man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Next Stop: Horizon – The Grand Still
Quase cinco anos depois do maravilhoso disco de estreia We Know Exactly Where We Are Going e pouco mais de dois depois do excelente sucessorThe Harbour, My Home, a dupla Next Stop:Horizon está de regresso com The Grand Still, um trabalho que contém uma incomum riqueza pop, incubado por uma dupla oriunda de Gotemburgo, na Suécia e formada por Pär Hagström e Jenny Roos, dois músicos que, além de partilharem um pequeno apartamento, fazem música juntos e acreditam piamente que o mundo seria um local bem melhor se tivesse a possibilidade de ouvir as suas criações sonoras. Na verdade, depois de ouvir The Grand Still, compreendo este desejo, assente na presunção de que há uma elevada bitola qualitativa no produto que a dupla tem para nos oferecer e com a qual concordo.
Influenciados por uma vasta rede de influências que vão do rock ao jazz, passando, pela folk europeia e a pop contemporânea, os Next Stop: Horizon gostam de escrever sobre a vida, a morte e tudo o que fica ali, exatamente no meio, desta vez com maior luminosidade, cor e alegria do que o disco antecessor, um trabalho que foi bastante marcado pela participação do projeto, na altura, na banda sonora de uma peça de teatro que se baseava num conto de Wilhelm Hauff chamado Das kalte Herz e onde a história girava em torno de um jovem ganancioso que vendeu o seu coração para conseguir fazer fortuna. Esta experiência teatral marcou profundamente a dupla e o processo de criação desse disco explica o clima algo denso e sombrio do mesmo, algo que não sucede em Grand Still, como, aliás, se percebe logo nos dois temas iniciais, muito vibrantes, efusivos e claramente festivos.
Cheio de canções com uma toada eminentemente sintética, fornecida por teclados inspirados, mas que são contrapostos pela percussão, muitas vezes com objetos inusitados e também pelos timbres de voz que vão sendo adicionados e que conseguem dar a algumas canções a oscilação necessária para transparecerem mais sentimentos, The Grand Still é um verdadeiro arco-íris de emoção, que nos deixa marcas muito positivas e sintomas claros de deslumbramento no final da sua audição. A mixórdia, no sentido positivo do termo, em que se sustenta The Waltz, ou o jogo que se estabelece entre teclas, sopros e metais em A Fall Within A Fall, são bons exemplos do modo como estes Next Stop: Horizon conseguem ser calorosos e divertidos, ao mesmo tempo que mostram uma facilidade singular para elaborar melodias deliciosas. Depois, a forma coesa como os dois músicos se complementam fica evidente também em músicas como a mais climática e intrincada The Melting e no cândido sentimentalismo que abastece Where Are We Heading Baby. Mas as pérolas, quer vocais quer instrumentais não param por aí. É uma árdua tarefa encontrar alguma faixa de qualidade questionável em The Grand Still, já que durante as nove canções do disco o que se ouve é consistência pura.
Este é um registo discográfico que digere-se de modo agradável e onde os Next Stop: Horizon exploram um género sonoro que lhes permite revelar toda a sua essência, sem influências externas ou exigências do mercado, demonstrando um talento invejável e revelando uma alma pura que continua a ter muito a oferecer aqueles que, como eu, estão sempre sedentos por boa música. Espero que aprecies a sugestão...
01. Everyone’s Earthquake
02. The Mixtape That I loved
03. The Waltz
04. Do It Anyway
05. The Melting
06. When We Get There We Will Know
07. Where Are We Heading Baby
08. A Fall Within A Fall
09. What If
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Jens Lekman – Ghostwriting EP
Após um breve hiato, o músico e compositor sueco Jens Lekman voltou às luzes da ribalta neste ano de 2015 com um assumido compromisso de todas as semanas compor e gravar um novo tema, através do seu projeto Smalltalk. Ghostwriting, o seu mais recente ep, é uma espécie de complemento desta hercúlea tarefa, um documento sonoro com cinco temas em que o autor e a banda que o tem acompanhado transformam as suas histórias pessoais em canções, assentes numa folk acústica intensa, próxima e subtilmente encantadora.
Hábil poeta e permanentemente focado e apaixonado pelo processo de escrita e composição, Jens Lekman é exímio a entender os mais variados sentimentos e confissões humanas e fá-lo de forma peculiar, convertendo simples sentimentos em algo grandioso, épico e ainda assim delicadamente confessional.
