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Dehd - Mr Grieves (Pixies cover)

Quinta-feira, 24.10.24

Como os leitores e ouvintes mais atentos certamente se recordam, um dos grandes discos da última primavera, e que esteve em alta rotação na nossa redação, foi Poetry, um alinhamento de catorze canções assinado pelos norte-americanos Dehd, de Emily Kempf, Jason Balla e Eric McGrady. Poetry sucedeu, na altura, ao também excelente álbum Blue Skies, de dois mil e vinte e dois e tinha a chancela da insuspeita Fat Possum.

DEHD – ” Mr Grieves ” (Pixies Cover) | The Fat Angel Sings

Agora, em pleno outono, os Dehd estão de regresso ao nosso radar devido a uma cover que assinam para Mr Grieves, tema que, como todos certamente sabem, é um clássico dos Pixies e que fazia parte do disco Doolittle que a banda liderada por Black Francis editou em abril de mil novecentos e oitenta e nove, ainda a tempo de se tornar num verdadeiro clássico dessa década.

Nesta nova roupagem de Mr Grieves, os Dehd apostaram todas as fichas num registo interpretativo um pouco mais minimal e orgânico do que o original, que impressionava pelo seu cariz abrasivo e garageiro. Assim, o trio sedeado em Chicago, no Illinois, incubou uma cover que encarna uma curiosa mistura entre soul, blues e ska, apimentada pelo sempre teatral e dramático registo vocal de Emily Kempf, uma das imagens de marca dos Dehd. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:43

Cassettes On Tape – Blue Nine

Domingo, 01.09.24

Os Cassettes On Tape são uma banda post punk de Chicago formada por Joe Kozak (guitarras e voz), Greg Kozak (baixo e voz), Shyam Telikicherla (guitarras e voz) e Chris Jepson (bateria), que deram o pontapé de saída há cerca de uma década com os eps Cathedrals (2012) e Murmurations (2014). Estrearam-se nos lançamentos discográficos em formato longa duração em dois mil e dezassete com Anywhere, dez canções produzidas e misturadas por Jamie Carter no Atlas Studio e na Pie Holden Suite, em Chicago e masterizadas por Carl Saff.

Alright Already | Cassettes on Tape

Cinco anos após essa auspiciosa estreia, os Cassettes On Tape regressaram em dois mil e vinte e dois ao processo criativo, começando por divulgar, no início do verão desse ano, duas novas canções que, já na altura, lançaram rumores de poder estar para breve um novo disco do grupo. Os temas chamavam-se Pinks And Greys e Summer In Three e ambos assentavam numa receita assertiva que, olhando com gula para a simbiose de legados deixados por nomes como Ian Curtis ou Robert Plant e não descurando a habitual cadência proporcionada pela tríade baixo, guitarra e bateria e uma outra tendência mais virada para a psicadelia, primavam por um sofisticado bom gosto melódico, com forte impressão oitocentista.

Depois, já em pleno outono desse mesmo ano, os Cassettes On Tape voltaram às luzes da ribalta com um naipe de novas canções. Começaram por divulgar um novo tema intitulado Hopeful Sludge, dias depois voltaram à carga com High Water e, já em dois mil e vinte e três, há precisamente um ano, chegou à nossa redação Summer Ghost e Alright Already.

Agora, já em dois mil e vinte e quatro, e sem a confirmação de um novo álbum, os Cassettes On Tape, voltaram a revelar uma fornada de novas canções, sendo a mais recente Blue Nine. É um tema de forte pendor nostálgico, que volta a colocar os Cassettes On Tape a olharem com gula para o melhor rock alternativo oitocentista, com a herança dos míticos The Sound a surgir logo na retina assim que se começa a escutar a composição. Guitarras com um delicioso travo lo fi, mas que também debitam cascatas de distorções rugosas e impulsivas, são o modus operandi essencial de Blue Nine, canção que vai agradar a todos os amantes deste espetro sonoro. Confere...

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publicado por stipe07 às 19:41

Wilco – Hot Sun Cool Shroud EP

Segunda-feira, 08.07.24

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o álbum que os Wilco lançaram o ano passado, não fugiu a essa permissa, assim como o novo EP do projeto, um tomo de seis canções intitulado Hot Sun Cool Shroud, que serve para comemorar os trinta anos de carreira do grupo de Chicago, mas também o verão, o calor e o prazer físico que o sol indubitavelmente transmite.

