man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Booby Trap - Overloaded
Os aveirenses Booby Trap de Pedro Junqueiro, Pedro Azevedo, Carlos Ferreira e o novo baterista Hugo Lemos, já têm sucessor para Survival, o excelente disco que lançaram no final de 2013. Overloaded é o nome do novo registo de originais do quarteto e parecendo que mal passaram cerca de três anos desde o disco de estreia, é claramente evidente o progresso evidenciado pelo quarteto, algo claramente plasmado neste segundo trabalho, que em pouco mais de meia hora nos oferece uma verdadeira obra-prima de crossover thrash, um género musical que surgiu nos anos oitenta e que se define pela mistura entre o hardcore punk e o trash metal. Recordo que enquanto o trash metal nasceu quando parte da cena metal incorporou influências vindas do hardcore punk, o crossover thrash nasceu pelo caminho inverso, quando as bandas hardcore punk passaram a metalizar a sua música.
Editado pela Firecum Records, Overloaded contém, desde logo, uma personalidade e uma amplitude sonora mais agressiva, no bom sentido, num alinhamento mais eclético que o antecessor e com a cereja de se ter também ampliado a técnica e o apuro interpretativo, quer instrumental quer vocal, com a percussão a ser o aspeto em que isso mais se nota, já que o Hugo Lemos, fazendo jus ao posto que lhe foi designado, demonstra enorme criatividade e competência e trouxe, claramente, um novo ânimo para a banda.
O álbum impressiona logo pouco depois do início com o tema homónimo, feito de guitarras bem elaboradas, uma bateria impecável no modo como transmite alma e robustez e a voz inconfundível de Pedro Junqueiro a mostrar-se irreprensível no modo com replica os inconfundíveis traços deste género sonoro, sem deixar de se mostrar afinada e particularmente melodiosa. Em seguida, Fuck Off And Die retoma a nítida influência da escola thrash do final dos anos oitenta, ou seja, suja, rápida e com solo de guitarra requintado, para depois chegar Bloody Mary, canção que faz uma espécie de síntese perfeita de todo o legado dos Booby Trap, também plasmada na renovada versão do tema que dá nome ao quarteto. Já agora, merece igualmente audição atenta e dedicada a cover de Beber até Morrer, um dos momentos altos do cardápio dos míticos Ratos de Porão e até ao ocaso de Overloaded é impossível ficar indiferente ao riff da guitarra de Drunkenstein, uma canção repleta de ironia e simbolismo, duas das imagens de marca mais vincadas desta banda aveirense.
Em Overloaded os Booby Trap mostram-se tremendamente inspirados, passam com distinção o sempre difícil teste do segundo disco, transpiram uma enorme união e uma superior cumplicidade entre todos os músicos e deixam percetível, ao longo do alinhamento, todas as influências que trazem de muitos anos de estrada e um maior rigor interpretativo, mas sem perderem a originalidade e aquela irreverência que tão bem os carateriza. Espero que aprecies a sugestão...
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Booby Trap - Overloaded (single)
Os aveirenses Booby Trap de Pedro Junqueiro, Pedro Azevedo, Carlos Ferreira e Hugo Lemos, já tem sucessor para Survival, o excelente disco que lançaram no final de 2013. Overloaded é o nome do novo registo de originais do quarteto e já é conhecido o single homónimo do álbum, pouco mais de três frenéticos e intensos minutos, uma verdadeira obra-prima de crossover thrash, um género musical que surgiu nos anos oitenta e que se define pela mistura entre o hardcore punk e o trash metal. Recordo que enquanto o trash metal nasceu quando parte da cena metal incorporou influências vindas do hardcore punk, o crossover thrash nasceu pelo caminho inverso, quando as bandas hardcore punk passaram a metalizar a sua música.
Man On The Moon aguarda com enorme expetativa o restante alinhamento de Overloaded e o regresso dos Booby Trap, grupo que, de acordo com a sua biografia oficial, nasceu em 1993 na cidade de Aveiro e marcou uma época com o seu som thrash metal/hardcore, apesar de misturar outras influencias como o rock ou punk, mas que ainda hoje, depois de uma espécie de recomeço já na segunda década deste milénio, é uma referência incontornável do género sonoro que replica, a nível nacional. Confere o single e o notável artwork de Overloaded...