Neste pequeno compêndio absolutamente obrigatório, Lekman mostra-se particularmente intimista e reflexivo, sobrepondo as palavras destes poemas escritos na sua linguagem materna a uma menor exaltação instrumental, necessária e preciosa para a materialização de uma clara honestidade poética que, do modo como é plasmada por este ator, transforma-se num mecanismo eficaz de diálogo direto com quem se predispõe a ouvi-lo. Na verdade, Lekman é único e universal a traduzir com simplicidade musical tudo aquilo que gostaríamos de expressar em momentos de maior dor e melancolia e este EP comprova-o com notável bom gosto e exatidão. Espero que aprecies a sugestão...
01. Träskepp
02. Min Pappa Är Död
03. Det Måste Ha Varit Kärlek
04. Trollkarlen
05. Tekniskt Avregistrerad
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Alpaca Sports – When You Need Me The Most EP
Oriundos de Gotemburgo, na Suécia, os Alpaca Sports têm já um cardápio sonoro interessante e que tem apostado numa sonoridade com aquele espírito tipicamente nórdico, cheio de traços que cruzam pop e psicadelia, com uma tonalidade muito própria e que amplia o espírito claramente juvenil de canções que contêm, quase sempre, um ambiente festivo e uma luminosidade muito própria.
O conceito de intensidade, neste caso nas guitarras e na percussão, mas também nos efeitos e arranjos, é transversal às sete canções de When You Need Me The Most, o novo trabalho deste grupo, um EP que é também um mini álbum e que exalta aquela ligeireza juvenil, fazendo-o à boleia de melodias bastante orelhudas, simples no processo mas eficazes no modo como se entranham e às quais é,por isso, impossível resistir.
Just Like Them, a canção que abre o alinhamento de When You Need Me The Most é um excelente exemplo da capacidade inebriante que os Alpaca Sports têm de nos convidar a darmos as mãos e fazermos uma roda em seu redor, enquanto dançamos ao som de uma canção que brilha no modo como palpita, guiada por uma guitarra que parece ter vida própria e que em determinados instantes até nem receia ousar. Depois, e tomando como exemplo a notável e festiva Need Me The Most, canção que pisca o olho a um certo travo mais melancólico, ficamos impressionados pelo modo harmonioso como os Alpaca Sports conseguem, com particular doçura e convicção, não resvalarem nunca para exageros desnecessários, conseguindo assim manter intato um precioso charme genuíno e provando que estamos na presença de uma banda criadora de belos instantes sonoros, que se estendem pelos nossos ouvidos sem a mínima sensação de desconforto.
O que não falta neste trabalho são canções competentes na forma como abarcam diferentes sensações dentro de um mesmo cosmos e que dão expressão a letras que exaltam o lado mais festivo da existência humana. Além dos exemplos já referidos, quando no efeito curioso e na folk de There's No One Like You, nos metais e nos sopros de Where’d You Go e na inocência que brota de todos os acordes da efusiva I Love You esta banda sueca se serve da combinação da guitarra com outros sons e detalhes, nunca rouba às cordas o merecido protagonismo, plasmado com um romantismo e uma cândura que nos confrontam com a nossa natureza, uma sensação curiosa e reconfortante que transforma-se numa experiência ímpar e de ascenção plena a um estágio superior de letargia.
Talvez seja do clima sueco, ou do frio polar que obriga a que mentes que viajam constantemente entre a ressaca e um estado mais ébrio, tenham de se aquecer de qualquer forma, a verdade é que estes Alpaca Sports conseguem esse efeito reconfortante através da sua música, sem dúvida uma excelente porta de entrada para um mundo mais ternurento e acolhedor. Espero que aprecies a sugestão...
01. Just Like Them
02. Need Me The Most
03. There’s No One Like You
04. I Love You
05. Where’d You Go
06. When I Hold You
07. My Favourite Girlfriend
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José González – Vestiges And Claws
Depois de se ter mostrado um jovem platónico e apaixonado em Veneer (2003), ou um cru e empírico observador da vida em Our Nature (2007), o sueco José González está de regresso e de mãos dadas com ambientes sonoros mais intimistas, à boleia de Vestiges And Claws, uma coleção de dez temas gravados na sua casa em Gotemburgo e que têm na folk acústica, que em determinados instantes pisca o olho a um certo travo psicadélico, as suas traves mestras. Refiro-me a canções competentes na forma como abarcam diferentes sensações dentro de um mesmo cosmos e que misturam harmoniosamente a exuberância acústica das cordas com a voz grave, mas suave e confessional de González, sendo este um álbum ameno, íntimo e cuidadosamente produzido pelo próprio autor e arrojado no modo como exala uma enorme elegância e sofisticação.
