man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Washed Out - Notes From A Quiet Life
Dono de obras-primas do calibre do excelente tratado de lisergia que sustenta o longa duração de estreia Within Without (2011) e do psicadélico e inebriante álbum Paracosm (2013), o projeto Washed Out, do multi-instrumentista norte-americano Ernest Greene, um dos nomes fundamentais, a par de Neon Indian ou Toro Y Moi, da nova chillwave, não dava sinais de vida desde o buliçoso e intrigante registo Purple Noon, editado em dois mil e vinte. No entanto, esse hiato de quatro anos chegou ao fim com Notes From a Quiet Life, o novo disco do autor e compositor, que acaba de chegar aos escaparates, com a chancela da Sub Pop Records.
Disco muito marcado pela mudança de Greene, um músico natural da Georgia, da cidade capital desse estado, Atlanta, para uma zona mais rural, Macon, Notes From A Quiet Life retrata, ao mesmo tempo, um amor que ficou para trás. São dez intrincadas canções, encharcadas em versos melancólicos, adornados por sintetizações pulsantes, que se servem de uma pafernália instrumental sintética vasta, encarnando pouco mais de quarenta minutos irresistivelmente belos, feitos de uma pop nostálgica e sonhadora, com um elevado travo oitocentista.
Notes From A Quiet Life é um disco excelente para nos hipnotizar e para nos levar a refletir sobre o estado atual do nosso âmago, acabando por funcionar como um eficaz soporífero que nos leva para longe de uma realidade que é, tantas vezes, pouco agradável e que precisa destes momentos de escape e destes locais de refúgio para assentar ideias e decidir novos rumos.
É, de facto, impossível não ficarmos imunes a qualquer sentimento menos positivo e não nos sentirmos cheios, preenchidos e felizes ao som desta estética sintética de forte travo vintage, que acrescenta ao catálogo do autor novas nuances que alargam o seu espetro sónico, cada vez mais focado nas pistas de dança e em ambientes onde o digital se sobrepõe claramente ao orgânico.
Enquanto exercício de auto reflexão sobre aquilo que é a existência e a evolução pessoal humana, um exercício mental quase sempre fatigante, Notes From A Quiet Life é um refúgio ideal também para o descanso e a para um encontro íntimo com paz e tranquilidade, sendo capaz capaz de nos levar rumo às profundezas de um imenso oceano de hipnotismo e letargia, enquanto estabelece uma multiplicidade de novos caminhos ao autor e testa sonoridades e experimentações sem que Greene receie ser apontado como uma espécie de terrorista sonoro, porque também é de coerência que este disco vive. Espero que aprecies a sugestão...
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Washed Out – The Hardest Part
Dono de obras-primas do calibre do excelente tratado de lisergia que sustenta o longa duração de estreia Within Without (2011) e do psicadélico e inebriante álbum Paracosm (2013), o projeto Washed Out, do multi-instrumentista norte-americano Ernest Greene, um dos nomes fundamentais, a par de Neon Indian ou Toro Y Moi, da nova chillwave, não dava sinais de vida desde o buliçoso e intrigante registo Purple Noon, editado em dois mil e vinte. No entanto, esse hiato de quatro anos parece ter já um fim com a divulgação de The Hardest Part, o primeiro avanço revelado de Notes From a Quiet Life, o novo disco do autor e compositor, que irá chegar aos escaparates a vinte e oito de junho, com a chancela da Sub Pop Records.
The Hardest Part versa sobre a mudança deste músico natural da Georgia da cidade capital desse estado, Atlanta, para uma zona mais rural, Macon, enquanto retrata, ao mesmo tempo, um amor que ficou para trás. Encharcada em versos melancólicos e sintetizações pulsantes, que encarnam uma pop nostálgica e sonhadora, com um elevado travo oitocentista, The Hardest Part é uma composição excelente para nos hipnotizar e que acaba por funcionar como aquele eficaz soporífero que nos leva para longe de uma realidade tantas vezes pouco agradável, tendo também já direito a um vídeo dirigido por Paul Trillo e que utiliza teconlogia de inteligência artificial que recria diversas etapas da vida de um casal, desde que se conhece até ao casamento e a paternidade. Confere The Hardest Part e o artwork e a tracklist de Notes From A Quiet Life...
