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Teenage Fanclub – Nothing Lasts Forever

Sexta-feira, 22.09.23

Trinta anos após o registo de estreia e quatro do excelente disco Here, os icónicos veteranos escoceses Teenage Fanclub, formados por Norman Blake, Raymond McGinley, Francis Macdonald, Dave McGowan e Euros Childs, voltaram em dois mil e vinte e um ao ativo e mais efusivos e luminosos do que nunca, com Endless Arcade, doze canções de um projeto simbolo do indie rock alternativo e que provou, nesse registo, que ainda tem um lugar reservado, de pleno direito, no pedestal deste universo sonoro.

Teenage Fanclub Announce New Album Nothing Lasts Forever, Share Video for  New Song: Watch | Pitchfork

Um ano depois desse belíssimo regresso, ou seja, o ano passado, o projeto escocês voltou a dar sinais de vida com uma nova composição intitulada I Left A Light On, que acabou por ser a primeira amostra de um novo trabalho dos Teenage Fanclub, um disco intitulado Nothing Lasts Forever, que acaba de chegar aos escaparates, com a chancela da Merge Records e da PeMa, etiqueta do próprio grupo.

A ideia de luz é o foco central de um portentoso alinhamento de dez canções que, no seu todo, encarnam um tratado de indie rock com aquele perfil fortemente radiofónico que sempre caracterizou os Teenage Fanclub. De facto, Nothing Lasts Forever, um álbum encharcado em positividade, sorridente melancolia, inocente intimismo e ponderado pendor reflexivo, é um caminho seguro, retílineo e consistente rumo aquele indie rock que provoca instantaneamente sorrisos de orelha a orelha, independentemente do estado de espírito inicial. É um disco cheio de canções leves, melodicamente sagazes e, se forem analisadas tendo em conta o catálogo já vasto do projeto, são imperiosas no modo como, com uma intensidade nunca vista no quinteto, desbravam caminho até uma mescla contundente entre os primórdios da indie folk, a britpop e o melhor rock oitocentista.

Logo a abrir o disco, em Foreign Land, o modo como uma rugosa e épica distorção é trespassada por cordas vibrantes e melodicamente irrepreensíveis, cativa de imediato o ouvinte, ao mesmo tempo que o esclarece devidamente acerca da caraterização do adn que fez dos Teenage Fanclub, ao longo destas décadas, uma banda de pedestal, ou seja, uma referência obrigatória para muitos outros grupos que também procuram o seu lugar ao sol. A guitarra elétrica que acama Tired Of Being Alone é outra imagem de marca e, ao mesmo tempo, um porto seguro para uma canção sentimentalmente desafiante e o piano de I Left A Light On, a prova do apurado ecletismo e da superior sagacidade interpretativa de um quinteto que, por incrível que pareça, pode muito bem estar, à boleia de Nothing Lasts Forever, no pináculo da carreira.

O disco prossegue e no embalo percurssivo de It's Alright, uma canção com um espírito veraneante anguloso, no travo surf punk de Falling Into The Sun, ou na singela acusticidade que atiça a lágrima fácil ao som de Middle Of My Mind, somos afagados por quase quarenta minutos feitos de canções assobiáveis, mas com substância, que dão vida a um bom disco de indie pop rock, feito da mais pura estirpe escocesa. Nothing Lasts Forever é calor e luz, mas ouve-se em qualquer altura do ano. Intenso, poético e cheio de alma, exala um sedutor entusiasmo lírico, uma atmosfera sempre amável e prova que, quando os intérpretes têm qualidade, escrever e compôr boa música não é uma ciência particularmente inacessível. Aliás, para os Teenage Fanclub nunca foi. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 16:39

Belle And Sebastian – A Bit Of Previous

Sábado, 18.06.22

Cordas acústicas ou eletrificadas e de diferentes fontes, mas dedilhadas com inusitado prazer e uma prestação melódica irrepreensível, são o prato forte dos escoceses Belle And Sebastian e do seu novo disco, um trabalho intitulado A Bit Of Previous, que sucede ao registo Girls in Peacetime Want to Dance, que foi editado há sete anos atrás e que, tal como este novo trabalho, tinha o selo da Matador Records.

