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Half Moon Run – Back On The Road

Terça-feira, 04.02.25

Devon Portielje, Conner Molander e Dylan Phillips, são os Half Moon Run, um projeto canadiano oriundo de Montreal e que já faz música desde dois mil e nove. Estrearam-se nos discos três anos depois com Dark Eyes e em dois mil e quinze chamaram a atenção desta redação devido a Sun Leads Me On, um disco que tinha o selo Glassnote Records. Em dois mil e dezanove adicionaram ao seu catálogo o álbum A Blemish in the Great Light e no verão de dois mil e vinte e três voltaram a ser escutados por cá à boleia de Salt, o último disco do projeto, um compêndio de onze canções que navegavam nas águas turvas de um indie rock que em determinados momentos tanto infletia para a folk como para a própria eletrónica.

Half Moon Run Montreal band

Nas últimas semanas os Half Moon Run voltam a chamar a atenção do nosso radar por causa de alguns temas que têm divulgado e que tinham ficado de fora do alinhamento de Salt, tendo sido criados durante o processo de gravação desse registo. Assim, se em dezembro último tivemos a oportunidade de conferir Loose Ends, um solarengo e otimista instante sonoro, em que um buliçoso piano e uma viola acústica exemplarmente dedilhada, se iam cruzando entre si no processo de construção melódica de uma composição tocante, feliz e detalhisticamente rica, agora chega a vez de escutarmos Back On The Road, outra magnífica canção, que também assenta a sua base sonora numa filosofia interpretativa eminentemente acústica, mas que olha com especial gula para a herança da melhor country que se faz do lado de lá do atlântico. Confere...

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publicado por stipe07 às 18:44

J Mascis – Breathe (The Cure cover)

Domingo, 02.02.25

Sensivelmente um ano depois do excelente disco What Do We Do Now, um alinhamento de dez canções que viu a luz do dia em fevereiro do ano passado, com a chancela da Sub Pop Records, J Mascis, o líder dos míticos Dinosaur Jr, está de regresso ao nosso radar com uma cover de um original dos Cure, intitulado Breathe, tema que a banda de Robert Smith utilizou como b side do single Catch que o grupo natural de Crawley, em Inglaterra, lançou em mil novecentos e oitenta e sete.

É sobejamente conhecida no mainstream alternativo uma enorme admiração mútua entre Smith e Mascis, algo fácil de comprovar com uma qualquer pesquisa rápida que se faça acerca das opiniões e declarações em entrevistas dos dois músicos, acerca um do outro. Esta cover assinada pelo líder dos Dinosaur Jr. é apenas mais um capítulo desta história feliz que começou em mil novecentos e oitenta e nove, quando a banda formada em Amherst, no Massachusetts, cinco anos antes, por J Mascis e o seu amigo Lou Barlow, fez uma cover do clássico dos Cure Just Like Heaven.

A nova roupagem que J Mascis assina para Breathe, um original eminentemente pop e sintético, feito de sintetizações exuberantes, contém um perfil mais orgânico e intimista, com a guitarra a debitar uma deliciosa base acústica repleta de cor e luminosidade, num resultado final que não deixa de conter uma indispensável radiofonia e que toca no âmago de quem o escuta com superior atenção e devoção. Confere a cover e o original...

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publicado por stipe07 às 21:25

Lucy Dacus – Ankles vs Limerence

Segunda-feira, 27.01.25

Quatro anos depois de Home Vídeo, um registo que foi dissecado com minúcia nesta redação em dois mil e vinte e um, a norte-americana Lucy Dacus está de regresso em dois mil e vinte e cinco ao formato longa-duração, com o quarto disco da sua carreira, um trabalho intitulado Forever Is A Feeling, que vai ver a luz a vinte e oito de março com a chancela da Geffen Records.

Em jeito de antecipação, a artista natural da Virginia, acaba de revelar dois temas do alinhamento de Forever Is A Feeling. Tratam-se das canções Ankles e Limerence, temas com um elevado lustro classicista e particularmente emotivas. Se Ankles aposta no esplendor de cordas das mais variadas proveniências que, agregadas a uma bateria vigorosamente arritmada e a diversos detalhes percussivos, induzem ao tema um travo orquestral imponente, já Limerence coloca todas as fichas num perfil sonoro com um toada mais intimista, impressionando o modo como a voz e o piano planam entre si e em redor de uma melodia quase inaudível, mas bastante convincente no modo como transmite alma e cor. Confere...

 

 

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publicado por stipe07 às 21:36

Tunng – Love You All Over Again

Domingo, 26.01.25

Quase sete anos depois do excelente Songs You Make At Night, disco que chegou aos escaparates em dois mil e dezoito, à boleia da insuspeita Full Time Hobby, o coletivo britânico Tunng, que está a comemorar duas décadas de uma respeitável carreira, onde tem misturado, com uma ímpar contemporaneidade e bom gosto, eletrónica e folk, volta ao nosso radar com Love You All Over Again, o novo catálogo de canções deste coletivo formado por Mike Lindsay, Sam Genders, Ashley Bates, Phil Winter, Becky Jacobs e Martin Smith.

