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Dehd - Mr Grieves (Pixies cover)

Quinta-feira, 24.10.24

Como os leitores e ouvintes mais atentos certamente se recordam, um dos grandes discos da última primavera, e que esteve em alta rotação na nossa redação, foi Poetry, um alinhamento de catorze canções assinado pelos norte-americanos Dehd, de Emily Kempf, Jason Balla e Eric McGrady. Poetry sucedeu, na altura, ao também excelente álbum Blue Skies, de dois mil e vinte e dois e tinha a chancela da insuspeita Fat Possum.

DEHD – ” Mr Grieves ” (Pixies Cover) | The Fat Angel Sings

Agora, em pleno outono, os Dehd estão de regresso ao nosso radar devido a uma cover que assinam para Mr Grieves, tema que, como todos certamente sabem, é um clássico dos Pixies e que fazia parte do disco Doolittle que a banda liderada por Black Francis editou em abril de mil novecentos e oitenta e nove, ainda a tempo de se tornar num verdadeiro clássico dessa década.

Nesta nova roupagem de Mr Grieves, os Dehd apostaram todas as fichas num registo interpretativo um pouco mais minimal e orgânico do que o original, que impressionava pelo seu cariz abrasivo e garageiro. Assim, o trio sedeado em Chicago, no Illinois, incubou uma cover que encarna uma curiosa mistura entre soul, blues e ska, apimentada pelo sempre teatral e dramático registo vocal de Emily Kempf, uma das imagens de marca dos Dehd. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:43

Wilco – Hot Sun Cool Shroud EP

Segunda-feira, 08.07.24

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o álbum que os Wilco lançaram o ano passado, não fugiu a essa permissa, assim como o novo EP do projeto, um tomo de seis canções intitulado Hot Sun Cool Shroud, que serve para comemorar os trinta anos de carreira do grupo de Chicago, mas também o verão, o calor e o prazer físico que o sol indubitavelmente transmite.

Wilco - Hot Sun Cool Shroud - Northern Transmissions

O formato EP sempre fez parte da história da carreira dos Wilco, mas quase sempre serviu de apêndice aos álbuns que a banda ia lançando. Talvez o melhor exemplo disso seja o EP More Like the Moon, que em dois mil e três fez parte das edições de luxo e promocionais de Yankee Hotel Foxtrot.

Hot Sun Cool Shroud parece ter uma filosofia diferente, não só por causa do hiato temporal relativamente ao último longa duração, mas também, e principalmente, porque a própria estrutura e sonoridade do seu alinhamento parece obedecer ao que a banda de Jeff Tweedy costuma encarnar em disco. Assim, há uma homogeneidade sonora, assente em canções diretas, com um elevado travo orgânico e em que as guitarras assumem o comando estilístico e melódico, mas também uma temática transversal ao registo, o calor, o verão e o sol.

Logo a abrir o EP, em Hot Sun, uma contundente espiral elétrica, acamada por um baixo vigoroso, marca, com elevado virtuosismo, os pouco mais de dezassete minutos do registo. Enquanto Tweedy versa sobre o prazer físico que o sol lhe provoca, um timbre metálico repetitivo, hipnótico e enleante assume as rédeas e, simultaneamente, traz-nos logo à memória a memorável herança da obra prima da banda de Chicago, o aclamado Yankee Hotel Foxtrot de dois mil e um, ainda hoje, com inteira justiça, um dos discos essenciais da indie folk rock alternativa contemporânea. Pouco depois e a seguir ao orgasmo grunge que se escuta em Livid, a psicadelia folk de superior filigrana que nos embala em Ice Cream, pôe em campo a faceta experimental e lisérgica que os Wilco tanto prezam e que certamente quiseram que este EP também tivesse.

O momento maior de Hot Sun Cool Shroud está em Annihilation, uma aprimorada visão detalhística, quer ao nível das cordas, quer da percussão, daquilo que deve estar presente na estutura de uma boa canção de indie rock, que tanto queira exalar uma vertente radiofónica, como climas marcadamente progressivos e rugosos e onde não falte, também, um sempre indispensável piscar de olhos a climas eminentemente experimentais e inéditos.