Wilco - Hot Sun Cool Shroud - Northern Transmissions

O formato EP sempre fez parte da história da carreira dos Wilco, mas quase sempre serviu de apêndice aos álbuns que a banda ia lançando. Talvez o melhor exemplo disso seja o EP More Like the Moon, que em dois mil e três fez parte das edições de luxo e promocionais de Yankee Hotel Foxtrot.

Hot Sun Cool Shroud parece ter uma filosofia diferente, não só por causa do hiato temporal relativamente ao último longa duração, mas também, e principalmente, porque a própria estrutura e sonoridade do seu alinhamento parece obedecer ao que a banda de Jeff Tweedy costuma encarnar em disco. Assim, há uma homogeneidade sonora, assente em canções diretas, com um elevado travo orgânico e em que as guitarras assumem o comando estilístico e melódico, mas também uma temática transversal ao registo, o calor, o verão e o sol.

Logo a abrir o EP, em Hot Sun, uma contundente espiral elétrica, acamada por um baixo vigoroso, marca, com elevado virtuosismo, os pouco mais de dezassete minutos do registo. Enquanto Tweedy versa sobre o prazer físico que o sol lhe provoca, um timbre metálico repetitivo, hipnótico e enleante assume as rédeas e, simultaneamente, traz-nos logo à memória a memorável herança da obra prima da banda de Chicago, o aclamado Yankee Hotel Foxtrot de dois mil e um, ainda hoje, com inteira justiça, um dos discos essenciais da indie folk rock alternativa contemporânea. Pouco depois e a seguir ao orgasmo grunge que se escuta em Livid, a psicadelia folk de superior filigrana que nos embala em Ice Cream, pôe em campo a faceta experimental e lisérgica que os Wilco tanto prezam e que certamente quiseram que este EP também tivesse.

O momento maior de Hot Sun Cool Shroud está em Annihilation, uma aprimorada visão detalhística, quer ao nível das cordas, quer da percussão, daquilo que deve estar presente na estutura de uma boa canção de indie rock, que tanto queira exalar uma vertente radiofónica, como climas marcadamente progressivos e rugosos e onde não falte, também, um sempre indispensável piscar de olhos a climas eminentemente experimentais e inéditos.

O intrigante pendor lisérgico de Say You Love Me, uma composição que olha com gula para a herança do melhor catálogo dos famosos fab four,  é a proposta que os Wilco nos deixam de banda sonora para um pôr do sol perfeito, rematando assim um mini disco que se tivesse mais duas ou três composições de semelhante calibre, encarnaria, certamente, uma verdadeira obra-prima que mereceria figurar, com inteira justiça, num lugar bastante cimeiro dos melhores discos da carreira do projeto. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 10:56

Into It. Over It. – A Trip Around The Sun

Domingo, 21.04.24

Quatro anos depois de Figures, o projeto norte-americano Into It. Over It. liderado por Evan Thomas Weiss e ao qual se juntam, Adam Beck, Joe George Shadid e Matthew Frank, está de regresso com um novo single intitulado A Trip Around The Sun, o primeiro sinal de vida da banda de Chicago em dois mil e vinte e quatro e que deverá ser o primeiro single de um novo disco do grupo, para muito em breve.

Song of the Day: Into it. Over It. - 'A Trip Around The Sun' - Already Heard

A Trip Around The Sun é uma canção que Weiss escreveu inspirando-se na necessidade que todos temos de encontrar o nosso bem-estar e o nosso equilíbrio emocional e de passar tempo de qualidade com os nossos amigos. Sonoramente exala aquele indie rock tipicamente norte-americano, feito de guitarras que debitam distorções sujas e abrasivas, materializando um exercício sonoro pulsante, rugoso e até algo hipnótico. Em suma, A Trip Around The Sun é uma canção de de calibre ímpar e com uma radiofonia que também não é, certamente, inocente. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:59

DEHD – Light On

Quinta-feira, 14.03.24

Dois anos depois do excelente registo Blue Skies, a banda norte-americana Dehd, formada por Emily Kempf, Jason Balla e Eric McGrady, está de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Poetry, um alinhamento de catorze canções, que irá ver a luz do dia a dez de maio com a chancela da insuspeita Fat Possum.

