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Kaiser Chiefs – Jealousy

Quarta-feira, 19.04.23

Pouco mais de três anos depois de Duck, os britânicos Kaiser Chiefs estão de regresso ao formato longa duração, certamente ainda em dois mil e vinte e três, com um disco cujo nome ainda não foi divulgado, mas do qual já se conhecem duas composições. Assim, depois de há algumas semanas atrás ter sido divulgado o single How 2 Dance, agora a banda liderada pelo carismático Ricky Wilson e que conta atualmente na sua formação também com Andrew White, Simon Rix, Nick Baines e Vijay Mistry, acaba de revelar uma outra canção do registo, intitulada Jealousy.

Kaiser Chiefs Releases New Song “Jealousy” - pm studio world wide music news

Jealousy é uma composição de forte cariz autobiográfico já que, de acordo com Ricky Wilson, debruça-se sobre a preocupação e o medo que todos os músicos sentem de que as suas canções sejam um fracasso, mas se essa componente menos otimista da criação artística for retirada da equação, no seio de uma banda tudo o que resta é, quase sempre, a liberdade e a diversão. Jealousy, tema repleto de groove, é, pois, um grito de alerta, mas também de exaltação e no qual conferimos, numa mesca de teclados e guitarras com a peculiar tonalidade grave e imponente da secção ritmíca deste quarteto, o sempre indesmentível acerto melódico e, por isso, contagiante e radiofónico, dos Kaiser Chiefs. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:14

Mi Mye – my name's wimp vs bow saw and the EQ EP

Quarta-feira, 12.10.22

Comparados constantemente a nomes tão proeminentes como os The National ou os Sparklehorse, os britânicos Mi Mye acabam de oferecer aos seguidores do universo sonoro indie e alternativo, um curioso duplo lançamento e em simultâneo, ou seja, no mesmo dia. É um registo de originais, em formato álbum, de dez canções, intitulado my name's wimp e um ep com cinco composições chamado the bow saw and the eq.

MI MYE SHARE NEW SINGLE 'OK, SO' AND ANNOUNCE FIFTH ALBUM - Circuit  SweetCircuit Sweet

Tendo em conta o conteúdo sonoro destes dois lançamentos, talvez fizesse todo o sentido abordar ambos em separado. No entanto, como os dois não coexistem desse modo, a opção da nossa redação acabou por recair na crítica em simultâneo, mas feita de um modo generalizado, com o cuidado de abarcar a filosofia estilística dos dois trabalhos, mas sem deturpar a essência de cada um.

Se o alinhamento de nove canções de my name's wimp, contém uma indisfarçável radiofonia que procura chegar a um leque alargado de público, sendo Pleas Let Me Fix This a composição que de modo mais impressivo nos coloca na linha da frente do contexto pretendido para o registo, the bow saw and the eq oferece-nos, por outro lado, composições com outro nível açucarado qualitativo, já que, na nossa modesta opinião, ilustram de modo mais fiável e sincero o quanto certeiros e incisivos os Mi Mye, que se dividem entre Wakefield e Leeds, conseguem ser na replicação do ambiente sonoro que escolheram para a sua carreira e que tem o melhor indie rock alternativo de forte cariz lo fi em declarado ponto de mira. Love Holds (When The Back Pain Was Sorted) é uma daquelas canções que dificilmente se escutam no circuito comercial, mas que deixam uma marca forte, plena de profundidade e força, não só por ser instrumentalmente luxuosa, adulta e impressionista, mas também porque é emocionalmente sublime.