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Passenger Peru - Break My Neck (video)
Oriunda de Brooklyn, Nova Iorque, a dupla norte americana Passenger Peru editou o seu trabalho de estreia no início de 2014, uma edição apenas em cassete e em formato digital, através da Fleeting Youth Records e que foi dissecada já por cá. Formados por Justin Stivers (baixista dos The Antlers no álbum Hospice) e pelo virtuoso multi-instrumentista Justin Gonzales, os Passenger Peru regressaram em 2015 com Light Places, um compêndio de doze novas canções da dupla, que viu a luz do dia a vinte e quatro de fevereiro e que podes encomendar facilmente.
Um dos grandes destaques de Light Places é Break My Neck, um tema vincadamente reflexivo e introspetivo, cheio de cordas com arranjos e detalhes que facilmente nos deslumbram e onde a voz de Stivers é um trunfo declarado, no modo como transmite uma sensação de emotividade muito particular e genuína (one deep breath, sad but true, one deep breath, leads to you, break my neck, break my neck to, break my neck to see the stars, the stars explode above...). Este tema plasma com precisão as virtudes técnicas que os Passenger Peru possuem para criar música e a forma como conseguem abarcar vários géneros e estilos do universo sonoro indie e alternativo e comprimi-los em algo genuíno e com uma identidade muito própria. Confere o fabuloso video de Break My Neck, recentemente divulgado...
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KRILL - A Distant Fist Unclenching
Jonah Furman (baixo, voz), Aaron Ratoff (guitarra) e Ian Becker (bateria) são os Krill, uma banda oriunda de Boston, na costa leste dos Estados Unidos, já com meia década de existência e que a dezassete de fevereiro último lançou A Distant Fist Unclenching, o terceiro álbum da carreira do trio, nove excelentes canções gravadas por Justin Pizzoferrato, em julho e agosto de 2014, nos estúdios Sonelab em Easthampton, Massachusetts e masterizadas por Carl Saff. Editado pela insuspeita Exploding in Sound Records em parceria com a Double Double Whammy e a Steak Club Records, A Distant Fist Unclenching está disponivel em formato digital e em vinil.
Com uma já apreciável reputação no país de origem e digressões com os Deerhoof, os conterrâneos Speedy Ortiz, Big Ups ou The Thermals, os Krill preparam-se para dar o salto para a Europa este ano, trazendo na bagagem estas nove novas canções que encarnam uma verdadeira jornada sentimental, auto-depreciativa e filosófica pelos meandros de uma américa cada vez mais cosmopolita e absorvida pelas suas próprias encruzilhadas, uma odisseia heterogénea e multicultural oferecida por um projeto visionário que explora habituais referências dentro de um universo sonoro muito peculiar e que aposta na fusão do rock, com outras vertentes sonoras, nomeadamente o post punk e o hardcore, de uma forma direta, mas também densa, sombria, progressiva e marcadamente experimental. Esta é uma fórmula que me agrada particularmente e onde, no seio da esfera indie rock, se alia o grunge e o punk rock direto e preciso, com um travo de shoegaze e alguma psicadelia lo fi, numa espécie de space rock que, sem grande esforço, nos leva até territórios sonoros tão bem recriados e reproduzidos há umas quatro décadas e que depois se cruzam com o típico rock alternativo da última década do século passado.
