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Cold War Kids – Meditations

Quarta-feira, 30.10.24

A comemorar vinte anos de carreira com uma digressão interna, os norte-americanos Cold War Kids de Nathan Willett estão de regresso ao nosso radar quase dez anos depois do disco Hold My Home, lançado em dois mil e catorze e que foi, nessa época, dissecado minuciosamente na nossa redação. Tal acontece devido a um novo single intitulado Meditations, gravado já este mês de outubro com a ajuda de Jonathan Rado e que sucede ao álbum homónimo que a banda de Silverlake, nos arredores de Los Angeles, lançou o ano passado.

Cold War Kids Share New Single 'Meditations'  Image

Meditations é uma canção intensa e com um registo percussivo dominante. Depois, a envolvência dos teclados e o modo como se cruzam sagazmente com guitarras que mudam constantemente de sonoridade e distorção, são outra nuance importante de um tema em que o ritmo sempre bem marcado da bateria é o suporte ideal destes dois edifícios sonoros enérgicos e intencionalmente meticulosos. A tensão permanente entre a intepretação vocal de Willett e o solo de guitarra criam na melodia de Meditations, um elevado sentido de urgência e de impetuosidade, num resultado final poderoso e orquestral. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:39

Wand - Vertigo

Quinta-feira, 01.08.24

Os Wand são uma banda norte americana, oriunda de Los Angeles e liderada por Cory Hanson, um músico que toca regularmente com Mikal Cronin e os Meatbodies. Tocam um indie punk rock psicadélico, progressivo, experimental e fortemente aditivo e Ganglion Reef, o disco de estreia, editado em dois mil e catorze, foi um marco e uma referência para os amantes do género. No ano seguinte, Golem, o sempre difícil segundo disco, tinha no fuzz rock a sua pedra de toque, talvez a expressão mais feliz para caraterizar o caldeirão sonoro que os Wand reservam para nós.

Wand Cast Quieter 'Vertigo,' Meander With Curiosity - SPIN

Agora, quase uma década depois, os Wand estão de regresso aos discos à boleia deVertigo, um espetacular alinhamento de oito canções, que sucede ao álbum Laughing Matter, editado em dois mil e dezanove e que tem tudo para figurar na lista dos melhores registos discográficos de dois mil e vinte e quatro e em posição de assumido destaque.

Vertigo tem a assinatura de um dos projetos mais negligenciados do panorama sonoro alternativo atual, um belo segredo que não deveria estar tão escondido e que deve chegar a todos os ouvidos dos apreciadores do género sonoro em que navega. Parece claro que os seus quase quarenta minutos que foram incubados de modo a materializarem uma espécie de banda sonora ideal para um western contemporâneo que tem como propósito o bem comum e a sua audição com esse propósito, não irá defraudar as expetativas iniciais de todos, mesmo as mais otimistas.

Logo a abrir o registo, o travo enevoado da guitarra e o registo sombrio vocal de Hanson, nuances que sustentam com mestria Hangman, comprovam a excelência da essência sonora que orientou os Wand no momento de compôr este seu sexto álbum. Curtain Call, logo de seguida, aprimora um certo perfil psicotrópico e denso, com o clima jazzístico da bateria e uma constante distorção planante e abrasiva a deixarem numa dúvida permanente relativamente ao rumo que o disco vai tomar daí em diante. E, de facto, no clima progressivo de Mistletoe, uma canção que consegue, imagine-se, conjugar em simultâneo eletrónica com rock alternativo, funk, noise rock, avant garde, post punk, fica bem expressa a tal cinematografia que inicialmente serviu para introduzir o ouvinte relativamente à primeira impressão que Vertigo criou na redação, após a primeira audição.

O disco prossegue e ao quarto tema, chegamos ao âmago do alinhamento. JJ é uma intrincada e intimista canção, uma espécie de upgrade de adição psicotrópica com elevada lisergia. Sintetizadores munidos de um infinito arsenal de efeitos e sons originários das mais diversas fontes instrumentais, reais ou fictícias, uma secção rítmica feita com um baixo pulsante e uma bateria com um forte cariz étnico, que é várias vezes literalmente cortada a meio por riffs de guitarra, numa sobreposição instrumental em camadas, onde vale quase tudo, é a essência sonora de uma desarmante canção, que também não descura um forte sentido melódico e uma certa essência pop, numa busca de acessibilidade que se saúda. Depois, no rock imperialmente cavernoso de Smile, na melancolia maquinal de Lifeboat, na cosmicidade celestial do manto rugoso de distorções que afagam High Time, temos a confirmação da já declarada abrangência, que parece sempre, ao longo do disco, estranhamente fluída, intuitiva e natural, provando a incomparável mestria e a hipnótica subtileza de um alinhamento que, no fundo e de um modo geral, assenta muita da sua riqueza na dicotómica e simbiótica relação entre o fuzz da guitarra e vários efeitos sintetizados arrojados, com uma voz sempre peculiar a rematar este ménage espetacular.

