby
Billy
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Sufjan Stevens - Love Yourself & With My Whole Heart
Desde o longínquo registo Carrie & Lowell , lançado em dois mil e quinze que o norte-americano Sufjan Stevens não lança um registo a solo. No entanto, o músico natural de Chicago não tem deixado de estar ativo, não só através da participação em outros projetos paralelos, com especial realce para o seu contributo fundamental no álbum Planetarium (2017), onde assina os créditos com Bryce Dessner, Nico Muhly e James McAlister, mas também com a edição de alguns singles, sendo o mais relevante a homenagem a patinadora Tonya Harding no tema com o mesmo nome, lançado no final de dois mil e dezassete.
Agora, no início de junho, mês que comemora o Orgulho LGTBQ, Sufjan Stevens oferece-nos, à boleia da Asthamatic Kitty, um EP com dois inéditos, Love Yourself e With My Whole Heart, duas assumidas canções de amor cuja parte das receitas obtidas será oferecida às organizações Ali Forney Center em Harlem, Nova Iorque e o Ruth Ells Center, em Detroit, no Michigan, que apoiam, respetivamente, a comunidade LGBTQ e crianças sem lar norte-americanas.
Já com raízes em mil novecentos e noventa e seis, altura em que Sufjan Stevens gravou o tema pela primaiera vez, Love Yourself é uma peça pop de cariz eminentemente sintético, com um ligeiro travo gospel, conduzida por pianos melancólicos e uma suave batida, nuances que aglutinam uma forte veia eletroacústica algo suave e adocicada. Já With My Whole Heart, dentro de um psicadelismo eminentemente experimental, é um instante mais intimista, apesar da vasta miríade de efeitos, distorções de guitarra, interseções e arranjos que adornam uma composição bem à medida da imensidão e do silêncio que muitas vezes carateriza o vazio cósmico que nos invade sempre que o amor nos prega uma partida. Confere...
01. Love Yourself
02. Love Yourself (1996 Demo)
03. With My Whole Heart
04. Love Yourself (Short Reprise)
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FAWNN – Ultimate Oceans
Ferndale, nos arredores de Detroit, no Michigan, é o poiso dos FAWNN, uma banda formada por Alicia Gbur, Christian Doble, Matt Rickle e Mike Spence e que aposta na opulência e na majestosidade sonoras, como permissas fundamentais do seu cardápio sonoro, recentemente atualizado com Ultimate Oceans, o quarto álbum da carreira do grupo, onze canções que viram a luz do dia o início deste verão à boleia da Quite Scientific Records.
Ultimate Oceans é uma porta aberta para um mundo paralelo feito de guitarras distorcidas e governado pela nostalgia da pop, do rock experimental, do grunge e do punk rock, uma multiplicidade de géneros e estilos que, entrocando no ramo comum do rock alternativo, encontram nas guitarras o seu grande referencial instrumental. Assim, se temas como Galaxies e Master Blaster são um piscar de olhos objetivo ao rock mais melódico e pulsante, já o baixo, as variações ritmícas e o fuzz da guitarra de Secret Omnivore piscam o olho a ambientes mais experimentais, com o clima soturno de Nosebleed a conter algumas marcas identitárias do típico som americano de final do século passado.
Traçado logo até à terceira música o cenário deste Ultimate Oceans e da cartilha sonora destes FAWNN, percebe-se que conhecedores profundos e claramente marcados por uma sonoridade que é muito própria de uma América que sabe como condensar diferentes estilos, não faltando até um travo de shoegaze e alguma psicadelia lo fi nesta música, numa espécie de space rock que não é tão pesado e visceral como o grunge, mas também não é apenas delírio e pura experimentação e que, como bónus, ainda tem em Survive, por exemplo, a própria pop adocicada e intimista na mira. Os Breeders, os My Bloody Valentine e, mais recentemente, os próprios Surfer Blood, podem ser para aqui chamados como referenciais incontornáveis, especialmente pela toada lo fi e toda esta aparente amálgama que prova que os FAWNN estão bem documentados e têm gostos musicais muito ecléticos.
