man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Mount Eerie – Broom Of Wind
O cantor e compositor norte-americano Phil Elverum é uma das personagens mais fascinantes do indie rock alternativo contemporâneo do lado de lá do atlântico e lidera o fantástico projeto Mount Eerie, que tem pronto para chegar aos escaparates um novo e monumental cardápio de vinte e seis canções intitulado Night Palace, álbum que irá ver a luz do dia a um de novembro com a chancela da P.W. Elverum & Sun, etiqueta do próprio músico.
Sucessor do registo Lost Wisdom pt. 2, que Mount Eerie lançou em dois mil e dezanove e que contava com a participação especial da cantora Julie Doiron, Night Palace será, certamente, um disco recheado de teclados efervescentes, guitarras abrasivas mas também repletas de efeitos planantes e com uma filosofia rítmica feita de salutar incoerência e heterogeneidade, os grandes eixos condutores do processo sonoro que cimenta I Walk, um dos singles já divulgados do registo, um tema com uma tonalidade muito crua, intuitiva, orgânica e experimental e que divulgámos na semana passada.
Agora, poucos dias depois do primeiro contacto com o alinhamento de Night Palace, temos disponível para audição Broom Of Wind, a sexta composição do alinhamento do álbum. É um tema com uma tonalidade um pouco diferente, já que, mantendo a tónica nas guitarras, exala um clima um pouco mais íntimo e melancólico, mas também radiofónico e luminoso, não deixando de conter um certo pendor psicadélico, à semelhança do que sucedia em I Walk. Confere...
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Mount Eerie – I Walk
O cantor e compositor norte-americano Phil Elverum é uma das personagens mais fascinantes do indie rock alternativo contemporâneo do lado de lá do atlântico e lidera o fantástico projeto Mount Eerie, que tem pronto para chegar aos escaparates um novo e monumental cardápio de vinte e seis canções intitulado Night Palace, álbum que irá ver a luz do dia a um de novembro com a chancela da P.W. Elverum & Sun, etiqueta do próprio músico.
Sucessor do registo Lost Wisdom pt. 2, que Mount Eerie lançou em dois mil e dezanove e que contava com a participação especial da cantora Julie Doiron, Night Palace será, certamente, um disco recheado de teclados efervescentes, guitarras abrasivas mas também repletas de efeitos planantes e com uma filosofia rítmica feita de salutar incoerência e heterogeneidade, os grandes eixos condutores do processo sonoro que cimenta I Walk, um dos singles já divulgados do registo, um tema com uma tonalidade muito crua, intuitiva, orgânica e experimental, um curioso tratado de indie rock com forte pendor progressivo e até psicadélico. Confere I Walk e o artwork e a tracklist de Night Palace...
Night Palace
Huge Fire
Breaths
Swallowed Alive
My Canopy
Broom Of Wind
I Walk
(soft air)
Empty Paper Towel Roll
Wind & Fog
Wind & Fog pt. 2
Blurred World
I Heard Whales (I Think)
I Saw Another Bird
I Spoke With A Fish
Myths Come True
Non-Metaphorical Decolonization
November Rain
Co-Owner Of Trees
Myths Come True pt. 2
& Sun
Writing Poems
the Gleam pt. 3
Stone Woman Gives Birth To A Child At Night
Demolition
I Need New Eyes
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Suuns – The Breaks
Os Suuns são um dos segredos mais bem guardados do panorama alternativo canadiano. Apareceram em dois mil e sete pela mão do vocalista e guitarrista Ben Shemie, ao qual se juntam, atualmente, Joseph Yarmush e Liam O’Neill. Estrearam-se nos álbuns em dois mil e dez com Zeroes QC e três anos depois chegou o extraordinário Images Du Futur, um trabalho que lhes elevou o estatuto grandemente, tendo merecido enormes elogios, não só no Canadá, mas também nos Estados Unidos e na Europa. Já na segunda metade da última década a dose dupla Hold/Still e Felt manteve a bitola elevada, dois discos que confirmaram definitivamente que estamos na presença de um grupo especial e distinto no panorama indie e alternativo atual.
Em dois mil e vinte e quatro os Suuns continuam a enriquecer o seu catálogo com um novo disco intitulado The Breaks. É o sexto compêndio da carreira do trio sedeado em Montreal e acaba de ver a luz do dia, com a chancela da Joyful Noise Recordings.