Seja como for, a receita é, no fundo, semelhante nos dois cardápios, assentando num registo vocal eminentemente narrativo, na conjugação de sintetizadores de forte cariz retro, com cordas inspiradas, num baixo vigoroso e num perfil percussivo geralmente enleante. O intuito dos Mi Mye nesta dupla triagem terá sido o reencontro com o simples prazer de compôr e criar, tendo apenas como bitola, além da já rica herança da banda, o gosto pessoal do núcleo duro que sente prazer em proporcionar aos seus ouvintes uma espécie de convite à alegria e à celebração em modo canção, mas fazendo-o com uma sofisticação e um hipnotismo verdadeiramente encantadores, além de uma sensação de modernidade indesmentível. my name's wimp e bow saw and the EQ estão disponíveis para download gratuito pela própria banda. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:30

I LIKE TRAINS – The Spectacle

Quarta-feira, 28.09.22

Já com um histórico de quase duas décadas, visto terem iniciado as lides musicais em dois mil e quatro, os I LIKE TRAINS de Guy Bannister, Alistair Bowis, Simon Fogal, David Martin e Ian Jarrold, regressaram à ribalta há pouco mais de um ano com um disco intitulado Kompromat, uma coleção de nove canções que, à época, sucederam ao excelente The Shallows, de dois mil e doze. Era um registo que, uma vez mais, refletia sobre o estado atual do mundo em que vivemos, nomeadamente a conjuntura politica, uma imagem de marca sempre muito presente neste grupo natural de Leeds.

Leeds Post-Punk Heroes I Like Trains Return with the Video for "The  Spectacle" — Post-Punk.com

Agora, no início de outono de dois mil e vinte e dois, os I LIKE TRAINS voltam à carga com um novo e espetacular tema intitulado The Spectacle. É uma canção que faz uma crítica caústica e contundente ao modo como a classe política utiliza a linguagem e a oratória para controlar as massas a seu belo prazer e que, sonoramente, entronca, claramente, naquela que foi a filosofia estilística de Kompromat.

Portanto, The Spectacle assenta num punk rock de forte cariz progressivo, com uma originalidade muito própria e um acentuado cariz identitário, através da junção crescente de diversos agregados, que atingem o auge interpretativo numa bateria esquizofrénica e fortemente combativa, mas incrivelmente controlada. O resultado final é de proporções incrivelmente épicas, já que desse modus operandi percurssivo às guitarras, passando pelo vigor do baixo, tudo colabora na canção de forma coesa para o esplendor, inclusive o ruído abrasivo, que aqui em vez de magoar, fascina e seduz. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:49

Mi Mye – Party

Sexta-feira, 19.08.22

Comparados constantemente a nomes tão proeminentes como os The National ou os Sparklehorse, os britânicos Mi Mye preparam-se oferecer aos seguidores do universo sonoro indie e alternativo, no próximo mês de outubro, um curioso duplo lançamento e em simultâneo, ou seja, no mesmo dia. Será um registo de originais, em formato álbum, de dez canções, intitulado my name's wimp e um ep com cinco composições que se irá chamar the bow saw and the eq.

MI MYE SHARE NEW SINGLE 'OK, SO' AND ANNOUNCE FIFTH ALBUM - Circuit  SweetCircuit Sweet

Estes dois lançamentos dos Mi Mye, que se dividem entre Wakefield e Leeds, são aguardados com enorme expetativa na nossa redação e não poderão ser dissociados um do outro, como se os dois catálogos fossem amigos inseparáveis que não subsistem em momentos diferentes. Enquanto não ficam disponíveis para audição divulgamos Party, uma curiosa composição que o projeto disponibilizou recentemente e que relata o ambiente típico de algumas festas que acontecem em Wakefield e onde grupos como os The Cribs ou os Georgia são a banda sonora preferencial. Sonoramente, o registo vocal narrativo, a conjugação de sintetizadores de forte cariz retro, com cordas inspiradas, um baixo vigoroso e um perfil percussivo enleante, dão a aquilo que é uma espécie de convite em modo canção uma sofisticação e um hipnotismo verdadeiramente encantadores. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:13

Yard Act - The Overload

Quinta-feira, 24.02.22

The Overload é o título do álbum de estreia da banda de rock britânica Yard Act, um projeto sedeado em Leeds e que navega nas águas agitadas que misturam alguns dos cÂnones fundamentais do punk rock com o clássico som eminentemente alternativo. O álbum foi lançado em janeiro pela Island Records e contém dez canções que vale bem a pena escutar com devoção.