Belle and Sebastian anuncia "A Bit Of Previous", seu primeiro álbum em sete  anos - A Rádio Rock - 89,1 FM - SP

A nossa redação tem estado particularmente atenta, nos últimos meses, ao lançamento deste disco, nomeadamente com a divulgação que fez dos temas If They’re Shooting At YouUnnecessary Drama e Young And Stupid, a canção que abre o alinhamento de A Bit Of Previous. E, de facto, as elevadas expetativas relativamente ao conteúdo global de A Bit Of Previous, um alinhamento de doze canções produzidas pela própria banda e por Brian McNeill, Kevin Burleigh, Matt Wiggins e Shawn Everett, confirmam-se. Estamos na presença de um registo animado e festivo, mas também nostáligo e encantador, principalmente em temas como Do It for Your Country, A World Without You e Deathbed of my Dreams. É um álbum repleto de canções melodicamente felizes e, mesmo com estes instantes menosefusivos, no seu todo, empolgante e frenético, com as canções a sucederem-se em catadupa sem quebrarem o espírito e a filosofia positiva e vibrante que carateriza a sua essência.

De facto, os Belle And Sebastian ainda conseguem fazer juz à sua riquíssima carreira e manter elevada a bitola, sem mostrarem desgaste ou erosão pelo tempo, neste já clássico. Pelo contrário, conseguem manter firme a sua identidade e, em simultâneo, acompanhar as novas tendências e dar sempre um cunho contemporâneo às suas canções, não resvalando para a repetição exaustiva de uma fórmula que, por muito bem sucedida que tenha sido nos já onze alinhamentos que fazem parte do catálogo do grupo natural de Glasgow, carece sempre de ajustes, inovação e modernidade.

Portanto, um superior registo interpretativo da vasta diversidade instrumental que acama um álbum que faz uma ponte feliz entre ironia e melancolia, delicados arranjos, uma superior agregação de diversas camadas instrumentais e vozes sempre efusiantes e exemplarmente acamadas e retocadas, são as grandes matrizes de um álbum que, como se pede em qualquer alinhamento dos Belle And Sebastian, nos conduz de volta ao indie pop mais orelhudo, com aquele requinte vintage que revive os gloriosos anos setenta e oitenta. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:12

Belle And Sebastian – Young And Stupid

Quinta-feira, 21.04.22

Cordas acústicas ou eletrificadas e de diferentes fontes, mas dedilhadas com inusitado prazer e uma prestação melódica irrepreensível, são o prato forte dos escoceses Belle And Sebastian que se preparam para lançar em maio o disco A Bit Of Previous, álbum que irá suceder ao registo Girls in Peacetime Want to Dance, que foi editado há sete anos atrás e que terá o selo da Matador Records.

Belle And Sebastian: “Young And Stupid” - Música Instantânea

A nossa redação tem estado particularmente atenta ao lançamento deste disco, nomeadamente com a divulgação que já fez dos temas If They’re Shooting At You e Unnecessary Drama. Agora, no início da segunda metade do mês de abril, chega a vez de conferirmos Young And Stupid, a canção que abre o alinhamento de A Bit Of Previous. É uma composição que, sem deixar de ser melodicamente feliz, não deixa de ser empolgante e frenética, acomodando através de delicados arranjos, uma superior agregação de diversas camadas instrumentais, num resultado final que nos conduz de volta ao indie pop mais orelhudo, com aquele requinte vintage que revive os gloriosos anos setenta e oitenta. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:41

Martin Carr - New Shapes Of Life

Segunda-feira, 06.11.17

Já chegou aos escaparates New Shapes Of Life, o terceiro capítulo da exuberante obra discográfica do escocês Martin Carr e o segundo do artista editado pela Tapete Records. Este é um trabalho que sucede a The Breaks, um registo lançado em 2014 e onde o artista lidou com os sentimentos de separação do mundo que o rodeia mas, por algum motivo que não entende, ficou mais insatisfeito no final do disco do que quando o tinha começado a compôr e desta vez, quis ir mais fundo.