Waking Up
Say Goodbye
Got Your Back
The Hardest Part
A Sign
Second Sight
Running Away
Wait on You
Wondrous Life
Letting Go
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Manchester Orchestra – Table For Glasses vs Jimmy Eat World - Telepath
Os norte-americanos Manchester Orchestra existem há década e meia e são uma das bandas mais excitantes do cenário indie atual de Atlanta, na Georgia. O grupo é atualmente formado pelo guitarrista, cantor e compositor Andy Hull, pelo guitarrista Robert McDowell, pelo teclista e percussionista Chris Freeman, pelo baixista Jonathan Corley e pelo baterista Tim Very. Já têm diversos EPs no seu catálogo assim como vários álbuns de estúdio, numa carreira discográfica que começou em dois mil e seis com I'm Like a Virgin Losing a Child e que teve como capítulo último The Valley Of Vision, um registo de seis canções lançado em março, em simultâneo com um filme de realidade virtual, realizado por Isaac Deitz.
Quanto aos norte americanos Jimmy Eat World de Jim Adkins, chamaram a atenção da nossa redação no passado outono com uma nova canção intitulada Place Your Debts que, infelizmente, ainda não trazia atrelado o anúncio de um novo disco do projeto natural de Mesa, no Arizona, já com quase três décadas de uma muito profícua e bem sucedida carreira e que lançou álbuns tão fundamentais como Clarity (1999) ou Bleed American (2001), para muitos a obra-prima do colectivo.
Agora, quase no verão de dois mil e vinte e três, estes dois projetos acabam de encetar uma curiosa colaboração que se materializa num duplo single, em que cada banda apresenta uma versão de um tema da outra. Assim, enquanto os Manchester Orchestra revisitam o tema Table For Glasses, que fazia parte do disco Clarity que os Jimmy Eat World lançaram em mil novecentos e noventa e nove, os últimos apresentam uma versão de Telepath, original que fazia parte do disco The Million Masks Of God, que os Manchester Orchestra colocaram nos escaparates há dois anos atrás.
As duas covers respeitam o adn do projeto original e a sua essência, mas cada uma das bandas consegue dar um cunho identitário vincado à sua roupagem, com os Jimmy Eat World a apostarem, como é natural, na versão que apresentam de Telepath, um rock efusiante, encharcado em sentimentalismo e emoção, que vai crescendo, segundo após segundo, em arrojo e beleza e que explode num clímax pleno de cordas eletrificadas que clamam por um enorme sentido de urgência e caos. Já os Manchester Orchestra oferecem a Table For Glasses um clima ainda mais sofisticado que o roginal, numa cover que sobrevive num universo de experimentações, feitas de sofisticados cruzamentos entre o rock, a eletrónica e a música ambiental. Confere...
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Manchester Orchestra – Capital Karma
Os norte-americanos Manchester Orchestra existem há década e meia e são uma das bandas mais excitantes do cenário indie atual de Atlanta, na Georgia. O grupo é atualmente formado pelo guitarrista, cantor e compositor Andy Hull, pelo guitarrista Robert McDowell, pelo teclista e percussionista Chris Freeman, pelo baixista Jonathan Corley e pelo baterista Tim Very. Já têm vários EPs no seu catálogo assim como vários álbuns de estúdio, numa carreira discográfica que começou em dois mil e seis com I'm Like a Virgin Losing a Child e que teve como capítulo último o disco The Million Masks Of Good, lançado pela Loma Vista em trinta de abril de dois mil e vinte e um.
The Valley Of Vision é o título do próximo capítulo discográfico dos Manchester Orchestra. O registo terá seis canções e será lançado em simultâneo com um filme de realidade virtual, realizado por Isaac Deitz, já no próximo dia nove de março, no canal do YouTube da banda. O disco foi produzido pelos próprios Andy Hull e o guitarrista Robert McDowell e conta com as contribuições especiais de Catherine Marks, Dan Hannon, Jamie Martens, Kyle Metcalfe e Ethan Gruska, que toca piano no tema Capital Karma.
E é esse mesmo tema, Capital Karma, que abre o alinhamento de The Valley Of Vision, que já está disponível para audição. É uma doce canção, de forte pendor acústico e orgânico, repleta de nuances, quer de cariz percussivo, quer de origem sintética, detalhes que acabam por dar ao tema um toque bastante urbano e sofisticado, enquanto plasmam a já habitual filosofia estilística dos Manchester Orchestra, que sobrevive num universo de experimentações, feitas de sofisticados cruzamentos entre a eletrónica, a chillwave, a soul e a música ambiental. Confere Capital Karma e o alinhamento de The Valley Of Vision...