Momento mais alto do catálogo dos Wand, Vertigo é a ambiciosa materialização de um todo sonoro, porque as canções não devem ser apreciadas de modo estanque, nem desalinhadas da posição em que se encontram. Cada composição é uma parte metamórfica de um esplendoroso edifício sonoro, minuciosamente arquitetado para encarnar uma espécie de verdade científica que diz que a música dos Wand pode muito bem ser um atalho rapidíssimo para aceder a uma dimensão sonora que aconchega, anima e cura quem andar mais avesso relativamente ao que de bom a vida tem para nos oferecer. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 14:24

Saint Motel – Stay Golden

Terça-feira, 30.07.24

Formados em Los Angeles no já longínquo ano de dois mil e sete, os Saint Motel de A/J Jackson, Aaron Sharp, Dark Lerdamornpong e Greg Erwin são um dos segredos mais interessantes e mais bem guardados da indie pop contemporânea. Mereceram destaque na nossa redação na primavera de dois mil e vinte e um por causa de um tema intitulado Feel Good e que fazia parte da banda sonora da comédia Yes Day, um dos filmes de maior sucesso da plataforma de streaming Netflix nesse ano, realizado por Miguel Arteta e que contava no elenco com nomes como Jennifer Garner, Edgar Ramirez, Jenna Ortega, Julian Lerner, Everly Carganilla, Arturo Castro, Nat Faxon, Fortune Feimster e Molly Sims.

Worked Music | Saint Motel estrena su nuevo sencillo llamado 'Stay Golden'

Há aproximadamente um ano os Saint Motel chamaram a atenção da nossa redação devido a Fine Wine, à época um novo single do quarteto, um verdadeiro portento sonoro, de que os leitores e ouvintes mais atentos deste espaço certamente se recordam

Agora, em pleno verão de dois mil e quatro, o projeto norte-americano está de regresso ao nosso radar à boleia de Stay Golden, uma nova canção do quarteto californiano, que assenta num bateria exemplarmente marcada e acompanhada por um baixo pulsante, elementos percussivos que são depois trespassados por diversos arranjos sintetizados insinuantes e por sopros e violinos, detalhes que dão à composição uma tonalidade luminosa e, ao mesmo tempo, reflexiva, assentando que nem uma luva neste tempo quente que vivemos.

Stay Golden é, uma vez mais, resultado de uma filosofia sonora que plasma um cruzamento feliz entre pop contemporânea, eletrónica e indie rock, à boleia de uma vasta heterogeneidade de elementos instrumentais que dão vida a uma formatação primorosa de diferentes nuances melódicas, com uma atmosfera sonora eminentemente lisérgica. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:56

Jane’s Addiction – Imminent Redemption

Domingo, 28.07.24

Trinta e quatro anos depois Ritual de lo Habitual, um verdadeiro clássico, os norte-americanos Jane's Addiction seguem uma certa tendência revivalista que tem estado na moda em bandas que fizeram história há três ou quatro décadas atrás e que já tinham cessado hostilidades e estão de regresso com uma digressão mundial e um novo tema intitulado Imminent Redemption.

Jane's Addiction's Core Four Reunite for First New Song in 34 Years

A banda de Los Angeles mantém a sua formação inicial, constituída por Perry Farrell, Dave Navarro, Stephen Perkins e Eric Avery e oferece-nos, neste seu novo tema que ainda não traz atrelado o anúncio de um novo disco do quarteto, um verdadeiro festival de guitarras contundentes e abrasivas, exemplarmente acompanhadas por uma bateria com um travo tribal bastante pronunciado, num resultado final efervescente, épico e que não defrauda o melhor catálogo da banda. Um feliz regresso ao passado, assinado por uns Jane's Addiction que prometem mais canções novas nas próximas semanas. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:18

EELS – EELS TIME!

