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EELS – Time

Segunda-feira, 04.03.24

Quase três anos depois do excelente registo Extreme Witchcraft, os Eels de E. (Mark Oliver Everett), Kool G Murder e P-Boo, estão de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com Eels Time!, o décimo quinto registo da carreira do grupo norte-americano, um alinhamento de doze canções que irá ver a luz do dia a sete de junho com a chancela do consórcio E Works e PIAS Recordings.

EELS Unveil 15th Studio Album 'EELS TIME!' With Opening Single 'Time' for  June Release

Gravado em Los Feliz, na Califórnia, e Dublin, na Irlanda, com a colaboração do músico e ator Tyson Ritter, Eels Time! irá conter alguns dos temas mais introspetivos e pessoais que Mark Oliver Everett escreveu e compôs na sua carreira, muito à imagem do que criou no disco End Times, em dois mil e dez, algo bem patente em Time, o primeiro single retirado do álbum e a canção que abre o seu alinhamento. Time é um portento de folk intimista e melancólica, um faustoso momento de intimidade e delicadeza acústicas, que só está ao alcance dos melhores cantautores e compositores.

Sem dúvida uma belíssima amostra de um disco que deverá estar receheado de composições felizes e empolgantes, que manterão bem viva a aúrea de um grupo essencial no momento de contar a história do melhor rock alternativo das últimas três décadas. Confere Time e o artwork e a tracklist de Eels Time!...

EELS-Time.jpg

Time
We Won’t See Her Like Again
Goldy
Sweet Smile
Haunted Hero
If I’m Gonna Go Anywhere
And You Run
Lay With The Lambs
Song For You Know Who
I Can’t Believe It’s True
On The Bridge
Let’s Be Lucky

 

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publicado por stipe07 às 17:41

GRMLN – Yoko

Sexta-feira, 16.02.24

O projeto GRMLN, encabeçado pelo artista Yoodoo Park, nascido em Quioto, no Japão, mas a residir em Orange County, no sul da Califórnia, está de regresso aos discos em dois mil e vinte e quatro com um registo intitulado New World, que irá ver a luz do dia a vinte e sete de junho próximo, com a chancela da Carpark Records.

GRMLN's Yoodoo Park: “I want to make as much as I can while I'm alive”

Yoko é o primeiro single revelado do alinhamento de New World. É uma canção fervorosa e emocionalmente intensa, sustentada por uma guitarra que vai sendo dedilhada de um modo algo hipnótico e em redor da qual se vai entalhando a percurssão e diversos efeitos sintéticos, que vão criando uma espécie de limiar que se transforma, finalmente, numa angulosa explosão sónica que se mostra algo entalada, mas que acaba por acontecer, finalmente, a cerca de um minuto do ocaso do tema. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:49

Grandaddy – Long As I’m Not The One

Sexta-feira, 09.02.24

Seis anos depois do registo Last Place, os californianos Grandaddy, de Jason Lytle, preparam-se para regressar aos discos com Blu Wav, um alinhamento de treze canções que chegará aos escaparates a dezasseis de fevereiro, com a chancela da Dangerbird Records. É uma fantástica notícia que nos chega do lado de lá do Atlântico e que temos vindo a atualizar nos últimos dois meses, com a divulgação dos vários singles que têm sido extraídos daquele que será o oitavo disco da carreira deste projeto norte-americano natural de Modesto, na Califórnia.

Watercooler, uma canção que, de acordo com o próprio Jason Lytle, versa sobre o fim de um dos seus relacionamentos com alguém que trabalhava num escritório, foi o primeiro single revelado do alinhamento de Blu Wav, tema que, como certamente se recordam, foi dissecado por cá no início de novembro. Depois, no mês seguinte, debruçámo-nos no conteúdo de Cabin On My Mind, a segunda composição do alinhamento de Blu Wav, um tema que impressionou-nos a todos pelo seu cariz  eminentemente pop e pela sua invulgar cosmicidade.

