man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Rui Gabriel – Compassion
Nascido na Venezuela, com a infância vivida na Nicarágua e emigrante nos Estados Unidos, primeiro em Nova Orleães, onde fez parte da banda punk Lawn e agora sedeado em Fort Wayne, no Indiana, Rui Gabriel acaba de se estrear nos discos com um álbum intitulado Compassion, dez canções coproduzidas por Nicholas Corson e que refletem sobre estas mudanças do músico na sua vida, as pessoas que o marcaram e que, no fundo, abordam a transição para a vida adulta.
Compassion é um capítulo eufórico e radiante de abertura de carreira de um músico que promete criar uma epopeia estilística sonora que vai privilegiar e colocar sempre em declarado ponto de mira, apostamos, a herança do melhor indie rock alternativo da década de noventa do século passado. Mas não se pense que esta nossa impressão é depreciativa, no que concerne à predisposição de Rui Gabriel, na hora de criar e compôr, se dedicar apenas a um processo criativo de recorte e colagem de influências, sem induzir um cunho próprio e algo inédito. Logo a abrir o disco, as cordas acústicas, o piano e o violoncelo que adornam com mestria Dreamy Boys e, no ocaso do álbum, em Money, a batida sintética planante, exemplarmente acompanhada pelo piano e pelo baixo, uma trama que nos remete para a melhor herança de uns Primal Scream, entroncando no leque de influências preferencial do autor, comprovam a abrangência das mesmas e o modo como o músico consegue, navegando num leque tão vasto, arquitetar o seu adn sonoro, com subtileza, arrojo, desenvoltura e superior habilidade criativa.
De facto, é essa a grande ideia que transparece da audição de Compassion, uma capacidade superior de abrir um leque muito específico e esticá-lo o mais possível, sem que se parta. O rugoso perfil folk de Church of Nashville, uma canção que os Wilco não se importariam nada de terem criado nos dias de hoje, o travo psicadélico de Target, induzido por uma melodia sintética hipnótica, uma batida vibrante, diversos detalhes percussivos, o clima cósmico tremendamente dançante e anguloso de Change Your Mind e o fuzz insinuante de uma guitarra e o timbre solarengo e surf lo fi das cordas vibrantes que sustentam Summertime Tiger, comprovam que este músico dá razão a quem considera que o melhor indie rock alternativo não é nada mais nada menos do que aquele rock que consegue agregar pitadas daqui e de acolá, com subtileza, arrojo, desenvoltura e superior habilidade criativa, algo que sucede neste álbum de estreia de Rui Gabriel com ímpar sabedoria.
Em suma Compassion tem como grande atributo conseguir, umas vezes com indisfarçável subtileza e outras com esplendoroso requinte, unir, congregar, construir e desconstruir e sublinhar todo um universo de géneros e estilos que influenciam o autor e que, curiosamente, ou talvez não, no fundo também demarcam as fronteiras do melhor cancioneiro norte americano alternativo atual. Uma grande estreia de um projeto que promete imenso. Espero que aprecies a sugestão...
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Strand Of Oaks – Somewhere In Chicago
Foi há cerca de dois anos que Tim Showalter editou Eraserland, o sétimo registo de originais em que assinou Strand Of Oaks e que tinha sucedido aos excelentes discos Hard Love e Heal, este último o trabalho que colocou Oaks nas luzes da ribalta e que foi, de acordo com o autor, gravado numa época tumultuosa e sobre enorme pressão. A boa aceitação por parte da crítica e dos fãs desta sua caminhada discográfica mais recente acabou por constituir um bálsamo retemperador para o músico natural de Indiana e agora sedeado em Austin, que já tem pronto o seu oitavo álbum. É um alinhamento de onze canções chamado In Heaven e que irá ver a luz do dia a um de outubro próximo, contando, nos créditos, com Kevin Ratterman na bateria, com os membros dos My Morning Jacket, Carl Broemel e Bo Koster, na guitarra e nas teclas, respetivamente, assim como do baixista Cedric LeMoyne, do violinista Scott Moore e ainda de James Iha, dos Smashing Pumpkins, na voz e na guitarra no tema Easter.
Galacticana, o tema que abre o disco, foi a primeira amostra divulgada de In Heaven, uma composição de intenso travo setentista, plena de intimismo e nostalgia, banhada por um manto luminoso feito com a melhor indie folk que se pode ouvir atualmente. Depois chegou a vez de conferirmos Jimi And Stan, a sexta composição do álbum, uma canção dedicada ao gato de Tim que morreu há três anos com cancro e que se chamava Stan.