Yard Act - The Overload review: Wry, words-first wit | Evening Standard

Incubados há cerca de dois anos pela dupla Ryan Needham e James Smith, à qual se juntaram, pouco depois, o guitarrista Sam Shjipstone e o baterista Jay Russell, estes Yard Act parecem ter surgido do nada, sem prévio aviso, mas a verdade é que já assinaram por uma major e têm nas mãos um dos discos de estreia mais promissores do cenário indie britânico atual. 

De facto, este The Overload assenta num som musculado e vibrante, com o baixo a assumir, geralmente, as rédeas da condução melódica de canções que não dispensam uma filosofia rítmica que tenha um elevado groove em ponto de mira, com as guitarras e algumas sintetizações a darem o toque criativo e enleante que um bom disco que se movimento neste espetro sonoro nunca deve descurar. Depois, o registo vocal impetuoso de James Smith, que se ocupa quase sempre a declamar odes críticas aos brexit e às desigualdades cada vez mais prementes da cada vez mais multiétnica Inglaterra, é a cereja no topo do bolo de um registo que também vale muito por este lado mais interventivo e até político que transporta consigo. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:22

Alt-J (∆) - The Dream

Sexta-feira, 18.02.22

Um dos grandes lançamentos discográficos deste início de dois mil e dois é The Dream, o novo disco dos os  Alt-J (∆) de Joe Newman, Gus Unger-Hamilton e Thom Green, um registo de doze canções que entrou em alta rotação na nossa redação há alguns dias e que tem, de facto, impressionado, pela sua riqueza detalhística, pela diversidade de nuances, pela própria filosofia lírica e estilística subjacente ao registo e, acima de tudo, pela emotividade e assombro que a sua audição dedicada suscita.

Arte SonoraAlt-j Mostram “Get Better” | Arte Sonora

Com a chancela da Infectious Music, The Dream é um álbum inspirado em histórias e eventos relacionados com o mundo do crime que também existe em Hollywood, mas também está muito marcado pelo modo como a banda viveu a situação pandémica que todos conhecemos e que, de acordo com Joe Newman, o fez querer ser mais responsável e adulto no modo como escreve as letras das suas canções que, continuando a ser sobre eventos fictícios, acabam por ter paralelo com algumas das suas vivências mais recentes.

Uma outra curiosidade que a história deste disco transporta consigo, é algo que se percebe e entende através da sua audição atenta. Conclui-se facilmente que muitas canções resultam de sobreposições, encadeamentos e uniões de diversos sons, inclusive vocais (o alinhamento está repleto de gravações de diálogos e vocalizações retirados, na sua maioria, de filmes), que muitas vezes não estão em harmonia, mesmo em termos de volume; Tal explica-se, obviamente, através da superior qualidade interpretativa dos elementos do grupo, mas, acima de tudo, porque muitas destas canções resultaram de um processo demorado e paciente de captura e aproveitamento de trechos de gravações que foram sendo feitos pelos Alt-J (∆), nos últimos anos. Por exemplo, o segmento de guitarra que se escuta em Bane, o espetacular tratado de pop eletrónica experimental que abre o disco, já foi composto por Newman em dois mil e doze, os coros foram pensados dois anos depois e a estrutura lírica da canção tem dois anos de existência.