Agora, a pouco mais de um mês do lançamento do disco, chega a vez de contemplarmos Long As I'm Not The One, mais um imersivo, hipnótico e etéreo catálogo de sintetizações planantes, vocalizações de forte cariz lo fi e guitarras com efeitos encharcados numa soul lisérgica intensa. À semelhança dos dois temas anteriores, mas destacando-se desses por ter um travo psicadélico superior, este modus operandi que deu origem a Long As I'm Not The One, é uma trama sonora que acaba por sustentar mais um curioso tratado de pop cósmica, comprovando que os Grandaddy mantêm-se em grande forma e na linha da frente na abordagem a um universo sonoro que encontra raízes no rock progressivo setentista do século passado, um género sonoro com caraterísticas muito próprias, mas que possibilita inúmeras abordagens e explorações. Confere...

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publicado por stipe07 às 17:48

Andrew Belle – Swimmers (Hushed)

Quinta-feira, 08.02.24

Nascido em Chicago, no Illinois e dono de uma das vozes mais apaixonantes do universo sonoro contemporâneo, Andrew Belle é também um dos intérpretes mais interessantes da indie pop do lado de lá do atlântico, um artista que conhece, com minúcia e destreza, como replicar um ambiente sonoro multicolorido e espetral, sendo claramente influenciado pela paisagem multicultural de Los Angeles, cidade onde o músico vive atualmente.

Dive Deep | Andrew Belle

Em dois mil e vinte e um Andrew Belle lançou o quarto disco da sua carreira, um trabalho intitulado Nightshade, um lindíssimo alinhamento de dez canções que contou nos créditos com James McAlister, habitual colaborador de Belle. Nightshade estava repleto de canções intensas e charmosas, que escorriam à sombra de um clima claramente pop, que jogava em três tabuleiros distintos, o R&B, a folk e a eletrónica.

Quase três anos depois do lançamento de Nightshade, um dos seus grandes momentos, o tema Swimmers, que abria o alinhamento do registo, acaba de ser revisto por Andrew Belle. A nova versão de Swimmers intitula-se Swimmers (Hushed), coloca de lado os sintetizadores do original e, apenas com a viola e o piano, a canção ganha um clima ainda mais envolvente e etéreo, sem colocar em causa a sua estrutura melódica, num resultado final que nos leva numa viagem bastante impressiva por um mundo muito peculiar e intimista. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:43

Black Rebel Motorcycle Club – Black Tape EP

Quarta-feira, 07.02.24

Cinco anos depois de Wrong Creatures, os norte americanos Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, estão de regresso com novidades, um EP com quatro canções intitulado Black Tape, que ainda retira dividendos daquele que foi o oitavo disco da carreira de uma banda com mais de década e meia de carreira e que se estreou em dois mil e um com um extraordinário homónimo, cujo conteúdo fez destes músicos de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.

El regreso de Black Rebel Motorcycle Club: escucha su nuevo EP «The Black  Tape» – Nación Rock

Wrong Creatures foi produzido por Nick Launay (Yeah Yeah Yeahs, Arcade Fire, Nick Cave) e ofereceu-nos uns Black Rebel Motorcycle Club cientes não só do mundo em que vivem e das várias transformações que foram sucedendo nos últimos vinte e cinco anos, mas também das alterações estilísticas e de formação que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas. As quatro canções de Black Tape EP foram incubadas durante o processo de gravação do registo e, tendo ficado de fora do seu alinhamento, ganham agora protagonismo enquanto servem para nos recordar que os Black Rebel Motorcycle Club continuam bem vivos e em excelente forma.

De facto, logo com a toada lasciva e provocante de Bad Rabbit e o fuzz rugoso e cerrado de Bandung Hum, somos colocados bem no epicentro de um adn que também contém impressivos traços de post punk e blues e que, abraçando igualmente o noise rock, plasma uma simbiose perfeita entre a guitarra de Peter, o baixo de Robert e a forte percussão de Leah. São duas canções extraordinárias e que, reafirmando a interação brilhante entre estes três músicos, comprovam o indesmentível travo de diversidade e de perspicácia melódica e instrumental que sempre definiu o percurso dos Black Rebel Motorcycle Club, dentro dos limites bem definidos da filosofia sonora que os anima.