Aspereza melódica e sagacidade lo fi são dois conceitos transversais ao conteúdo de Light On, o mais recente single retirado, em jeito de antecipação, deste novo registo do trio de Chicago. Light On é uma canção enleante e de elevado pendor nostálgico, instrumentalmente assente numa guitarra insinuante, adornada por uma percussão hipnótica, nuances que enredilhadas numa embalagem algo caseira, intíma e imediatista, criam uma criativa e luminosa composição, recheada com uma combinação de referências, assentes num revigorante indie surf rock, que rapidamente nos fazem recordar o melhor catálogo de outros nomes dotados da mesma identidade, como os Wavves ou os Beach Fossils. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:39

Cassettes On Tape – Lost Filter vs Are You There

Quarta-feira, 28.02.24

Os Cassettes On Tape são uma banda post punk de Chicago formada por Joe Kozak (guitarras e voz), Greg Kozak (baixo e voz), Shyam Telikicherla (guitarras e voz) e Chris Jepson (bateria), que deram o pontapé de saída há cerca de uma década com os eps Cathedrals (2012) e Murmurations (2014). Estrearam-se nos lançamentos discográficos em formato longa duração em dois mil e dezassete com Anywhere, dez canções produzidas e misturadas por Jamie Carter no Atlas Studio e na Pie Holden Suite, em Chicago e masterizadas por Carl Saff.

Alright Already | Cassettes on Tape

Cinco anos após essa auspiciosa estreia, os Cassettes On Tape regressaram em dois mil e vinte e dois ao processo criativo, começando por divulgar, no início do verão desse ano, duas novas canções que, já na altura, lançaram rumores de poder estar para breve um novo disco do grupo. Os temas chamavam-se Pinks And Greys e Summer In Three e ambos assentavam numa receita assertiva que, olhando com gula para a simbiose de legados deixados por nomes como Ian Curtis ou Robert Plant e não descurando a habitual cadência proporcionada pela tríade baixo, guitarra e bateria e uma outra tendência mais virada para a psicadelia, primavam por um sofisticado bom gosto melódico, com forte impressão oitocentista.

Depois, já em pleno outono desse mesmo ano, os Cassettes On Tape voltaram às luzes da ribalta com um naipe de novas canções. Começaram por divulgar um novo tema intitulado Hopeful Sludge, dias depois voltaram à carga com High Water e, já em dois mil e vinte e três, há precisamente um ano, chegou à nossa redação Summer Ghost e Alright Already.

Agora, já em dois mil e vinte e quatro, e sem a confirmação de um novo álbum, os Cassettes On Tape, voltam a revelar uma dupla de composições, os temas Lost Filter e Are You There. São duas composições com um forte pendor nostálgico, que olham com gula para o melhor rock alternativo noventista. Guitarras com um delicioso travo lo fi, que tanto replicam um perfil sonoro quase acústico, no caso de Lost Filter, como debitam cascatas de distorções rugosas e impulsivas, imponentes em Are You There, uma produção crua e um perfil interpretativo melódico inspirado, são o modus operandi essencial destes dois temas, que exemplificam o modo vigoroso como este quarteto dá uma elevada primazia aos detalhes e, mesmo no meio do ruído, não descuram um considerável cariz etéreo. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:43

Jeff Tweedy - Filled With Wonder Once Again

Quinta-feira, 26.10.23

O norte-americano Jeff Tweedy, líder do míticos Wilco, é, claramente, um dos músicos mais profícuos e criativos do cenário musical alternativo atual. Concretizando, na última década e meia, ao comando da sua banda, idealizou e incubou The Whole Love (2011), Star Wars (2015), Schmilco (2016) Cruel Country (2022) e, muito recentemente, Cousin (2023). Entretanto, em dois mil e dezoito, aproveitou para escrever uma auto-biografia intitulada Let's Go (So We Can Get Back): A Memoir of Recording and Discording with Wilco, Etc., onde dissertou sobre aspetos da sua personalidade e do seu trajeto nos Wilco.

Jeff Tweedy - Filled With Wonder Once Again

À boleia desse exaustivo exercício escrito de introspeção, acabou por criar alguns registos a solo, sendo o mais conseguido WARM, onze canções que viram a luz do dia nesse mesmo ano de dois mil e dezoito com a chancela da insuspeita dBpm Records e que sucederam a Together at Last (2017), um registo de versões de alguns dos temas mais emblemáticos da sua, na altura, já extensa carreira. Depois de WARM, em dois mil e dezanove chegou Warmer, disco que, conforme o título indica, não estava dissociado do conteúdo do antecessor, já que, além de ter sido gravado durante o mesmo período em que foi captado WARM, acabou por, na sua essência, obedecer à mesma filosofia sonora estilística.

No início do estranho outono de dois mil e vinte, Jeff Tweedy deu ao mundo Love Is The King, a última obra discográfica em nome próprio de um compositor que assenta o seu processo criativo numa concepção de escrita que explora bastante a dicotomia entre sentimentos e no modo criativo e refinado como musica as letras que daí surgem, aliando o seu adn pessoal às tendências mais contemporâneas da folk e do rock alternativo.

