Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


The Sweet Serenades – Everything Dies

Quinta-feira, 19.10.23

Quase uma década depois do registo Animal e três de City Lights, o projeto sueco The Sweet Serenades, assinado agora apenas por Martin Nordvall, mas que já contou, em tempos, com a companhia de Mathias Näslund, tem um novo disco intitulado Everything Dies, nove canções abrigadas pela Leon Records, um selo da própria banda, e que abrilhantam com enorme intensidade um projeto discográfico que abriu as hostilidades em dois mil e nove com Balcony Cigarettes, rodela que continha On My WayMona Lee Die Young, três canções que, à época, fizeram furor no universo musical indie e alternativo. Esse último tema fez parte da banda sonora da série Anatomia de Grey e reza a lenda que, na altura, a ainda dupla gastou os royalties muito bem gastos; Martin foi ao dentista, Mathias comprou um cão e investiram numa rouloute, para passar o tempo, escrever canções e discutir assuntos pertinentes relacionados com a existência humana.

The Sweet Serenades – Everything Dies | we love nordic

Produzido por Johannes Berglund, Eveything Dies é, conforme o nome do disco indica, fortemente influenciado pela morte de alguém, neste caso o pai de Martin. Mas, para contrabalançar um pouco a névoa, também tem bastantes marcas relacionadas com a experiência recente do músico na paternidade. É um disco que sonoramente encontra os seus alicerces numa filosofia sonora tipicamente indie, como seria de esperar, mas em que rock e eletrónica se fundem de modo a criar uma amálgama sonora, de caráter urbano e carregada de charme, com uma cadência maior para o campo da eletrónica, nuance que, aliás, já era marcante no antecessor City Lights.

Esta abordagem cada vez mais incisiva do projeto The Sweet Serenades em ambientes sonoros que privilegiam o sintético em detrimento do orgânico é, certamente, fruto do fim de uma relação a dois que contribuia para que o equilibrio entre dois territórios sonoros com especificidades bem vincadas fosse uma realidade, algo que agora já não é possível. Martin, agora sozinho aos comandos do barco, opta por compor e dar corpo às suas canções utilizando artifícios cada vez mais tecnológicos, com os sintetizadores a serem o seu instrumento de eleição. Don't Cry, por exemplo, é um excelente exemplo desta opção estílística cada vez mais focada na eletrónica, colocando nos antípodas o mítico tema Can't Get Enough, uma ode punk lo-fi, que catapultou este projeto sueco para o estrelato há uma década atrás.

No entanto, não se pense que o estrelato já não pode oferecer aconchego aos The Sweet Serenades. Logo a abrir o registo, o tema homónimo oferece-nos um registo vibrante e impulsivo que não deixa de, ao seu modo, olhar com impecável sentido nostálgico para a melhor pop oitocentista. Depois,  o timbre metálico das cordas que adornam e sustentam Walk Away, permite-nos identificar o amplo arco influencial que carimba, com enorme astúcia, o extraordinário perfil interpretativo de Sundvall, um músico de corpo inteiro capaz de navegar entre géneros opostos, sem descarrilar rumo à redundância e, no meio da queda, perder a sua identidade sonora.

A partir daí a majestosa epicidade de Akhilia, uma canção com uma intensa tonalidade percurssiva, a soturnidade hipnótica ecoante e algo inquietante de Back In Your Arms, o banquete cósmico que nos delicia em Shapes and Colors e o imediatismo fulgurante que exala do rock sem espinhas que dá corpo a Hey Little Bird, canção que conta com a participação especial da também sueca Jennie Abrahams, mostram-nos que este Everything Dies é um álbum que, sendo na sua génese emocionalmente rico, acaba por ser trespassado, de alto a baixo, por um perfil sonoro vasto e abrangente que, num misto de euforia e de contemplação, reforça a justeza da obtenção por parte destes The Sweet Serenades de uma posição mais relevante junto do público em geral e não só na região nórdica. Espero que aprecies a sugestão...  

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 16:29

The Sweet Serenades – City Lights

Segunda-feira, 20.04.20

Cinco anos depois do registo Animal, o projeto sueco The Sweet Serenades, assinado agora apenas por Martin Nordvall, mas que já contou, em tempos, com a companhia de Mathias Näslund, tem um novo disco intitulado City Lights, oito canções abrigadas pela Leon Records, um selo da própria banda, e que abrilhantam com enorme intensidade um projeto discográfico que abriu as hostilidades em nove com Balcony Cigarettes, rodela que continha On My WayMona Lee Die Young, três canções que, à época, fizeram furor no universo musical indie e alternativo. Esse último tema fez parte da banda sonora da série Anatomia de Grey e reza a lenda que, na altura, a ainda dupla gastou os royalties muito bem gastos; Martin foi ao dentista, Mathias comprou um cão e investiram numa rouloute, para passar o tempo, escrever canções e discutir assuntos pertinentes relacionados com a existência humana.