Tunng revient avec l'album "Love You All Over Again"

Com dez temas no seu alinhamento, Love You All Over Again é um disco criado por uma banda que encanta e cativa pelo modo como cria melodias doces e cativantes, mesmo que sejam adornadas, muitas vezes, com arranjos e samples à primeira vista tendencialmente agrestes e ruidosos. É um processo de criação sonora algo complexo, que não renega o uso de várias influências e onde o experimentalismo livre de constrangimentos se assume como uma filosofia condutora marcante e a maior mais valia deste modo de compôr.

Assim, neste seu novo trabalho, os Tunng ampliam o grau de audácia e de arrojo da sua habitual filosofia interpretativa, com canções como Didn't Know Why, que impressiona pela exuberância percussiva, ou Everything Else que assenta o seu edifício melódico nos acordes de uma guitarra mágica, dedilhada com ímpar delicadeza, a serem excelentes exemplos do elevado leque instrumental e estilístico que sustenta a arquitetura sonora do disco. Nele podemos contemplar diversos metais, tambores e outros arranjos e samples à primeira vista tendencialmente agrestes e ruidosos, mas que acabam por conter uma curiosa luminosidade, além da existência de recortes exemplarmente agregados entre si de vozes, teclas e sintetizações das mais variadas proveniências, num resultado final otimista e com um travo ecoante e cósmico inconfundível, porque tem origem numa filosofia intepretativa com um adn sem paralelo no panorama alternativo atual.

A vasta pafernália de sons e detalhes sintéticos e orgânicos que preenchem, camada após camada, o tema Deep Underneath, o dedilhar de cordas insinuante que conduz a parada cósmica a que sabe a pop sedutora de Sixes, a flauta sonhadora e que parece vir do mundo dos sonhos na classicista, íntima e envolvente Snails, uma daquelas canções que parece ter vindo de um mundo perfeito, um mundo em que sonhar produz efeitos práticos e concretos na vida de quem acredita que os sonhos podem ser realmente vividos em plenitude e o delicioso minimalismo acústico de Laundry, são outros momentos intensos e verdadeiramente tocantes de um álbum que, se deixrmos, pode ter o poder de nos libertar definitivamente de algumas das amarras que ainda filtram o modo como a nossa consciência vê o mundo durante o dia.

Nos dias de hoje por mais que a existência humana e tudo o que existe em nosso redor, estejam amarrados à ditadura da tecnologia, ela pode ser, à boleia dos Tunng e deste disco Love You All Over Again, um veículo para o encontro do bem e da felicidade, quer pessoal quer coletiva. Espero que aprecies a sugestão...

01. Everything Else
02. Didn’t Know Why
03. Sixes
04. Snails
05. Laundry
06. Drifting Memory Station
07. Deep Underneath
08. Levitate A Little
09. Yeekeys
10. Coat Hangers

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publicado por stipe07 às 15:35

The Golden Dregs – The Company Of Strangers

Sábado, 25.01.25

Sedeado em Londres e inicialmente concebido como um projeto a solo assinado pelo multi-instrumentista Ben Woods, The Golden Dregs assume-se atualmente como um coletivo de vários músicos. Assim, a Ben Woods juntam-se, por estes dias, Michael Clark, Ted Mair, Matt Merriman, Hannah Woods e Davy Roderick, grupo que tem pronto um novo disco intitulado Godspeed, que vai ver a luz do dia a vinte e cinco de abril, com a chancela da Joy Of Life International, a nova etiqueta de Ben, em parceria com a End of the Road Records.

Quarto disco da carreira dos The Golden Dregs, Godspeed terá um alinhamento de onze canções e The Company Of Strangers é a mais recente retirada do registo em formato single. Trata-se de uma composição com um perfil sonoro de base eminentemente acústico, que depois acama uma considerável riqueza detalhística, induzida por teclas, sopros e cordas de várias proveniências, num resultado final que, num misto de nostalgia e bom gosto, nos oferece uma aparente ligeireza que acaba por dar um ar bastante familiar e ligeiro a uma canção que flui nos nossos ouvidos com enorme prazer. Confere The Company Of Strangers e o artwork e a tracklist de Godspeed...

Big Ideas
Linoleum
The Company of Strangers
Imagining France
The Weight of It All
Erasure
In The Headlights He
Heron
Perfume
If You’d Seen Him
The Wave

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publicado por stipe07 às 14:13

Destroyer – Bologna (feat. Simone Schmidt)

Quinta-feira, 16.01.25

O projeto canadiano Destroyer, encabeçado por Dan Bejar, foi uma das sensações discográficas da primavera de dois mil e vinte e dois com, imagine-se, o décimo quarto registo discográfico do projeto, um álbum intitulado Labyrinthitis, que teve a chancela da Merge Records e que figurou na décima sétima posição da lista dos vinte melhores álbuns desse ano para a nossa redação.