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Misturado por Greg Harver, um amigo de Martin também escocês mas residente na Nova Zelândia e de Clint Murphy, New Shapes Of Life é fortemente influenciado pela herança de David Bowie e tal sucede porque foi a morte desse ícone da cultura contemporânea que acabou por desencravar um período de crise criativa que Carr estava a viver no ano de 2015. O músico tinha-se refugiado no seu estúdio em Glasgow com o propósito de compôr novas canções, os resultados eram infrutíferos, mas a morte de Bowie despoletou em Carr o desejo de se embrenhar em toda a discografia do artista inglês, assim como em filmes e biografias sobre esse artista e tal experiência ensinou ao escocês a importância de se exprimir através dum determinado meio além de o ter feito refletir sobre a sua vida e nos anos que tinha desperdiçado a viver a vida dum artista mas a negligenciar a arte.

A lírica acabou por ser o ponto de partida das canções, ao contrário do habitual modus operandi de Carr e foi gasta bastante energia nessa componente essencial do processo de construção de uma canção, tendo o artista ido ao limite do seu próprio bem-estar mental, já que foi bastante auto-biográfico durante esse processo. Mas terá valido a pena todo o esforço dispendido já que poemas como o que conduz o tema homónimo ou Future Reflections são apenas dois bons exemplos da superior bitola qualitativa da escrita que se pode conferir neste disco. 

Quanto ao conteúdo sonoro, New Shapes Of Life projeta o autor para um universo sonoro bastante mais dinâmico e expansivo do que os trabalhos antecessores, onde melodias florescentes convivem lado a lado, com enorme frequência, com uma percussão imaculada e exuberante. O rock expansivo e dinâmico de Damocles ou a toda mais atmosférica e etérea de The Main Man acabam por condensar todo o espetro sonoro transversal a um alinhamento muito rico e intrincado instrumentalmente, inclusive ao nível da percussão, mas com os sintetizadores atmosféricos, amiúde um piano sedutor e até alguns sopros a fazerem parte do arquétipo sonoro que definitivamente retira Carr da sua zona de conforto sonora através de um verdadeiro concentrado de soluções melódicas e de arranjos programadas, onde tudo flui de maneira inventiva de modo exuberante e sentido.
Além dos temas já referidos, até ao final, canções como a divagante A Mess Of Everything e o rock épico e pulsante de Three Studies of The Mall Black afagam com notável eficácia as dores de quem se predispõe a seguir sem concessões a doutrina deste autor, plasmada num folk rock muito ternurento, mesmo que às vezes pareça escondido no seio de um humor mórbido e feito de alguma desolação.

Há discos que à primeira audição até causam alguma repulsa e estranheza, mas que depois se entranham com enorme afinco, ou então há aqueles exemplos que logo à primeira audição nos conquistam de forma arrebatadora e visceral. Mas como a própria vida é, quase sempre, muito mais abrangente nos seus momentos do que propriamente a simples análise através de duas bitolas comparativas que tocam opostos, também na música há instantes em que somos assaltados por algo muito maior e mais belo do que a simples soma de duas ou três sensações que nos fazem catalogar e arrumar em determinada prateleira aquilo que escutamos. Álbum fortemente hermético porque que se fecha dentro de um campo muito próprio e por isso particularmente genuíno e emocionalmente pesado, New Shapes Of Life é um bom exemplo de como é possivel apresentar um trabalho artisticamente muito criativo, mesmo que assente a sua sonoridade numa amálgama aparentemente improvável que mistura folk, indie pop e indie rock, com post rock e alguns elementos eletrónicos. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 20:46

Belle And Sebastian – We Were Beautiful

Segunda-feira, 07.08.17

Belle And Sebastian - We Were Beautiful

Os escoceses Belle & Sebastian parecem já ter sucessor para o aclamado álbum Girls In Peacetime Want To Dance, um disco editado pela banda no início de 2015 e que tendo sido produzido pelo aclamado  Ben H. Allen (Animal Collective, Washed Out), estava recheado de versos confessionais que falam da infância do vocalista e da necessidade que muitas vezes sentimos de regressar às origens para dar um novo impulso à nossa existência.

Gravado em Glasgow, cidade-natal da banda, e produzido pela própria juntamente com Brian McNeill, We Were Beautiful é o novo tema divulgado pelo quarteto, uma canção que conduz-nos de volta ao indie pop mais orelhudo, com aquele requinte vintage que revive os gloriosos anos oitenta e que, por isso, é uma excelente porta de entrada para um futuro alinhamento que será, certamente, instrumentalmente irrepreensível. Confere...