Num alinhamento que avança permitindo às canções espreitar e ir um pouco além das zonas de influência sonora da banda que as criou, Ultimate Oceans é pura adrenalina sonora, uma viagem que nos remete para a gloriosa época do rock independente que reinou na transição entre as duas últimas décadas do século passado, um rock sem rodeios, medos ou concessões, com um espírito aberto e criativo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Galaxies
02. Secret Omnivore
03. Nosebleed
04. Shadow Love
05. Dream Delivery
06. Master Blaster
07. Survive
08. Phantom Phantasy
09. Red Moon
10. Watching You…
11. Pixel Fire
12. Galaxies (Remix)
13. Shadow Love (Remix)
14. Red Moon (Remix)
15. Pixel Fire (Remix)
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Sufjan Stevens - Chicago (Demo)
É publico e assumido que Chicago, um dos grandes temas do clássico Illinois, é o meu tema preferido do cardápio rico do norte americano Sufjan Stevens. E será já a um de abril que o músico irá reeditar Illinois em formato vinil. Cada cópia da nova prensagem de um dos grandes registos discográficos de 2005 virá acompanhado da versão demo de Chicago, um tema inédito que dará um maior charme e brilho à moldura sonora estética de um conjunto de canções já com dez anos mas que ainda são verdadeiras jóias, em todos os sentidos. Confere...
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Shores. – Neitherwise EP
Brian, Billy, Sean, Pat e Brent são os Shores., um projeto oriundo de Grand Rapids, uma cidade norte americana localizada no estado americano do Michigan e que andam por cá desde 2010, a criar canções abrigadas à sombra de um indie rock com elevada toada melancólica, alicerçado num salutar experimentalismo que abraça um interessante e algo inédito leque de influências, sempre com uma vincada filosofia vintage. Neitherwise é o mais recente lançamento destes Shores., um EP com três canções que viu a luz do dia através da No Idea Records e disponível na plataforma bandcamp, com a possibilidade de doares um valor pelo mesmo.
Genuínos, ecléticos e criativos, estes Shores. compõem temas capazes de nos enredar numa teia de emoções que prendem e desarmam, sem apelo nem agravo, numa parada intrincada de sensações profundas e até algo inquietantes, mas que apelam intensamente à introspeção reflexiva. O modo como a guitarra elétrica de Hale And Hearty possui o ónus da condução melódica, mas também a forte presença da bateria e do baixo, introduzem eficazmente uma composição inebriante, que termina num memorável instante épico, bastante ousado e incisivo. Já o rock angular e rugoso de Murderer [Low] é uma cavalgada intermitente, mas entusiástica e delirante, perfeita para se ouvir no exato momento em que começa o nosso fim de semana e ao conduzirmos para casa começamos a sonhar, enquanto Seize afaga-nos com uma espiral de distorções que esbarram numa percurssão que nunca desiste de tentar engatar o ritmo, quer na questão das batidas por minuto, quer no entusiasmo lírico.
Percebe-se uma grande disponibilidade destes Shores. para nos fazer pensar, mexendo com os nossos sentimentos e tentando dar-nos pistas para uma vida mais feliz. Com um forte cariz urbano e atual, Neitherwise é um EP excitante e intenso, que nos prende numa bolha dinâmica adornada por aquele rock pastiche que nos desperta para um paraíso de glória e esplendor e subjuga momentaneamente qualquer atribulação que nos apoquente. Pleno de cenários complexos e repletos de sensações únicas, que os Shores. conseguem muito bem transmitir à boleia de um cardápio instrumental bastante diversificado, Neitherwise vai, num abrir e fechar de olhos, do nostálgico ao glorioso, numa caldeirada de estilos e emoções cozinhada por mestres de um estilo sonoro carregado de um intenso charme. Espero que aprecies a sugestão...
01. Hale And Hearty
02. Murderer [Low]
03. Seize
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Sufjan Stevens – Carrie And Lowell
Depois de ter deambulado durante uma década entre o caótico, o esquizofrénico e o genial em discos tão importantes como Illinoise ou The Age Of Adz, Sufjan Stevens está de regresso mais negro, sombrio e recatado com Carrie And Lowell, um disco que marca o retorno do músico à folk mais intimista, nostálgica e contemplativa e que viu a luz do dia a trinta e um de março através da Asthmatic Kitty.
Oriundo de Detroit, no Michigan e atualmente a residir em Brooklyn, Nova Iorque, Sufjan Stevens começou a dar nas vistas no início da carreira na pele de um trovador acompanhado apenas pelas cordas de uma viola, estreando-se em 2000 com A Sun Came e a cantar sobre as agruras e as encruzilhadas de quem acaba de entrar na vida adulta. O entusiasmo, a inspiração e a apurada veia criativa trouxeram consigo um enorme entusiasmo e uma vontade de trabalhar fora do vulgar, com a exploração de outras possibilidades sonoras mais abrangentes, mas sempre com a folk na mira, a incubarem da mente incansável de um músico que chegou a prometer editar anualmente um disco dedicado a um estado norte americano, demanda que, tendo em conta os mais de cinquenta estados do país, lhe ocupariam mais de meio século de existência.