A Distant Fist Unclenching são, portanto, nove canções enérgicas, invadidas por vairações melódicas e ritmícas constantes, uma percurssão cheia de groove que em temas como Phantom ou Torturer atinge uma elevada bitola qualitativa e que não deixa o disco viajar a uma velocidade descontrolada, apesar de nesses temas ficarmos com a sensação que somos sugados para uma espiral sonora alimentada por um festim sonoro acelerado e difícil de travar. Depois, a versatilidade instrumental e o bom gosto com que as várias influências se cruzam, elevam algumas canções a uma atmosfera superior, esculpida pelas raízes primordiais do rock, com a já referida Torturer a ser talvez aquele tema que melhor condensa todo o universo sonoro referencial para os Krill. Esta Torturer é um excelente exemplo da exploração de uma ligação estreita entre a psicadelia e o rock progressivo, através de um sentido épico pouco comum e com resultados práticos extraordinários, mas em instantes sonoros do calibre de Mom ou Squirrels a estreita relação entre guitarras carregadas de fuzz e um baixo vigoroso, amplia a intensidade experimental dos Krill e dá-lhes um lado ainda mais humano, orgânico e sentimental. A própria performance de Furman, dono de um registo vocal curioso e desafiante, que impressiona pela forma como se expressa e atinge diferentes intensidades e tonalidades, consoante o conteúdo lírico que canta, é também um dos grandes suportes do alinhamento, apesar do maralhal sónico que o disco contém e onde sobressai, como já dei a entender, a forma livre e espontânea como as guitarras se expressam, guiadas pela nostalgia do grunge e do punk rock.
Com o charme de uma recomendável toada lo fi como pano de fundo de toda esta apenas aparente amálgama, A Distant Fist Unclenching prova que os Krill estão bem documentados e têm gostos musicais muito ecléticos, como mostra este compêndio feito de pura adrenalina sonora, uma viagem que nos remete para a gloriosa época do rock independente, sem rodeios, medos ou concessões, com um espírito aberto e criativo. Os Krill são um novo nome a ter em conta no universo musical onde se inserem e estão no ponto e prontos a contrariar quem acha que já não há bandas a fazer música de qualidade. Espero que aprecies a sugestão...
Phantom
Foot
Fly
Torturer
Tiger
Mom
Squirrels
Brain Problem
It Ends
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Passenger Peru - Light Places
Oriunda de Brooklyn, Nova Iorque, a dupla norte americana Passenger Peru editou o seu trabalho de estreia no início de 2014, uma edição apenas em cassete e em formato digital, através da Fleeting Youth Records e que foi dissecada já por cá. Formados por Justin Stivers (baixista dos The Antlers no álbum Hospice) e pelo virtuoso multi-instrumentista Justin Gonzales, os Passenger Peru estão de regresso em 2015 com Light Places, um compêndio de doze novas canções da dupla, viu a luz do dia a vinte e quatro de fevereiro e que podes encomendar facilmente.
Fortemente psicadélicos e com o punk ali ao canto da mira, estes Passenger Peru têm uma originalidade muito própria e um acentuado cariz identitário, por procurarem, em simultâneo, uma textura sonora aberta, melódica e expansiva e não descurar o indispensável pendor lo fi e uma forte veia experimentalista, percetivel na distorção das guitarras, no vigor do baixo de Stivers e, principalmente, nas guitarras plenas de fuzz e distorções rugosas e inebriantes. Este instrumento é frequentemente chamado para a linha da frente na arquitetura sonora de Light Places, ficando com as luzes da ribalta e um elevado protagonismo em várias canções, com particular destaque logo para o pop rock, algo cósmico, mas ligeiramente lo fi, cheio de arranjos detalhado da impressiva The Best Way To Drown, o primeiro single retirado do álbum e o contraste entre o red line e a viola acústica em Placeholder e o apenas aparente caos grunge de One Time Daisy Fee, canção onde a sensibilidade do efeito metálico abrasivo de uma guitarra que corta fino e rebarba, sobrevive em contraste com a pujança do baixo, a distorção da voz e a amplitude épica da melodia.