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publicado por stipe07 às 14:33

American Wrestlers - Goodbye Terrible Youth

Segunda-feira, 12.12.16

American Wrestlers é um projeto liderado por Gary McClure, um escocês que vive atualmente nos Estados Unidos, em St. Louis, no estado do Missouri. A ele juntam-se, atualmente, Ian Reitz (baixo), Josh Van Hoorebeke (bateria) e Bridgette Imperial (teclados). Tendo Gary crescido em Glasgow, no país natal, mudou-se há alguns anos para Manchester, na vizinha Inglaterra, onde conheceu a sua futura esposa, com quem se mudou, entretanto, para o outro lado do Atlântico.

Resultado de imagem para American Wrestlers band 2016

Depois de em Manchester ter feito parte dos míticos Working For A Nuclear Free City, juntamente com o produtor Philip Kay, um projeto que chegou a entrar em digressão nos Estados Unidos e a chamar a atenção da crítica e a ser alvo de algumas nomeações, a verdade é que nunca conseguiu fugir do universo mais underground acabando por implodir.

Já no lado de lá do atlântico, Gary começou a compôr e a gravar numa mesa Tascam de oito pistas e assim nasceram os American Wrestlers. O projeto deu um grande passo em frente, ao assinar pela insuspeita Fat Possum e daí até ao disco de estreia, um homónimo editado na primavera do ano passado, foi um pequeno passo. American Wrestlers impressionou pelo ambiente sonoro com um teor lo fi algo futurista, devido à distorção e à orgânica do ruído em que assentavam grande parte das canções, onde não faltavam alguns arranjos claramente jazzísticos e uma voz num registo em falsete, com um certo reverb que acentuava o charme rugoso da mesma.

Se essa estreia, já na prateleira lá de casa, nos oferecia uma viagem que nos remetia para a gloriosa época do rock independente, sem rodeios, medos ou concessões, proporcionada por um autor com um espírito aberto e criativo, o sucessor, um trabalho intitulado Goodbye Terrible Youth e que viu a luz do dia em meados de novembro, cimenta essa filosofia vencedora. Mas no modo como, logo em Vote Tatcher, o sintetizador se relaciona com o fuzz da guitarra, esclarece-nos que à segunda rodada Gary libertou-se de uma certa timidez introspetiva, para se apresentar mais luminoso e expressivo. Aliás, isso também percebe-se em Give Up, a primeira amostra divulgada, canção que impressiona pela melodia frenética em que assenta e que oscila entre o épico e o hipnótico, o lo-fi e o hi-fi, com a repetitiva linha de guitarra a oferecer um realce ainda maior ao refrão e as oscilações no volume a transformarem a canção num hino pop, que funciona como um verdadeiro psicoativo sentimental com uma caricatura claramente definida e que agrega, de certo modo, todas as referências internas presentes na sonoridade de American Wrestlers, mas com superior abrangência e cor.

Na verdade, o quarto onde McClure compôs o registo de estreia transformou-se num grande palco, sem colocar em causa aquele clima algo misterioso que define este projeto American Wrestlers, mas oferecendo ao ouvinte uma maior multiplicidade de detalhes e caraterísticas dos vários espetros sonoros que definem o indie rock alternativo. O grunge que exala de So Long, o crescente frenesim psicadélico que nos envolve em Hello, Dear, o fuzz inebriante do baixo de Someone Far Away e o modo como o riff da guitarra ácido e extremamente melódico rebarba de alto a baixo a secção rítmica de Terrible Youth, permitem-nos contemplar todo este charme rugoso que os American Wrestlers replicam hoje melhor que ninguém e dão-nos o mote para um álbum curioso e desafiante, que impressiona pela forma livre e espontânea como os vários instrumentos, mas em especial as guitarras, se expressam, guiadas pela nostalgia e pelas emoções que Gary pretende transmitir. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 23:15

American Wrestlers - Give Up

Segunda-feira, 15.08.16

American Wrestlers é um projeto liderado por Gary McClure, um escocês que vive atualmente nos Estados Unidos, em St. Louis, no estado do Missouri. Tendo crescido em Glasgow, no país natal, mudou-se há alguns anos para Manchester, na vizinha Inglaterra, onde conheceu a sua futura esposa, com quem se mudou entretanto para o outro lado do Atlântico.