The Sweet Serenades "City Lights" | Surviving the Golden Age

Projeto com uma filosofia sonora tipicamente indie e em que rock e eletrónica se fundem de modo a criar uma amálgama sonora, de caráter urbano e carregada de charme, os The Sweet Serenades mostram em City Lights uma cadência maior para o campo da eletrónica, certamente fruto do fim de uma relação a dois que contribuia para que o equilibrio entre dois territórios sonoros com especificidades bem vincadas fosse uma realidade. Nordvall parece ter uma apetência maior pela componente sintética e City Lights expressa essa natural tendência para plasmar os gostos do comandante atual do barco, apesar de canções como Out Of Time, uma composição vibrante e impulsiva, ou a mais escura e contemplativa Without You Baby I'm Lost,  deverem a sua alma e o seu espírito à presença da guitarra e à companhia ireepreensível de um baixo que não se envergonha de se mostrar com a típica impetuosidade que diferencia a maioria das propostas nórdicas bem sucedidas.

Seja como for, o pendor retro fortemente abrasivo da bateria eletrónica que conduz a secção rítmica do tema homónimo, o efeito vocal robótico e o clima ecoante dos flashes sintetizados que adornam The Night Goes On e o indisfarcável travo techno punk de Ring The Fire são as grandes marcas identitárias de um registo emocionalmente rico, trespassado por uma inquietude que acaba por personificar a atualidade e os tempos conturbados que vivemos e que,num misto de euforia e de contemplação, integra uma espantosa solidez de estruturas que reforçam a justeza da obtenção por parte destes The Sweet Serenades de uma posição de maior relevo, reconhecimento e abrangência junto do público em geral. Espero que aprecies a sugestão...  

The Sweet Serenades - City Lights

01. City Lights
02. Out Of Time
03. The Night Goes On
04. Runaway
05. Without You Baby I’m Lost
06. Bring The Fire
07. Close To Me
08. Distance

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 19:20

Viagra Boys - Street Worms

Quarta-feira, 07.11.18

Sebastian Murphy, Benjamin Vallé, Tor Sjödén, Henrik Höckert e Martin Ehrencrona são os Viagra Boys, um coletivo sueco oriundo de Estocolmo e que acaba de surpreender os mais incautos com Street Worms, nove canções assentes num indie rock encorpado, volumoso e efusivo, que mistura baixo e guitarras com batidas sintetizadas e aproxima o projeto não só de uma sonoridade eminentemente punk, mas também daquele garage rock cru, sujo e vibrante que fez escola há duas e três décadas atrás nos dois lados do Atlântico.

Resultado de imagem para Viagra Boys Street Worms

Street Worms é um banquete de melodias repletas de momentos de glória e celebração, onde letras e voz, se cruzam com uma vasta miríade instrumental para dissertar com particular acidez e ironia sobre um conservadorismo que vai tomando cada vez mais conta da nossa urbanidade ocidental mais elitista, que não tem sabido muito bem como reagir ao saudável crescimento da importância das minorias e do medo que esse movimento, que tem também cada vez mais força na internet, acaba por provocar nas esferas dominantes pouco dispostas a repartir o pão que têm absorvido apenas e só para si, há já várias décadas. E os Viagra Boys parecem dispostos a levar o seu garage rock nessa direção eminentemente intervencionista, fazendo-o com assinalável mestria dançavel e psicadélica, quer no sintético groove negro de Down In The Basement, mas também no aditivo refrão da irónica masculinidade de Sports, na afirmação do baixo como verdadeira locomotiva do som do quinteto no pós punk de Just Like You e ainda no modo inédito como o saxofone desafia a acidez dos outros arranjos que vagueiam pela espetacular melodia que sustenta Slow Learner, canção que espraia-se nos nossos ouvidos e nos faz vibrar de alto a baixo com particular languidez.

Street Worms é um álbum que não serve para as pistas de dança convencionais, mas que é perfeito para quem pretende abanar a anca ao som de uma sonoridade um pouco ortodoxa e exigente, mas tanto ou mais recompensadora que a que habitual se escuta por baixo da bola de espelhos, vinda de uma Suécia que é país modelo no acolhimento de refugiados, mas também um território fértil em convulsões e pátria de uma das extremas direitas mais ativas e violentas da Europa. A música dos Viagra Boys, uma banda que do nome à performance algo descontraída e espontânea parece não querer ser levada demasiado a sério, mas que tem o firme controle sobre aquilo que defende e pretende instigar no ouvinte, tem esse elan teatral trágico comediante, esse sabor a crítica e a chamada de alerta para um fenómeno de resistência e repulsa aos movimentos migratórios que tem vindo a ganhar repercurssões particularmente alarmantes nos países nórdicos e que pouco tem de parodiante ou que seja passível de ser objeto de ligeiro sarcasmo. The same worms that eat me/Will someday eat you, too, assim termina no sinistro negrume de Worms, um disco que quer, no fundo, mostrar-nos que, mais tarde ou mais cedo, acabamos por ser todos iguais. Espero que aprecies a sugestão...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 18:17






mais sobre mim

foto do autor


Parceria - Portal FB Headliner

HeadLiner

Man On The Moon - Paivense FM (99.5)



Disco da semana 192#


Em escuta...


pesquisar

Pesquisar no Blog  

links

as minhas bandas

My Town

eu...

Outros Planetas...

Isto interessa-me...

Rádio

Na Escola

Free MP3 Downloads

Cinema

Editoras

Records Stream


calendário

Fevereiro 2025

D S T Q Q S S
1
2345678
9101112131415
16171819202122
232425262728

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.