Carrie & Lowell são os sobrenomes da sua mãe e do seu padrasto e intitulam este seu sétimo disco, aquele que, como já referi, marca o regresso do músico à casa de partida, ficando para trás o experimentalismo avan-garde de The Age Of Adz, para agora voltar o puro sentimentalismo, embalado por uma folk madura e nostálgica, que se debruça sobre o falecimento da sua mãe, occorrido em 2012 após uma vida de excessos, abusos e um dignóstico de esquizofrenia, notícia essa que deixou o músico devastado.
De modo a exorcizar e lamber as feridas e a faxer o seu luto terapêutico de uma dor incontida e profunda, além da viola Sufjan Stevens recebeu também a companhia das teclas de um cândido sintetizador, que serve apenas para encaixar e dar um certo charme e brilho à moldura sonora estética de onze canções que são verdadeiras jóias, em todos os sentidos.
Das lembranças sentimentais que transbordam em Fourth Of July, aos lindíssimos arranjos medievais de All of Me Wants All of You, passando pelos arranjos de cordas tensos, dramáticos e melódicos de No Shade In The Shadow Of The Cross, todo o ideário sonoro e lírico de Carrie And Lowell serve para o músico fazer a sua homenagem póstuma à progenitora e recordar tempos idos, procurando a conexão possivel com tempos passados que ainda vageuiam pela sua memória de modo nostálgico e que são impossiveis de recuperar. O objetivo não é trazer até ao ouvinte o fantasma da mãe de Sufjan, mas fazer dele um veículo privilegiado de boas sensações que Sufjan, um homem de fé, convicto e assumido, quer que nós sintamos, para que, por muito amargurada que seja a nossa vida, permanentemente, ou em determinados momentos, ela possa sempre contar com aquelas recordações que guardamos no canto mais recôndito do nosso íntimo e que em tempos nos proporcionaram momentos reais e concretos de verdadeira e sentida felicidade.
Carrie and Lowell é alma e emoção traduzidas à voz e à guitarra, como documento sonoro ajuda-nos a mapear as nossas memórias e ensina-nos a cruzar os labirintos que sustentam todas as recordações que temos guardadas, para que possamos pegar naquelas que nos fazem bem sempre que nos apetecer. Basta deixamo-nos levar pelos sussurros do tema homónimo, para sermos automaticamente confrontados com a nossa natureza, à boleia de uma sensação curiosa e reconfortante que, pouco depois, ambientada pelo falsete de Sufjan e pelos sons percurssivos e rústicos de John My Beloved, transforma-se numa experiência ímpar e de ascenção plena a um estágio superior de letargia. Espero que aprecies a sugestão...
01. Death With Dignity
02. Should Have Known Better
03. All Of Me Wants All Of You
04. Drawn To The Blood
05. Fourth Of July
06. The Only Thing
07. Carrie And Lowell
08. Eugene
09. John My Beloved
10. No Shade In The Shadow Of The Cross
11. Blue Bucket Of Gold
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His Name is Alive - Tecuciztecatl
Liderados por Warren Defever, o único elemento do grupo que se mantém desde a formação, os norte americanos His Name Is Alive são uma banda de rock experimental oriunda de Livonia, uma pequena cidade no estado do Michigan. Depois de algumas cassetes gravadas em nome próprio, estrearam-se nos discos no início da década de noventa, através da conceituada 4AD Records e, de então para cá, entre EPs e álbuns, nunca ficaram muito tempo sem gravar, durante duas décadas de apreciável consistência e forte identidade, com Warren a conseguir manter a sonoridade do grupo, apesar da enorme variedade de músicos que têm passado pelo projeto.
No passado dia vinte e oito de outubro chegou aos escaparates Tecuciztecatl, via HNIA, o novo disco dos His Name Is Alive, um trabalho descrito por Warren como um compêndio de ópera rock que serviu para exorcizar alguns demónios que vinha carregando consigo. Sendo este um projeto que aposta no revivalismo do glam e do rock progressivo e psicadélico, com uma forte componente experimental, que começou a fazer escola nas décadas de sessenta e de setenta, tal temática conceptual de Tecuciztecatl acaba por encaixar que nem uma luva nessa sonoridade e o disco é feliz no modo como nos permite aceder a uma outra dimensão musical com uma assumida pompa sinfónica e inconfundível, sem nunca descurar as mais básicas tentações pop e na forma como aparentes equívocos não são mais do que conscientes estratégias para a junção de vários espetros sonoros, ficando para segundo plano o hipotético grau de psicotropia em que germinam. Basta escutar, logo no início, os nove minutos de The Examination para ficar claro em cada um de nós o modo como estes His Name His Alive são mestres em subverter qualquer lógica, apresentando uma composição que funciona como uma espécie de medley de tudo aquilo que vamos conferir a seguir, numa colagem consideravelmente aditiva e psicotrópica de vários fragmentos, oriundos das mais diversas latitudes e épocas sonoras, cheios de variações de ritmos e que projetam inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte, num misto de psicadelia, rock progressivo e orquestral, soul e blues.