O intrigante pendor lisérgico de Say You Love Me, uma composição que olha com gula para a herança do melhor catálogo dos famosos fab four,  é a proposta que os Wilco nos deixam de banda sonora para um pôr do sol perfeito, rematando assim um mini disco que se tivesse mais duas ou três composições de semelhante calibre, encarnaria, certamente, uma verdadeira obra-prima que mereceria figurar, com inteira justiça, num lugar bastante cimeiro dos melhores discos da carreira do projeto. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 10:56

Cassettes On Tape – Lost Filter vs Are You There

Quarta-feira, 28.02.24

Os Cassettes On Tape são uma banda post punk de Chicago formada por Joe Kozak (guitarras e voz), Greg Kozak (baixo e voz), Shyam Telikicherla (guitarras e voz) e Chris Jepson (bateria), que deram o pontapé de saída há cerca de uma década com os eps Cathedrals (2012) e Murmurations (2014). Estrearam-se nos lançamentos discográficos em formato longa duração em dois mil e dezassete com Anywhere, dez canções produzidas e misturadas por Jamie Carter no Atlas Studio e na Pie Holden Suite, em Chicago e masterizadas por Carl Saff.

Alright Already | Cassettes on Tape

Cinco anos após essa auspiciosa estreia, os Cassettes On Tape regressaram em dois mil e vinte e dois ao processo criativo, começando por divulgar, no início do verão desse ano, duas novas canções que, já na altura, lançaram rumores de poder estar para breve um novo disco do grupo. Os temas chamavam-se Pinks And Greys e Summer In Three e ambos assentavam numa receita assertiva que, olhando com gula para a simbiose de legados deixados por nomes como Ian Curtis ou Robert Plant e não descurando a habitual cadência proporcionada pela tríade baixo, guitarra e bateria e uma outra tendência mais virada para a psicadelia, primavam por um sofisticado bom gosto melódico, com forte impressão oitocentista.

Depois, já em pleno outono desse mesmo ano, os Cassettes On Tape voltaram às luzes da ribalta com um naipe de novas canções. Começaram por divulgar um novo tema intitulado Hopeful Sludge, dias depois voltaram à carga com High Water e, já em dois mil e vinte e três, há precisamente um ano, chegou à nossa redação Summer Ghost e Alright Already.

Agora, já em dois mil e vinte e quatro, e sem a confirmação de um novo álbum, os Cassettes On Tape, voltam a revelar uma dupla de composições, os temas Lost Filter e Are You There. São duas composições com um forte pendor nostálgico, que olham com gula para o melhor rock alternativo noventista. Guitarras com um delicioso travo lo fi, que tanto replicam um perfil sonoro quase acústico, no caso de Lost Filter, como debitam cascatas de distorções rugosas e impulsivas, imponentes em Are You There, uma produção crua e um perfil interpretativo melódico inspirado, são o modus operandi essencial destes dois temas, que exemplificam o modo vigoroso como este quarteto dá uma elevada primazia aos detalhes e, mesmo no meio do ruído, não descuram um considerável cariz etéreo. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:43

Bright Eyes – Christmas In Prison

Quarta-feira, 20.12.23

Aproxima-se o natal e, como é hábito, algumas bandas aproveitam para gravar temas relacionados com esta época tão especial, sejam versões de clássicos, ou originais escritos propositadamente para a ocasião. E nós, como também é habitual, cá estamos, ano após ano, para ir divulgando algumas das propostas mais interessantes do género, que podem dar um colorido diferente a esta época tão especial e que também se costumam materializar no formato programa de rádio deste blogue, que vai para o ar todas as semanas, na Paivense FM.