The Dream é, pois, um disco que sendo tematicamente corajoso e sonoramente muito complexo e encantador, desenvolvido dentro de uma ambientação essencialmente experimental, plasma, no fundo, e em jeito de ponto alto,  toda a evolução que o projeto foi conseguindo obter na carreira, que não deixou de em alguns momentos, nomeadamente em álbuns como Reduxer ou An Awesome Wave, de soar a completas reestruturações, tendo em conta as respetivas propostas anteriores, mas que plasma, em suma, todos os atributos, de modo majestoso e impressivo, que o grupo foi adicionando e burilando no seu catálogo, sem renegar a sua identidade sonora distinta.

Além do tema de abertura já referido, o fabuloso single U&ME, uma composição intrigante, intensa e sedutora, com um vasto arsenal instrumental a suportar uma eufórica e intensa história de amor, que pode muito bem ser aquela que une os três membros desta espetacular banda de Leeds, é um claro exemplo de todo este portentoso refinamento. Depois, canções como Get Better, uma composição que resultou da união de duas, uma delas um trecho de um tema que Newman criou, há três anos, para a sua companheira, Darcy Wallace, a outra uma sequência melódica incubada pelo mesmo durante o confinamento, enquanto refletia sobre as vítimas desta pandemia e a dor daqueles que perderam alguém querido, a robustez progressiva e com um travo até algo punk de Hard Drive Gold, a sombria solidez de Losing My Mind, a singela cândura que é trespassada a fundo por cascatas de violinos em Philadelphia, ou a ímpar delicadeza de Delta, servem apenas para apimentar ainda mais a espetacular sensação que é perceber que ouvir The Dream é provar que o inesperado está sempre ao virar da esquina. Vive-se numa permanente tensão de nunca se saber que som, detalhe, nuance, efeito, ritmo ou arranjo vem no segundo seguinte e essa é, na verdade, a melhor sensação que se pode receber de um trabalho único que foi feito com vasto leque de referências. Da pop ambiental contemporânea ao art-rock clássico, passando pelo R&B, The Dream é uma epopeia onde se acumula um amplo referencial de elementos típicos desses diversos universos sonoros e que se vão entrelaçando entre si de forma particularmente romântica, cinematográfica e até, diria eu, objetivamente sensual. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:35

Alt-J (∆) - U&ME

Sexta-feira, 11.02.22

Um dos grandes lançamentos discográficos deste início de dois mil e dois e que acontece mesmo hoje, dia onze de fevereiro, é The Dream, o novo disco dos os  Alt-J (∆) de Joe Newman, Gus Unger-Hamilton e Thom Green e que entrou em alta rotação na nossa redação já esta manhã, para ser alvo de revisão atenta e aprofundada neste humilde espaço de crítica e divulgação musical nos próximos dias.

Alt-J share new single 'U&ME' from upcoming fourth album 'The Dream'

The Dream é um álbum inspirado em histórias e eventos relacionados com o mundo do crime que também existe em Hollywood, mas também está muito marcado pelo modo como a banda viveu a situação pandémica que todos conhecemos e que, de acordo com Joe Newman, o fez querer ser mais responsável e adulto no modo como escreve as letras das suas canções que, continuando a ser sobre eventos fictícios, acabam por ter paralelo com algumas das suas vivências mais recentes.

Enquanto o articulado relativo ao conteúdo deste registo que chega aos escaparates hoje mesmo, como já referi, não ganha dimensão física neste espaço digital, deixo como aperitivo o fabuloso single U&ME, produzido por Charlie Andrew, habitual colaborador do trio e que já tem direito a um excelente vídeo, com imagens do grupo, assinado pelo irmão de Gus Unger-Hamilton.  U&ME é, como vão facilmente perceber, uma composição intrigante, intensa e sedutora, com um vasto arsenal instrumental a suportar uma eufórica e intensa história de amor, que pode muito bem ser aquela que une os três membros desta espetacular banda de Leeds que acaba de adicionar ao seu catálogo talvez o melhor alinhamento da sua discografia. Confere...