Destroyer Announces New Album Dan's Boogie

Agora, quase três anos depois de Labyrinthitis, Dan Bejar volta à carga com o anúncio de um novo álbum com nove canções intitulado Dan's Boogie, um registo que irá chegar aos escaparates em março e que tem em Bologna, a quinta canção do seu alinhamento, o primeiro single retirado do registo.

Com a participação especial vocal de Simone Schmidt, cantora no projeto Fiver, Bologna é uma canção que sobrevive há custa de uma elevada riqueza detalhística, ora abrasiva e cavernosa, ora cósmica e que, tendo origens orgânicas e sintéticas, deambula em redor de uma bateria enleante, um piano que se vai insinuando amiúde, mas sempre no momento certo e na frieza de um baixo que acama e sustenta toda uma trama instrumental intrincada e com indisfarçável travo jazzístico. Bologna é, em suma, uma obra muito orgânica, repleta de contrastes, nuances e amálgamas exemplarmente tricotadas e agregadas e que encarna aquela filosofia enigmática e intrincada, tão do agrado deste autor canadiano. Confere Bologna e o artwork e a tracklist de Dan's Boogie...

01 The Same Thing as Nothing at All
02 Hydroplaning Off the Edge of the World
03 The Ignoramus of Love
04 Dan’s Boogie
05 Bologna (ft. Fiver)
06 I Materialize
07 Sun Meet Snow
08 Cataract Light
09 Travel Light

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publicado por stipe07 às 16:31

Luke Sital-Singh – Still Young

Segunda-feira, 06.01.25

O britânico Luke Sital-Singh, um artista muito querido para a nossa redação, lançou em setembro de dois mil e vinte e dois um excelente disco intitulado Dressing Like A Stranger, disponivel no bandcamp do artista, um alinhamento de onze canções que plasmavam de modo tremendamente fiel o espírito intimista e profundamente reflexivo deste artista e o habitual misticismo e inocência da sua filosofia sonora.

Music | Luke Sital-Singh

Agora, pouco mais de três anos depois desse registo, Luke Sital-Singh está de regresso aos discos com um alinahmento de onze canções intitulado Fool's Spring, que vai ver a luz do dia a vinte e um de fevereiro próximo, com a chancela da Nettwerk Music.

Já passaram por esta redação alguns dos temas que irão fazer parte do alinhamento de Fool's Spring, nomeadamente Saint And Thief, uma composição melodicamente rica e sonoramente bastante luminosa e Santa Fe, um tema que conta com a participação especial de Lisa Hannigan. Agora chega a vez de conferirmos Still Young, a canção que abre o alinhamento do álbum. Still Young tem o seu sustento em cordas acústicas dedilhadas com astúcia, que depois recebem uma explosão sónica sintética, que rapidamente se retira para voltar a oferecer o protagonismo do tema à viola e ao inconfundível falsete adocicado de Luke. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:06

Os Melhores Discos de 2024 (10-01)

Sexta-feira, 27.12.24

Man On The Moon EP1 - YouTube

10 - Wand - Vertigo

Vertigo tem a assinatura de um dos projetos mais negligenciados do panorama sonoro alternativo atual, um belo segredo que não deveria estar tão escondido e que deve chegar a todos os ouvidos dos apreciadores do género sonoro em que navega. Parece claro que os seus quase quarenta minutos que foram incubados de modo a materializarem uma espécie de banda sonora ideal para um western contemporâneo que tem como propósito o bem comum e a sua audição com esse propósito, não irá defraudar as expetativas iniciais de todos, mesmo as mais otimistas. Momento mais alto do catálogo dos Wand, Vertigo é a ambiciosa materialização de um todo sonoro, porque as canções não devem ser apreciadas de modo estanque, nem desalinhadas da posição em que se encontram. Cada composição é uma parte metamórfica de um esplendoroso edifício sonoro, minuciosamente arquitetado para encarnar uma espécie de verdade científica que diz que a música dos Wand pode muito bem ser um atalho rapidíssimo para aceder a uma dimensão sonora que aconchega, anima e cura quem andar mais avesso relativamente ao que de bom a vida tem para nos oferecer.

9 - Foxing - Foxing

Foxing mantém o projeto na senda de uma sonoridade que consegue, em pouco mais de alguns segundos, passar do caótico e abrasivo, ao profundamente melancólico e planante, sempre com um travo tremendamente lisérgico, utilizando um processo criativo que tem tanto de inédito e pouco usual, como de profundamente atrativo e catártico. É, na sua génese, uma opção racional focada no uso coerente e intencional do ruido, direcionando-o para um propósito previamente delineado e que olha para o mesmo como uma virtude e uma porta aberta a inúmeras e bem sucedidas possibilidades criativas. De facto, o som dos Foxing incomoda a espaços, também embala em certos períodos, mas a verdade é que, de uma forma ou de outra, nunca deixa de ter em si algo de comovente e instintivamente magnético. Imponência e verticalidade na abordagem ao rock mais efusivo e um olhar anguloso a uma salutar epicidade, são também ideias que assaltam o ouvinte mais atento no final da audição de um disco que se assume como um catálogo obrigatório dentro das propostas mais contemporâneas que abordam aquele rock progressivo que tem feito escola no outro lado do atlântico nas últimas três décadas. E diga-se, em abono da verdade, que esta banda norte-americana assume-se, sem qualquer receio e com Foxing, como um projeto porta estandarte de um subgénero do rock que tem tido um airplay cada vez menor depois do período aúreo que viveu no dealbar do novo século, mas que ainda agrega, felizmente, uma legião fiel e devota de seguidores.