Break My Neck, o segundo single retirado de Light Places, vira um pouco a agulha do álbum para um universo mais melancólico, um tema vincadamente reflexivo e introspetivo, cheio de cordas com arranjos e detalhes que facilmente nos deslumbram e onde a voz de Stivers é um trunfo declarado, no modo como transmite uma sensação de emotividade muito particular e genuína (one deep breath, sad but true, one deep breath, leads to you, break my neck, break my neck to, break my neck to see the stars, the stars explode above...). Este tema plasma com precisão as virtudes técnicas que os Passenger Peru possuem para criar música e a forma como conseguem abarcar vários géneros e estilos do universo sonoro indie e alternativo e comprimi-los em algo genuíno e com uma identidade muito própria. Na sequÊncia, o lindíssimo clima acústico de Falling Art School, canção que trasnpira a uma naturalidade e espontaneidade curiosas, com diferentes sons a arranjos a serem adicionados e retirados quase sem se dar por isso, é um exemplar modelo sonoro que prova que estes Passenger Peru sabem como harmonizar e tornar agradável aos nossos ouvidos sons aparentemente ofensivos e pouco melódicos, fazendo da rispidez visceral algo de extremamente sedutor e apelativo. A viagem lisérgica que a dupla nos oferece nas reverberações ultra sónicas deste tema e no transe da batida e dos detalhes sintéticos de Better Than The Movies, assim como no agregado instrumental clássico, despido de exageros desnecessários mas apoteótico que define Impossible Mathematics, é a demonstração cabal do modo como este coletivo se disponibiliza corajosamente para um saudável experimentalismo que não os inibe de se manterem concisos e diretos, levando-nos rumo ao período aúreo rock alternativo, com os solos e riffs da guitarra a exibirem linhas e timbres com um clima marcadamente progressivo e rugoso, alicerçado num garage rock, ruidoso e monumental, que comprime tudo aquilo que sonoramente seduz os Passenger Peru em algo genuíno e com uma identidade muito própria.
Na reta final do disco, o regresso do simples dedilhar orgânico da viola na ternurenta On Company Time, que se repete em Pretty Lil' Paintin', alarga ainda mais o abraço sonoro que Stivers e Gonzales dão às fronteiras que definem o seu cardápio e são a cereja que faz de Light Places um marco na carreira destes Passenger Peru, definido em grande estilo, por um coletivo irreverente e inspirado, uma irrepreensível coletânea que aposta numa espécie de hardcore luminoso, uma hipnose instrumental abrasiva e direta, mas melodiosa e rica, que nos guia propositadamente para um mundo criado específicamente pelo grupo, onde reina uma certa megalomania e uma saudável monstruosidade agressiva, aliada a um curioso sentido de estética. Esta cuidada sujidade ruidosa que os Passenger Peru produzem, feita com justificado propósito e usando a distorção das guitarras como veículo para a catarse é feita com uma química interessante e num ambiente simultaneamente denso e dançável, despida de exageros desnecessários, mas que busca claramente a celebração e o apoteótico. Espero que aprecies a sugestão...
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Fucked Up - Glass Boys
Editado pela Matador Records, chegou no passado dia três de junho às lojas Glass Boys, o quarto álbum da carreira dos canadianos Fucked Up, um dos nomes mais importantes do cenário punk rock atual e que aposta num hardcore que tem na voz agressiva de Damian Abraham e nas guitarras de Mike Haliechuk, que vão beber ao punk dos anos oitenta, dois dos traços identitários mais significativos.
Glass Boys marca mais uma etapa deste coletivo na replicação de um som barulhento e agressivo, depois da timidez de Hidden World (2006), de buscas melodiosas em The Chemistry of Common Life (2008) e da história de amor que foi David Comes To Life, o antecessor, editado em 2011, um álbum de mais de setenta minutos de duração e que mostrava a banda a explorar, com muito gosto e sucesso, as possibilidades infinitas do punk rock mais pesado.
Habituados a transformar em hinos sonoros as diferentes manifestações de raiva adolescente que costumavam preencher o ideário lírico das suas canções, Glass Boys, mostra-nos uns Fucked Up mais maduros e controlados e ainda com novos truques na manga, nomeadamente alguns pequenos arranjos pop. Além da receita habitual, a introdução de Warm Change e o refrão pesado de Led By Hand mostram que os Fucked Up tentaram experimentar ideias diferentes e fugir da habitual bitola, algo que a viola que introduz o tema homónimo também pode comprovar, uma canção que fala sobre o passado que há em cada um de nós e a influência que as experiências anteriores têm na definição daquilo que cada um de nós é hoje. As mudanças de andamento entre o refrão e os versos de The Great Divide também impressionam pela novidade e depois, além disso, será sempre obrigatório escutar DET e Paper The House para quem aprecia verdadeiramente o ADN específico destes Fucked UP que sabem encaixar as canções de forma a criar um alinhamento fluído e acessível, apesar da especificidade do som que os carateriza.
