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Future Islands – People Who Aren’t There Anymore

Sábado, 10.02.24

Cerca de quatro anos depois do excelente registo As Long As You Are, os norte-americanos Future Islands estão de regresso aos discos com um novo trabalho intitulado People Who Aren’t There Anymore, um alinhamento de doze canções que tem a chancela da 4AD e que foi produzido por Steve Wright.

Future Islands - People Who Aren't There Anymore (Album Review) -  Stereoboard

Os Future Islands chegam ao sétimo disco já com a percepção clara de que fazem parte, com inteiro mérito, dos lugares de topo do panorama sonoro em que se movimentam. Com essa conquista no bolso, a tentação de acomodação e repetição da fórmula vencedora dos trabalhos antecessores poderia ser grande, mas People Who Aren't There Anymore não cai nessa esparrela, sendo, claramente, mais um passo evolutivo do projeto, num disco que, mais uma vez, reflete imenso as experiências pessoais de Herring, mas também a passagem do tempo pelos membros da banda que sentiram imenso a situação pandémica que todos vivemos. São, em síntese, doze canções sonorizadas através de inspiradas e felizes interseções entre uma componente sintética bem vincada e onde os sintetizadores são reis e uma secção rítmica fluída, como é apanágio deste grupo formado pelo já citado Samuel T. Herring e ao qual se juntam Gerrit Welmers, William Cashion e Michael Lowry.

De facto, quem estiver familiarizado com o catálogo dos Future Islands, escuta People Who Aren't There Anymore e sente, no geral, um clima mais intrincado, carregado e melancólico do que o habitual. Continuam a existir, sonoramente, um anguloso convite à dança ao longo da audição, com especial ênfase para Give Me the Ghost Back, uma canção em que curiosamente, mais se sente, liricamente, o peso das angústias e dilemas que hoje sobrevoam este quarteto e que comprova a mestria da escrita de Samuel Herring, um verdadeiro prodígio a cantar, mas também primoroso quando segura a caneta na mão.

Portanto, canções como King Of Sweden, um épico tema de abertura recheado de cascatas de sintetizações inebriantes, que versa sobre a relação de Herring com a atriz sueca Julia Ragnarsson, The Fight, uma canção com um perfil mais climático e intimista e que convida o ouvinte a desligar-se da realidade que o rodeia e a entrar num universo muito pessoal, já que, na canção, Samuel Herring disserta sobre alguns dos seus demónios interiores, ou Say Goodbye, um tema que fala sobre o amor e as inseguranças que provoca quando é vivido à distância e que, sonoramente, impressiona pelo vigor e majestosidade das sintetizações borbulhantes e dos diversos entalhes percurssivos que vão sendo adicionados e que sustentam uma batida frenética, são exemplos que plasmam uma mescla feliz entre o orgânico e o sintético, sempre com a herança da melhor pop oitocentista em declarado ponto de mira, aquela pop movida a néons e plumas, mas que também não descura um olhar em frente, ao abarcar detalhes e arranjos que definem muita da melhor eletrónica que se vai escutando atualmente.

Em suma, People Who Aren't There Anymore é mais um momento sonoro em que os Future Islands, abrigados por uma já longa e distinta carreira, apontam algumas novas matrizes e precisam a sua inédita definição de pop, que juntando rock e eletrónica, não renega o rico passado que esses espetros sonoros contêm. Ao mesmo tempo que este quarteto sedeado em Baltimore, no Maryland, joga este jogo com equilíbrio, perspicácia e elevado sentido criativo, conjugando dois mundos que sempre pareceram como água e azeite, mas que afinal podem tocar-se, os Future Islands continuam a envolver-nos e a emocionar-nos sem haver fronteiras claras, nessa simbiose, relativamente a cada um dos dois territórios referidos. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 17:12

Future Islands – Say Goodbye

Sábado, 20.01.24

Os norte-americanos Future Islands não lançam nenhum álbum desde o excelente registo As Long As You Are, de dois mil e vinte. Mas, desde então, não têm vivido um hiato criativo, nem têm estado em pousio. Além de terem lançado os singles Peach, em dois mil e vinte e um e King Of Sweden, o ano passado, recentemente andaram em digressão com os Weezer e Samuel T. Herring, o vocalista e líder da banda, participou ativamente em canções assinadas por billy woods, os Algiers e R.A.P. Ferreira. No entanto, esta pausa nos discos tem os dias contados, porque na próxima semana irá chegar aos escaparates um novo trabalho do projeto intitulado People Who Aren’t There Anymore, um alinhamento de doze canções que terá a chancela da 4AD e que foi produzido por Steve Wright.