8 - WHY? - The Well I Fell Into

Explorando temas tão profundos como o sentimento de perca ou de auto descoberta, The Well I Fell Into é um mergulho sugestivo, impressivo e detalhisticamente rico e complexo, na mente de Yoni, um artista que chamou a estúdio, para gravar o álbum, um naipe de talentosos músicos e artistas, dos quais se destacam Gia Margaret, Macie Stewart, Lillie West, Serengeti, ou Ada Lea. O resultado final são pouco mais de quarenta e cinco minutos intensos e luminosos, mas também cheios de emoção e profundamente pensativos, nostálgicos e melancólicos. Após repetidas audições, The Well I Fell Into acaba por impregnar-se como uma lapa, porque nos oferece a inolvidável sensação de estarmos na presença de uma coleção de canções que poderiam ter sido idealizadas por uma criança que ganhou voz de adulto, aprimorou os seus dotes musicais, instrumentais, de escrita e melódicos, mas que, bem lá no fundo, nunca cresceu, nunca deixou de brincar com os instrumentos e assim conseguiu mais uma metáfora perfeita dos extremos desiquilíbrios em que vive o seu eu e o mundo em que ele vive, que é, como todos bem sabemos, também o nosso.

7 - Fontaines D.C. - Romance

Romance amplia o percurso ambicioso e eclético do projeto, que no trabalho mais ambicioso e complexo da carreira materializa uma bem sucedida fusão de géneros, que oscilam entre o rock alternativo noventista, o rock progressivo, o hip-hop e aquela eletrónica que aposta em texturas eminentemente densas e pastosas. O punk rock, uma das imagens de marca do período inicial da carreira dos Fontaines D.C., não é colocado inteiramente de lado em Romance, mas tem um perfil mais marginal, servindo essencialmente como adorno em algumas canções. Numa época do vale tudo, custe o que custar e seja contra quem for e em que a individualidade se deixa facilmente manietar, quase sem se aperceber, pelas solicitações dos media e das redes sociais, Romance puxa pelo nosso lado mais emocional e sensível e faz com que nunca nos esqueçamos que o amor, a solidariedade e a compaixão pelo próximo fazem parte da natureza humana. Ao fazê-lo, comprova também que os Fontaines D.C. não são, nem devem ser, mais vistos como um cometa que passa, brilha no momento e que depois corre o risco de ser esquecido no ocaso do tempo e do espaço negro e profundo, mas que são, já e com pleno direito, uma das melhores bandas do rock alternativo mundial contemporâneo.

6 - Elbow - Audio Vertigo

É bastante interessante a capacidade inventiva dos Elbow e a forma como conseguem, com uma regularidade ao alcance de poucos, apresentar novas propostas sonoras que apresentam, em simultâneo, uma saudável coerência que tipifica um ADN muito específico e um elevado grau de inedetismo, fugindo sempre, disco após disco, à redundância e à repetição de fórmulas, mesmo que bem sucedidas, como aconteceu quase sempre nas já quase três décadas de carreira do grupo. Assim sendo, basta escutar-se uma única vez Audio Vertigo para se perceber que conceitos como epicidade, majestosidade e charme estão, como sempre, presentes, mas adornados, desta vez e com um curioso sabor a um certo hedonismo, por uma aposta ainda mais declarada no jazz, na pop sintetizada e em detalhes com berço africano e brasileiro, territórios sonoros que, sem fugir ao clássico rock, parecem ser, cada vez mais, algo de gula por parte de Garvey, que apresenta aqui os seus poemas mais negros e ironicos dos últimos tempos e de Craig Potter, o responsável maior pelo ideário instrumental dos discos deste grupo natural de Manchester. Em Audio Vertigo o quarteto solta as rédeas, deixa-se inspirar por alguns dos conceitos que vão definindo o melhor rock contemporâneo, sem perder identidade e de modo sedutor, adulto, certamente minuciosamente arquitetado e alvo de um trabalho de produção irrepreensível, criam um dos grandes marcos discográficos de dois mil e vinte e quatro.