Em suma, neste Glass Boys os Fucked Up não fogem muito da sua habitual zona de conforto, mas continuam a lutar com garra e criatividade para empurrar e alargar as barreiras do seu som, ao longo de quarenta e dois minutos intensos, rugosos e que não envergonham o catálogo sonoro deste grupo de Toronto. Espero que aprecies a sugestão...
01 Echo Boomer
02 Touch Stone
03 Sun Glass
04 The Art Of Patrons
05 Warm Change
06 Paper The House
07 DET
08 Led By Hand
09 The Great Divide
10 Glass Boys
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The Austerity Program - Song 30 vs Song 36
A dupla nova iorquina The Austerity Program editou em 2007 Black Madonna, o seu último longa duração, ao qual se seguiu apenas o EP Backsliders and Apostates Will Burn em 2010. Estes dois lançamentos viram a luz do dia através da já defunta Hydra Head Records.
Depois do fim dessa etiqueta os The Austerity Program resolveram fundar a sua própria etiqueta e assim nasceu a Controlled Burn Records. Agora chegou a altura de darem a conhecer mais um álbum; O novo disco dos The Austerity Program chama-se Beyond Calculation, e será editado a dezassete de junho próximo.
Deste disco já são conhecidos os temas Song 30 e Song 36, duas canções disponíveis gratuitamente (o primeiro abaixo e o segundo via stereogum) e que usando a clássica fórmula do baixo, da guitarra e da bateria, debitam um post rock com a típica toada hardcore da dupla. A voz de Justin Foiley é outro atributo das canções, em especial em Song 36 quando relata um cenário assombroso de uma mulher e mãe inebriada, que deita fogo à sua própria casa (she knows that gasoline will settle what the bourbon never can). As duas canções têm uma elevada toada visceral e suja, mas mostram uma banda com pleno controle da sua ferocidade. Confere...
Song 31
Song 30
Song 39
Song 33
Song 32
Song 35
Song 36
Song 37
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Fucked Up - Paper The House
Depois de há três anos os Fucked Up terem editado David Comes To Life, uma espécie de ópera rock que se centrava na temática do amor, ou melhor, na falta dele, finalmente estão de regresso com Glass Boys, o quarto disco deste coletivo canadiano.
Paper The House é o primeiro avanço divulgado de Glass Boys, uma canção traçada com a típica crueza típica da banda e que prova que, no seu seio, o hardcore continua bem vivo e renovado nos gritos ásperos do vocalista Damian Abraham e nas melodias versáteis que comandam a estética sonora dos Fucked Up.
Glass Boys terá um alinhamento preenchido com dez canções e chega aos escaparates a três de junho por intermédio da Matador Records. Paper The House está disponível para download gratuito, via stereogum. Confere...
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Booby Trap - Survival (inclui entrevista)
Os aveirenses Booby Trap, banda que divulguei no passado mês de abril, estão de regresso com um novo álbum, intitulado Survival, uma espécie de novo arranque, em termos de originais, de uma das míticas bandas da década de noventa do universo punk, rock e e trash metal hardcore nacional e que andava um pouco adormecida até terem dado dois concertos de comemoração em 2012 e terem editado a uma antologia com alguns dos melhores momentos de uma carreira que teve o ponto alto de 1993 a 1997.
