Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Sun Kil Moon – Birthday Girl EP

Domingo, 10.03.24

Sun Kil Moon, o projeto atual do cantor e compositor Mark Kozelek, que ficou conhecido por ter sido o líder dos carismáticos Red House Painters, é um dos projetos que constam na listagem da melhor indie folk contemporânea e um dos mais queridos para a nossa redação. Cada novidade de Sun Kil Moon é tragada por cá com delícia e minúcia, algo a que não foge à regra Birthday Girl, um delicioso compêndio de três canções, em formato EP, com a chancela da Caldo Verde Records.

Sun Kil Moon – “I Love Portugal”

Assim que começamos a escutar as cordas que conduzem Birthday Girl, o tema que dá nome ao EP, ficamos boquiabertos com a exuberância e o dramatismo melódicos que a canção exala, enquanto Mark disserta sobre as memórias de um amor da juventude e de alguns acontecimentos marcantes que essa relação deixou bem impressos na sua memória. Logo a partir dessa experiência ímpar e curiosa, que o marcou em tempos, um aspeto habitual da narrativa de Mark, somos abanados e convidados, sem aviso prévio, a um subtil abanar de ancas, à boleia de Mark Kozelek Died Happy While Fishing, uma hipnótica e inebriante composição, com um curioso travo de epicidade que nos oferece sensações algo inquietantes, mas também acolhedoras. Finalmente, The Call Of The Wild, encarna um instante folk luminoso, algo buliçoso, até, com a voz sussurrante de Mark a contar-nos mais uma história marcante do seu passado, enquanto cordas e um sintetizador travam uma amigável luta enleante, enquanto carimbam um charmoso e indesmentível bom gosto sonoro.

Birthday Girl EP encarna um belíssimo compêndio sonoro, onde a simplicidade melódica coexiste com uma densidade sonora suave que transborda uma majestosa e luminosa melancolia que, diga-se, sabe tremendamente bem nesta altura do ano. Espero que aprecies a sugestão...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 15:47

Black Rebel Motorcycle Club – Black Tape EP

Quarta-feira, 07.02.24

Cinco anos depois de Wrong Creatures, os norte americanos Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, estão de regresso com novidades, um EP com quatro canções intitulado Black Tape, que ainda retira dividendos daquele que foi o oitavo disco da carreira de uma banda com mais de década e meia de carreira e que se estreou em dois mil e um com um extraordinário homónimo, cujo conteúdo fez destes músicos de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.

El regreso de Black Rebel Motorcycle Club: escucha su nuevo EP «The Black  Tape» – Nación Rock

Wrong Creatures foi produzido por Nick Launay (Yeah Yeah Yeahs, Arcade Fire, Nick Cave) e ofereceu-nos uns Black Rebel Motorcycle Club cientes não só do mundo em que vivem e das várias transformações que foram sucedendo nos últimos vinte e cinco anos, mas também das alterações estilísticas e de formação que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas. As quatro canções de Black Tape EP foram incubadas durante o processo de gravação do registo e, tendo ficado de fora do seu alinhamento, ganham agora protagonismo enquanto servem para nos recordar que os Black Rebel Motorcycle Club continuam bem vivos e em excelente forma.

De facto, logo com a toada lasciva e provocante de Bad Rabbit e o fuzz rugoso e cerrado de Bandung Hum, somos colocados bem no epicentro de um adn que também contém impressivos traços de post punk e blues e que, abraçando igualmente o noise rock, plasma uma simbiose perfeita entre a guitarra de Peter, o baixo de Robert e a forte percussão de Leah. São duas canções extraordinárias e que, reafirmando a interação brilhante entre estes três músicos, comprovam o indesmentível travo de diversidade e de perspicácia melódica e instrumental que sempre definiu o percurso dos Black Rebel Motorcycle Club, dentro dos limites bem definidos da filosofia sonora que os anima.