Depois do ruído incisivo e direto de Running In The Red (Messy) nos mostrar um perfil mais garageiro, Black Tape EP remata com uma versão longa e ainda mais experimental do tema DFF (For Those Who Can’t) que abria o alinhamento de Wrong Creatures. Recordo que DFF (For Those Who Can’t) era um típico tema introdutório, com um baixo firme e constante e uma percurssão com uma cadência crescente e neste EP acaba por se tornar numa excelente opção para o ocaso do alinhamento, na medida em que ajuda a sossegar os ânimos saudavelmente atiçados pelas três composições anteriores.

Black Tape EP é, em suma, um suplemento vitamínico bastante anguloso do conteúdo de Wrong Creatures que, fazendo-nos suspirar por um novo álbum do grupo, oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, preocupam-se, estilisticamente, em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...

 

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publicado por stipe07 às 17:54

Geographer - Van Halen

Sexta-feira, 26.01.24

Os Geographer são uma banda natural de São Francisco, na Califórnia, um trio formado por Michael Deni (voz, guitarra), Nathan Blaz (violoncelo, sintetizadores) e Brian Ostreicher (bateria). No verão de 2005, há já quase vinte anos, após uma série de mortes na família de Deni, ele deixou Nova Jersey e foi viver para São Francisco. Aí conheceu Blaz e Ostreicher e juntos formaram este grupo que se estreou nos discos em 2008 com Innocent Ghosts. Dois anos depois, em 2010, surgiu o EP Animal Shapes e a vinte e oito de fevereiro de dois mil e doze Myth, o sempre difícil segundo álbum, através da Modern Art Records. Três anos depois, os Geographer completaram a sua triologia inicial com mais um Ghost, neste caso o Ghost Modern, um novo compêndio de doze canções, que viram a luz do dia a vinte e quatro de março de dois mil e quinze através da Roll Call Records.

Geographer - Van Halen

Oito anos depois de Ghost Modern, os Geographer regressam ao nosso radar devido a A Mirrror Brightly, o novo disco do grupo, um novo alinhamento de catorze canções que deverá chegar aos escaparates em fevereiro e que antecipámos no início deste mês de janeiro com o single The Burning Handle, uma canção que aborda a temática dos sonhos, nomeadamente o facto de todos nós falarmos sobre eles e de admitirmos que gostávamos que muitos se realizassem, mas que é raríssimo isso acontecer.

Agora, cerca de três semanas depois, chega a vez de contemplarmos Van Halen, um luminoso e efusiante hino sonoro que encontra fortes reminiscências naquela pop de forte cariz sintético que fez escola nos anos oitenta. Em Van Halen, certamente uma homenagem à mítica banda de hard rock do final do século passado, uma batida sintética abrasiva é continuamente trespassada por cordas das mais diversas proveniências e outros efeitos planantes, com o refrão a ser conduzido por uma guitarra abrasiva, num resultado final majestoso e algo épico. Confere..

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publicado por stipe07 às 17:46

Geographer – The Burning Handle

Quinta-feira, 04.01.24

Os Geographer são uma banda natural de São Francisco, na Califórnia, um trio formado por Michael Deni (voz, guitarra), Nathan Blaz (violoncelo, sintetizadores) e Brian Ostreicher (bateria). No verão de 2005, há já quase vinte anos, após uma série de mortes na família de Deni, ele deixou Nova Jersey e foi viver para São Francisco. Aí conheceu Blaz e Ostreicher e juntos formaram este grupo que se estreou nos discos em 2008 com Innocent Ghosts. Dois anos depois, em 2010, surgiu o EP Animal Shapes e a vinte e oito de fevereiro de dois mil e doze Myth, o sempre difícil segundo álbum, através da Modern Art Records. Três anos depois, os Geographer completaram a sua triologia inicial com mais um Ghost, neste caso o Ghost Modern, um novo compêndio de doze canções, que viram a luz do dia a vinte e quatro de março de dois mil e quinze através da Roll Call Records.

Geographer - The Burning Handle (Official Video) - YouTube

Oito anos depois de Ghost Modern, os Geographer regressam ao nosso radar devido a A Mirrror Brightly, o novo disco do grupo, um novo alinhamento de catorze canções que deverá chegar aos escaparates já em fevereiro.