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publicado por stipe07 às 12:32

Alt-J (∆) – Get Better

Quarta-feira, 10.11.21

Quatro anos depois de Relaxer, Joe Newman, Gus Unger-Hamilton e Thom Green, três amigos que se conheceram na Universidade de Leeds em dois mil e sete e juntamente com Gwil Sainsbury, entretanto retirado, formaram os  Alt-J (∆), estão de regresso com The Dream, um disco que irá ver a luz do dia a vinte e dois de fevereiro próximo, à boleia do consórcio Infectious Music/BMG.

Alt-J return with touching new song 'Get Better'

The Dream é um álbum inspirado em histórias e eventos relacionados com o mundo do crime que também existe em Hollywood, mas também está muito marcado pelo modo como a banda viveu a situação pandémica que todos conhecemos e que, de acordo com Joe Newman, o fez querer ser mais responsável e adulto no modo como escreve as letras das suas canções que, continuando a ser sobre eventos fictícios, acabam por ter paralelo com algumas das suas vivências mais recentes.

Bom exemplo disso é Get Better, o primeiro single retirado de The Dream, uma composição que resultou da união de duas canções. Uma delas é um trecho de um tema que criou, há três anos, para a sua companheira, Darcy Wallace, ao qual juntou uma sequência melódica que criou durante o confinamento, enquanto refletia sobre as vítimas desta pandemia e a dor daqueles que perderam alguém querido.

Get Better estará à venda em diversos formatos; o habitual CD, que terá uma edição limitada que reproduz o caderno onde Newman escreveu as letras do disco, mas também vinil, com edições limitadas de diversas cores. Confere...

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publicado por stipe07 às 20:42

Warpaint – Paralysed

Terça-feira, 23.03.21

Como todos certamente se recordam, o ano passado partiu do nosso mundo Andy Gill, um dos pilares do mítico projeto britânico Gang Of Four, que se notabilizou por uma ímpar discografia, dentro de um punk rock adornado por tiques da funk e do dub e que olhava com gula para as mazelas sociais e políticas da sociedade, sendo Entertainment! a obra master do catálogo da banda de Leeds e uma das mais aclamadas da história do rock dos últimos quarenta anos.

Warpaint share Gang of Four cover, 'Paralysed' | News | DIY

Logo após o desaparecimento de Andy Gill começou a ser burilado um registo de tributo aos Gang Of Four, que começa finalmente a ganhar forma. O registo vai chamar-se The Problem With Leisure: A Celebration Of Andy Gill And Gang Of Four e irá ver a luz do dia já em maio. Um dos temas já conhecidos do alinhamento desse trabalho é a cover assinada pelas Warpaint da canção Paralysed, que fazia parte do disco Solid Gold que os Gang Of Four lançaram há precisamente quatro décadas. Esta nova roupagem do projeto formado por Theresa Wayman, Emily Kokal, Jenny Lee Lindberg e Stella Mozgawa adiciona a Paralysed uma nova envolvência e um clima mais refinado e cuidado, sem que isso coloque em causa a orgânica e o pulsar rítmico sui generis do original. Confere a cover e o original...

 

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publicado por stipe07 às 17:02

I LIKE TRAINS – Kompromat

Terça-feira, 29.09.20

Já com um histórico de quase duas décadas, visto terem iniciado as lides musicais em dois mil e quatro, os I LIKE TRAINS de Guy Bannister, Alistair Bowis, Simon Fogal, David Martin e Ian Jarrold, têm um novo disco intitulado Kompromat, uma coleção de nove canções que sucedem ao excelente The Shallows, de dois mil e doze e que, uma vez mais, refletem sobre o estado atual do mundo em que vivemos, nomeadamente a conjuntura politica atual, uma imagem de marca sempre muito presente neste grupo natural de Leeds.