5 - DIIV - Frog In Boiling Water

Frog In Boiling Water oferece aos DIIV uma apreciável guinada conceptual, já que os coloca na senda daquele rock com elevado travo shoegaze, feito de cordas sujas e tremendamente abrasivas, acamadas por um baixo imponente, mas discreto. A voz de Zachary sempre ecoante e um registo percussivo geralmente arrastado e simultaneamente hipnótico, são outros atributos transversais a todo o registo, com os sintetizadores a conferirem a toda a trama os indispensáveis adornos, além de ajudarem as canções a terem a alma e a filosofia desejadas. É um disco homogéneo e em que sombra, rugosidade e monumentalidade se misturam entre si com intensidade e requinte superiores, através da crueza orgânica das guitarras, repletas de efeitos e distorções inebriantes e de um salutar experimentalismo percurssivo em que baixo e bateria atingem, juntos, um patamar interpretativo particularmente turtuoso, enquanto todos juntos obedecem à vontade de Zachary de se expôr, uma vez mais, sem receios e assim afugentar definitivamente todos os fantasmas interiores que o vão consumindo e que carecem constantemente de exorcização. Frog In Boiling Water é, em suma, um incondicional atestado de segurança, de vigor e de superior capacidade criativa dos DIIV, que conceberam um lugar mágico que, mesmo sendo abastadamente ruidoso e sonoramente atiçador, não deixa de conter um toque de lustro de forte pendor introspetivo e que nos provoca um saudável torpor, devido à sua atmosfera densa e pastosa, mas também libertadora e esotérica. Acaba por ser um compêndio de canções que não nos deixa iguais e indiferentes após a sua audição, desde que dedicada, também por causa do seu perfil intenso e catalisador.

4 - Sprints - Letter To Self

Cada vez é mais difícil escutar um disco e sermos, no imediato, trespassados pelo seu conteúdo e tal suceder sem apelo nem agravo. Letter To Self é um forte, seco e contundente murro no estômago, um registo que nos recorda que a música ainda consegue surpreender e que ainda há esperança para quem já não acredita que é possível agitar as águas com algo de sustancialmente diferente do que o habitual e, melhor do que isso, inovador. Os SPRINTS não inventaram nenhuma fórmula nova, não descobriram a pólvora, como se costuma dizer, mas constate-se, em abono da verdade, que foram tremendamente eficazes no modo como sugaram para o seu âmago um leque de influências bem delineado e, dando-lhe um cunho pessoal que se transformou rapidamente em adn indistinto, criaram, logo na estreia, uma verdadeira obra-prima, porque é disso que Letter To Self se trata. Letter To Self é um disco que seduz, instiga e maravilha pela crueza e pela espontaneidade do rock que exala e que contendo aspetos identitários deslumbrantes de todo o espetro sonoro acima identificado, agrega-os com enorme mestria, ao mesmo tempo que define o adn de uma banda que vai ser, apostamos, referência e inspiração para outras. E quando esse patamar se atinge, um pódio ao alcance de poucos, mas que os SPRINTS já ocupam, estamos, obviamente, na presença de uma referência incontornável do indie rock atual.

3 - Nick Cave & The Bad Seeds - Wild God

Wild God parece-nos ser o veículo que Cave utiliza para dar a volta por cima, porque é um disco que nos ajuda, sem qualquer dúvida, a sentir novamente paixão pela vida, dando-nos aquele impulso que às vezes precisamos para seguir em frente depois de uma fase menos positiva da nossa existência. Orquestralmente rico e intenso, exemplarmente burilado, com o piano a estar sempre omnipresente em quase todas as dez músicas do registo, mas também repleto de inebriantes e efusivos arranjos de cordas, sopros e percussivos, Wild God é um exemplar exercício de luxúria sonora, um contundente tratado sonoro no modo como transpira uma farta espiritualidade, que atinge neste caso uma dimensão inédita, devido a uma profundidade que comove, instiga, questiona, e quase esclarece, porque contamina e alastra-se, tornando-se compreensível por todos aqueles que testemunham e sentem na pele tudo o que é aqui descrito, com ímpar grau de realismo. Disco belo no modo como parece apaziguar o inapaziguável, mas também na forma como inquieta e recria aquela sensação de desespero comum e contínuo que nos assola a todos, enquanto nos oferece um indisfarçável sentido de esperança, Wild God contamina-nos com o bem e faz-nos ter a certeza que nada é irremediável e que o amanhã pode ser sempre um feliz recomeço.

2 - The Smile - Cutouts

Não é qualquer banda que chega ao terceiro registo de originais já com a fama de ser um projeto influenciador e fundamental do universo sonoro em que se movimenta. Como é óbvio, nos The Smile, essa justa chancela deve uma enorme quota parte de responsabilidade à fama que os seus músicos grangearam nos projetos de onde provêm, mas a bitola qualitativa das suas propostas sonoras, já agora, avançando um pouco para o conteúdo de Cutouts e o grau de abrangência e ecletismo das mesmas é, neste caso em concreto, uma verdade indesmentível. Disco que mescla com mestria rock alternativo e eletrónica ambiental, verdadeiras traves mestras no adorno e na indução de cor e alma a um catálogo de canções de forte cariz intimista e que apenas revelam todos os seus segredos se a sua audição for dedicada, Cutouts agrega nas suas dez composições mais um fabuloso conteúdo sonoro, lírico e conceptual, que disserta com gula sobre cinismo, ironia, sarcasmo, têmpera, doçura, agrura, sonhos e esperança, ao mesmo tempo que catapulta os The Smile para um processo de criação cada vez mais livre de qualquer amarra ou constrangimento comercial, sem dúvida o modus operandi que mais seduz três músicos mestres a encarnar aquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas.