BRIGHT EYES | CHRISTMAS IN PRISON (FEAT. JOHN PRINE)

Assim, depois de ontem termos revelado a lindíssima roupagem que os irlandeses Villagers, com a ajuda da conterrânea Lisa Hannigan, criaram para o clássico The Little Drummer Boy, uma popular canção de natal escrita pela compositora norte-americana Katherine Kennicott Davis em mil novecentos e quarenta e um, hoje chega a vez de nos deliciarmos com mais uma versão, esta assinada pelos norte-americanos Bright Eyes, encabeçados pelo compositor e guitarrista Conor Oberst, ao qual se juntam, atualmente, o produtor e multi-instrumentista Mike Mogis, o trompetista e pianista Nate Walcott e vários colaboradores rotativos, vindos principalmente do cenário musical indie de Omaha.

O tema que os Bright Eyes revisitaram para esta época tão especial foi Christmas In Prison, um original de John Prine, que fazia parte do disco Sweet Revenge, que o músico e compositor norte-americano, natural de Maywood, no Illinois, falecido em dois mil e vinte com covid, lançou em mil novecentos e setenta e três.

A nova roupagem dos Bright Eyes para Christmas In Prison, que inclui um sample de A John Prine Christmas, é um portento de indie folk, onde sobressai um incrível e enleante jogo de sedução entre as vozes e as cordas, gizado por uma secção rítmica aconchegante e embaladora. É uma composição onde abundam diversificados arranjos, marcados pelo uso de pequenas orquestrações e que, mostrando-se de modo milimetricamente calculado, oferecem à versão um perfil aconchegante e festivo, sem colocar em causa a essência cândida do original. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:55

Jeff Tweedy - Filled With Wonder Once Again

Quinta-feira, 26.10.23

O norte-americano Jeff Tweedy, líder do míticos Wilco, é, claramente, um dos músicos mais profícuos e criativos do cenário musical alternativo atual. Concretizando, na última década e meia, ao comando da sua banda, idealizou e incubou The Whole Love (2011), Star Wars (2015), Schmilco (2016) Cruel Country (2022) e, muito recentemente, Cousin (2023). Entretanto, em dois mil e dezoito, aproveitou para escrever uma auto-biografia intitulada Let's Go (So We Can Get Back): A Memoir of Recording and Discording with Wilco, Etc., onde dissertou sobre aspetos da sua personalidade e do seu trajeto nos Wilco.

Jeff Tweedy - Filled With Wonder Once Again

À boleia desse exaustivo exercício escrito de introspeção, acabou por criar alguns registos a solo, sendo o mais conseguido WARM, onze canções que viram a luz do dia nesse mesmo ano de dois mil e dezoito com a chancela da insuspeita dBpm Records e que sucederam a Together at Last (2017), um registo de versões de alguns dos temas mais emblemáticos da sua, na altura, já extensa carreira. Depois de WARM, em dois mil e dezanove chegou Warmer, disco que, conforme o título indica, não estava dissociado do conteúdo do antecessor, já que, além de ter sido gravado durante o mesmo período em que foi captado WARM, acabou por, na sua essência, obedecer à mesma filosofia sonora estilística.

No início do estranho outono de dois mil e vinte, Jeff Tweedy deu ao mundo Love Is The King, a última obra discográfica em nome próprio de um compositor que assenta o seu processo criativo numa concepção de escrita que explora bastante a dicotomia entre sentimentos e no modo criativo e refinado como musica as letras que daí surgem, aliando o seu adn pessoal às tendências mais contemporâneas da folk e do rock alternativo.

Agora, novamente num outono algo atípico, Jeff Tweedy volta a colocar-nos em sentido devido à cover que criou para o clássico Filled With Wonder Once Again, que o mítico artista Billy Fay incluiu no seu disco Countless Branches, de dois mil e vinte. Na nova roupagem que Jeff Tweedy oferece a Filled With Wonder Once Again, o músico do Illinois idealizou com sucesso um impressivo e jubilante tratado folk, dominado por timbres de cordas particularmente estridentes, que abastecem uma constante dicotomia entre sentimentos e confissões, oferecendo uma roupagem mais eletrificada e radiofónica a um original que é eminentemente acústico, intimista e contemplativo, fazendo-o sem descurar a essência eminentemente reflexiva e sentimental da génese do original. Confere a cover e o original...