Future Islands Share New Single "Say Goodbye": Listen

Do novo álbum da banda natural de Baltimore, no Maryland, já foram alvo de revisão neste nosso espaço de divulgação o referido tema King Of Sweden, que abrirá o alinhamento de People Who Aren’t There Anymore, o single The Tower, que divulgámos oportunamente, no início do passado mês de novembro e The Fight, a nona canção do alinhamento do trabalho, que foi destaque no início de dezembro, uma canção com um perfil mais climático e intimista que os singles anteriores e que convidava o ouvinte a desligar-se da realidade que o rodeia e a entrar num universo muito pessoal, já que, na canção, Samuel Herring disserta sobre alguns dos seus demónios interiores.

Agora, a poucos dias da chegada de People Who Aren’t There Anymore aos escaparates, é possível escutar a composição Say Goodbye. É um tema que fala sobre o amor e as inseguranças que provoca quando é vivido à distância e que, sonoramente, impressiona pelo vigor e majestosidade das sintetizações borbulhantes e dos diversos entalhes percurssivos que vão sendo adicionados e que sustentam uma batida frenética. O resultado final, como é hábito nos Future Islands, assenta numa mescla feliz entre o orgânico e o sintético, com a herança da melhor pop oitocentista em declarado ponto de mira. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:48

The Republic Of Wolves – A Long December

Quarta-feira, 03.01.24

Na nossa redação sempre houve um particular interesse pela descoberta e audição de versões de temas que façam parte do catálogo essencial do universo sonoro indie e alternativo. São as chamadas covers que, muitas vezes, ao longo da história da música, acabaram, com alguma frequência, por obter mais sucesso que os próprios originais. Quem não se recorda da versão que Jimmy Hendrix criou para o clássico All Along the Watchtower, de Bob Dylan, ou o modo como Joe Cocker recriou o sucesso With A Little Help From My Friends, dos The Beatles? Mais recentemente, a cover dos Glass Animals para Heart Shaped-Box dos Nirvana e a dos Death Cab For Cutie para Fall On Me dos R.E.M., fizeram furor na nossa redação.

The Republic of Wolves – “Bask” • chorus.fm

Os norte-americanos The Republic Of Wolves ainda não divulgaram o sucessor do seu terceiro registo de originais, um compêndio de dez canções intitulado Shrine, que viu a luz do dia em dois mil e dezoito, mas, como bónus, acabam de divulgar uma cover extroardinária de um verdadeiro clássico da década final do século passado, o tema A Long December dos Counting Crows, de Adam Duritz.

Na versão que fizeram desta composição que fazia parte do registo Recovering The Satellites que o projeto de Baltimore lançou em mil novecentos e noventa e seis, o quinteto de Long Island, em Nova Iorque apostou num perfil eminentemente acústico que manteve a tónica sentimental do original, mas ofereceu ao tema um cunho ainda mais intimista, utilizando apenas as cordas e as vozes. Conseguiu, assim, dar um cunho identitário à nova roupagem, sem deixar de respeitar e de preservar a identidade do original. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:53

Future Islands – The Fight

Quinta-feira, 07.12.23

Os norte-americanos Future Islands não lançam nenhum álbum desde o excelente registo As Long As You Are, de dois mil e vinte mas, desde então, não têm vivido um hiato criativo, nem têm estado em pousio. Além de terem lançado os singles Peach, em dois mil e vinte e um e King Of Sweden, o ano passado, recentemente andaram em digressão com os Weezer e Samuel T. Herring, o vocalista e líder da banda, participou ativamente em canções assinadas por billy woods, os Algiers e R.A.P. Ferreira.

No entanto, esta pausa nos discos tem os dias contados, porque a vinte e seis de janeiro próximo, irá chegar aos escaparates um novo trabalho do projeto intitulado People Who Aren’t There Anymore, um alinhamento de doze canções que terá a chancela da 4AD.