Depois de em Manchester ter feito parte dos míticos Working For A Nuclear Free City, juntamente com o produtor Philip Kay, um projeto que chegou a entrar em digressão nos Estados Unidos e a chamar a atenção da crítica e a ser alvo de algumas nomeações, a verdade é que nunca conseguiu fugir do universo mais underground acabando por implodir.

Já no lado de lá do atlântico, Gary começou a compôr e a gravar numa mesa Tascam de oito pistas e assim nasceram os American Wrestlers. O projeto deu um grande passo em frente, ao assinar pela insuspeita Fat Possum e daí até ao disco de estreia, um homónimo editado na primavera do ano passado, foi um pequeno passo. American Wrestlers impressionou pelo ambiente sonoro com um teor lo fi algo futurista, devido à distorção e à orgânica do ruído em que assentavam grande parte das canções, onde não faltavam alguns arranjos claramente jazzísticos e uma voz num registo em falsete, com um certo reverb que acentuava o charme rugoso da mesma.

Se essa estreia nos oferecia uma viagem que nos remetia para a gloriosa época do rock independente, sem rodeios, medos ou concessões, proporcionada por um autor com um espírito aberto e criativo, o sucessor, um trabalho intitulado Goodbye Terrible Youth e que irá ver a luz do dia em meados de novembro, deverá cimentar essa filosofia vencedora, com Give Up, a primeira amostra divulgada, a impressionar pela melodia frenética em que assenta e que oscila entre o épico e o hipnótico, o lo-fi e o hi-fi, com a repetitiva linha de guitarra a oferecer um realce ainda maior ao refrão e as oscilações no volume a transformarem a canção num hino pop, que funciona como um verdadeiro psicoativo sentimental com uma caricatura claramente definida e que agrega, de certo modo, todas as referências internas presentes na sonoridade de American Wrestlers. Goodbye Terrible Youth será, de certeza, um dos grandes lançamentos do ocaso de 2016. Confere Give Up e o alinhamento do disco...

01 “Vote Thatcher”
02 “Give Up”
03 “So Long”
04 “Hello, Dear”
05 “Amazing Grace”
06 “Terrible Youth”
07 “Blind Kids”
08 “Someone Far Away”
09 “Real People”

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publicado por stipe07 às 18:15

Numbers Are Futile - Sunlight On Black Horizon

Terça-feira, 23.06.15

Os Numbers Are Futile são Δ ☼ ❍ e Δ Π Δ, um português e um grego sedeados em Edimburgo, na Escócia e representados pela insuspeita Song By Toad, Records, de Matthew Young. Sunlight On Black Horizon é o disco de estreia deste projeto, um trabalho editado a dezoito de maio, disponivel em formato vinil e digital, com oito canções guiadas por uma percussão exemplar e samples únicos, que sobrevivem num universo subsónico e contrastante, com a voz a flutuar em redor, numa banda sonora que fala de sonhos, de liberdade e de redenção.

Um dos maiores trunfos deste conjunto de canções está na decisão da dupla em abordar a míriade sonora que fez sempre parte dos gostos músicais de ambos e do universo cultural em que cresceram, com pontos de encontro óbvios e onde as herançashelénica e românica são referências óbvias. The Great Chimera é um oásis de cor e luz que entre as sete colinas de Lisboa e o Pártenon nos oferece algumas das caraterísticas fundamentais world music, chillwave, dream pop, new age e de outras sonoridades mais clássicas e experimentais, que se multiplicam ao longo do alinhamento de Sunlight On Black Horizon.

Acaba por ser viciante experimentar ouvir o disco várias vezes e ir catalogando mentalmente os universos sonoros abordados e estimulante perceber como eles se relacionam e se fundem nas canções. Este constante sobressalto e variedade sonora ficam ainda mais enriquecidos quando se constatam as diferenças na forma de cantar de Δ ☼ ❍ e o encanto etéreo e celestial com que os dois músicos comunicam entre si.