The Burning Handle é o mais recente single retirado do alinhamento de A Mirror Brightly. A canção aborda a temática dos sonhos, nomeadamente o facto de todos nós falarmos sobre eles e de admitirmos que gostávamos que muitos se realizassem, mas como é raríssimo isso acontecer. The Burning Handle foca-se nesse exato instante em que o contacto entre aquilo que sonhamos, de bom ou de mau, acaba por, efetivamente, se expressar na vida real. Sonoramente, o tema é conduzido a meias por um piano algo hipnótico e uma guitarra com um fuzz rugoso pleno de charme, com a voz de Deni a acamar a melodia, num resultado final com uma elegância particularmente hipnótica e sedutora. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:49

OS Melhores Discos de 2023 (20-11)

Quinta-feira, 28.12.23

Man On The Moon EP1 - YouTube

20 - Sigur Rós - ÁTTA

ÁTTA é um novo marco e um passo em frente, seguro e maduro, na discografia dos Sigur Rós. Em quase uma hora, o trio avança, talvez definitivamente, rumo à musica de cariz mais clássico e erudito, deixado para trás as guitarras inflamadas em agrestes distorções e uma imponência percurssiva, tantas vezes inigualável, que só o baterista Orri Páll Dýrason sabia como replicar, para se deleitar com um manuseamento tremendamente delicado, despudoradamente calculado e indisfarçadamente belo, do sintético, mesmo se trombones, violinos, harpas ou trompetes continuem a fazer parte da equação. No entanto, é curioso o modo como mesmo através desta guinada conceptual e interpretativa, os Sigur Rós continuam a manter intacto aquele adn muito próprio e único que nos transporta sempre para a típica paisagem vulcânica islandesa, fria e inóspita, já que, à semelhança da restante discografia do trio, este alinhamento é para ser escutado como um único bloco de som, compacto, hermético e aparentemente minimalista, mas rico em detalhes, experiências, nuances e paisagens, como é, num obrigatório e feliz paralelismo, um país tão belo, intrigante e rico como a Islândia.

19 - Dignan Porch - Electric Threads

Noções como crueza, simplicidade, imediatismo, rudeza e aspereza, mas também nostalgia e melancolia, assaltam facilmente a mente de quem escuta, pacientemente, Electric Threads, disponibilizando-se, assim, a embarcar numa viagem contundente rumo aquela indie lo fi e psicadélica do último meio século, que não descura, para se espraiar plena de luz e cor, um travo surf que é sempre tão apelativo. Aparentemente sem grandes pretensões mas, na verdade, de forma claramente calculada, Electric Threads volta a colocar os holofotes sobre os Dignan Porch, já mestres a recriar um som ligeiro, agradável, divertido e simples, mas verdadeiramente capaz de nos empolgar, tendo o louvável intuíto de nos fazer regressar ao passado.

18 - The New Pornographers - Continue As A Guest

Continue As A Guest é um intrincado jogo de luzes e reflexos em forma de música, um disco cheio de brilho e cor em movimento, que tem um alinhamento alegre e festivo e que parece querer exaltar, acima de tudo, o lado bom da existência humana. É, no seu busílis, uma trama orquestral complexa, um festim intrumental em que percussão, sintetizadores, sopros e guitarras, assim como as vozes de Newman e Case, se alternam e se sobrepôem em camadas, à medida que dez composições fluem naturalmente, sem se acomodarem ao ponto de se sufocarem entre si, num caldeirão sonoro criado por um elenco de extraordinários músicos e artistas, que sabem melhor do que ninguém como recortar, picotar e colar o que de melhor existe neste universo sonoro ao qual dão vida e que deve estar sempre pronto para projetar inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte, assentes num misto de power pop psicadélica e rock progressivo.