Depois do ruído incisivo e direto de Running In The Red (Messy) nos mostrar um perfil mais garageiro, Black Tape EP remata com uma versão longa e ainda mais experimental do tema DFF (For Those Who Can’t) que abria o alinhamento de Wrong Creatures. Recordo que DFF (For Those Who Can’t) era um típico tema introdutório, com um baixo firme e constante e uma percurssão com uma cadência crescente e neste EP acaba por se tornar numa excelente opção para o ocaso do alinhamento, na medida em que ajuda a sossegar os ânimos saudavelmente atiçados pelas três composições anteriores.

Black Tape EP é, em suma, um suplemento vitamínico bastante anguloso do conteúdo de Wrong Creatures que, fazendo-nos suspirar por um novo álbum do grupo, oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, preocupam-se, estilisticamente, em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 17:54

Kurt Vile – Back To Moon Beach EP

Quarta-feira, 22.11.23

Meia década depois do excelente registo Bottle It In, e ano e meio após (watch my moves), o oitavo disco da carreira, Kurt Vile volta a dar as mãos à Matador Records e coloca nos escaparates Back To Moon Beach, o novo EP deste músico que descende da melhor escola indie rock norte americana e que adora piscar o olho à melhor folk nativa do outro lado do atlântico, quer através da forma como canta, quer nos trilhos sónicos da guitarra elétrica que abraça há duas décadas, sempre com elevado requinte.

Kurt Vile - 'Back to Moon Beach' EP review

Não deixa de ser um pouco estranho catalogar um compêndio de nove canções com uma duração de quase uma hora como um EP, mas é desse modo que se identifica Back To The Moon Beach, composições que são b-sides incubadas durante as sessões de gravação dos discos que Kurt Vile lançou na última meia década.

Back To The Moon EP é um sublime alinhamento que coloca Kurt Vile no rasto da herança de alguns dos cantautores de eleição do seu país e que são verdadeiras referências incontornáveis, como Johnny Cash ou Neil Young, só para citar alguns dos autores mais conhecidos. E Vile fá-lo servindo-se da folk, o seu universo sonoro de eleição, aqui mesclado com alguns dos melhores tiques identitários da country e do jazz, como o próprio plasma e assume, logo a abrir o EP, em Another Good Year For The Roses e Touched Somethin (Caught A Virus), por esta ordem. Se na primeira canção o piano assume as rédeas, na segunda compsição é o violão quem cerra os punhos, exemplarmente acompanhado pela bateria. Mas, em ambos os casos, a filosofia é semelhante, porque a base instrumental das canções vai-se deixando enlear por uma quase impercetível vastidão de arranjos, detalhes e nuances das mais diversas proveniências, que vão adornando, com um charme intenso, duas canções assentes numa simbiose quase hipnótica entre melancolia e exprimentalismo.

É neste modus operandi fascinante que se fundem os alicerces de Back To The Moon. O próprio tema homónimo é um impressivo flash sonoro de cosmicidade poeirenta e intimista, que abraça e suscita no ouvinte conceitos como espontaneidade e inocência. Depois, se Like A Wounded Bird Trying To fly plasma um perfil mais roqueiro e evocativo, sem deixar de lado o indispensável intimismo e se Tom Petty’s Gone (But Tell Him I Asked For Him) pisca o olho, com notável  acerto, a uma espécie de sensualidade orgânica apimentada com pequenos delírios acústicos e elétricos, Blues Come For Some volta a chamar o piano para a linha da frente, sem rodeios e receios, numa canção que é um verdadeiro festim de sentimentalismo. 

Back To The Moon Beach é, em suma, um calcorrear eminentemente lisérgico que olha para a folk de espírito livre e aberto, uma opção criativa que deu origem a composições sublimes no modo como aprimoram o melhor adn identitário de Vile, feito de melodias conduzidas quase sempre por cordas elétricas e acústicas inspiradas e também, neste caso, de um piano buliçoso, espraiadas em quase sessenta minutos de enorme beleza, emoção, arrojo e, acima de tudo, contemplação. Espero que aprecies a sugestão...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 16:43

Midlake & John Grant – Roadrunner Blues vs You Don’t Get To

Sábado, 14.10.23

Todos certamente se recordam de Queen Of Denmark, o fabuloso disco de estreia de John Grant, editado em dois mil e dez e que teve nos créditos de produção o coletivo Midlake. Treze anos depois dessa extraordinária colaboração, Midlake e John Grant voltam a dar as mãos para incubar um curioso EP com duas canções intitulado Roadrunner Blues, mostrando que a magia desta relação entre a banda texana e o músico natural de Denver mantém-se incólume e assertiva.