Agora, novamente num outono algo atípico, Jeff Tweedy volta a colocar-nos em sentido devido à cover que criou para o clássico Filled With Wonder Once Again, que o mítico artista Billy Fay incluiu no seu disco Countless Branches, de dois mil e vinte. Na nova roupagem que Jeff Tweedy oferece a Filled With Wonder Once Again, o músico do Illinois idealizou com sucesso um impressivo e jubilante tratado folk, dominado por timbres de cordas particularmente estridentes, que abastecem uma constante dicotomia entre sentimentos e confissões, oferecendo uma roupagem mais eletrificada e radiofónica a um original que é eminentemente acústico, intimista e contemplativo, fazendo-o sem descurar a essência eminentemente reflexiva e sentimental da génese do original. Confere a cover e o original...

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publicado por stipe07 às 13:44

Wilco - Cousin

Sexta-feira, 29.09.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não foge a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, que foi, à época, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Wilco Cousin Reviewed | Articles | Mojo

Cousins vê hoje a luz do dia com a chancela da própria etiqueta da banda, a dBpm. O seu alinhamento de dez canções foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e os seus pouco mais de quarenta minutos oferecem-nos, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender.

Logo a abrir o registo, a espiral elétrica e a vasta miríade de sopros, distorções e insinuações percurssivas que sustentam Infinite Surprise, trazem-nos logo à memória a memorável herança da obra prima da banda de Chicago, o aclamado Yankee Hotel Foxtrot de dois mil e um, ainda hoje, com inteira jutiça, um dos discos essenciais da indie folk rock alternativa contemporânea. Logo de seguida, o piano e as distorções cavernosas de Ten Dead, esclarecem-nos que, de facto, Cousin não será um decalque exaustivo de uma fórmula, mas mais um passo firme e faustoso em frente no enriquecimento do adn de um projeto incomparável no modo como disserta, sem preconceitos e amiúde até de forma irónica, sobre uma América que vive uma contemporaneidade algo perigosa, fraturada em dois extremos dominantes, recentemente espartilhada por um vírus que não não foi fácil de lidar nesse vasto território e ensaguentada de traumas e males raciais, assentes numa sequência nada feliz de décadas e até de séculos de casos mal resolvidos, que remontam ao período da escravatura, o grande motivo da Guerra Civil que o país viveu há pouco mais de duzentos anos e que deixou fantasmas ainda a pairar.

As cordas reluzentes de Leeve e, principalmente, de Evicted, duas canções que obedecem a um modus operandi que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente, colocam Cousin num eixo mais radiofónico, mas sem deixar de lado a faceta experimental e lisérgica que o grupo  tanto preza e que certamente quis que este seu novo trabalho tivesse. É um experimentalismo folk, conduzido por cordas mais acústicas e com um travo de minimalismo lo fi, aspectos que são, como se sabe, traves mestras no percurso discográfico do projeto, marca que o próprio Yankee Hotel Foxtrot tão bem ilustrava em canções como War On War, ou Jesus Etc.Volto a referir-me à obra prima de dois mil e um porque, de facto, conhecendo minuciosamente a discografia dos Wilco, esse é, sem dúvida, o disco da banda que maior influência terá tido no processo de incubação de Cousin.

Se no início do milénio a fórmula que orientou Yankee Hotel Foxtrot pretendia revolucionar o adn Wilco, pouco mais de duas décadas depois, não há como negar que o propósito foi semelhante. O processo de incubação inicial de Cousin terá tido em mente materializar de modo espedito, uma fórmula interpretativa que originasse canções dominadas por guitarras, mas a exibirem linhas e timbres com um clima marcadamente progressivo e rugoso e onde não faltasse, se necessário, piscares de olhos a climas mais sintéticos, intimistas e jazzísticos, como evidenciam Sunlight Ends e A Bowl and A Pudding, uma visão detalhística aprimorada que temas como I'm Trying To Break Your Heart ou Radio Cure plasmaram, com alma e luz, em dois mil e vinte e um.