I LIKE TRAINS share new single & video "Dig In"- Album 'KOMPROMAT' out Aug  21st via Atlantic Curve - Circuit SweetCircuit Sweet

Se The Shallows versava sobre a relação do homem com as máquinas e, mais especificamente, o modo como a internet está a reescreve a realidade, Kompromat é a materialização de uma visão impressiva feroz relativamente a um mundo que, segundo este projeto, está cada vez mais perigoso, por causa da ascenção dos populismos de direita, com a figura de Trump à cabeça, mas com Boris Johnsson a ser também diretamente visado na crítica, assim como a suposta influência russa em diferentes atos eleitorais. Aliás, Kompromat é uma expressão russa que significa material comprometedor, no sentido de haver um propósito claro de fornecer informações sobre um político, empresário ou outra figura pública, de modo a criar publicidade negativa, chantagem e extorsão sobre ele. De acordo com o grupo, quer estas duas figuras politicas, quer alguns governos, são diretamente responsáveis por toda uma campanha de desinformação que está a tomar conta dos media a nível global e que visa a eliminação de qualquer tipo de crítica ou alternativa a uma forma de governar que protege cada vez mais o capitalismo, tornando as sociedades menos solidárias e quem as governa menos atentos aqueles que mais sofrem e que não têm acesso às benesses de uma sociedade de consumo que divide para reinar.

O single The Truth, uma majestosa canção feita com aquele rock que impressiona pela rebeldia com forte travo nostálgico e que contém uma sensação de espiral progressiva de sensações, que tantas vezes ferem porque atingem onde mais dói, é o âmago desta filosofia estética de Kompromat, porque é frequente imensas vezes já não se ter muito bem a noção de onde reside a verdade, tão voraz é o nosso consumo de informação nesta era digital, sendo possivel entender e interpretar de modo diferenciado as muitas narrativas que vão invadindo o nosso feed.

Sonoramente, Kompromat obedece ao ADN que tem tipificado a carreira dos I LIKE TRAINS, assente num punk rock de forte cariz progressivo, com uma originalidade muito própria e um acentuado cariz identitário, por procurar, em simultâneo, uma textura sonora aberta, melódica e expansiva, mas sem descurar o indispensável pendor lo fi e uma forte veia experimentalista, abertamente nebulosa e cinzenta. Essa atmosfera é percetivel no perfil detalhista das distorções das guitarras, no vigor do baixo, nos sintetizadores vibrantes e, principalmente, num registo percurssivo compacto, que funciona com a amplitude necessária para dar às canções uma sensação plena de epicidade e fulgor.

De facto, Kompromat é uma súmula rara de um pós punk anguloso, um passeio emocionante e encadeado, com cada tema a personificar um ataque bombástico aos nossos sentidos, um incómodo sadio audível logo no riff abrasivo de A Steady Hand e que se vai aprimorando num fluxo constante e paciente e onde não falta, imagine-se, um leve toque de graciosidade.

A sensibilidade do efeito metálico abrasivo de uma guitarra que corta fino e rebarba, em Desire Is A Mess, as reverberações ultra sónicas de Dig In e, principalmente, a rispidez visceral extremamente sedutora e apelativa de A Man Of Conviction e a arquitetura sonora variada e sempre crescente de The Truth, um longo tema, mas nada monótono, cheio de mudanças de ritmo, com a junção crescente de diversos agregados e que atinge o auge interpretativo numa bateria esquizofrénica e fortemente combativa, mas incrivelmente controlada, num resultado de proporções incirvelmente épicas, são outros momentos incríveis de um disco sarcástico, mas também atencioso e terno,  em que tudo resulta de forma coesa, inclusive o ruído abrasivo, que aqui em vez de magoar, fascina e seduz. Espero que aprecies a sugestão...

I LIKE TRAINS - Kompromat

01. A Steady Hand
02. Desire Is A Mess
03. Dig In
04. PRISM
05. Patience Is A Virtue
06. A Man Of Conviction
07. New Geography
08. The Truth
09. Eyes To The Left (Feat. Anika)

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publicado por stipe07 às 17:54






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