Agora, é a vez de conferirmos Somewhere In Chicago, o quinto tema do alinhamento de In Heaven, uma canção que homenageia o cantor e compositor country americano John Prine, que faleceu o ano passado e que, seguindo a linha nostálgica das composições anteriores, nos oferece, à boleia de belíssimos arranjos de cordas e uma diversidade orquestral significativa, um clima sonoro com um pendor ainda mais clássico e romântico. Confere...
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Strand Of Oaks – Weird Ways
Foi há cerca de dois anos que Tim Showalter editou Hard Love, o quinto registo de originais em que assinou Strand Of Oaks. Hard Love sucedeu ao aclamado disco Heal, que o colocou, em dois mil e catorze, nas luzes da ribalta e foi, de acordo com o autor, um trabalho gravado numa época tumultuosa e sobre enorme pressão, devido ao peso do sucesso de Heal e ao escurtínio que sabia que iria ser feito relativamente ao sucessor desse tão bem sucedido trabalho. A boa aceitação por parte da crítica e dos fãs de Hard Love, acabou por constituir um bálsamo retemperador para Showalter que gsnhou elan para colocar nos escaparates, o ano passado, um alinhamento de demos melhorados que sobraram das gravações de Hard Love, intitulado Harder Love, um alinhamento alternativo que encerrou um capítulo importante da vida discográfica do autor e o deixou de mente limpa e consciência tranquila para o próximo passo.
Agora, um ano depois, Strand Of Oaks anuncia o seu sexto e novo disco, um registo intitulado Eraserland, que irá ver a luz do dia a vinte e dois de março à boleia da Dead Oceans. Será um trabalho curioso porque conta com a participação especial dos My Morning Jacket como banda de suporte de Showalter, além do guitarrista Jason Isbell e da voz de Emma Ruth Rundle num dos temas.
Weird Ways é o primeiro single divulgado de Eraserland, uma composição já com direito a um vídeo realizado por David Boone e onde se sente uma genuína entrega por parte do autor. É uma canção plena de intimismo e nostalgia, que começa banhada por um manto etéreo de acusticidade, mas que depois, envolvida por uma vibe pop oitocentista indisfarçável, fica repleta de orquestrações opulentas e, apesar do ruido e da distorção da guitarra, contém, no seu todo, um grau de refinamento classicista incomensuravelmente belo. Confere o vídeo de Weird Ways e a tracklist de Eraserland...
Weird Ways
Hyperspace Blues
Keys
Visions
Final Fires
Moon Landing
Ruby
Wild And Willing
Eraserland
Forever Chords
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Mock Orange – Put The Kid On The Sleepy Horse
Topshelf Records é o nome da etiqueta que abriga os Mock Orange, banda norte americana oriunda de Evansville, no Indiana, formada por Ryan Grisham, Joe Asher, Heath Metzger e Zach Grace e de regresso aos lançamentos discográficos com Put The Kid On The Sleepy Horse, dez canções que do rock clássico, a ambientes mais experimentais e até progressivos, nos levam até ao melhor do rock independente que se fazia do outro lado do atlântico no ocaso do século passado.
Banda importante do cenário indie local e com alguns registos que deixaram uma marca indelével no panorama musical norte americano, nomeadamente Nines & Sixes, o terceiro disco do grupo, editado em 1998 e que continha o clássico Growing Crooked, os Mock Orange chegam ao décimo longa duração dispostos a dar mais um passo em frente de elevada bitola qualitativa, no novo fôlego da sua carreira, que teve um segundo pontapé de saída, digamos assim, com Disguised As Ghosts (2011), o antecessor deste Put The Kid On The Sleepy Horse. Assim, se I'm Leaving nos oferece o melhor da herança pulsante que este quarteto guarda no seu cardápio sonoro, o ambiente mais climático e intimista de High Octane Punk Mode elucida-nos acerca do modo sensivel e melódico como estes Mock Orange também sabem compôr. Já o fuzz inebriante da guitarra de Nine Times inclui-se na tal demanda por ambientes mais inusitados e nem sempre óbvios, tendo em conta o percurso anterior do grupo.
Put The Kid On The Sleepy House acaba por ser mais um passo em frente no propósito de Ryan Grisham, o grande mentor deste projeto, apresentar ao público uns Mock Orange precisos no modo como replicam o som roqueiro e lo fi do passado, exemplarmente revisitado em Window, mas também alinhados com as tendências mais recentes do campo sonoro em que se movimentam, procurando, simultaneamente, aquela salutar contemporaneidade que todos os grupos de sucesso necessitam e precisam, independentemente da riqueza quantitativa e qualitativa da sua herança e também renovar a sua base de seguidores com um público mais jovem, sempre atento e ávido por boas novidades.