Do novo álbum da banda natural de Baltimore, no Maryland, já se conhece o referido tema King Of Sweden, que abrirá o alinhamento de People Who Aren’t There Anymore e o single The Tower, que divulgámos oportunamente, no início do passado mês de novembro. Agora chega a vez escutarmos The Fight, a nona canção do alinhamento do trabalho.

Com um perfil mais climático e intimista que os singles anteriores, em The Fight Samuel Herring convida o ouvinte a desligar-se da realidade que o rodeia e a entrar num universo muito pessoal, já que, na canção, o artista disserta sobre alguns dos seus demónios interiores, com a sua voz, sempre plena de amplitude, emotividade e intensidade, a ser acamada por sedutoras sintetizações repletas de charme, trespassadas por algumas guitarras ecoantes, num resultado final brilhante e que, como é hábito nos Future Islands, assenta numa mescla feliz entre o orgânico e o sintético, com a herança da melhor pop oitocentista em declarado ponto de mira. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:40

Future Islands – The Tower

Sexta-feira, 03.11.23

Os norte-americanos Future Islands não lançam nenhum álbum desde o excelente registo As Long As You Are, de dois mil e vinte mas, desde então, não têm vivido um hiato criativo, nem têm estado em pousio. Além de terem lançado os singles Peach, em dois mil e vinte e um e King Of Sweden, o ano passado, recentemente andaram em digressão com os Weezer e Samuel T. Herring, o vocalista e líder da banda, participou ativamente em canções assinadas por billy woods, os Algiers e R.A.P. Ferreira.

No entanto, esta pausa nos discos parece ter os dias contados, porque os Future Islands acabam de anunciar que a vinte e seis de janeiro de dois mil e vinte e quatro, irá chegar aos escaparates um novo trabalho do projeto intitulado People Who Aren’t There Anymore, um alinhamento de doze canções que terá a chancela da 4AD.

O já referido tema King Of Sweden, abrirá o alinhamento de People Who Aren’t There Anymore e The Tower, o mais recente single divulgado do álbum, será o segundo. The Tower é uma canção brilhante, assente numa mescla feliz entre o orgânico e o sintético, o habitual modus operandi dos Future Islands, que têm sempre a herança da melhor pop oitocentista em declarado ponto de mira. A canção começa de modo algo contemplativo, mas à medida que a voz de Herring ganha amplitude, a bateria acelera vertiginosamente e instala-se nos nossos ouvidos uma espécie de carrocel melódico hipnótico e enleante, em que a percurssão e o sintetizador têm o papel principal na condução melódica. Confere o vídeo de The Tower, assinado por Jonathan van Tulleken e a tracklist de People Who Aren’t There Anymore...

King Of Sweden
The Tower
Deep In The Night
Say Goodbye
Give Me The Ghost Back
Corner Of My Eye
The Thief
Iris
The Fight
Peach
The Sickness
The Garden Wheel

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publicado por stipe07 às 16:33

Future Islands – Deep In The Night

Quarta-feira, 30.08.23

Os norte-americanos Future Islands não lançam nenhum álbum desde o excelente registo As Long As You Are, de dois mil e vinte mas, desde então, não têm vivido um hiato criativo, nem têm estado em pousio. Além de terem lançado os singles Peach, em dois mil e vinte e um e King Of Sweden, o ano passado, recentemente andaram em digressão com os Weezer e Samuel T. Herring, o vocalista e líder da banda, participou ativamente em canções assinadas por billy woods, os Algiers e R.A.P. Ferreira.

Future Islands Debut Video for New Song “Deep in the Night”: Watch |  Pitchfork

Agora, quase no ocaso do verão de dois mil e vinte e três, o quarteto oriundo de Baltimore e que inclui Gerrit Welmers, William Cashion e Michael Lowry no seu alinhamento, além de Herring, está de regresso com uma nova canção chamada Deep In The Night. São três minutos e meio algo sombrios, contemplativos e enigmáticos, caraterísticas habituais de algumas das propostas sonoras mais intimistas dos Future Islands, sempre com a herança da melhor pop oitocentista em declarado ponto de mira, nuance bem patente nas diversas camadas sintéticas planantes que, juntamente com uma guitarra com um efeito metálico curioso, sustentam uma canção nostálgica e contagiante e que também conta com o habitual registo lírico algo críptico de Harring. Confere Deep In The Night e o vídeo assinado por Albert Birney...