Tomo de oito canções exemplarmente buriladas e encharcadas com o já habitual ambiente místico, nebuloso, exemplarmente caótico e tremendamente orgânico que alimenta o catálogo dos Suuns, The Breaks abre as hostilidades com cândura, imagine-se, à boleia de Vanishing Point, canção perfeita para servir de banda sonora para uma início de manhã tranquila, de preferência de um dia sem rumo ou planos. É um perfil sonoro bastante intimista e até sentimental que volta a impressionar quase no ocaso do disco, em Doreen, tema que encontra no minimal mas aconchegante dedilhar de uma guitarra o braço direito do registo vocal envolvente de Ben, dupla que depois cede o pódio a um jogo subtil, mas intrincado, de diversas interseções sintéticas, com um intenso travo progressivo e experimental.
Pelo meio, os Suuns dedicam-se a demonstrar, com irrepreensível criatividade, uma mestria interpretativa que estes verdadeiros músicos e filósofos exalam com superior requinte na sedutoramente intrigante Fish On A String, no eletronoise pop apimentado de Rage, ou na impetuosidade atmosférica bastante peculiar e climática de Road Signs and Meanings, o âmago de The Breaks.
O registo eminentemente experimental e intuitivo do tema homónimo, composição que se projeta num conjunto de rugosas e abrasivas sintetizações, com uma base sonora bastante peculiar e climática, ora banhadas por um doce toque de psicadelia narcótica a preto e branco, ora consumidas por uma batida com um teor ambiental denso e encorpado e o perfil abrasivo, mas tocante, de Wave, tema agregado em redor de um sintetizador artilhado de diversos efeitos cósmicos e de um registo vocal robotizado clemente, rematam com superior quilate o conteúdo magistral de um disco em que quem mais ordena é uma peculiar e distinta pafernália de ruídos sintéticos, mas em que o modo como as cordas espreitam no meio desse minucioso caos, não é notoriamente obra do mero acaso, algo bem vincado, por exemplo. na já referida Doreen.
Masterizado por James Plotkin e produzido por Adrian Popovich, The Breaks é música futurista para alimentar uma alquimia que quer descobrir o balanço perfeito entre idealismo e conflito e que aos poucos, para o conseguir, acaba por revelar uma variedade de texturas e transformações que configuram uma espécie de psicadelia suja, assente numa feliz união entre o orgânico e o sintético, simbiose com uma certa tonalidade minimalista mas que costura todas as canções do álbum, sem excessos e onde tudo é moldado de maneira controlada. Novamente assertivos e capazes de romper limites, os Suuns oferecem-nos, entre belíssimas sonorizações instáveis e pequenas subtilezas, um portento sonoro de invulgar magnificiência, um verdadeiro orgasmo volumoso e soporífero, disponível para quem se deixar enredar numa espécie de armadilha emocionalmente desconcertante, feita com uma química interessante e num ambiente despido de exageros desnecessários, mas que busca claramente a celebração e o apoteótico. Espero que aprecies a sugestão...
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The The – Some Days I Drink My Coffee By The Grave Of William Blake
Vinte e quatro anos depois de NakedSelf, o projeto The The, encabeçado por Matt Johnsson, está de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Ensoulment, um alinhamento de doze canções que irão ver a luz dia no final desta semana, com a chancela do consórcio Cinéola e earMUSIC.
Ensoulment foi escrito em Londres por Matt, que compôs as letras e criou o esboço de grande parte dos temas. O álbum foi depois burilado pelos restantes membros da banda, que afirmam que o disco entronca no adn dos The The, sem deixar de conter algumas nuances novas que vão ao encontro dos gostos musicais atuais dos membros do projeto. Tematicamente, o álbum tanto vai versar sobre a contemporaneidade política, o amor e as guerras em curso, como sobre alguns dilemas que hoje colocam em sobressalto o íntimo de Matt, colocando, desse modo, no centro da sua filosofia artística, a complexidade emocional da condição humana.