Quarta-feira, 26.06.24

Quase três anos depois do excelente registo Extreme Witchcraft, os Eels de E. (Mark Oliver Everett), Kool G Murder e P-Boo, estão de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Eels Time!, o décimo quinto registo da carreira do grupo norte-americano, um alinhamento de doze canções que viu a luz do dia a sete de junho com a chancela do consórcio E Works e PIAS Recordings.

Eels: 'Both my songs of the year are by people in their 70s!' | The  Independent

Gravado em Los Feliz, na Califórnia, e Dublin, na Irlanda, com a colaboração do músico e ator Tyson Ritter, Eels Time! contém alguns dos temas mais introspetivos e pessoais que Mark Oliver Everett escreveu e compôs na sua carreira, muito à imagem do que criou, por exemplo, no disco End Times, em dois mil e dez. E, diga-se em abono da verdade, essa faceta reveladora é, sem sombra de dúvidas, transversal a toda a carreira dos Eels. Basta pensarmos no conteúdo de Electro-Shock Blues, álbum de mil novecentos e noventa e oito que versava sobre a morte trágica da irmã, no registo The Cautionary Tales Of Mark Oliver Everett, em dois mil e catorze, que era muito inspirado no amor, um campo lexical e uma área vocabular onde sempre se sentiu inspirado, principalmente quando confessa o desconforto e a desilusão que esse sentimento tantas vezes causou na sua vida, ou de Extreme Witchcraft, há pouco mais de dois anos, incubado na ressaca de mais um revés na vida pessoal de Everett, com algumas chagas do seu segundo divórcio ainda muito vivas em várias canções desse disco, para termos apenas mais três exemplos impressivos sobre o modo como essa profunda sinceridade confessional esteve sempre presente na criação artística dos Eels e que, por causa dela, torna-se fácil simpatizar automaticamente com a história de vida desta personalidade fundamental para a descrição de alguns dos mais bonitos momentos sonoros do universo indie das últimas três décadas e que ainda procura, com uma ansiedade controlada e natural, a verdadeira felicidade.

Eels Time! não foge, portanto, a essa permissa, ocupando-se, desta vez, do modo como Everett vive uma espécie de crise de meia idade. Em várias canções percebe-se que o músico pretende dizer que que já viveu e passou por imenso na sua vida e que, após tantos anos, acaba por ser na simplicidade de um passeio a um centro comercial ou no modo como se sente responsável pela sobrevivência de um pequeno peixe dourado, que vê preenchida a sua existência.

Sonoramente, os Eels continuam, de algum modo a surpreender. Aliás, este projeto ainda sobrevive no universo indie rock devido à forma como tem sabido adaptar-se às transformações musicais que vão surgindo no universo alternativo, fazendo-o sem que haja uma perca de identidade na conduta sonora do grupo. E, pelos vistos, por muito que se atrevam a prescutar teritórios mais agressivos, é mesmo no campo da pop e da indie folk que os Eels se sentem mais confortáveis e que conseguem, com particular mestria, criar momentos de sincera e sentida emoção sonora.

Assim, neste álbum, se temas como Goldy ou Lay With The Lambs apostam em territórios sonoros mais eletrificados e, de certo modo, mais angulosos, já em temas como If I'm Gonna Go Anywhere e Sweet Smile um evidente espírito predominantemente acústico foi permissa essencial da construção da base melódica dessas duas canções, acabando também por impressionar pelo inedetismo de alguns entalhes sintetizados que se vão insinuando por cordas acomodadas com sobriedade e por um registo percussivo bem vincado, criando nas mesmas um clima planante e algo psicadélico, com um elevado travo experimentalista, a fazer lembrar a sonoridade predominante dos primeiros discos da banda, nomeadamente o Beautiful Freak, de mil novecentos e noventa e seis.

Eels Time! é, em suma, mais uma narrativa que serve para Everett confessar dores e arrependimentos e desejar que ainda haja um futuro risonho à sua espera, enquanto mantém bem viva a aúrea de um grupo essencial no momento de contar a história do melhor rock alternativo das últimas três décadas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:14

Wallows – A Warning

Sexta-feira, 17.05.24

Os Wallows têm a sua génese em Los Angeles há meia década e são atualmente formados por Dylan Minnette, Braeden Lemasters e Cole Preston. Logo em dois mil e dezassete começaram a divulgar música com o single Pleaser, que alcançou centenas de milhar de audições nas plataformas digitais, o que lhes valeu a atenção de Atlantic Records e um contrato com essa editora. Spring foi o título do EP de estreia do projeto, em dois mil e dezoito e o primeiro longa duração, Nothing Happens, chegou no ano seguinte, tendo como grande destaque do seu alinhamento o single Are You Bored Yet?.