Finalmente, o intrigante clima algo hipnótico, mas visceral de Cousin, o tema homónimo, uma canção feita para se escutar de punhos cerrados, a monumentalidade de Pittsburgh, um verdadeiro tratado de sentimentalismo latente e de pura melancolia, uma canção que nos embarca numa viagem lisérgica ímpar e que subjuga momentaneamente qualquer atribulação que no instante da audição nos apoquente e a bonomia complacente da lindíssima balada Soldier Child, enriquecem ainda mais o esplendor de um disco que, colocando na linha da frente o lado mais sensível e emotivo do grupo, deixa no ouvinte a perceção clara que foi espetacular o momento em que os Wilco optaram por ligar a sua faceta experimental mais uma vez a pleno gás para, obtendo um balanço delicado entre o quase pop e o ruidoso e sem nunca descurar aquela particularidade fortemente melódica que costuma definir as suas composições, conseguirem criar uma verdadeira obra-prima que irá certamente figurar, com inteira justiça, num lugar bastante cimeiro dos melhores discos da carreira do projeto.

O amor, a paixão e as suas travessuras, nas quais se incluem críticas mais ou menos veladas a uma América contemporânea cada vez menos socialmente justa e refém dos seus medos, como de certo modo referi acima, sempre foram temáticas bastante importantes para Jeff Tweedy que, servindo-se dos Wilco, nunca deixou de surpreender pelo modo como foi diversificando a sua abordagem a estes conceitos ao longo de mais duas décadas. Do repentismo sincero e inconsciente de Wilco A.M., ao trato leve e sublime em Sky Blue Sky, passando pela imersão em vários psicoativos sentimentais em Yankee Hotel Foxtrot, ou fazendo uma primeira súmula de como sentem e vibram com sentimentos tão intensos, tentada em The Whole Love, os Wilco conseguem, neste Cousin, uma vez mais, a sempre tão desejada visão caricatural daquilo que os move como pessoas e músicos, enquanto enriquecem uma história discográfica, às vezes barulhenta e intensa, outras mais introspetiva e carregada de soul, mas sempre tremendamente criativa e instigadora. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 12:26

Wilco - Cousin (single)

Terça-feira, 26.09.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não fugirá certamente a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Cousins irá ver a luz do dia com a chancela da própria etiqueta da banda, a dBpm. O seu alinhamento de dez canções foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e será, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender.

Wilco Share New Song “Cousin”: Listen | Pitchfork

O mais recente single divulgado de Cousin é exatamente a composição que dá nome ao disco. Cousin é um tema vibrante, melodicamente algo hipnótico porque assenta num curto trecho melódico, incubado por cordas reluzentes, intenso e repetitivo, que vai sendo adornado por diversos efeitos e arranjos, um modus operandi que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere...

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publicado por stipe07 às 13:35

Wilco – Evicted

Domingo, 06.08.23

Os norte americanos Wilco de Jeff Tweedy são um dos projetos mais profícuos do universo indie e alternativo atual. Não cedem à passagem do tempo, não acusam a erosão que tal inevitabilidade forçosamente provoca, mantêm-se firmes no seu adn e conseguem, disco após disco, apresentar uma nova nuance interpretativa, ou uma nova novela filosófica que surpreenda os fãs e os mantenha permanentemente ligados e fidelizados. Cousin, o novo álbum dos Wilco, não fugirá certamente a essa permissa, depois de no ano passado, no registo duplo Cruel Country, a aposta ter sido num travo eminentemente folk, uma espécie de regresso às origens e aos primórdios da carreira da banda de Chicago, no Illinois.

Wilco Announces New Album 'Cousin,' Releases Lead Single 'Evicted' - Variety

Cousins irá ver a luz do dia a vinte e um de setembro próximo, pela própria etiqueta da banda, a dBpm, foi produzido pela galesa Cate Le Bon, que já mexeu em álbuns de nomes como os Deerhunter, Kurt Vile, Tim Presley e John Grant e terá um alinhamento de dez canções. Esse trabalho será, sem qualquer dúvida, uma manifestação impressiva de que Jeff Tweedy e os seus fiéis companheiros ainda têm muito para dar e, claro, para vender. Evicted, o primeiro single retirado do alinhamento de Cousins, comprova-o no modo como cordas acústicas e elétricas criam uma sonoridade animada e luminosa, mas também algo encantatória e bucólica. É um divertido jogo de cordas e sintetizações, quase cinematográfico, apesar de sonoro, que aproxima os Wilco de uma psicadelia blues de superior filigrana, que se escuta com aquela intensidade que fisicamente não deixa a anca indiferente. Confere Evicted e o artwork e a tracklist de Cousin...

Wilco - Cousin

Infinite Surprise
Ten Dead
Levee
Evicted
Sunlight Ends
A Bowl And A Pudding
Cousin
Pittsburgh
Soldier Child
Meant To Be

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publicado por stipe07 às 15:06






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