De Ensoulment já conferimos, no passado mês de maio, Cognitive Dissident, o tema que abre o disco. Cerca de seis semanas depois escutámos uma canção intitulada Linoleum Smooth To The Stockinged Foot, a nona do seu alinhamento, um tema escrito por Matt numa cama de hospital, sob efeito de morfina, enquanto recuperava de uma operação cirúrgica e que, sonoramente, contava com as participações especiais de Sonya Cullingford (violino), Terry Edwards (trompas), Gillian Glover (vozes) e Danny Cummings (percussão).
Agora, a poucos dias de Ensoulment ver a luz do dia, já podemos conferir Some Days I Drink My Coffee By The Grave Of William Blake, a segunda composição do alinhamento do álbum. Some Days I Drink My Coffee By The Grave Of William Blake começa por ser um nostálgico oásis de acusticidade intimista, que impressiona pelo clima jazzístico da percussão e por diversos entalhes metálicos. no entanto, o refrão oferece à canção o indispensável travo elétrico e rugoso com que está impregnado o adn dos The The, intocável há cerca de quatro décadas. Confere...
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The Smile - Foreign Spies vs Zero Sum
Cerca de oito meses depois do excelente registo Wall Of Eyes, o segundo álbum do trio formado por Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead e Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, os The Smile estão de regresso aos discos ainda em dois mil e vinte e quatro com Cutouts, um alinhamento de dez canções gravado em Oxford e nos estúdios Abbey Road no mesmo período em que foi nicubado Wall Of Eyes. Produzido por Sam Petts-Davies, Cutouts conta com arranjos de cordas assinados pela London Contemporary Orchestra e terá a chancela, como é habitual nos discos dos The Smile, da XL Recordings.
Já neste mês de agosto os The Smile começaram por chamar a nossa atenção com as canções, Don’t Get Me Started e The Slip e agora estão de novo em escuta no nosso espaço por causa de Foreign Spies e Zero Sum, mais duas composições que vão, certamente, fazer parte do alinhamento de Cutouts.
Foreign Spies versa sobre a aparência de um mundo perfeito e a realidade perturbadora que se pode esconder por trás dele e, sonoramente, assenta num perfil eminentemente sintético, com alguns sintetizadores cósmicos e um registo vocal melancólico a criarem um belo exercício de eletrónica ambiental. Quanto a Zero Sum, é uma sátira à confiança que todos depositamos na informática e no mundo virtual e oferece-nos quase três minutos de rock frenético, com uma personalidade eminentemente orgânica. Guitarras abrasivas e um baixo corpulento são os ingredientes essenciais de uma canção com um elevado travo punk. Confere Foreign Spies, Zero Sum e o artwork de Cutouts...
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Foxing – Hell 99
Em dois mil e vinte e três os aclamados Foxing celebraram uma década do lançamento do seu disco de estreia Albatross, considerado hoje um verdadeiro clássico do emo rock norte-americano contemporâneo. No entanto, a banda formada pelo vocalista Conor Murphy, o guitarrista Eric Hudson, o baterista Jon Hellwig e o baixista Brett Torrence, o mais recente membro, não ficou presa ao passado e tem já um novo disco pronto. É um homónimo com doze canções, produzido e misturado por Hudson, o guitarrista e que vai ver a luz do dia a treze de setembro, com a chancela da Grand Paradise.
No inicio deste mês de agosto partilhámos com os nossos leitores e ouvintes Greyhound, o primeiro avanço revelado do alinhamento de Foxing, um disco que,já agora, sucede ao aclamado álbum Draw Down The Moon, que o grupo natural de St. Louis, no Missouri, lançou em dois mil e vinte e um. Greyhound era uma imponente e vertiginosa parada de emo rock experimental e progressivo, um manancial lisérgico de cordas abrasivas, distorções incontroladas, detalhes percussivos da mais variada proveniência, tudo rematado exemplarmente com o inconfundível falsete de Murphy.
Agora chega a vez de conferirmos Hell 99, a segunda composição do álbum. Vigorosa, crua, caótica, efusiva, rugosa, frenética, contundente e, principalmente, abrasiva, Hell 99 é uma composição cantada pelo guitarrista Eric Hudson e que reflete sobre a sensação de fadiga extrema e de burnout, com os gritos de Eric a quererem personificar aquele desejo que todos nós temos, amiúde, de deitar cá para fora tudo aquilo que nos asfixia e abafa. Confere...