17 - Ulrika Spacek – Compact Trauma

Compact Trauma volta a colocar os Ulrika Spacek na órbitra da sua já habitual sonoridade punk, feita com fortes reminiscências naquela faceta sessentista ácida e psicotrópica, burilada, como sempre, com um timbre metálico de guitarra rugoso, acompanhado, quase sempre, por uma bateria em contínua contradição. A filosofia de composição musical destes Ulrika Spacek baliza-se através de um assomo de crueza, tingido com uma impressiva frontalidade, quer lírica quer sonora. Compact Trauma é mais um contínuo exercício insinuante de tornar aquilo que é descrito habitualmente, na música, como algo aparentemente desconexo e texturalmente incómodo, em algo que, quer ritmíca, quer melodicamente, é grandioso, sedutor e instigador, enquanto expressa, com nota máxima, um modo bastante textural, orgânico e imediato de criar música e de fazer dela uma forma artística privilegiada na transmissão de sensações que não deixam ninguém indiferente. De facto, Compact Trauma atesta a segurança, o vigor e o modo criativamente superior como este grupo britânico entra em estúdio para compôr e criar um shoegaze progressivo que se firma com um arquétipo sonoro sem qualquer paralelo no universo indie e alternativo atual.

16 - Teenage Fanclub - Nothing Lasts Forever

A ideia de luz é o foco central de um portentoso alinhamento de dez canções que, no seu todo, encarnam um tratado de indie rock com aquele perfil fortemente radiofónico que sempre caracterizou os Teenage Fanclub. De facto, Nothing Lasts Forever, um álbum encharcado em positividade, sorridente melancolia, inocente intimismo e ponderado pendor reflexivo, é um caminho seguro, retílineo e consistente rumo aquele indie rock que provoca instantaneamente sorrisos de orelha a orelha, independentemente do estado de espírito inicial. É um disco cheio de canções leves, melodicamente sagazes e, se forem analisadas tendo em conta o catálogo já vasto do projeto, são imperiosas no modo como, com uma intensidade nunca vista no quinteto, desbravam caminho até uma mescla contundente entre os primórdios da indie folk, a britpop e o melhor rock oitocentista. Nothing Lasts Forever é calor e luz, mas ouve-se em qualquer altura do ano. Intenso, poético e cheio de alma, exala um sedutor entusiasmo lírico, uma atmosfera sempre amável e prova que, quando os intérpretes têm qualidade, escrever e compôr boa música não é uma ciência particularmente inacessível. Aliás, para os Teenage Fanclub nunca foi.

15 - Jonathan Wilson - Eat The Worm

Eat The Worm é uma obra criativa única e indispensável, incubada por um autor que gosta de cantar e contar na primeira pessoa e assumir, ele próprio, o protagonismo das histórias que nos relata, enquanto prova ao mundo inteiro, mais uma vez, que é imcomparável a recriar diferentes personagens, cenas e acontecimentos, geralmente sempre dentro de um mesmo território criativo, neste caso o cinema. Sonoramente, é uma paleta sonora pintada com rock sinfónico de primeira água, um fabuloso tratado sonoro, tremendamente cinematográfico, que materializa uma espécie de colagem de vários trechos díspares num único alinhamento, enquanto abraça um elevado leque de influências que vão do jazz à folk, passando pelo rock psicadélico e progressivo.

14 - GUM - Saturnia

Nas dez canções de Saturnia Jay Watson executa, com elevada mestria, um exercicio criativo de mescla de diferentes influências, que abraçam todo um arco sonoro que vai do rock progressivo com adn setentista, à pop sinfónica de década seguinte, passando por alguns dos detalhes essenciais do jazz, da folk, do R&B e da própria eletrónica. Existe uma vibe psicadélica incomum, mas prodigiosa, em toda esta amálgama repleta de guinadas, interseções, detalhes inesperados, trechos de puro experimentalismo e, acima de tudo, preenchida com um travo de fragilidade e inocência incomuns.

13 - Woods - Perennial

Perennial é mais uma guinada no percurso sonoro dos Woods. Mantendo o perfil eminentemente indie folk, trespassado por algumas das principais nuances do rock alternativo contemporâneo, é um disco que coloca elevado ênfase num indisfarçável clima jazzístico. O registo coloca a nú a cada vez mais elaborada e eficazmente arriscada filosofia experimental interpretativa de um grupo bastante seguro a manusear o arsenal instrumental de que se rodeia, apostando em composições com arranjos inéditos e que são melodicamente abordados e construídos através de uma perspetiva que se percebe ter resultado de um trabalho aturado de criação que, tendo pouco de intuitivo, diga-se, plasma, com notável impressionismo, a enorme qualidade musical dos Woods. Um dos traços que mais impressionam na audição de Perennial é a quase presunçosa segurança que os autores demonstram na criação e na interpretação de canções que, tendo claramente o adn Woods, não são assim tão óbvias para os ouvintes que conheçam com profundidade a carreira do grupo. Esta sagacidade e esta altivez servem para aumentar ainda mais a pontuação de um trabalho que, sendo eminentemente crú e envolvido por um doce travo psicadélico, passeia por diferentes universos musicais sempre com superior encanto interpretativo e sugestivo pendor pop, traves mestras que melodicamente colam-se com enorme mestria ao nosso ouvido e que justificam, no seu todo, que este seja um dos melhores registos do já impressionante catálogo de uma banda fundamental do rock alternativo contemporâneo.