Pouco conhecidos no resto do mundo, os His Name is Alive são acompanhados com particular devoção no país de origem e considerados como uma das mais inovadoras bandas norte americanas, pela forma como conjugam a tradicional tríade baixo, guitarra e bateria com a tecnologia e a eletrónica que hoje prolifera na música e que permite aos grupos alargar o seu cardápio instrumental, fazendo, simultaneamente, uma ode às fundações do universo musical alternativo contemporâneo, enquanto adicionam também novas e belíssimas texturas ao seu já extenso cardápio sonoro, que não se desviam, naturalmente, do cariz fortemente experimental que faz parte do ADN do grupo.
Além do já referido tema inicial extenso mas obrigatório, outro meu grande destaque deste disco é a elevadíssima dose de psicadelia em que assenta See You In A Minute, uma canção que impressiona pelo fuzz das guitarras e que evidencia o modo como a voz de Warren assenta na perfeição neste registo, merecendo também amplo destaque e audições repetidas, pelos mesmos motivos, a hipnótica Reflect Yourself, uma canção com variações de ritmo estonteantes e um tiro certeiro no melhor rock dos anos setenta. Atenção também para os violinos da épica e marcadamente experimental I Will Disappear You, um tema cantado com uma voz em eco que se vai entrelaçando com uma lindíssima melodia, feita com uma guitarra plena de distorção, dois detalhes que conferem à canção um enigmático e sedutor cariz vintage.
Um curioso dedilhar de cordas em The Essence Of Your Power Is An Eye That Darkens The Light que volta, mais à frente a surgir no single African Violet Casts a Spell, uma canção preenchida com arranjos que têm tanto de lindíssimo como de bizarro, numa espécie de mistura entre a folk clássica e uma pop luxuriante e sem paralelo, são também dois instantes fabulosos de Tecuciztecatl, que impressionam pela beleza utópica, assim como pelas belas orquestrações que vivem e respiram, nestas e noutras canções, lado a lado, com distorções e arranjos mais agressivos. .
Tecuciztecal arruma estes já veteranos His Name Is Alive na prateleira do psicadelismo de forte raiz experimentalista e ligado ao rock progressivo que convém visitar frequentemente e com particular devoção, devido a um trabalho que funcionando assumidamente como uma ópera rock, está dotado com uma maturidade particular, com canções que pretendem hipnotizar, com a firme proposta de olhar para o som que foi produzido no passado e retratá-lo com novidade, com os pés bem fixos no presente. Espero que aprecies a sugestão...
The Examination
Hold On To Your Half
See You in a Minute
I’m Getting Alone
Reflect Yourself
I Will Disappear You
The Essence Of your Power Is An Eye That Darkens The Light
I Believe Your Heart Is No Longer Inside This Room
Vampire List
African Violet Casts a Spell
Reciprocal Tensions And Polarized Components
Yes Yes Yesterday
The Cup
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His Name Is Alive - African Violet Casts A Spell
Liderados por Warren Defever, o único elemento do grupo que se mantém desde a formação, os norte americanos His Name Is Alive são uma banda de rock experimental oriunda de Livonia, uma pequena cidade no estado do Michigan. Depois de algumas cassetes gravadas em nome próprio, estrearam-se nos discos no início da década de noventa, através da conceituada 4AD Records e, de então para cá, entre EPs e álbuns, nunca ficaram muito tempo sem gravar, durante duas décadas de apreciável consistência e forte identidade, com Warren a conseguir manter a sonoridade do grupo, apesar da enorme variedade de músicos que têm passado pelo projeto.
No próximo dia vinte e oito de outubro chegará aos escaparates Tecuciztecatl, via HNIA, o novo disco dos His Name Is Alive e descrito por Warren como um compêndio de ópera rock que serviu para exorcizar alguns demónios que vinha carregando consigo. African Violets Cast A Spell, o primeiro single divulgado, é uma canção preenchida com arranjos que têm tanto de lindíssimo como de bizarro, uma espécie de mistura entre uma folk clássica com uma pop luxuriante e sem paralelo. Confere...