01. Capital Karma
02. The Way
03. Quietly
04. Letting Go
05. Lose You Again
06. Rear View
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50 Foot Wave – Black Pearl
Líder incontestada dos míticos Throwing Muses, Kristin Hersh é também figura de relevo de um outro projeto intitulado 50 Foot Wave, que junta, desde dois mil e três, a autora, cantora e compositora natural de Atlanta, na Georgia, ao baixista Bernard Georges, seu parceiro nosThrowing Muses e ao baterista Rob Ahlers. Este trio tem um novo disco intitulado Black Pearl, sete canções que nos oferecem uma trip sonora verdadeiramente alucinante, um registo que carece de dedicada audição, por todos os amantes daquele rock mais cru e experimental.
As canções de Black Pearl encontram a sua génese em arquétipos de composições que tinham como destino o catálogo dos Throwing Muses, mas que foram consideradas, logo à partida, demasiado estranhas ou alternativas, para esse propósito. No entanto, e ainda bem, foram preservadas, porque não eram vistas como descartáveis, recebendo agora, anos depois, o polimento final, num resultado verdadeiramente único, muito peculiar e sui generis e que até pode ser considerados por mentes mais puristas como quase marginal.
Carregamos no play e Black Pearl, logo que inicia, ensina-nos que o grunge, aquele famoso subgénero do rock alternativo que fez escola nos anos noventa, também pode ser melancólico e, além disso, também passível de ser sujeito a abordagens que tenham o experimentalismo livre de constrangimentos em declarado ponto de mira. Os riffs ecoantes de Staring Into The Sun, ou o emaranhado sonoro com que a guitarra abastece Hog Child, exemplarmente acompanhada pelo vigor do baixo e da bateria, são exemplos felizes de uma trama que obedece exatamente a estas permissas, em que o lo fi e o ruído são também vetores essenciais, nomeadamente no modo como projetam charme e lisergia.
Disco único, quer na concepção, quer na sonoridade que exala, Black Pearl é um registo cheio de personalidade, com uma produção cuidada e que nos aproxima do que de melhor propõe a música independente americana contemporânea. O álbum comunica connosco através de um código específico, tal é a complexidade e a criatividade que estão plasmadas nas suas canções. É um disco eclético, complexo e de audição verdadeiramente desafiante, mas altamente recompensadora. Espero que aprecies a sugestão...
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Manchester Orchestra – Telepath (Dirty Projectors Version)
Os norte-americanos Manchester Orchestra existem há década e meia e são uma das bandas mais excitantes do cenário indie atual de Atlanta, na Georgia. O grupo é atualmente formado pelo guitarrista, cantor e compositor Andy Hull, pelo guitarrista Robert McDowell, pelo teclista e percussionista Chris Freeman, pelo baixista Jonathan Corley e pelo baterista Tim Very. Já têm vários EPs no seu catálogo assim como vários álbuns de estúdio, numa carreira discográfica que começou em dois mil e seis com I'm Like a Virgin Losing a Child e que tem como capítulo mais recente o disco The Million Masks Of Good, lançado pela Loma Vista em trinta de abril de último.
Um dos grandes momentos deste The Million Masks Of Good é o tema Telepath, que acaba de ser reinventado e remisturado pelos nova iorquinos Dirty Projectors de David Longstreth, já depois de os Local Natives terem apresentado a sua versão, há algum tempo atrás, de Bed Head, o principal single desse fantástico disco dos Manchester Orchestra.
O resultado final desta nova roupagem de Telepath é surpreendente, na medida em que o grupo de Longstreth não colocou em causa o perfil caleidoscópico fortemente abrangente e eclético de uma doce canção, assente, originalmente, em cordas de forte pendor acústico e orgânico, quer as que têm o violão como origem, mas também o violino, e deu-lhe algumas nuances, quer de cariz percussivo, quer sintético, que acabam por dar ao tema um toque mais urbano e sofisticado, enquanto plasmam a já habitual filosofia estilística dos Dirty Projectors, que sobrevive num universo de experimentações, feitas de cruzamentos entre o afrobeat, a freak folk e alguns tiques que definiram o indie rock experimental da última década. Confere...