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publicado por stipe07 às 10:24

Wye Oak – Every Day Like The Last

Sexta-feira, 26.05.23

Depois de uma viragem de década bastante ativa que culminou, há dois anos, com a divulgação do single Its Way With Me, na primavera de dois mil e vinte e um, após o EP No Horizon, os infatigáveis Wye Oak, uma dupla de Baltimore formada por Jenn Wasner e Andy Stack, estão de regresso com uma nova canção intitulada Every Day Like The Last. Este novo tema dos Wye Oak marca o arranque de uma nova filosofia comercial da dupla, que irá apostar durante este ano no lançamento isolado de seis singles, num espaço temporal mais alargado que o habitual antes do lançamento de um disco, que serão mais tarde agregados num registo que terá o nome desta canção Every Day Like The Last.

WYE OAK Shares New Song 'Every Day Like the Last'

Mestres da folk e do indie rock, mas com um cardápio sonoramente cada vez mais eclético, suportado por uma sólida carreira de pouco mais de uma década cujos maiores trunfos são a belíssima voz de Jenn e o magnífico trabalho instrumental de Andy, os Wye Oak oferecem-nos, com esta Every Day Like the Last, mais uma bela canção que, num cruzamento ímpar entre a pop e a eletrónica e enquanto se debruça sobre as cedências s que todos temos que fazer para que o amor funcione, impressiona pelo modo como está exemplarmente ornamentada com uma vasta miríade de efeitos acústicos e sintetizações encharcadas de charme, mas também de sobriedade. Confere...

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publicado por stipe07 às 21:00

Future Islands – Last Christmas

Sábado, 17.12.22

Mesmo a tempo da época natalícia que se aproxima a passos largos, os Future Islands, de Samuel Herring, acabam de divulgar uma curiosa e vibrante versão do clássico dos Wham!, Last Christmas.

LISTEN: Future Islands Drop Must-Hear Version Of Wham's "Last Christmas" -  Glide Magazine

A banda de Baltimore conseguiu dar uma roupagem bastante curiosa e animada a uma canção mítica dos anos oitenta do século passado, induzindo no original um vigoroso arsenal de sintetizações inebriantes e indutoras, encharcadas pela nostalgia da melhor pop oitocentista, como se exigia, num resultado final majestoso, empolgante e contagiante, como é apanágio deste grupo. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:06

Panda Bear & Sonic Boom - Go On

Terça-feira, 19.07.22

Os Panda Bear e o projeto Sonic Boom têm já uma longa história de parcerias, mais ou menos profícuas. Recordo que Peter Kember misturou e masterizou o registo Tomboy, disco a solo de Noah Lennox, a grande trave mestra dos Panda Bear e fez também parte dos créditos de produção de disco de dois mil e quinze, Panda Bear Meets The Grim Reaper, que à época fez furor na nossa redação. Entretanto, por essa altura, Kember mudou-se para Lisboa, onde Lennox, natural de Baltimore, no Maryland, já vive há ainda mais tempo e os dois artistas têm cimentado ainda mais uma relação que vai, finalmente, materializar-se num disco intitulado Reset, que irá ver a luz do dia em novembro com a chancela da Domino Recordings.

Panda Bear reveals details of collaborative album and shares new song, 'Go  On'

Reset terá como grande inspiração a coleção de discos de Peter Kember das duas primeiras décadas da última metade do século passado e terá vários samples desse acervo. Aliás, a demora na publicação de Reset deve-se com o processo de obtenção das indispensáveis autorizações para a utilização de vários trechos de outros artistas, desses anos cinquenta e sessenta.

Go On é o primeiro single revelado de Reset, uma composição que contém um sample do clássico de mil novecentos e sessenta e sete, Give It To Me, dos míticos The Troggs, uma banda inglesa que era formada por Reg Presley, Chris Britton, Pete Staples e Ronnie Bond. Uma guitarra agreste, sempre firme no jogo de cintura que mantém com diversas sintetizações inebriantes e diversos elementos percussivos das mais diversas proveniências, é a grande pedra de toque de uma composição que impressiona, como é hábito nos Panda Bear, pelo inconformismo experimental e pelo modo buliçoso como se mantêm particularmente inventivos mesmo num espetro sonoro onde é fácil cair na redundância e num certo marasmo, ou então, pior do que isso, resvalar para uma exacerbada radiofonia e um vício comercial que acabe por tolher, absorver e, no final, asfixiar projetos. Confere Go On e a tracklist de Reset...