Midlake & John Grant reteam for new collab double single "Roadrunner Blues"  & "You Don't Get To"

John Grant é uma personagem muitas vezes ambígua, mas sempre determinada nas suas crenças e convicções acerca de um mundo que, apesar de mentalmente mais aberto e liberal, continua a ser um lugar estranho para quem nunca hesita em ser implacável, mesmo consigo próprio, na hora de tratar abertamente e com muita honestidade e coragem os seus problemas relacionados com o vício de drogas, distúrbios psicológicos, relacionamentos amorosos traumáticos e o preconceito. Na vertente sonora desta relação pouco pacífica com o exterior, os Midlake, que infelizmente nunca conseguiram a notoriedade de Grant, sempre foram, na verdade, uma espécie de porto de abrigo seguro para o músico e este EP com duas canções é mais um capítulo nessa relação estreita e profícua.

Quanto aos Midlake, também tiram, em abono da verdade, proveitos deste abraço fraterno com Grant, porque desde Antiphon, em dois mil e treze, têm tido dificuldade em se manter à tona. Aliás, esse disco já foi muito marcado ausência do vocalista Tim Smith, que abandonou o projeto um ano antes e obrigou o sexteto, que passou a quinteto, a começar do zero e a criar, de certa forma e em termos de sonoridade, aquilo que se pode chamar de uma nova banda. Antífona, uma peça musical religiosa, entoada no canto gregoriano por dois coros, foi, nessa altura, a ideia de banda, de conjunto, de união, de ajuda artística mútua entre os cinco músicos restantes, que se expressa também na relação que os Midlake alimentam com John Grant.

Assim, se em Roadrunner Blues escutamos um portento soul, com uma toada crescente e progressiva, com cascatas de guitarras e de efeitos sintéticos a terem um resultado final muito charmoso, emotivo e com um delicioso travo setentista e psicadélico, já You Don't Let Go é um sofisticado e cósmico tratado sonoro que cruza um vincado espírito shoegaze com alguns dos tiques essenciais do melhor rock alternativo setentista. O piano planante e o detalhe das cordas da guitarra a introduzirem a entrada em cena de guitarras encharcadas num fuzz vigoroso, aprimora, nesta canção, uma sofisticada toada pop que amplia um ambiente particularmente épico e deslumbrante. Uma espetacular colaboração entre dois projetos únicos. Confere...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 08:43

Ben Lee – 2 Songs I Wrote In 1993 And Recorded Last Week

Sábado, 02.09.23

O australiano Ben Lee lançou o registo I'm Fun! no ano transato, mas já tem mais novidades para os seus seguidores. No início do verão deu as mãos a Georgia Maq para gravarem juntos uma cover dos clássico dos The Replacements Androgynous e agora foi a vez de partilhar o microfone com Alex Lahey para dar vida a Cute Indie Girls, uma extraordinária canção que faz parte de um novo EP do músico intitulado 2 Songs I Wrote in 1993 and Recorded Last Week.

Why the US election and QAnon led musician Ben Lee to get political

De facto, e conforme o título indica, este novo EP de Ben Lee inclui no seu alinhamento temas que o músico natural de Sidney escreveu há cerca de três décadas e que estariam gravadas na gaveta, à espera do momento certo para verem a luz do dia. Assim, além de Cute Indie Girls, este EP 2 Songs I Wrote in 1993 and Recorded Last Week, contém a canção Do I Know You?. Ambas são composições estilisticamente semelhantes, a primeira com um perfil mais folk e a segunda com um travo algo garageiro, mas as duas assentes naquele típico indie rock imediatista e com um perfil eminentemente orgânico e lo-fi, feito de guitarras abrasivas, que oscilam facilmente entre o elétrico e o acústico. Confere...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 14:20