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publicado por stipe07 às 13:44

Wilco - Cousin

Sexta-feira, 29.09.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não foge a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, que foi, à época, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Wilco Cousin Reviewed | Articles | Mojo

Cousins vê hoje a luz do dia com a chancela da própria etiqueta da banda, a dBpm. O seu alinhamento de dez canções foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e os seus pouco mais de quarenta minutos oferecem-nos, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender.

Logo a abrir o registo, a espiral elétrica e a vasta miríade de sopros, distorções e insinuações percurssivas que sustentam Infinite Surprise, trazem-nos logo à memória a memorável herança da obra prima da banda de Chicago, o aclamado Yankee Hotel Foxtrot de dois mil e um, ainda hoje, com inteira jutiça, um dos discos essenciais da indie folk rock alternativa contemporânea. Logo de seguida, o piano e as distorções cavernosas de Ten Dead, esclarecem-nos que, de facto, Cousin não será um decalque exaustivo de uma fórmula, mas mais um passo firme e faustoso em frente no enriquecimento do adn de um projeto incomparável no modo como disserta, sem preconceitos e amiúde até de forma irónica, sobre uma América que vive uma contemporaneidade algo perigosa, fraturada em dois extremos dominantes, recentemente espartilhada por um vírus que não não foi fácil de lidar nesse vasto território e ensaguentada de traumas e males raciais, assentes numa sequência nada feliz de décadas e até de séculos de casos mal resolvidos, que remontam ao período da escravatura, o grande motivo da Guerra Civil que o país viveu há pouco mais de duzentos anos e que deixou fantasmas ainda a pairar.

As cordas reluzentes de Leeve e, principalmente, de Evicted, duas canções que obedecem a um modus operandi que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente, colocam Cousin num eixo mais radiofónico, mas sem deixar de lado a faceta experimental e lisérgica que o grupo  tanto preza e que certamente quis que este seu novo trabalho tivesse. É um experimentalismo folk, conduzido por cordas mais acústicas e com um travo de minimalismo lo fi, aspectos que são, como se sabe, traves mestras no percurso discográfico do projeto, marca que o próprio Yankee Hotel Foxtrot tão bem ilustrava em canções como War On War, ou Jesus Etc.Volto a referir-me à obra prima de dois mil e um porque, de facto, conhecendo minuciosamente a discografia dos Wilco, esse é, sem dúvida, o disco da banda que maior influência terá tido no processo de incubação de Cousin.

Se no início do milénio a fórmula que orientou Yankee Hotel Foxtrot pretendia revolucionar o adn Wilco, pouco mais de duas décadas depois, não há como negar que o propósito foi semelhante. O processo de incubação inicial de Cousin terá tido em mente materializar de modo espedito, uma fórmula interpretativa que originasse canções dominadas por guitarras, mas a exibirem linhas e timbres com um clima marcadamente progressivo e rugoso e onde não faltasse, se necessário, piscares de olhos a climas mais sintéticos, intimistas e jazzísticos, como evidenciam Sunlight Ends e A Bowl and A Pudding, uma visão detalhística aprimorada que temas como I'm Trying To Break Your Heart ou Radio Cure plasmaram, com alma e luz, em dois mil e vinte e um.

Finalmente, o intrigante clima algo hipnótico, mas visceral de Cousin, o tema homónimo, uma canção feita para se escutar de punhos cerrados, a monumentalidade de Pittsburgh, um verdadeiro tratado de sentimentalismo latente e de pura melancolia, uma canção que nos embarca numa viagem lisérgica ímpar e que subjuga momentaneamente qualquer atribulação que no instante da audição nos apoquente e a bonomia complacente da lindíssima balada Soldier Child, enriquecem ainda mais o esplendor de um disco que, colocando na linha da frente o lado mais sensível e emotivo do grupo, deixa no ouvinte a perceção clara que foi espetacular o momento em que os Wilco optaram por ligar a sua faceta experimental mais uma vez a pleno gás para, obtendo um balanço delicado entre o quase pop e o ruidoso e sem nunca descurar aquela particularidade fortemente melódica que costuma definir as suas composições, conseguirem criar uma verdadeira obra-prima que irá certamente figurar, com inteira justiça, num lugar bastante cimeiro dos melhores discos da carreira do projeto.