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Fontaines D.C. – Romance
Dois anos depois de Skinty Fia, o curioso título do disco que os irlandeses Fontaines D.C. lançaram na primavera de dois mil e vinte e dois, a banda formada pelo vocalista Grian Chatten, os guitarristas Carlos O’Connell e Conor Curley, o baixista Conor Deegan, o contrabaixista Conor Deegan III no contra-baixo e o baterista Tom Coll, apostou em não colocar rédeas na sua veia criativa e está de regresso ao formato longa-duração, à boleia de Romance, um alinhamento de onze canções que viu a luz do dia com a chancela da XL Recordings, a nova etiqueta do grupo.
Skinty Fia era um disco de contestação, um trabalho muito marcado pela realidade económica e social de uma Irlanda que oferecia poucas oportunidades de futuro para as gerações mais jovens. Era um álbum eminentemente político, que personificava ironicamente o ponto de vista de um bem sucedido irlandês que, de modo algo corrosivo, em forma de elogio fúnebre, se congratulava com o país onde vivia e o orgulho que sente no seu (in)sucesso, mesmo que deitasse para trás das costas questões tão prementes como a política climática ou a milenar e fraterna herança histórica da Irlanda.
Romance afaga essa filosofia conceptual, voltando-se para temáticas mais pessoais e sensitivas, enquanto, sonoramente, em contra-mão, amplia o percurso ambicioso e eclético do projeto, que no trabalho mais ambicioso e complexo da carreira materializa uma bem sucedida fusão de géneros, que oscilam entre o rock alternativo noventista, o rock progressivo, o hip-hop e aquela eletrónica que aposta em texturas eminentemente densas e pastosas. O punk rock, uma das imagens de marca do período inicial da carreira dos Fontaines D.C., não é colocado inteiramente de lado em Romance, mas tem um perfil mais marginal, servindo essencialmente como adorno em algumas canções.
Logo a abrir o registo, o perfil inicialmente intimista e depois cavernoso do tema homónimo marca a tal rutura com uma herança que sempre se fez notar por uma filosofia estilística de choque com convenções e normas pré-estabelecidas. A partir daí está dado o mote para uma parada sonora com onze robustas canções, que mantêm o já habitual grau superior de rugosidade dos Fontaines D.C., mas que, no geral, são menos imediatas, intuitivas e cruas do que as de Skinti Fia. Começa por fazer mossa na anca o tom épico, mas também algo sinistro e inquietante de Starbuster, uma canção inspirada num ataque de pânico que Chatten viveu na famosa estação ferroviária londrina St. Pancras e tinha uma sonoridade algo sinistra e inquietante. Depois, Here's The Thing prova o modo feliz como o projeto conseguiu olhar para a herança do melhor indie rock da última década do século passado, à boleia de guitarras abrasivas e cruas e de um registo melódico algo intuitivo, mas repleto de guinadas rítmicas, tudo rematado por um baixo exemplar no modo como acama um perfil interpretativo com elevado espírito garageiro.
Este início prometedor e bem sucedido, mantém-se no assalto bem sucedido à herança do melhor rock clássico em Desire e na subtileza hipnótica das guitarras que acamam diversos violinos em In The Modern World, uma composição com uma essência pop assinalável. Depois, a acusticidade tipicamente british de Bug e de Motorcycle Boy, duas canções que despertam na nossa mente, de imediato, a melhor herança dos manos Gallagher, a cosmicidade lisérgica de Sundowner, canção repleta de sintetizações pastosas que nao defraudam o superior desempenho interpretativo da guitarra de Carlos O’Connell e o superior tom alternativo noventista de Favourite, uma verdadeira canção de amor, que reflete sobre a rapidez com que esse sentimento nos leva da euforia à tristeza, sem meio-termo, rematam um álbum que é um desfilar efusiante e esplendoroso dos atributos maiores do quinteto, mas que também possibilita ao seu catálogo, obter uma subida alguns degraus acima na sua bitola qualitativa.