1 - Father John Misty - Mahashmashana

Father John Misty é um dos artistas mais queridos deste espaço de crítica musical, sempre absorvido nos seus dilemas, vulnerabilidades e inquietações pessoais, enquanto ensaia, em cada novo trabalho, uma abordagem tremendamente empática e próxima connosco, sem se deslumbrar e perder a sua capacidade superior de criar canções assentes, quase sempre, num luminoso e harmonioso enlace entre cordas e teclas, que dão vida a temas carregados de ironia e de certo modo provocadores. Desta vez, o músico disserta sobre o momento civilizacional atual e a ténue fronteira que todos nós sabemos que existe entre e vida e a morte, considerando, o autor, que temos os nossos arraiais assentes em Mahashmashana, (महामशान) uma palavra em sânscrito que significa grande campo de cremação. E, de facto, este registo oscila entre canções com um intenso espírito roqueiro, viçoso, inquieto e irrequieto e baladas de elevado pendor melodramático e quase desesperante, sendo transversal a todo o registo uma permanentes sensação de tensão e de inquietude, que personifica, de certa forma, a tal fronteira ténue em que vivemos. É um disco, íntimo, profundo, reflexivo e repleto de laivos musicais de excelência que proporcionam ao ouvinte, entre muitas outras sensações que só a vivência da audição consegue descrever, uma constante sensação de beleza e de melancolia ímpares, enquanto testemunhamos o modo como Father John Misty concebe o mundo em que hoje vivemos e que, na sua opinião, está, comicamente, mais próximo do que muitos pensam da ruína.

 

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Os Melhores Discos de 2024 (20-11)

Quinta-feira, 26.12.24

Man On The Moon EP1 - YouTube

20 - Rui Gabriel - Compassion

Compassion é um capítulo eufórico e radiante de abertura de carreira de um músico que promete criar uma epopeia estilística sonora que vai privilegiar e colocar sempre em declarado ponto de mira, apostamos, a herança do melhor indie rock alternativo da década de noventa do século passado. Mas não se pense que esta nossa impressão é depreciativa, no que concerne à predisposição de Rui Gabriel, na hora de criar e compôr, se dedicar apenas a um processo criativo de recorte e colagem de influências, sem induzir um cunho próprio e algo inédito. Logo a abrir o disco, as cordas acústicas, o piano e o violoncelo que adornam com mestria Dreamy Boys e, no ocaso do álbum, em Money, a batida sintética planante, exemplarmente acompanhada pelo piano e pelo baixo, uma trama que nos remete para a melhor herança de uns Primal Scream, entroncando no leque de influências preferencial do autor, comprovam a abrangência das mesmas e o modo como o músico consegue, navegando num leque tão vasto, arquitetar o seu adn sonoro, com subtileza, arrojo, desenvoltura e superior habilidade criativa. Em suma Compassion tem como grande atributo conseguir, umas vezes com indisfarçável subtileza e outras com esplendoroso requinte, unir, congregar, construir e desconstruir e sublinhar todo um universo de géneros e estilos que influenciam o autor e que, curiosamente, ou talvez não, no fundo também demarcam as fronteiras do melhor cancioneiro norte americano alternativo atual. Uma grande estreia de um projeto que promete imenso.

19 - GUM And Ambrose Kenny-Smith – Ill Times

Jay Watson e Ambrose Kenny-Smith têm algo em comum que, desde logo, obriga todos aqueles que gostam de navegar nas águas turvas do indie rock psicadélico, a escutarem com devoção III Times. Ambos gostam de alimentar e de encher o seu adn de ambientes sonoros com enorme sentido melódico e com uma certa essência pop, sempre numa busca de acessibilidade e abrangência. E, de facto, III Times está cheio de canções ricas em arranjos, detalhes e nuances, mas são, ao mesmo tempo, verdadeiros pontos de encontro com aquele prazer que todos sentimos, independentemente do nosso grau de exigência sonora, por ouvir uma canção que nos embala e que fica no ouvido. De facto, III Times é um álbum envolto num pacote seguro e familiar, que permite a Jay Watson deixar mais uma vez vincada a sua apetência natural para se servir das suas raízes e conferir às mesmas o seu toque de personalidade, assimilando nelas e sem beliscar, todas as referências que o seu convidado lhe ofereceu de mão beijada, inserindo-o, com mestria, num processo criativo que esteve, certamente, isento de formalismos, possibilitando aos dois intervenientes aprenderem e assimilarem nas respetivas carreiras o melhor da outra metade, fazendo-o com enorme bom gosto, ao mesmo tempo que refletem juntos e com indisfarçável temperamento sobre este mundo conturbado em que todos vivemos.