O amor, a paixão e as suas travessuras, nas quais se incluem críticas mais ou menos veladas a uma América contemporânea cada vez menos socialmente justa e refém dos seus medos, como de certo modo referi acima, sempre foram temáticas bastante importantes para Jeff Tweedy que, servindo-se dos Wilco, nunca deixou de surpreender pelo modo como foi diversificando a sua abordagem a estes conceitos ao longo de mais duas décadas. Do repentismo sincero e inconsciente de Wilco A.M., ao trato leve e sublime em Sky Blue Sky, passando pela imersão em vários psicoativos sentimentais em Yankee Hotel Foxtrot, ou fazendo uma primeira súmula de como sentem e vibram com sentimentos tão intensos, tentada em The Whole Love, os Wilco conseguem, neste Cousin, uma vez mais, a sempre tão desejada visão caricatural daquilo que os move como pessoas e músicos, enquanto enriquecem uma história discográfica, às vezes barulhenta e intensa, outras mais introspetiva e carregada de soul, mas sempre tremendamente criativa e instigadora. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 12:26

Wilco - Cousin (single)

Terça-feira, 26.09.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não fugirá certamente a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Cousins irá ver a luz do dia com a chancela da própria etiqueta da banda, a dBpm. O seu alinhamento de dez canções foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e será, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender.

Wilco Share New Song “Cousin”: Listen | Pitchfork

O mais recente single divulgado de Cousin é exatamente a composição que dá nome ao disco. Cousin é um tema vibrante, melodicamente algo hipnótico porque assenta num curto trecho melódico, incubado por cordas reluzentes, intenso e repetitivo, que vai sendo adornado por diversos efeitos e arranjos, um modus operandi que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:35

Wilco – Evicted

Domingo, 06.08.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não fugirá certamente a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Wilco Announces New Album 'Cousin,' Releases Lead Single 'Evicted' - Variety

Cousins irá ver a luz do dia a vinte e um de setembro próximo, pela própria etiqueta da banda, a dBpm, foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e terá um alinhamento de dez canções. Esse trabalho será, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender. Evicted, o primeiro single retirado do alinhamento de Cousins, comprova-o no modo como cordas acústicas e elétricas criam uma sonoridade animada e luminosa, mas também algo encantatória e bucólica. É um divertido jogo de cordas e sintetizações, quase cinematográfico, apesar de sonoro, que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere Evicted e o artwork e a tracklist de Cousin...

Wilco - Cousin

Infinite Surprise
Ten Dead
Levee
Evicted
Sunlight Ends
A Bowl And A Pudding
Cousin
Pittsburgh
Soldier Child
Meant To Be

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publicado por stipe07 às 15:06

Andrew Belle vs Sleeping At Last - Let Down (Radiohead cover)

Quarta-feira, 25.01.23

Uma das grandes surpresas sonoras destes últimos dias é, sem dúvida, a espetacular versão que chegou até nós do clássico Let Down dos Radiohead, assinado a meias por Andrew Belle e o trio Sleeping At Last, natural de Wheaton, no Illinois e formado pelo cantor-compositor e multi-instrumentista Ryan O'Neal, o seu irmão, o baterista Chad O'Neal e o baixista Dan Perdue.