Drab Majesty – An Object In Motion EP

Sexta-feira, 01.09.23

Drab Majesty é um grupo oriundo de Los Angeles, liderado por Andrew Clinco, baterista da banda Marriages, que assume neste projeto a personagem andrógena Deb Demure. A ele junta-se Mona D (Alex Nicolaou), num projeto que conta já com pouco mais de uma década de existência e que acaba de lançar um EP intitulado An Object In Motion, que viu a luz do dia a vinte e cinco de agosto, com a chancela da Dais.

Drab Majesty: Rejuvinated and untethered on new EP “An Object In Motion” –  Messed!Up

O enigmático rock oitocentista que nomes como os Echo & The Bunnymen ou os Talk Talk ajudaram a cimentar com indiscutível mestria há quatro décadas atrás é a trave mestra que, com um elevado travo a estranheza e a surrealismo, alimenta a filosofia interpretativa que conduz a carreira destes Drab Majesty, desde que se estrearam em dois mil e quinze com o registo Careless. As duas bandas acima referidas são, certamente, nomes que virão facilmente à cabeça de todos aqueles que mergulharem no conteúdo deste compêndio de quatro canções que marcam um novo rumo de um projeto que é já, sem qualquer dúvida e por direito próprio, um nome fundamental da chamada neo-psicadelia.

Escrito na cidade costeira de Yachats, no Oregon, An Object In Motion é um desabafo sobre isolamento e introspeção, não tivesse sido criado durante a crise pandémica que nos assolou a todos recentemente. Nele, linhas de guitarra, acústicas ou eletricas, delicadas, um acerto meloódico que exala um dramatismo sempre latente e vocalizações a condizer com um clima sonoro bastante peculiar, são caraterísticas omnipresentes e que trespassam os cerca de trinta minutos de um EP estruturalmente irrepreensível.

A audição do EP merece ser feita na íntegra, mas há duas composições que merecem superior destaque e que, por esse motivo, terão tido também direito ao formato single. Refiro-me aVanity, tema que conta com a magnífica participação especial de Rachel Goswell, cantora do mítico projeto Slowdive e a The Skin And The Glove, canção com nuances mais luminosas e épicas do que Vanity. São composições que, assentando num timbre metálico de uma viola tocada com vigor, em redor da qual diversas camadas de sons sustentam um encanto etéreo e fortemente nostálgico, assim como num jogo vocal que plana sobre o arsenal instrumental que induz um toque de lustro de forte pendor introspetivo, seduzem pelo modo como, estando livre de constrangimentos estéticos, nos provocam um saudável torpor e nos sugam para uma atmosfera densa e pastosa, mas libertadora e esotérica. Espero que aprecies a sugestão...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 14:35

The Kills – New York vs LA Hex

Quarta-feira, 02.08.23

Ansiosa por um disco novo da dupla, a redação deste blogue regressa aos britânicos The Kills de Jamie Hince e Alison Mosshart por causa de um single de sete polegadas que acabam de lançar com as canções New York e LA Hex, que quebram um hiato de cinco anos da dupla, no que concerne ao lançamento de originais, pois não nos podemos esqueer que em novembro de dois mil e vinte, no mesmo ano em que editaram o disco de lados b e raridades, Little Bastards, os The Kills colocaram nos escaparates uma espantosa versão do clássico Cosmic Dancer dos T-Rex, para celebrar a indução da banda de Marc Bolan no The Rock & Roll Hall of Fame.