18 - Wild Pink - Dulling The Horns

Dulling The Horns é um álbum que enche as medidas aos verdadeiros amantes daquele rock direto e que não renega abraçar alguns dos detalhe fundamentais de outros subgéneros sonoros, nomeadamente a folk, o college rock e o garage, sem perder a sua identidade. Disco com uma progressão interessante e onde, ao longo das canções, vão sendo adicionados diversos arranjos inéditos que adornam as guitarras e a voz, com um resultado muito atrativo e cativante para o ouvinte, Dulling The Horns é mais um exemplo concreto de um indisfarçável impressionismo. É um compêndio de várias narrativas onde convive uma míriade alargada de sentimentos que, da angústia à euforia, conseguem ajudar-nos a conhecer melhor a essência filosófica do grupo e, principalmente, de John Ross, artista que não se importa minimamente, mesmo à boleia de outras pesonagens, de partilhar conosco as perceções pessoais daquilo que observa enquanto a sua vida vai-se desenrolando e ele procura não se perder demasiado na torrente de sonhos que guarda dentro de si e que nem sempre são atingíveis.

17 - Vampire Weekend - Only God Was Above Us

Ao quinto disco da carreira, os Vampire Weekend resolvem homenagear figuras e eventos importantes da história de Nova Iorque, a sua cidade natal, das duas décadas finais do século passado, enquanto apresentam o disco mais eclético e abrangentedo seu catálogo. O registo apresenta elementos inéditos que beliscam universos tão díspares como o hip-hop ou o punk rock, comprovando uma busca de uma ainda maior heterogeneidade e complexidade para o cardápio do grupo. Com um travo geral com um forte travo classicista, charmoso e sentimentalmente tocante, Only God Was Above Us divide-se constantemente entre a simplicidade e a grandeza dos detalhes, enquanto se entrega, de forma experimental e criativa, à busca incessante de melodias com um forte cariz pop e radiofónico, mas sem deixarem de piscar o olho aquele universo underground e mais alternativo que sempre serviu de inspiração aos Vampire Weekend e que acabou por ser um elemento chave para conseguirem criar mais um brilhante naipe de canões que amplifica ainda mais a notoriedade que já hoje os distingue.

16 - Lo Moon - I Wish You Way More Than Luck

Os Lo Moon são exímios no modo como criam canções com enorme essência pop, ao mesmo tempo que olham com gula para a melhor herança dos anos oitenta do século passado, com bandas como os Talk Talk a saltarem logo do nosso imaginário sonoro assim que escutamos alguma das suas criações, que falam quase sempre daquilo que vamos deixando para trás ao longo da nossa vida, amigos, familiares, locais, amantes e a importância que a aceitação dessas evidências acaba por definir, quase sempre, o perfil sentimental da nossa jornada existencial. Neste disco somos afagados por pouco mais de quarenta minutos que, num misto de intimidade e majestosidade, na delicadeza das cordas, no toque suave do piano e em diversos efeitos cósmicos planantes, criam no nosso âmago uma intensa sensação de nostalgia, mostrando, com elevado grau de impressionismo, o modo astuto como este projeto natural de Los Angeles consegue, uma vez mais, mexer com as nossas emoções.

15 - Local Natives - But I’ll Wait For You

But I'll Wait For You assenta a sua filosofia interpretativa em canções que parecem ser aparentemente simples e diretas mas que, na verdade, estão repletas de nuances, efeitos, variações rítmicas e uma riqueza instrumental que nem sempre é evidente, coabitando nele atmosferas mais enérgicas e pulsantes, como em Throw It Into The Fire ou April, um oásis de vigor e cor, feito com variadas emanações sumptuosas e encaixes musicais sublimes, com instantes de maior densidade e contemplação, como em Alpharetta, uma típica composição de abertura de disco, com um perfil bastante acolhedor e repleta de diversos entalhes acústicos e sintéticos que vão surgindo numa melodia suportada por cordas singelas, um modus operandi que, sendo cada vez mais emotivo e buliçoso, se repete, por exemplo, em Camera Shy, um tema sentimentalmente tocante. É um disco pleno de complexidade e com uma riqueza ímpar, caraterísticas que comprovam o modo inteligente e criativo como os Local Natives, continuam a querer explorar novos caminhos e possibilidades, enquanto idealizam e concretizam colagens simbióticas de diferentes puzzles com tonalidades diferentes, de modo a obter um resultado final sólido e homogéneo, com uma atmosfera bem delineada e que atesta também uma vontade permanente de estreitar o mais possível quaisquer distâncias que possam existir entre as vertentes líricas e musical.