Com instantes como Stories We Build, Stories We Tell ou Leaf Off/The Cave, capazes de nos envolver num clima doce e reconfortante, mas também festivo, Vestiges And Claws sobrevive à sombra de arranjos bem feitos, que prendem a atenção, alternando entre climas calmos e agitados, conseguidos através da combinação da guitarra com outros sons e detalhes, quase sempre precurssivos, mas que nunca roubam às cordas o merecido protagonismo.
Cm uma dúzia de anos de carreira, com os Junip a serem também parte fundamental da sua existência musical, González mostra-se, ao terceiro tomo da carreira a solo, mais maduro e consciente do mundo que o rodeia, de certo modo, num estágio superior de sapiência que lhe permite utilizar o seu habitual espírito acústico para colocar-se à boleia de arranjos de cordas tensos, dramáticos e melódicos e contar histórias que o materializam na forma de um conselheiro espiritual sincero e firme e que tem a ousadia de nos querer guiar pelo melhor caminho, sem mostrar um superior pretensiosismo ou tiques desnecessários de superioridade. O sermão que nos oferece no tema homónimo é só um exemplo desta sua vontade de nos fazer refletir, com o romantismo de With The Ink of Ghost, ou a cândura da maravilhosa Let It Carry You (com a percussão feita por uma clave, um instrumento habitual na sua discografia), assim como os sussurros de The Florest a confrontarem-nos com a nossa natureza, uma sensação curiosa e reconfortante que ambientada pelos assobios rústicos de Vessel transforma-se numa experiência ímpar e de ascenção plena a um estágio superior de letargia.
Every Age, o primeiro single retirado de Vestiges And Claws, também materializa esta demanda reflexiva que nos é servida por um sábio que surpreende pelo parco mas suficiente e profundo vocabulário que preenche a sua cartilha, sempre aberto às mais variadas interpretações (Some things change, some things remain, We don't choose where we're born, We don't choose in what pocket or form, But we can learn to know Ourselves on this globe in the void). Este acaba por ser um dos momentos líricos mais bonitos de toda a carreira de González e Leaf Off/ The Cave, o segundo single do disco, obedece igualmente a este conceito da progressiva evolução existencial, rcordando-nos que nunca dvemos descurar os conselhos dos mais velhos, essenciais para que a vida seja vivida em plenitude e não apenas como um ponto de passagem esperado e rotineiro (Let the life lead you out).
Se a calma nos transmite sabedoria, ela não se reflete em passividade. José González diz à sua maneira em What Will que as garras e os vestígios do título do disco são os elementos que muitas vezes sobram após a nossa luta diária constante, enquanto os lindíssimos acordes do tema dão-nos a motivação necessária para acreditarmos que vale a pena esse sacrifício desgastante, desde que resulte na tal vivência existencial plena e verdadeiramente feliz.
Se o hinduismo acredita na existência de um estado transitório entre a morte e o ressurreição, onde a nossa alma recupera a divinidade perdida no nascimento, pode-se dizer que a música deste sueco nos concede a mesma sensação no modo como nos renova espiritualmente e nos acalma enquanto transmite sabedoria. Em Vestiges & Claws, o músico emociona, inspira e ilumina, levando-nos para um lugar calmo e pacífico, onde podemos fugir da velocidade, do caos e da ansiedade da vida moderna, um lugar que, independente de géneros ou estilos, definitivamente só existe na música. Espero que aprecies a sugestão...
01. With The Ink Of A Ghost
02. Let It Carry You
03. Stories We Build, Stories We Tell
04. The Forest
05. Leaf Off / The Cave
06. Every Age
07. What Will
08. Vissel
09. Afterglow
10. Open Book
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OLD - Dude
Oriundas de Malmö, as suecas OLD são uma das novas referências da etiqueta Adrian Recordings, uma editora importante no universo sonoro nórdico e que contém nomes tão importantes como os Yast, VED, Hey Elbow, Andreas Tilliander e The Bear Quartet, entre outros.
Editado no passado dia dez de dezembro, Dude é o novo single das OLD, que contém ainda uma segunda versão da canção da autoria de Vanessa Liftig, uma produtora natural de Gotemburgo que, por exemplo, recentemente trabalhou com os consagrados Wu Tang Clan. Esta canção vem na sequência de vários concertos e de aturado trabalho de estúdio das OLD com o produtor Joakim Lindberg, nos estúdios Studio Möllan em Malmö, o que significa que 2015 trará um novo EP, que tem neste tema Dude o seu primeiro avanço. Recordo que as OLD estrearam-se no início deste ano nos lançamentos com o animado single Knee Hang Gang, ao qual se seguiu um EP com quatro canções intitulado Old Ladies Die Young. Confere...