Fazendo uma espécie de resenha da matéria já dada, recordo que os Booby Trap, de acordo com a sua biografia oficial, nasceram em 1993 na cidade de Aveiro e marcaram uma época com o seu som thrash metal/hardcore, apesar de misturarem outras influencias como o rock ou punk). Da sua formação original faziam parte Pedro Junqueiro (voz), Pedro Azevedo (guitarra), Miguel Santos (bateria) Nuno Barbosa (guitarra) e Ricardo Melo (baixo). Lançam a sua demo de estreia “Brutal Intervention”em 1994 e o split CD “Mosh It Up" em 1996 com as bandas brasileiras T.I.T. e Locus Horrendus entre várias outras aparições por diversas colectâneas.
Deram mais de uma centena de concertos, partilhando palcos com bandas de renome como Cruel Hate, Inkisição, Dorsal Atlantica, G.B.H., Cradle Of Filth, Gorefest, Grave, Hypocrisy, Moonspell, Primitive Reason, Hate Over Grown, Genocide, WC Noise, entre muitas outras. Os Booby Trap eram conhecidos por dar concertos muito poderosos em que a descarga de energia e a interacção com o público eram muito valorizadas. Tocaram em locais míticos do rock/metal em Portugal como o Johnny Guitar, Cave das Quimicas, Voz do Operario, C.T.S. De Celas ou o festival Penafiel Ultra Brutal. As suas letras mostravam uma forte opinião e critica de cariz social por entre laivos de humor negro.
Os Booby Trap foram pioneiros e deram a cara por um movimento musical desenvolvido na região que viria a ser conhecido a nível nacional como “Aveiro Connection. Após o seu prematuro desaparecimento em 1997, os seus elementos deram origem a varias outras bandas como Anger, Konk, Superego, Strange Airplane, Snowball e Wild Bull.
Editado no passado dia dezoito de novembro, Survival são mais oito canções do melhor crossover thrash que é feito por cá, um género musical que surgiu nos anos oitenta e que se define pela mistura entre o hardcore punk e o trash metal. Enquanto o trash metal nasceu quando parte da cena metal incorporou influências vindas do hardcore punk, o crossover thrash nasceu pelo caminho inverso, quando as bandas hardcore punk passaram a metalizar a sua música. Confere abaixo Survival na íntegra e a entrevista que os Booby Trap me concederam e espero que aprecies a sugestão...
Depois de uma outra vida musical nos anos noventa, quais são as expetativas para Survival e este novo fôlego dos Booby Trap?
- Primeiro que tudo queria agradecer esta oportunidade de dar a conhecer um pouco mais da actualidade dos Booby Trap, em relação a esta nova vida da banda, não é nada de muito diferente do que se passou connosco no passado, o que nos move é o prazer de tocar a nossa musica, somos apenas um grupo de amigos que se diverte a fazer musica e apresenta-la ao vivo, local onde realmente nos sentimos bem, somos essencialmente uma banda de palco, aí é que demonstramos o nosso verdadeiro ser.
Este novo álbum, Survival é fruto de um ano de trabalho, fomos escrevendo as músicas por entre os concertos que íamos dando e chegou uma altura em que era preciso regista-las para que pudessem chegar a um maior número de pessoas. Até agora as reações têm sido muito positivas, o que me leva a crer que este ano será rico em acontecimentos importantes para os Booby Trap.
Falem-nos um pouco do processo de gravação de Survival. Foi tudo gravado tentando manter o som debitado pelos instrumentos o mais genuíno possível ou houve um aturado trabalho de produção?
- O som que apresentamos no álbum é 100% Booby Trap, é preciso ter em atenção que o álbum foi totalmente gravado na nossa sala de ensaios convertida em estúdio e gravado com praticamente o mesmo material que nós usamos para ensaiar, é óbvio que teve bastante trabalho de produção mas ao contrário do que a maioria das bandas hoje em dia faz a nossa maior luta durante este processo foi precisamente para manter o som o mais fiel possível á nossa essência. O álbum foi totalmente gravado e produzido por nós, o que tornou tudo mais complicado e ao mesmo tempo mais satisfatório, uma vez que com o processo de aprendizagem vinha também o sentimento de conquista por cada etapa que conseguíamos concretizar.