The Kills return with their first new music in seven years. | Coup De Main  Magazine

Estas duas novas composições dos The Kills, ambas já com direito a vídeos assinadas por Andrew Theodore Balasia, ainda não antecipam um novo disco do projeto, que suceda a List of Demands (Reparations), um trabalho lançado em dois mil e dezoito. No entanto, já servem para quebrar um pouco o desencanto que os fiéis seguidores da dula sentiam nos últimos anos relativamente ao futuro dos The Kills. Assim, se New York afina a sua sonoridade pelo habitual adn do grupo, eminentemente orgânico e minimalista e com acentuado espírito garageiro e sensual, LA Hex aponta coordenadas para tonalidades mais intimistas e até algo eletrónicas. Duas canções díspares mas que nos mostram uns The Kills em grande forma e que mantêm intocável o charme inconfundível de uma dupla única e sem paralelo no universo alternativo atual. Confere...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 11:30

Palace – Part I – When Everything Was Lost EP

Sexta-feira, 21.07.23

Sedeados em Londres, os Palace deram-nos, no ano passado, um dos grandes momentos discográficos de dois mil e vinte e dois, encarnado em Shoals, um espetacular alinhamento de doze canções consumidas na esfera de um indie alt-rock expansivo e encharcado em emotividade, que encontrava fortes reminiscências no catálogo de nomes tão credenciados como os DIIV, Alt-J ou os Local Natives e que acabou por fazer parte, com toda a naturalidade, da nossa lista dos melhores álbuns desse ano.

Palace tell us about confronting mental turmoil on new album 'Shoals'

Agora, em dois mil e vinte e três, e depois de uma aclamada digressão por terras de Sua Majestade, a banda londrina, que tem no centro das suas criações sonoras o inconfundível falsete de Leo Wyndham, o vocalista de um projeto ao qual se juntam Rupert Turner, Will Dorey e Matt Hodges, apresentou já algumas canções novas e, na sequência dessa sequência criativa, acaba de divulgar um novo EP intitulado When Everything Was Lost, quatro canções que catapultam um projeto para territórios sonoros orquestralmente ainda mais ricos e intensos do que Shoals, o já referido registo de estreia.

When Everything Was Lost, a canção que dá nome ao EP, esclarece-nos que os Palace estão mais arrojados e dispostos a arriscar tirar benesses dos novos trilhos, entroncamentos e atalhos que o pop rock alternativo apresenta a quem se predispôe a calcorrear esse universo sonoro de espírito livre de constrangimentos e de infundados receios. Essa é, provavelmente até aos dias de hoje, a composição mais labiríntica e majestosa do catálogo conhecido dos Palace, uma canção que começa algo soturna, mas que rapidamente ganha dimensão, através de um efeito ecoante de uma guitarra planante, que tornando-se rude, acaba por ser o contraponto perfeito ao falsete astuto e corajoso de Wyndham.

Até ao ocaso do EP, a insinuante distorção da guitarra do refrão de How Far We've Come, que confere ao tema, juntamente com as outras cordas acústicas que sustentam a sua melodia, um charme sofisticado e bastante atraente e a mescla de bravura, serenidade e exaltação de All We've Ever Wanted, assim como o feliz exercício de simbiose entre cordas e percussão em Inside My Chest, atestam a excelência de um registo que, no seu todo, encarna um magnífico tratado de indie post-rock charmoso e sofisticado, com todo o arsenal instrumental presente a colocar os nossos sentidos num universo sonoro com um adn muito vincado e que encontra as reminiscências estruturais no melhor rock clássico dos anos oitenta. Um seguro e extraordinário passo em frente dos Palace. Espero que aprecies a sugestão...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 14:50

Meltt – Another Quiet Sunday EP

Sábado, 27.05.23

Oriundos de Vancouver, no Canadá, os Meltt têm já uma assinalável reputação no país natal, como uma das bandas que melhor replica aquele rock majestoso e de forte cariz progressivo, enquanto não renega contactos mais ou menos estreitos com outros espetros sonoros, com particular destaque para a eletrónica ambiental, a música de dança e o próprio R&B. Já com um vasto catálogo em mãos, acabam de nos surpreender com Another Quiet Sunday, um EP com cinco canções que vale bem a pena destrinçar.