Wallows share new single 'Calling After Me' and reveal tracklist for 'Model'

A sequência discográfica ganhou nova vida em dois mil e vinte com o EP Remote, do qual fazia parte uma melancólica canção intitulada Wish Me Luck e que encerrava o alinhamento do registo. No início do outono de dois mil e vinte e um, os Wallows voltaram à carga com um single intitulado I Don’t Want to Talk, uma canção sobre inseguranças, que antecipou o segundo registo dos Wallows, um trabalho intitulado Tell Me That It's Over, que chegou aos escaparares a vinte e cinco de março deste ano e que tem finalmente sucessor.

Model é o título do terceiro álbum dos Wallows, um registo produzido por John Congleton e que vai ver a luz do dia já a vinte e quatro deste mês, com a chancela da Atlantic Records. Já foram extraídos vários singles do alinhamento de Model e o mais recente é A Warning, uma canção que sonoramente assenta num indie rock de superior calibre, que impressiona pelo vigor de um baixo tremendamente encorpado, exemplarmente acompanhado pela bateria, com alguns efeitos sintéticos faustosos e insinuantes a darem vivacidade e cor a um tema que também teve direito a um extraordinário vídeo, assinado por Nina Ljeti. Confere A Warning e o artwork e a tracklist de Model...

Wallows - Model Lyrics and Tracklist | Genius

Your Apartment
Anytime, Always
Calling After Me
Bad Dream
A Warning
I Wouldn’t Mind
You (Show Me Where My Days Went)
Canada
Don’t You Think It’s Strange
She’s an Actress
Going Under
Only Ecstasy

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publicado por stipe07 às 16:45

EELS – If I’m Gonna Go Anywhere

Segunda-feira, 13.05.24

Quase três anos depois do excelente registo Extreme Witchcraft, os Eels de E. (Mark Oliver Everett), Kool G Murder e P-Boo, estão de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Eels Time!, o décimo quinto registo da carreira do grupo norte-americano, um alinhamento de doze canções que irá ver a luz do dia a sete de junho com a chancela do consórcio E Works e PIAS Recordings.

Gravado em Los Feliz, na Califórnia, e Dublin, na Irlanda, com a colaboração do músico e ator Tyson Ritter, Eels Time! irá conter alguns dos temas mais introspetivos e pessoais que Mark Oliver Everett escreveu e compôs na sua carreira, muito à imagem do que criou no disco End Times, em dois mil e dez, algo que estava bem patente em Time, o primeiro single retirado do álbum e que divulgámos no início do mês de março.

No entanto, não é só de intimidade e acusticidade que irá viver Eels Time!, tendo em conta Goldy, o segundo single retirado do registo e terceira canção no seu alinhamento e um dos temas escritos a meias com Ritter, canção que divulgámos no início do passado mês de abril e que apostava em territórios sonoros mais eletrificados e, de certo modo, mais angulosos.

Esta abrangência sonora bem patente nos dois primeiros singles não desmente a expetativa inicial relativamente a Eels Time! e que foi descrita acima, porque um evidente espírito predominantemente acústico foi permissa essencial da construção da base melódica dessas duas canções, mesmo de Goldy, algo que se mantém em If I'm Gonna Go Anywhere, o terceiro single retirado do alinhamento do disco. Trata-se de uma composição que, à semelhança de Goldy, foi escrita a meias com Ritter e que impressiona pelo inedetismo de um entalhe sintetizado que se vai insinuando por cordas acomodadas com sobriedade e por um registo percussivo bem vincado, criando um clima planante e algo psicadélico, com um elevado travo experimentalista, a fazer lembrar a sonoridade predominante dos primeiros discos da banda, nomeadamente o Beautiful Freak, de mil novecentos e noventa e seis.