Numa época do vale tudo, custe o que custar e seja contra quem for e em que a individualidade se deixa facilmente manietar, quase sem se aperceber, pelas solicitações dos media e das redes sociais, Romance puxa pelo nosso lado mais emocional e sensível e faz com que nunca nos esqueçamos que o amor, a solidariedade e a compaixão pelo próximo fazem parte da natureza humana. Ao fazê-lo, comprova também que os Fontaines D.C. não são, nem devem ser, mais vistos como um cometa que passa, brilha no momento e que depois corre o risco de ser esquecido no ocaso do tempo e do espaço negro e profundo, mas que são, já e com pleno direito, uma das melhores bandas do rock alternativo mundial contemporâneo. Espero que aprecies a sugestão...
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WHY? - The Well I Fell Into
Natural de Cincinnati, o norte-americano Yoni Wolf juntou-se, em dois mil e quatro, ao coletivo de hip hop Anticon, um dos mais estimulantes laboratórios de invenção de novos caminhos e recontextualizações de referências, formas e linguagens de genética hip hop. Passaram então a ser um trio, rebatizaram o projeto de cLOUDDEAD e juntos elevaram o hip hop delirante, neurótico e fragmentado ao estatuto de entidade essencial para a compreensão do século XXI.
Entretanto os cLOUDDEAD deram o berro, mas Yoni Wolf (aka WHY?) seguiu em frente e formou, com o seu nome artístico, uma nova banda com o seu irmão Josiah. Estrearam-se nos discos em dois mil e cinco com Elephant Eyelash, registo ao qual se seguiu Alopecia, em dois mil e oito, o glorioso expoente da união entre pop, hip hop e o experimentalismo, no fundo a bitola pela qual se rege a sonoridade deste projeto. Em dois mil e nove deram-nos Eskimo Snow, um álbum cheio de canções mais sombrias e nasaladas, com um tom provocador e afectado, uma receita milagrosa que se repetiu três anos depois com Mumps, Etc, treze canções repletas de humor negro e que mostravam uma estranha obsessão de Yoni pela morte, algo que o artista admitia, à época, com uma honestidade, quase desarmante, plasmar na escrita das suas canções.
Doze anos depois de Mumps, Etc, este projeto WHY? regressa ao nosso radar devido a um novo disco, um alinhamento de catorze canções intitulado The Well I Fell Into, que viu a luz do dia a dois de agosto com a chancela da Waterlines Label, etiqueta detida pela própria banda e que comprova a ascenção meritória deste projeto rumo a um patamar de excelência que merece amplo destaque, guindado por um disco que segue as permissas estilísticas acima discriminadas, que vivem essencialmente, como de certa forma foi descrito, de uma junção cuidada de diversos estilos e influências.
Explorando temas tão profundos como o sentimento de perca ou de auto descoberta, The Well I Fell Into é um mergulho sugestivo, impressivo e detalhisticamente rico e complexo, na mente de Yoni, um artista que chamou a estúdio, para gravar o álbum, um naipe de talentosos músicos e artistas, dos quais se destacam Gia Margaret, Macie Stewart, Lillie West, Serengeti, ou Ada Lea. O resultado final são pouco mais de quarenta e cinco minutos intensos e luminosos, mas também cheios de emoção e profundamente pensativos, nostálgicos e melancólicos.
Carregamos no play e em Marigold, a voz grave e nasalada de Yoni e o modo como se entrelaça com o piano e os violinos, oferece-nos uma espécie de receita milagrosa, na forma de um portento de indie pop que não descura, como também seria de esperar, uma aproximação angulosa à herança do melhor R&B contemporâneo, nomeadamente no registo percussivo. Depois, o clima intimista das cordas que acamam Brand New, amplia a sagacidade sonora do disco, ao mesmo tempo que testa a nossa capacidade de resistência à lágrima fácil.