Seja como for, e como de algum modo já referi, o adn dos Mock Orange é muito respeitado neste compêndio, mais que não seja pela filosofia melódica e instrumental subjacente ao arquétipo sonoro das canções, um respeito patente no rock cássico a destilar blues em Chrome Alligator e no clima mais pop de Be Gone. Portanto, estando presente em Put The Kid On The Sleepy Horse a estética sonora novocentista em todo o seu esplendor, canções do calibre da esplendorosa Too Good Your Dreams Don’t Come True conseguem, salutarmente, estabelecer pontes e, de certo modo, oferecer novos desafios ao cardápio da banda ao mesmo tempo que não defraudam quem é mais devoto relativamente à história dos Mock Orange.
Put The Kid On The Sleepy Horse pode ser, para muitos, apenas mais um sinal de vida de uma banda que duas décadas depois achou que poderia voltar a ser relevante, mas a verdade é que, tendo em conta o estatuto que construiu, voltando a compôr não pode nunca aspirar a menos que isso, havendo aqui acerto criativo, patente na generalidade das canções e que deve ser exaltado por encarnar também a coragem do grupo para prosseguir. Espero que aprecies a sugestão...
01. I’m Leaving
02. High Octane Punk Mode
03. Nine Times
04. Window
05. Be Gone
06. Some Say
07. Chrome Alligator
08. Too Good Your Dreams Don’t Come True
09. Intake
10. Tell Me Your Story
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Houndmouth – Little Neon Limelight
Editado a dezassete de março através da Rough Trade, Little Neon Limelight é o novo álbum dos Houndmouth, uma banda orte americana natural de New Albani, em Indiana, formada por Matt Myers, Shane Cody, Katie Toupin e Zak Appleby e que chama a si o tipico indie rock norte americano, temperado pela soul e pelo blues, resgatando influências hippies e fortalecendo um som de oposição ao que têm proposto ultimamente as guitarras típicas da cena indie norte americana, nomeadamente num registo mais punk, principalmente o que é oriundo da região de Brooklyn, Nova Iorque.
Os Houndmouth mergulham então numa psicadelia folk algo nostálgica e ligeira, muito à semelhança do que sucedeu nos primórdios do rock influenciado pelo sol da Califórnia e pela maré constante de fuzileiros que partiam para o Vietname, algures nos anos sessenta, além de se apoiarem num som montado em cima de um coletivo musical, que reproduz jovialmente uma força neo hippie que preenche cada instante das onze músicas deste álbum.
Da pop solarenga de Sedona, passando pela toada country de Otis e Honey Slider, a bucólica for No One e por aquele rock ritmado e musculado que Elvis cimentou há meio século e que 15 years replica numa visão mais contemporânea e com alguns tiques gospel a lançarem ainda mais achas para a fogueira, Little Neon Limelight parece uma visita guiada À herança sonora de uma América que inspira uma banda que se entrega de peito aberto a uma musicalidade calcada em antigas nostalgias, deixando-se consumir abertamente por ´varias referências típicas do outro lado do atlântico e que percorrem cada uma das onze canções e expandem os territórios deste grupo de Indiana.
A simbiose entre estes diferentes géneros possibilita também que eles se encontrem em alguns momentos, como em Gasoline, canção cuja viola acústica e um registo vocal coletivo irrepreensivel formaliza uma tentativa descarada de aproximação com o cancioneiro norte americano, ou no indie rock animado, certeiro e dançavel de Say It, canção que funde guitarras, baixo e teclados com uma percussão com invulgar mestria e que tanto pode animar uma movimentada praia californiana em hora de ponta, como uma quermesse de domingo bem no interior do Tennessee.
Parecendo não se importar por transmitir em alguns momentos uma óbvia sensação de despreocupação, claramente audível na inserção de sons típicos de um convivio em pleno estúdio e que são deixados propositadamente para dar um ar mais natural a algumas canções, Little Neon Limelight cativa pelo modo como espalha um charme e uma delicadez algo invulgares, ao mesmo tempo que transmite sensações onde a nostalgia do nosso quotidiano facilmente se revê enquanto plasma o que de melhor o indie rock norte americano mais genuino ofereceu ao mundo no último meio século. Espero que aprecies a sugestão...
01. Sedona
02. Otis
03. 15 Years
04. For No One
05. Black Gold
06. Honey Slider
07. My Cousin Greg
08. Gasoline
09. By God
10. Say It
11. Darlin’