If I'm Gonna Go Anywhere é, sem dúvida, mais uma belíssima amostra de um disco que deverá estar recheado de composições felizes e empolgantes, que irão manter bem viva a aúrea de um grupo essencial no momento de contar a história do melhor rock alternativo das últimas três décadas. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:46

Local Natives – But I’ll Wait For You

Terça-feira, 30.04.24

Quase um ano depois do excelente disco Time Will Wait For No One, os Local Natives de Taylor Rice estão de regresso ao formato longa duração em dois mil e vinte e quatro, à boleia de But I’ll Wait For You, um alinhamento de dez canções que, de acordo com a própria banda, é uma espécie de segundo tomo ou de continuação do conteúdo do antecessor, algo que o título do disco de algum modo faz prever. But I’ll Wait For You, o sexto disco da carreira da banda californiana, tem a chancela da Loma Vista Recordings.

Local Natives announce new album, But I'll Wait For You | The Line of Best  Fit

Time Will Wait for No One foi incubado num período de metamorfose dos Local Natives. Era um disco muito marcado pela questão pandémica e em que, além de importantes eventos familiares no seio do grupo, já que alguns membros da banda experimentaram a paternidade, exprimia um elevado desejo de mudanças sonoras e de experimentar novas abordagens instrumentais no seio da banda, depois do sucesso que foi Violet Street. Tal conjuntura era propícia a um faustoso manancial de criatividade, que parece realmente ter sucedido, já que estas dez novas composições dos Local Natives foram incubadas praticamente em conjunto com os temas que fizeram parte do alinhamento do antecessor.

Assim, é natural que exista um fio condutor entre ambos os discos e as traves mestras sonoras de ambos sejam similares. De facto, But I'll Wait For You assenta a sua filosofia interpretativa em canções que parecem ser aparentemente simples e diretas mas que, na verdade, estão repletas de nuances, efeitos, variações rítmicas e uma riqueza instrumental que nem sempre é evidente, coabitando nele atmosferas mais enérgicas e pulsantes, como em Throw It Into The Fire ou April, um oásis de vigor e cor, feito com variadas emanações sumptuosas e encaixes musicais sublimes, com instantes de maior densidade e contemplação, como em Alpharetta, uma típica composição de abertura de disco, com um perfil bastante acolhedor e repleta de diversos entalhes acústicos e sintéticos que vão surgindo numa melodia suportada por cordas singelas, um modus operandi que, sendo cada vez mais emotivo e buliçoso, se repete, por exemplo, em Camera Shy, um tema sentimentalmente tocante.

Depois, fazendo uma espécie de contraponto e de simbiose de toda esta trama, a harmoniosa identidade falsamente minimalista que define Ending Credits e, principalmente, o modo como Neon Memory combina uma base sintética rítmica algo hipnótica, com diversos arranjos orgânicos que colocam as cordas na linha da frente da alma melódica da canção, demonstram a perícia cada vez maior dos Local Natives em exalar minúcia, criatividade e diversidade estilística, sem deixar que as canções percam o perfil charmoso, pueril e classicista que faz já parte do adn sonoro do projeto e não resvalem para um caos desnecessário, sendo as diversas interseções e nuances que se vão escutando, controladas e calculadas milimetricamente.

Em suma, But I'll Wait For You é um disco pleno de complexidade e com uma riqueza ímpar, caraterísticas que comprovam o modo inteligente e criativo como os Local Natives, continuam a querer explorar novos caminhos e possibilidades, enquanto idealizam e concretizam colagens simbióticas de diferentes puzzles com tonalidades diferentes, de modo a obter um resultado final sólido e homogéneo, com uma atmosfera bem delineada e que atesta também uma vontade permanente de estreitar o mais possível quaisquer distâncias que possam existir entre as vertentes líricas e musical. Espero que aprecies a sugestão...

 

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publicado por stipe07 às 16:15

Local Natives - Alpharetta

Sexta-feira, 19.04.24

Quase um ano depois do excelente disco Time Will Wait For No One, os Local Natives de Taylor Rice estão de regresso ao formato longa duração em dois mil e vinte e quatro, à boleia de But I’ll Wait For You, um alinhamento de dez canções que, de acordo com a própria banda, é uma espécie de segundo tomo ou de continuação do conteúdo do antecessor, algo que o título do disco de algum modo faz prever. But I’ll Wait For You terá a chancela da Loma Vista Recordings, vai ver a luz do dia a dezanove de abril e será o sexto da carreira da banda californiana.