Andrew Belle (@andrewbelle) / Twitter

Como todos certamente sabem, Let Down é um dos grandes destaques de Ok Computer, o registo que a banda liderada por Thom York lançou em mil novecentos e noventa e sete e que consta nos lugares cimeiros de inúmeras listas dos melhores álbuns da história do rock alternastivo contemporâneo, graças a uma dimensão sonora particularmente épica e orquestral, guiada por um cardápio instrumental vasto e onde o orgânico e o sintético se cruzam constantemente, não faltando, no arsenal que os Radiohead instigaram nessa época, pianos carregados de cândura e cordas acústicas, mas também outras bastante abrasivas. A canção em causa contém, na sua forma original, um clima borbulhante e positivamente visceral, que dá ânimo para que finalmente aquele gesto que todos sonhamos um dia conseguir fazer, mas que a timidez ou a insegurança não permitem que se concretize, possa finalmente materializar-se. Já esta versão aprimora o cariz sentimental do tema, dando-lhe um cunho ainda mais etéreo e climático, proporcionado pela intensidade apaixonante do registo vocal de Belle, mas também por uma vasta paleta instrumental que dando primazia às cordas acústicas, não deixa também de recorrer a alguns detalhes e arranjos de índole mais sintética, em especial os percurssivos, nuances que nos levam numa viagem bastante impressiva por um mundo muito peculiar e intimista. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:28

Stuck - Content That Makes You Feel Good EP

Quarta-feira, 03.08.22

Man On The Moon vive essencialmente de novidades, algo que os leitores mais atentos e dedicados já terão reparado, estejamos a falar de lançamentos em formato disco, EP ou single, temporalmente recentes. Mas, de vez em quando, também faz mea culpa e não se inibe de divulgar conteúdo musical relevante já com algum tempo de edição e que, por variadíssimas razões, acabou por escapar ao filtro da nossa redação, naqueles dias, semanas ou meses em que viu a luz do dia.

FLOOD - Stuck Announce New EP “Content That Makes You Feel Good,” Share  First Single Which Makes You Feel Bad

Ora, é examente isso que acontece com um EP chamado Content That Makes You Feel Good, assinado pelos Stuck, uma banda norte-amricana, natural de Chicago e que viu a luz do dia, curiosamente, em agosto do ano passado, com a chancela da insuspeita Exploding In Sound Records.

Logo na estreia, em dois mil e vinte, com o registo Change Is Bad, os Stuck chamaram a atenção para um incrível alinhamento que nos levava numa viagem no tempo até a uma mescla feliz entre a melhor psicadelia dos anos setenta, assente na melhor new wave de uns Devo, com o rock mais cru e abrasivo de finais dos anos oitenta e início dos anos noventa, que nomes como Jesus Lizard, Shellac, tão bem replicaram.

Em pouco mais de doze minutos Content That Makes You Feel Good aprimora esta receita, em cinco rapidíssimas e efusiantes canções que, vertiginosamente, assumem uma originalidade muito própria e um acentuado cariz identitário, porque até procuram, abordar uma textura sonora aberta, melódica e expansiva, mas fazem-no sem descurar um intenso pendor lo fi e uma forte veia experimentalista, percetivel na distorção das guitarras, no vigor do baixo, espetacular em Playpent Of Dissident, e, principalmente, na pujança da bateria, um instrumento frequentemente chamado para a linha da frente na arquitetura sonora de Content That Makes You Feel Good, com especial destaque para White Lie, a composição mais longa e burilada do registo.

Content That Makes You Feel Good é impulso e intensidade, crueza e imediatismo, músculo e contusão, refluxo e agitação É vigoroso no modo como tematicamente despreza o capitalismo e o cinismo de quem diz que o defende, dispensando tudo aquilo que não precisa, sem se preocupar com as consequências desse egoísmo cíclico. É, no fundo e curiosamente, algo parecido ao paradoxo que a audição deste EP tranmite, com o ruído a não funcionar como um entrave à expansão das canções, mas a ser um veículo privilegiado para lhes dar um relevo muito próprio que, sem esse mesmo ruído, os temas certamente não teriam, provocando, assim, conforto e satisfação, mesmo que o ouvido possa não estar particularmente treinado para lidar com algo tão esquizofrénico e fortemente combativo.

Mérito, pois, para os Stuck, que conseguem manter sempre o arsenal instrumental ao dispôr incrivelmente controlado, num resultado que até parece algo fugaz, mas que merece ser descrito como algo de proporções incrivelmente épicas, até porque, durando apenas doze minutos, é bem capaz de proporcionar um verdadeiro orgasmo volumoso e soporífero, a quem se deixar enredar na armadilha emocionalmente desconcertante que este quarteto de Chicago incubou. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 14:06






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