Meltt Releases New Single “Blossoms” Off Forthcoming EP “Another Quiet  Sunday” Out March 3rd | S.L.R. Magazine

Another Quiet Sunday são dezoito minutos de pura magia, etérea e psicadélica, que nos transporta para um universo sonoro com um adn muito vincado e que encontra as reminiscências estruturais no melhor rock clássico dos anos oitenta. As canções do EP exalam uma sensação de espaço única, aprimorada por um registo vocal leve e arejado, que dá vida a letras propositadamente vagas, permitindo que cada um de nós as interprete do modo que entender.

Guitarras com elevada amplitude, quer ao nível dos efeitos, quer da distorção, explodem em energia e vão ganhando tonalidade e progressão à medida que as canções avançam, sendo esse o arquétipo sonoro essencial de canções que criam paisagens sonoras intensas e onde não falta imensa diversidade, principalmente ao nível das orquestrações e do conteúdo melódico. É uma espécie de odisseia altiva e afirmativa, uma breve, mas intensa, caminhada filosófica e estilística, em que canções do calibre da sumptuosa e planante Blossoms, da vibrante e insinuante Only In Your Eyes, da nostálgica, delicada e contemplativa Within You, Within Me, da orgulhosamente pop It Could Grow Anywhere e da sentimental e cavernosa homónima, justificam todas as odes que se possa oferecer a um registo eminentemente experimental e que tem nas sensações que exala a sua grande força motriz. Espero que aprecies a sugestão...

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 16:02

Letting Up Despite Great Faults – Crumble EP

Sexta-feira, 07.04.23

Pouco mais de um ano depois de ter chegado aos escaparates IV, o quarto registo de originais dos Letting Up Despite Great Faults, um coletivo com raízes em Austin, no Texas e formado por Mike Lee (voz, guitarra), Kent Zambrana (baixo), Annah Fisette (voz, guitarra) e Daniel Schmidt (bateria), a banda está de regresso com mais um naipe de canções, que dão vida a um EP intitulado Crumble «, um alinhamento de quatro temas que não desilude os apreciadores daquela indie pop com forte travo shoegaze.

Crumble EP | Letting Up Despite Great Faults

Com uma sonoridade geral simultaneamente vibrante e luminosa, mas também densa e intrincada, Crumble mescla, nas suas quatro composições, diversos modos de interpretar as inúmeras possibilidades que a guitarra elétrica proporciona. Assim, tanto podemos encontrar distorções abrasivas, como efeitos ecoantes, ou então, uma espécie de agregação destas duas nuances, sempre com enorme sentido melódico. Depois, esta grande marca identitária do registo é aprimorada pelo intrigante registo vocal sempre susssurrante e ecoante de Mike Lee e por um baixo vibrante, que nunca descura detalhes típicos da pop e do punk dos anos oitenta. Além disso, uma bateria e uma secção rítmica geralmente aceleradas, como se percebe logo em The Do-Over, mas também na sujidade lo fi da nostálgica e planante Vanity/Losing e, principalmente, na efusiantemente metálica Ricochet, são outros alicerces que sustentam um fantástico tratado de indie noise melódico, que impressiona também porque é claramente diferenciado, contendo, portanto, uma marca identitária muito vincada.

Crumble é, em suma, um EP vibrante e intenso. Os sintetizadores, que também são uma imagem de marca dos Letting Up Despite Great Faults, porque deram sempre um travo muito shoegaze às canções da banda, são, desta vez, substituidos por uma maior primazia dada à orgânica das cordas, fazendo com que estes pouco mais de doze minutos que dura Crumble, exalem um indie pop muito caraterístico, puro e cheio de emoção. Espero que aprecies a sugestão...

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por stipe07 às 16:39






mais sobre mim

foto do autor


Parceria - Portal FB Headliner

HeadLiner

Man On The Moon - Paivense FM (99.5)

Man On The Moon · Man On The Moon - Programa 570


Disco da semana 176#


Em escuta...


pesquisar

Pesquisar no Blog  

links

as minhas bandas

My Town

eu...

Outros Planetas...

Isto interessa-me...

Rádio

Na Escola

Free MP3 Downloads

Cinema

Editoras

Records Stream


calendário

Março 2024

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.