Logo a abrir, a já citada The Great Chimera sustenta-se nuns teclados que criam uma atmosfera envolvente e bastante quente e depois We Float parece querer remeter a raça humana para as suas origens aquáticas, com os tambores a explicarem que, inevitavelmente, somos criações da natureza e a ela nos devemos manter ligados. O som que emanam nesta canção tem uma toada épica, que se mantém em Monster, ampliada aqui por instrumentos de sopro, mais uma exemplo da percussão fenomenal e bastante diversificada que estes Numbers Are Futile debitam e que, neste caso, vai-se construindo aos poucos, através de uma sequência rítmica bastante moderna.
Como seria de esperar, os teclados são cruciais no amenizar da gravidade dos tambores e das batidas e têm um papel fundamental no que toca à criação de um ambiente confortável e familiar para o ouvinte. Em Oblivion Days, um dedilhar hipnótico de duas ou três teclas e a inserção dos tambores de modo paticularmente pujante e grandioso, quase a meio do tema, provam como estes Numbers Are Futile são mestres na instrumentação, na forma como tocam e como conjugam todos os instrumentos, não deixando de ser estimulante conferir esta sonoridade única e que evoca ambientes seculares enquanto que, simultaneamente, soa de uma forma tão nova e tão refrescante.
Até ao ocaso, não há como não nos sentirmos tocados pelos inéditos samples vocais de In The Fields que, juntamente com as notas que são tocadas, evocam um ambiente um pouco mais obscuro, como se a canção ilustrasse um culto secreto, ou um ritual. Depois, se o orgão de Doomsday Blues parece conter a chave que abre a porta do paraíso, já os teclados hipnóticos de The Threat puxam-nos, mais uma vez, para uma cavernosa obscuridade orgânica, assim como o ópio percurssivo que alimenta Vice > Reason. Estes temas constroem a sequência mais emotiva e ruidosa do disco que, quando termina, faz-nos sentr que a escuta de Sunlight On Black Horizon é, fundamentalmente, uma experiência semelhante à audição de um monólogo de Zeus no seu próprio templo, em oito canções onde somos levados e elevados ao mesmo nível dos templos mais altos da mitologia grega. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:49

American Wrestlers - American Wrestlers

Terça-feira, 21.04.15

American Wrestlers é um projeto liderado por Gary McClure, um escocês que vive atualmente nos Estados Unidos, em St. Louis, no estado do Missouri. Tendo crescido em Glasgow, no país natal, mudou-se há alguns anos para Manchester, na vizinha Inglaterra, onde conheceu a sua futura esposa, com quem se mudou entretanto para o outro lado do Atlântico.

Depois de em Manchester ter feito parte dos míticos Working For A Nuclear Free City, juntamente com o produtor Philip Kay, um projeto que chegou a entrar em digressão nos Estados Unidos e a chamar a atenção da crítica e a ser alvo de algumas nomeações, a verdade é que nunca conseguiu fugir do universo mais underground acabando por implodir.

Já no lado de lá do atlântico, Gary começou a compôr e a gravar numa mesa Tascam de oito pistas e assim nasceram os American Wrestlers. Recentemente o projeto deu um grande passo em frente, ao assinar pela insuspeita Fat Possum. Esta etiqueta editou já o single I Can Do No Wrong, uma peça sonora magnífica, principalmente por ser difícil de descrever. O ambiente sonoro que cria tem um teor lo fi algo futurista, devido à distorção e à orgânica do ruído em que assenta. Depois, alguns arranjos claramente jazzísticos e uma voz num registo em falsete com um certo reverb, acentuam o charme rugoso da mesma. E com esta descrição de um tema magnífico está dado o mote para um álbum que nos oferece uma viagem que nos remete para a gloriosa época do rock independente, sem rodeios, medos ou concessões, porporcionada por um autor com um espírito aberto e criativo.

Inspirada numa noticía que Gary leu sobre um doente mental que foi espancado até à morte e pelo respetivo video que circulou com imagens do acontecimento, Kelly, um dos outros destaques de American Wrestlers, é uma belissima ode por parte de Gary a todos os Kellys deste mundo que são vitimas de abusos e de atitudes incompreensiveis, feita com uma melodia frenética que oscila entre o épico e o hipnótico, o lo-fi e o hi-fi, com a repetitiva linha de guitarra e oferecer um realce ainda maior ao refrão e as oscilações no volume a transformar a canção num hino pop, que funciona como um verdadeiro psicoativo sentimental com uma caricatura claramente definida e que agrega, de certo modo, todas as referências internas presentes na sonoridade de American Wrestlers.