12 - King Creosote - I DES

Personalidade exímia no modo como retrata uma Escócia repleta de especificidades, com uma cultura milenar e uma história ímpar de sobrevivência, Kenny Anderson utiliza a música como forma de homenagear a terra onde nasceu e sempre viveu, conseguindo, em simultâneo, colocar-nos bem no epicentro de tudo aquilo que o define enquanto pessoa, artista e cidadão. I DES, o seu novo tomo de dez canções e o quinto de uma já notável carreira com a assinatura King Creosote, é um notável catálogo de indie folk majestosa, imponente e, melhor do que isso, melodicamente tocante. Todas as composições do registo têm uma faceta incrivelmente enleante, no modo como nos cativam e nos seduzem, porque mesmo que narrem histórias de angústia, luta contra adversidades, ou de esperança em melhores dias, deixam-nos boquiabertos e, de certo modo, hipnotizados, perante uma indisfarçável beleza melódica que, como é óbvio, só se explica perante a enorme detreza criativa e interpretativa do autor. Um registo percurssivo quase sempre arritmado e vigoroso, teclados hipnóticos e um vasto catálogo de sopros das mais diversas proveniências instrumentais, preenchem o catálogo instrumental de I DES, um álbum portentoso e em que angústia e libertação são sensações que se fundem, quase sem se dar por isso, um modus operandi que resulta num clímax onde não falta um invulgar travo psicadélico. 

11 - Local Natives - Time Will Wait For No One

Time Will Wait for No One é um álbum com uma atmosfera sonora enérgica, mas também com instantes de densidade algo inéditos no percurso discográfico dos Local Natives. É, claramente, um daqueles trabalhos em que uma banda resolve voltar a baralhar e a dar de novo, fazendo-o sem renegar, como é óbvio, o seu passado, mas querendo, com muita força e criatividade, explorar novos caminhos e possibilidades. Assim, neste registo impecavelmente produzido, o quinteto continua a caminhar dentro de uma atmosfera bem delineada e de uma constante proximidade entre as vertentes lírica e musical, algo que ficou logo bem patente logo em Gorilla Manor, a obra de estreia que alicerçou definitivamente o rumo sonoro dos Local Natives, mas o percurso é agora feito num ambiente mais efervescente, opção que demonstra, com objetividade, uma maior consciência musical e um modus operandi ainda mais renovado, emotivo e delicioso.

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publicado por stipe07 às 20:02

EELS – EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020)

Sexta-feira, 15.12.23

Quase dois anos depois do excelente registo Extreme Witchcraft, os Eels de E. (Mark Oliver Everett), Kool G Murder e P-Boo acharam que era altura de voltar a fazer um novo balanço da sua discografia, materializado em EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020), um alinhamento de vinte canções que, conforme o título indica, em pouco mais de setenta minutos revisita alguns dos momentos maiores dos oito discos que o grupo lançou entre dois mil e sete e dois mil e vinte.

Eels: Eels So Good - Essential Eels Vol. 2 (2007-2020) | SOUNDS & BOOKS

O hiato temporal a que se refere EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020), justifica-se porque os Eels já tinham lançado um tomo semelhante de canções em 2007, intitulado EELS So Good: Essential EELS, Vol. 1 (1996-2006), compilação que sumariou os destaques dos primeiros seis discos do grupo californiano.