Qual á a rotina habitual da banda? As letras e as melodias são criadas em conjunto, nomeadamente em jam sessions, ou há uma espécie de divisão do trabalho e depois é tudo misturado e cozinhado nos ensaios?
- As letras são na grande maioria escritas por mim sendo que ás vezes os outros elementos também surgem com uma ideia base a partir da qual eu desenvolvo depois o resto da letra, o engraçado é que depois de tantos anos sem trabalhar a minha parte criativa acabei por escrever perto de 100 letras neste ultimo ano e meio, ou seja, já tenho praticamente escritas as letras para os próximos 5 álbuns de Booby Trap…
Quanto ás musicas propriamente ditas não temos uma formula exata de escrita, podem surgir de uma jam nos ensaios assim como pode vir algum riff de casa, depois o desenvolvimento dessa ideia e a estrutura da musica é trabalhada em conjunto nos ensaios, algumas ficam definidas num único ensaio, outras arrastam-se por 4 ou 5 até chegarmos a um consenso sobre o estado final da musica, no entanto nenhuma musica está totalmente encerrada por nós até estar gravada, pode sempre surgir em qualquer altura alguma ideia que nós achemos enriquecedora para a musica e alterá-la.
Falando um pouco do conteúdo do álbum, Survival tem, na minha opinião, o poder catártico de provocar reações extremas e teve em mim um forte efeito persuasivo, que me fez sentir algo muito visceral e rugoso, mas simultaneamente aditivo. Quiseram que este disco tivesse o poder de provocar reações nas pessoas, quer sejam físicas ou mentais?
- Quando estamos no processo criativo não costumamos pensar nas emoções que as musicas possam causar aos ouvintes, a nossa primeira e única preocupação é que estejamos a gostar daquilo que estamos a tocar, toda e qualquer reacção que a nossa musica possa causar nos outros é simplesmente um bónus, não escondemos de ninguém o nosso lado agressivo, assim como não escondemos o nosso lado despreocupado, nem mesmo o nosso lado bem-disposto. Apesar disso dá-nos muito prazer ver as pessoas reagirem á nossa música, nada é pior do que causar indiferença.
Adorei o artwork de Survival. A quem se devem os créditos da ilustração e que significa?
- Todo o trabalho de artwork foi concebido e realizado pelo nosso grande amigo, Ricardo Miranda, o conceito do álbum anda á volta do nosso regresso ao mundo dos vivos, á essência dos Booby Trap, uma banda que vive acima de tudo da energia criada pelos seus elementos, anda á volta de quem só depende de si próprio para vencer na vida, de quem faz o que for preciso para sobreviver neste meio.
Estou viciado no tema Violence & Blood. E os Booby Trap, têm um tema preferido em Survival?
- Essa é difícil, no geral estamos todos muito satisfeitos com todas as músicas, é obvio que cada um terá as suas preferências mas no meu caso teriam que ser varias, a Survive, a Use Your Head e a Out To Die estarão no topo das minhas preferências.
O que vos move é apenas o universo punk, rock e trash metal hardcore, ou gostariam de experimentar outras sonoridades? Em suma, o que podemos esperar do futuro discográfico dos Booby Trap?
- Isso é sempre muito incerto de definir, se nos anos 90 a nossa sonoridade era essencialmente thrash e punk/hardcore neste novo registo o rock e o heavy metal ombreiam com estas influências base, por esta altura sentimo-nos mais á vontade em embarcar por outros estilos mas é certo que o nosso som base se manterá o thrash metal.
Acham que há em Portugal mercado para o vosso som, ou será que haverá algum preconceito por parte das editoras?
- Sem duvida que há espaço para este tipo de som em Portugal, o metal é inclusive o género musical fora dos circuitos mainstream que mais consumidores tem neste país mas, infelizmente as editoras (as grandes pelo menos) continuam a olhar de lado para o que se passa neste meio. Mas nem tudo é mau, de saudar as editoras independentes que mantêm isto a funcionar e depois ainda existem bandas como nós que gravam e lançam um álbum às próprias custas, hoje em dia não é tão difícil assim colocar um álbum a circular.