Mas se este disco não sobrevive sem estas duas canções, o restante alinhamento não merece ser descurado e exige também audição dedicada. A exploração de uma ligação estreita entre a psicadelia e o rock progressivo, através de um sentido épico pouco comum e com resultados práticos extraordinários em There's No One Crying Over Me Either, assim como o festim sonoro acelerado e difícil de travar de Holy, à boleia de um efeito de guitarra ácido e extremamente melódico, exemplarmente acompanhado pelo piano, pelo baixo e pela bateria e o devaneio folk bastante sentimental de Wild Wonder abrem um disco curioso e desafiante, que impressiona pela forma livre e espontânea como os vários instrumentos, mas em espcial as guitarras, se expressam, guiadas pela nostalgia e pelas emoções que Gary pretende transmitir. Depois, o transe libidinoso que nos oferece a festiva The Rest Of You e a folk psicadélica, com uma considerável vertente experimental associada, que domina Cheapshot, são mais dois exemplos felizes do arsenal bélico com que American Wrestlers nos sacode e traduzem, na forma de música, a mente criativa de Gary e que parece, em determinados períodos, ir além daquilo que ele vê, pensa e sente, nomeadamente quando questiona alguns cânones elementares ou verdades insofismáveis do nosso mundo.

Gary confessou recentemente que apesar de toda a atenção e mediatismo que tem tido com este seu trabalho e que estado umbilicalmente ligado a uma etiqueta tão insuspeita como a Fat Possum, continua a ter dificuldades em pagar as contas vivendo apenas e só da música e que, além da carriera artística, trabalha diariamente, quase de sol a sol, numas docas. Se American Wrestlers não consegue viver apenas e só da música que compôe, algo de muito errado se passa no universo sonoro discográfico e este artista merece claramente uma maior notoriedade e recompensa pelo seu génio criativo. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 23:48

Garden Of Elks - A Distorted Sigh

Quarta-feira, 15.04.15

Espalhados pela Escócia, os Garden Of Elks são um trio formado por Niall Strachan, de Inverness, o baixista Ryan Drever, de Glasgow e a baterista Paul Bannon, de Edimburgo. A Distorted Sigh, o trabalho de estreia dos Garden Of Elks, chegará lá para abril, em formato digital, vinil e cassete, mas entretanto foram sendo divulgados alguns avanços desse disco de uma banda que assume possuir uma sonoridade que intitulam de trash pop e que confirmaram este álbum como uma das grandes surpresas desta primavera discográfica.

Em oito anos de escrita dedicada neste blogue e umas duas décadas de audição diária, ávida, atenta e apaixonada de novidades sonoras, chega-se a um ponto em que torna-se difícil sentirmo-nos realmente impressionados e espontaneamente rendidos, de modo imediato, a uma determinada banda ou projeto que entra pela primeira vez nos nossos ouvidos. Consigo-me recordar com algum à vontade dos nomes que tiveram esse efeito instantâneo e estes escoceses Garden Of Elks passarão a fazer parte dessa lista já apreciável, mas restrita, de bandas pelas quais me apaixonei à primeira audição. O baixo imponente que introduz o punk rock shoegaze de This Morning We Are Astronauts e a voz de Niall com um sotaque intenso e pronunciado e num tom que sustenta o seu charme, não só nesses dois detalhes mas também e princialmente, na incoerente tonalidade em relação à melodia, são aqueles fantásticos atributos que me prenderam irremdiavelmente a esta estreia absolutamente fabulosa. O indie rock de garagem, puro, vibrante, feito sem amarras e concessões, sujo e ditorcido e carregado de sentimento e emoção latente, continua bem vivo e é na fria Escócia, imagine-se, que se encontram algumas das melhores razões para percebermos, sentirmos e contactarmos com uma das provas evidentes que nos permitem saber que estamos certos por acreditar nessa permissa. Basta ouvirmos os quase dois minutos de Smile para percebermos que, apesar de ter sido necessário esperar dezassete anos, finalmente o clássico Song 2 dos Blur tem sequência à altura e os DJs já não precisam de desesperar para encontrar aquele tema que pode passar a seguir, sem falhas no arrojo, na amplitude sonora, no ritmo e na inspiração.