14 - MGMT - Loss Of Life

Projeto fundamental no momento de enunciar algum do catálogo sonoro essencial da pop psicadélica das últimas duas décadas, os MGMT chegam ao quinto disco mantendo a já mítica salutar demanda pela quebra de expetativas do público relativamente às suas propostas e, ao mesmo tempo, tentando cimentar um adn que, no fundo, talvez se caraterize mesmo por essa curiosa teimosia e, consequentemente e de modo a praticá-la exuberantemente, pela apropriação de todo um vasto espetro sonoro e instrumental, que do rock progressivo setentista à folk contemporânea, não encontre fronteiras ou zonas cinzentas. No fundo, tudo serve para a dupla criar e este Loss Of Life espelha essa liberdade criativa que sempre caraterizou os MGMT e que continua a fazer deles um projeto único e de importância imcomparável.

13 - STRFKR - Parallel Realms

Parallel Realms comprova a guinada que o projeto tem dado, na última meia década, rumo a um perfil criativo que, sem renegar as guitarras e o baixo, coloca os teclados e os sintetizadores em plano de destaque, procurando, com astúcia e bom gosto, animar e encher de êxtase as pistas de dança. Isso fica comprovado, desde logo, no tema de abertura, Always / Never, canção em que uma guitarra com um timbre setentista ímpar introduz-nos num cosmos de groove e de psicadelia efusiantes, em quase quatro minutos em que luz, cor e plumas se entrelaçam continuamente, enquanto o orgânico e o sintético trocam entre si, quase sem se dar por isso, o protagonismo intepretativo e instrumental, numa composição plena de cosmicidade e lisergia e em que rock e eletrónica conjuram entre si com elevada mestria e bom gosto. Parallel Realms está cheio de temas notáveis e extremamente belos, impregnados, como é habitual nos STRFKR, com letras de forte cariz introspetivo e de fácil identificação com as nossas agruras e recompensas diárias. No seu todo, o disco acaba por saber a uma espécie de devaneio psicadélico, que não deixa de mostrar uma acentuda vibe setentista, em que, como já foi referido, diversas texturas orgânicas, orientadas por uma guitarra ecoante e sintéticas, conduzidas por sintetizadores repletos de efeitos cósmicos, se entrecruzam entre si e dividem o protagonismo no andamento melódico e estilístico do alinhamento no seu todo. Parallel Realms eleva os STRFKR a um patamar ímpar de qualidade, mas também de percepção de uma visão sagaz não só daquilo que tem sido a suprema herança da pop das últimas quatro décadas, mas também daquilo que poderá ser o futuro próximo da melhor indie rock.

12 - Aaron Thomas – Human Patterns

O amor, o fim de algumas amizades, eventos familiares e a contemporaneidade, são temas centrais de Human Patterns, um compêndio com doze canções envolventes, que tanto conseguem mexer com a nossa intimidade, como nos encorajar a enfrentar os dias com um sorriso renovado, enquanto planam nas asas de uma indie folk psicadélica de elevado calibre. Aaron Thomas é um exímio compositor e um multi-instrumentista de elevado calibre. Ele tomou as rédeas da maior parte das guitarras e da bateria que se escutam no registo, fazendo-o com subtil beleza e comprovando que a simplicidade melódica pode coexistir com densidade sonora, sem colocar em causa conceitos como luminosidade, radiofonia, majestosidade e, principalmente, melancolia. E, realmente, é de melancolia, mas não só, que se deve falar quando se escuta com devoção Human Patterns, algo que o disco merece. O seu alinhamento apela constantemente à nossa memória e atiça o desejo de revivermos, com ela, eventos felizes e de querer muito ter a oportunidade de consertar outros que correram menos bem.

11 - Wilderado - Talker

Talker é um daqueles discos que parece ter um propósito, bem claro e claramente optimista, de mostrar ao mundo que é nas piores circunstâncias que as melhores qualidades de cada um de nós se podem com maior astúcia se revelar e que a música pode servir de inspiração para darmos aquele empurrãozinho que muitas vezes nos falta, para que coloquemos ao nosso serviço e, já agora, também dos outros, os nossos melhores atributos. De facto, o grau de pessoalidade e de entrega das letras e o arcaboiço melódico destas doze composições não deixa ninguém indiferente e, sem apelo nem agravo, convida implacavelmente à introspeção e, consequentemente, à ação. Talker oferece-nos uma soberba imagem sonora de paz e tranquilidade, à boleia de um modus operandi assente num imenso oceano de exuberantes e complexas paisagens sonoras, com a mira apontada ao experimentalismo folk inspiradíssimo, dando vida a um retrato humanamente doce e profundo, mas também necessariamente inquitetante e por isso revelador, da génese e dos alicerces da realidade civilizacional em que vivemos.

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Banda Sonora MOM - Consoada de Natal

Terça-feira, 24.12.24

A redação deste blogue deseja a todos os seus leitores, ouvintes e seguidores, um Santo e Feliz Natal e deixa uma sugestão de banda sonora para a noite de consoada, com as participações especiais das renas Rudolph e Dasher e com o alto patrocínio da Paivense FM. Feliz Natal!

 

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