Com início tão prometedor, é difícil abandonar a audição do disco, algo de que não nos arrependemos, logo a seguir, na arrebatadora G-dzillah G’dolah, uma extraordinária canção, que recria a história de alguém que viaja de avião ao encontro da amada que já não vê há algum tempo e que, sonoramente, tem como base um simples mas algo hipnótico trecho instrumental conferido por um piano que vai depois recebendo diversos adornos e interseções, que começam num violoncelo insinuante, que é depois abraçado por uma bateria de forte travo jazzístico e por violinos e outras sintetizações, num resultado final que recria uma melodia lindíssima e comovente, que quase nos leva às lágrimas. Depois, no meio de algumas incursões, mais ou menos escondidas, pelo dub e pelo jazz, a simplicidade cósmica de When We Do The Dance, as aproximações contundentes ao hip-hop nas asas das confessionais Jump e, principalmente, da épica Sin Imperial, a acusticidade solarenga de The Letters, Etc., o vigor sónico de Nis(s)an Dreams, Pt. 1, o rock simultaneamente emotivo e progressivo de Versa Go!, o delicioso travo blues e jazzístico de Sending Out A Pamphlet e o perfil psicadélico de Atreyu, escutamos uma representação feliz das diferentes colagens de experiências assumidas por Yoni ao longo da sua carreira e que parece ter sido alvo de uma espécie de súmula neste seu novo cardápio, um festim de canções pop exemplarmente polidas, picotadas e fragmentadas e que penetram profundamente no nosso subconsciente.
Após repetidas audições, The Well I Fell Into acaba por impregnar-se como uma lapa, porque nos oferece a inolvidável sensação de estarmos na presença de uma coleção de canções que poderiam ter sido idealizadas por uma criança que ganhou voz de adulto, aprimorou os seus dotes musicais, instrumentais, de escrita e melódicos, mas que, bem lá no fundo, nunca cresceu, nunca deixou de brincar com os instrumentos e assim conseguiu mais uma metáfora perfeita dos extremos desiquilíbrios em que vive o seu eu e o mundo em que ele vive, que é, como todos bem sabemos, também o nosso. Espero que aprecies a sugestão...
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Mercury Rev – A Bird Of No Address
Os Mercury Rev são, como todos sabemos, uma banda norte-americana de rock alternativo formada em mil novecentos e oitenta e quatro em Buffalo, nos arredores de Nova Iorque e já com um extenso catálogo discográfico em carteira que vai ter uma nova adição já em setembro. O nono e novo álbum da banda formada atualmente por Jonathan Donahue, Sean “Grasshopper” Mackowiak, Jeff Mercel, Carlos Anthony Molina,Dave Fridmann e Jason Miranda, chama-se Born Horses, chega aos escaparates no dia seis do próximo mês e o seu alinhamento de oito canções terá a chancela da Bella Union.
Já são conhecidos vários singles do alinhamento de Born Horses, todos disponíveis para audição nas plataformas digitais habituais, incluindo a página bandcamp dos Mercury Rev. O single revelado mais recentemente é A Bird Of No Adress, a quinta composição do alinhamento do registo. É uma composição com um perfil sonoro bastante dramático e emotivo, com as vozes, o piano e diversos arranjos sintéticos a conferirem a um perfil melódico planante e lisérgico, uma sensação de beleza e de espiritualidade únicos. Confere...
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The Smile – Don’t Get Me Started / The Slip
Cerca de sete meses depois do excelente registo Wall Of Eyes, o segundo álbum do trio formado por Thom Yorke e Jonny Greenwood, o chamado núcleo duro dos Radiohead e Tom Skinner, baterista do Sons of Kemet, os The Smile estão de regresso ao nosso radar devido a duas novas canções, Don’t Get Me Started e The Slip, que fazem parte de um vinil de doze polegadas, que ficará disponível em formato digital, para venda e para audição, no final desta semana.
O lançamento destes dois inéditos, que tem a chancela da XL Recordings, é algo surpreendente, mas tratam-se de duas canções que já tinham sido apresentadas em alguns concertos recentes dos The Smile e que terão sido incubadas durante o processo de gravação de Wall Of Eyes.
Don't Get Me Started é uma composição com um forte cunho jazzístico e experimental. O dedilhar tranquilo de uma guitarra elétrica e o registo vocal ecoante de Thom Yorke, conferem ao tema um travo intimista e contemplativo irrepreensíveis, nuances que não resvalam nem vacilam quando alguns detalhes percussivos, um teclado divagante e diversas sintetizações se insinuam e oferecem alguma rugosidade e corpo à canção. Já The Slip é uma composição com uma personalidade mais orgânica, roqueira e vigorosa, com a bateria, o baixo, uma guitarra abrasiva e diversos entalhes sintéticos a incubarem, no seu todo, uma angulosa espiral cósmica hipnotizante, com um elevado travo progressivo. Confere...