Gettin’ To The Point
Go On
Everyday
Edge Of The Edge
In My Body
Whirlpool
Danger
Livin’ In The After
Everything’s Been Leading To This

 

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publicado por stipe07 às 21:39

Beach House - Once Twice Melody

Terça-feira, 12.04.22

Quase meia década depois de 7, os Beach House, um projeto sedeado em Baltimore, no Maryland, formado pela francesa Victoria Legrand e pelo norte americano Alex Scally, estão de regresso com Once Twice Melody, a sua obra mais grandiosa, um megalómano alinhamento de dezoito canções que duram mais de oitenta minutos verdadeiramente épicos e que comprovam que esta dupla nunca foi nem será nada timida a cortejar o infinito, porque não receia desafiá-lo.

Beach House – “Once Twice Melody” - Festival da Noção

Entre a luz e a escuridão é muitas vezes efémera a distância que separa estes dois mundos tão díspares. Mas a música dos Beach House consegue sublimar, quase sem se distinguir a fronteira entre duas realidades que, ao som desta dupla, parecem tudo menos distintas. De facto, este Once Twice Melody, que é, curiosamente, o primeiro registo que os próprios Beach House produzem, tem logo no tema homónimo esse perfume de interação, com os sintetizadores a fornecerem nuances predominantemente claras e reluzentes e o baixo e as guitarras a pintarem tonalidades mais obscuras, mas repletas de charme, numa composição que nos coloca de frente, sem apelo nem agravo, para a filosofia estilística que encharca todo o disco. Entre esses dois pontos efêmeros, Victoria Legrand e Alex Scally se deleitam na interação de sombra e luz, o perfume das flores desabrochando à noite, a rapsódia da própria sensação. Superstar, logo a seguir, dá um cariz ainda mais superlativo e sumptuoso, com Pink Funeral a dissolver definitivamente o nosso ouvido numa trama que tem também, diga-se, uma forte componente cinematográfica no seu âmago.

Já capturados e sem possibilidade de nos libertarmos de tais amarras, na ziguezagueante cosmicidade de Through Me, na languidez metálica de Runaway e no perfume aveludado de ESP prossegue este verdadeiro devaneio pop, que sem deixar de descrever a habitual marca registada dos oito registos que fazem já parte do cardápio dos Beach House, ganha, neste Once Twice Melody, laivos de superlativo requinte.

Até ao ocaso do registo, o caráter e o cenário nunca mudam, mesmo que no techno melódico de Only You Know, nos coros celestiais de Over And Over e em Illusion Of Forever pareça haver uma vontade de espreitar territórios um pouco mais agrestes e progressivos. Há guitarras acústicas repletas de vocoders mágicos, sintetizadores analógicos aquosos e mudanças de acordes que explodem como fogos de artifício contra o céu noturno, refrões crescentes e conjuntos sumptuosos de sintetizadores, mas a essência de som permanece sempre inabalável e suporta com distinção o natural desgaste dos minutos, dada a duração do alinhamento do disco.

Colocando Once Twice Melody em perspetiva, relativamente ao trajeto da banda, parece-me claro referir que toda a carreira dos Beach House sabe a um longo e gradual processo de transformação, um caminho lentamente sinuoso que levou a dupla até este ponto. Ao longo dos anos, eles fizeram ajustes subtis no lânguido modelo de slowcore que criaram para si desde o homónimo de dois mil e seis, passando pela veludez de Depression Cherry e o musculado shoegaze de 7,  até chegarem a um ponto em que, tendo construído nesse longínquo disco de estreia a embarcação em que navegam, ao longo da viagem é como se tivessem substituido, gradualmente, todas as suas peças, desde o mastro, ao cordame, passando pelas velas e o casco, até não restar uma única peça original do barco, com o definitivo novo navio personificado neste Once Twice Melody  a ser, no fundo, exatamente a mesma embaracação com que iniciaram a jornada. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 14:31






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