Local Natives share new single, "Alpharetta" | The Line of Best Fit

April, o oitavo tema do alinhamento de But I’ll Wait For You, foi o primeiro single retirado do álbum e que divulgámos por cá no início deste mês de abril. Era, como certamente se recordam, um oásis de vigor e cor, feito com variadas emanações sumptuosas e encaixes musicais sublimes, um modus operandi que se mantém de modo menos majestoso, mais igualmente impressivo, em Alpharetta, o mais recente single retirado do disco e a canção que abre o seu alinhamento.

Alpharetta é uma típica composição de abertura de disco, com um perfil bastante acolhedor e sonoramente introdutória em relação ao conteúdo sonoro do restante alinhamento. Os diversos entalhes acústicos e sintéticos que vão surgindo numa melodia suportada por cordas singelas, assim como o jogo vocal que se estabelece entre Taylor Rice e Ryan Hahn, demonstram a perícia cada vez maior dos Local Natives em exalar minúcia, criatividade e diversidade estilística, sem deixar que as canções percam o perfil charmoso, pueril e classicista que faz já parte do adn sonoro do projeto e não resvalem para um caos desnecessário, sendo as diversas interseções e nuances que se vão escutando, controladas e calculadas milimetricamente.

Em suma, e como já é hbitual nos Local Natives, Alpharetta é um tema pleno de complexidade e com uma riqueza ímpar, caraterísticas que comprovam o modo inteligente e criativo como os Local Natives idealizam e concretizam colagens simbióticas de diferentes puzzles com tonalidades diferentes, de modo a obter um resultado final sólido e homogéneo. Confere Alpharetta e o vídeo do tema realizado por Jonathan Chu...

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publicado por stipe07 às 17:00

Lo Moon – I Wish You Way More Than Luck

Terça-feira, 09.04.24

Pouco mais de um ano depois do extraordinário álbum A Modern Life, a revigorante indie pop psicadélica dos norte-americanos Lo Moon de Matt Lowell está de regresso à boleia de I Wish You Way More Than Luck, um álbum com dez canções, produzido por Mike Davis (Ratboys, Pool Kids, Great Grandpa), misturado por Alan Moulder e que chegou aos escaparates com a chancela do consórcio Thirty Tigers / The Orchard.

Lo Moon announce the forthcoming album, I Wish You Way More Than Luck | The  Line of Best Fit

Os Lo Moon são exímios no modo como criam canções com enorme essência pop, ao mesmo tempo que olham com gula para a melhor herança dos anos oitenta do século passado, com bandas como os Talk Talk a saltarem logo do nosso imaginário sonoro assim que escutamos alguma das suas criações que, no caso de I Wish You More Than Luck, falam daquilo que vamos deixando para trás ao longo da nossa vida, amigos, familiares, locais, amantes e a importância que a aceitação dessas evidências acaba por definir, quase sempre, o perfil sentimental da nossa jornada existencial.

Em canções como Evidence, que se debruça sobre a vontade que todos devemos ter de aprender com os nossos erros, começando por contemplar a inocência das primeiras relações amorosas e a jornada existencial que nesse instante das nossas vidas todos iniciamos e o modo como a mesma pode fazer de nós melhores companheiros e pessoas, está bem patente a filosofia estilística de um disco que, de facto, pretende estabelecer um forte contacto íntimo com o ouvinte e criar laços. Water mantém esse cunho de intimidade e de busca de identificação, mas é Borrowed Hills que, não renegando o perfil sonoro e estilistico dos temas anteriores, quem se assume como composição central do disco. Não será à toa que abre o seu alinhamento, servindo, assim, de montra para a filosofia subjacente ao conteúdo de I Wish You More Than Luck, álbum também muito marcado pela questão do pós pandemia e do modo como todos precisamos de encontrar novos horizontes e caminhos, num mundo em que se adivinha um futuro muito incerto e algo obscuro para todos nós.

A partir daí, no rock vibrante e impulsivo de Waiting a Lifetime, na reconfortante luminosidade de When The Kids Are Gone, na simplicidade folk de Day Old News e na insinuante grandiosidade de Mary In The Woods, somos afagados por pouco mais de quarenta minutos que, num misto de intimidade e majestosidade, na delicadeza das cordas, no toque suave do piano e em diversos efeitos cósmicos planantes, criam no nosso âmago uma intensa sensação de nostalgia, também conduzida pela falsete adocicado de Lowell, mostrando, com elevado grau de impressionismo, o modo astuto como este projeto natural de Los Angeles consegue, uma vez mais, mexer com as nossas emoções. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:23






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