Como tem corrido a promoção do álbum? Há concertos marcados?
- A promoção tem sido feita essencialmente nas redes sociais, podem acompanhar-nos diariamente no Facebook (http://www.facebook.com/boobytrap.pt), podem também ouvir o novo álbum na íntegra na nossa página no Bandcamp (http://boobytrap-pt.bandcamp.com), quanto a concertos, estão neste momento a ser agendados alguns, vamos começar com um que será simultaneamente a comemoração do lançamento do álbum e depois se seguirão mais alguns por vários pontos do país, estamos no entanto abertos a convites, não se acanhem e contactem-nos, teremos o maior prazer em poder levar um pouco de nós aos quatro cantos de Portugal.
Apenas em jeito de curiosidade… Quais são as três bandas ou projetos atuais que mais admiram?
- Mais uma de difícil resposta pois todos na banda temos gostos muito diversificados, mais uma vez vou falar apenas por mim e referir os Anthrax, System Of A Down e os eternos Motorhead.
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Placebo - Loud Like Love
Editado pela Universal, Loud Like Love é o novo disco dos Placebo, um coletivo liderado pelo andrógeno e carismático Brian Molko, uma personagem inquietante mas extremamente talentosa e uma das mais importantes do universo sonoro alternativo nas últimas duas décadas. Banda competente e profissional, os Placebo andam por cá desde 1996, a tentar ser relevantes, mas sem nunca terem conseguido criar um disco unanimemente consensual, o que, de algum modo, revela que do hard rock, ao grunge, passando pelo rock gótico e industrial, algures entre os Suede e os Depeche Mode, nunca conseguiram assentar verdadeiramente num único estilo, para depois colocarem todo o talento que possuem na criação de um disco que viesse a tornar-se num marco essencial na história da música. Estiveram lá perto com Without You I'm Nothing, álbum lançado em 1998.
Loud Like Love, o sétimo disco dos Placebo, sucede a Battle For The Sun, o sombrio disco lançado em 2009 e é, portanto, mais uma etapa de um percurso de uma banda que vive numa constante procura de um rumo, ou então que tem como rumo, viver constante e conscientemente à procura do rótulo certo, ultimamente com a ajuda cada vez maior dos sintetizadores e com uma menor predominância das guitarras, apenas fundamentais, no caso deste disco, em Purify. Além dos sintetizadores, bem audíveis, por exemplo, em Exit Wound, em Loud Like Love a voz de Molko assume-se como um dos maiores trunfos de dez canções que falam do amor em todas as suas vertentes e que são mais otimistas e coloridas que o antecessor.
Too Many Friends é o primeiro single extraído de Loud Like Love, um tema que conta com a colaboração do escritor americano Brett Easton Ellis, autor de American Psycho, no vídeo de uma canção que faz uma espécie de crítica social juvenil já que fala da diferença entre os amigos verdadeiros, de carne e osso e os conhecidos que invadem as nossas listagens nas redes sociais e que muitas vezes fazem apenas parte dessa lista por mero interesse ou sugestão.
As letras mais intensas são aquelas que se escutam em Hold On To Me e A Milliom Little Pieces, duas canções melodicamente muito seguras e bonitas, assim como Bosco, a belíssima e melancólica balada final.
Assentes sobretudo na competência musical de Stefan Olsdal e na voz e capacidade criativa de Brian Molko, aos quais se juntou Steve Forrest em 2008, os Placebo voltam a mostrar em Loud Like Love que, apesar de não se terem tornado nos reis e senhores das arenas e dos estádios do mundo inteiro, são ainda hoje uma banda que faz boa música e não comprometem, com este trabalho, as suas aspirações de voltarem a encontrar uma luz ao fundo do túnel que os faça regressar à ribalta. Espero que aprecies a sugestão...
01. Loud Like Love
02. Scene Of The Crime
03. Too Many Friends
04. Hold On To Me
05. Rob The Bank
06. A Million Little Pieces
07. Exit Wounds
08. Purify
09. Begin The End
10. Bosco