Swap, uma canção sobre a amizade, foi escrita por Niall como reação a um evento da vida de um amigo próximo, como forma de tributo à verdadeira amizade e de crítica a todos aqueles que apenas vêm a amizade como um modo de obterem proveito, descurando sempre a presença quando os outros realmente mais precisam. O punk rock orelhudo, feito com um baixo rugoso e vibrante e uma guitarra que inflama distorções verdadeiramente inebriantes é a pedra de toque deste tema e aprofunda ainda mais o exuberante sentimento de exclamação inicial, que nunca mais abandona o ouvinte dedicado, porque essa energia vai ser uma constante em A Distorted Sigh, até ao ocaso do alinhamento.

Contented Contender e I Hid Inside aproximam os Garden Of Elks de um universo progressivo e experimental que coloca a nú algumas das principais virtudes instrumentais da banda, enfatizadas nos efeitos das cordas eletrificadas e no modo como se encadeiam com as mudanças de ritmo e como as letras e as rimas se colam às melodias, ganhando vida e flutuando com notável precisão pelo limbo sentimental que transborda das canções. A própria voz de Niall, além de manter as caraterísticas acima descritas com enorme vigor até ao final, consegue sempre variar o volume de acordo com a componente instrumental, nunca havendo uma sobreposição pouco recomendável de qualquer uma das partes ao longo das canções, como se exige em alinhamentos onde predominam temas curtos, crus, sujos e diretos, mas vigorosos, emocionados e sentidos, como é o caso.

Invisible People Are Their Own Reflections In The Water é mais um exemplo que plasma com precisão as virtudes técnicas que os Garden Of Elks possuem e a forma direta e natural como conseguem abarcar as componentes mais clássicas e experimentais do rock e comprimi-las em algo genuíno e com uma identidade muito própria transpiram uma naturalidade e espontaneidade únicas. Mas estes contínuos agregados sonoros mantêm-se até ao fim e Se Mountain Dew e Wing fazem a simbiose entre garage rockpós punk através da sonoridade crua, rápida e típica da que tomou conta do cenário lo fi inaugurado há mais de três décadas, já as aproximações ao puro grunge em Yoop provam, mais uma vez, que estes Garden Of Elks sabem como harmonizar e tornar agradável aos nossos ouvidos sons aparentemente ofensivos e pouco melódicos, fazendo da rispidez visceral algo de extremamente sedutor e apelativo. A viagem lisérgica que a dupla nos oferece nas reverberações ultra sónicas destes temas, com os riffs da guitarra a exibirem linhas e timbres com um clima marcadamente rugoso, ruidoso e monumental, comprime tudo aquilo que sonoramente seduz este trio escocês em algo genuíno e com uma identidade muito própria.

Para o final ainda faltava mais uma grande surpresa e algumas nuances inéditas no alinhamento; Tomorrow exala um transe hipnótico e apoteótico que mostra uma faceta um pouco diferente destes Garden Of Elks e poderá servir de indicador para o futuro sonoro próximo da banda. O agregado instrumental clássico que sutenta a canção, exuberante mas despido de exageros desnecessários, é a demonstração cabal do modo como este coletivo se disponibiliza corajosamente para um salutar experimentalismo onde reina uma certa megalomania e uma saudável monstruosidade agressiva, aliada a um curioso sentido de estética.

Em suma, toda esta cuidada sujidade ruidosa que os Garden Of Elks produzem, feita com justificado propósito, cimenta a minha ideia inicial que justifica, por um lado, a minha admiração imediata por esta banda e, por outro, a certeza que o indie rock alternativo cheio de sentimento e emoção, mesmo algo escondido na Escócia, está vivo e recomenda-se, porque é feito usando o baixo encorpado e vigoroso e a distorção das guitarras como veículo para uma verdadeira catarse sonora, que constrói com o ouvinte uma química interessante e o transporta para um ambiento denso, mas que busca claramente a celebração e o apoteótico! Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 21:54






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