Se o período inicial dos Eels foi, talvez, o mais interessante e criativo do grupo, a segunda fase da carreira da banda também teve vários momentos altos, com discos como Extreme Witchcraft e, a espaços, Earth To Dora, a abordarem aquele punk rock direto, abrasivo e contundente que, na primeira fase da banda, teve em Souljacker o momento maior, mas também com álbuns do calibre de End Times, a oferecerem-nos aquela folk intimista e melancólica, que só está ao alcance dos melhores cantuatores.

De facto, um dos grandes trunfos dos Eels, liderados por um Mr. E sempre enigmático, reflexivo, abrasivo e disposto a mostrar porque tem nos Beatles a sua inspiração maior, é, realmente, o elevado grau de ecletismo e a capacidade que este projeto com três décadas de existência sempre teve de se reinventar e de lançar, em cada álbum, mais achas para uma fogueira sonora que, da alt-pop, ao folk, passando pelo punk e o melhor rock alternativo, sempre sobreviveu, no seu âmago, à sombra das superiores capacidades interpretativas dos músicos que abraçaram Mr. E e fizeram desta banda um projeto sempre fresco e atual e, em cada trabalho, com a mala cheia de novas canções impecáveis para sobressairem em mais um punhado de grandes concertos, uma das faces essenciais do sucesso deste grupo.

EELS – EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020) é, em suma, um documento fundamental para todos os amantes de uma banda que acaba por ser, diga-se, o tubo de escape de uma existência conturbada e inusitada de Mark Everett, um músico que usa óculos desde que foi atingido por um laser num concerto dos The Who nos anos oitenta e que viveu a sua vida sempre habituado a conviver com a tragédia na sua vida pessoal e a superar eventos nefastos. Tudo começou em mil novecentos e oitenta e dois com a morte por ataque cardíaco do pai, o famoso físico Hugh Everett, na altura profundamente deprimido por nunca ter conseguido que a sua teoria sobre física quântica fosse aceite no meio científico. Década e meia depois aconteceu o suícidio da irmã Elizabeth em mil novecentos e noventa e seis e a partida da sua mãe, Nancy Everett, devido a um cancro, meses antes do lançamento do espetacular registo Electro-Shock Blues, (1998), disco que se debruça de modo particularmente impressivo sobre esta espiral de eventos marcantes da vida de Mr E., que ainda teve mais um capítulo no onze de setembro de dois mil e um, quando num dos aviões que foi desviado contra o Pentágono seguia a sua prima Jennifer Lewis Gore. Mesmo que muitas destas canções tenham sido incubadas na ressaca de mais algum revés na vida pessoal de Everett, com algumas chagas do seu segundo divórcio ainda muito vivas nesta segunda fase da carreira dos Eels, a maior parte destes vinte temas são, claramente, composições felizes e empolgantes e que mantêm bem viva a aúrea de um grupo essencial no momento de contar a história do melhor rock alternativo das últimas três décadas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 18:42

Grandaddy – Cabin In My Mind

Terça-feira, 12.12.23

Seis anos depois do registo Last Place, os californianos Grandaddy, de Jason Lytle, preparam-se para regressar aos discos com Blu Wav, um alinhamento de treze canções que chegará aos escaparates a dezasseis de fevereiro do próximo ano, com a chancela da Dangerbird Records.

Watercooler, uma canção que, de acordo com o próprio Jason Lytle, versa sobre o fim de um dos seus relacionamentos com alguém que trabalhava num escritório, foi o primeiro single revelado do alinhamento de Blu Wav que, como certamente se recordam, foi dissecado por cá no início de novembro.

Agora chega a vez de nos debruçarmos em Cabin On My Mind, a segunda composição do alinhamento de Blu Wav, que será o oitavo disco da carreira do projeto norte-americano natural de Modesto, na Califórnia. Cabin On My Mind é um tema que impressiona pelo seu cariz íntimo e etéreo. Sintetizações planantes, um registo vocal de forte cariz lo fi e guitarras com efeitos encharcados numa soul lisérgica intensa, sustentam um curioso tratado de pop cósmica, que comprova que os Grandaddy mantêm-se em grande forma e na linha da frente na abordagem a um universo sonoro que encontra raízes no rock progressivo setentista do século passado, um género sonoro com caraterísticas muito próprias, mas que possibilita inúmeras abordagens e explorações. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:53






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