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Deerhunter – Timebends
Parece que ainda foi ontem, mas já foi em janeiro que os Deerhunter de Bradford Cox, Lockett Pundt, Moses Archuleta e Josh McKay, nos ofereceram o seu tão aguardado oitavo registo de originais, um fabuloso álbum intitulado Why Hasn’t Everything Disappeared?, gravado em Marfa, no Texas, mítica localidade norte-americana que serviu de cenário a Giant (1956), o último filme protagonizado por James Dean. Agora, a poucos dias de Bradford Cox editar um EP intitulado Myths 004, a meias com o músico e produtor galês e seu amigo Cate Le Bon, que produziu Why Hasn’t Everything Disappeared?, os Deerhunter divulgam um novo inédito, um verdadeiro épico intitulado Timebends, gravado em Nova Iorque na passada noite de doze de setembro.
Em pouco mais de treze minutos, Timebends possibilita ao ouvinte contemplar uma peça sonora de eminentemente experimental, um tratado de pop rock setentista de forte cariz psicadélico, que vai progredindo até um final catárquico e portentoso, uma composição sustentada num piano cru e enevoado e numa guitarra repleta de fuzz, além de um trabalho percurssivo brilhante, nuances que poderão indicar novas coordenadas sonoras por parte dos Deerhunter em futuros registos, que poderão ter na expressão rock cósmico talvez a forma mais feliz de se catalogarem. Confere...
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Deerhunter – Why Hasn’t Everything Already Disappeared?
Após quase década e meia de excelentes registos discográficos que têm vindo a consolidar uma das carreiras mais bem sucedidas e profícuas do indie rock experimental contemporâneo, os Deerhunter de Bradford Cox, Lockett Pundt, Moses Archuleta e Josh McKay, já têm finalmente o pronto seu tão aguardado oitavo registo de originais, um fabuloso álbum intitulado Why Hasn’t Everything Disappeared?, gravado em Marfa, no Texas, mítica localidade norte-americana que serviu de cenário a Giant (1956), o último filme protagonizado por James Dean. Este registo sucede a Fading Frontier (2015), vê a luz do dia à boleia da 4AD Records e foi produzido pela cantora e compositora galesa Cate Le Bon, com a ajuda da própria banda e dos produtores e engenheiros de som Ben H. Allen III e Ben Etter, que já tinham trabalhado com o grupo em discos anteriores.
Mestres de um estilo sonoro bastante sui generis e que mistura alguns dos arquétipos fundamentais do indie rock, sempre com uma componente pop e que possa entroncar numa acessibilidade melódica que nem sempre está na linha da frente das bandas que se movimentam neste espetro sonoro mais underground, os Deerhunter oferecem-nos em Why Hasn't Everything Already Disappeared? mais um conjunto de experimentações sónicas que, não renegando, em alguns instantes, aquela toada lo fi, crua e pujante, feita também de quebras e mudanças de ritmos e momentos de pura distorção, também tentam, dentro de um salutar experimentalismo, adocicar os nossos ouvidos com melodias que misturem acessibilidade, diversidade e intrincado bom gosto, sempre com enorme eficácia.
Disco com dez canções com uma identidade muito própria, Why Hasn't Everything Already Disappeared? mostra logo os dentes na luminosidade do cravo que introduz os acordes de Death In Midsummer e no modo como o mesmo é dedilhado e flui de modo a receber de braços abertos a bateria e as guitarras. Nesta canção esbarramos com uma típica sonoridade rock setentista, um funk psicadélico particularmente alegre e bastante dançável, pensado por um Cox que curiosamente diz detestar a música psicadélica, com as distorções e os ruídos de fundo constantes, que já são uma imagem de marca dos Deerhunter, testada desde o versátil Microcastle (2008), a conduzirem o tema para um ambiente claramente festivo. Depois, No One's Sleeping, uma composição inspirada pela trágica morte de Jo Cox, uma política britânica assassinada em dois mil e dezasseis por Thomas Mair, um indivíduo com um histórico de doenças mentais, vai recebendo cordas, teclas e efeitos de sopros de um modo aparentemente anárquico, mas tremendamente calculado, uma fórmula que resulta, no seu todo, numa composição que, mais do que agregar diversos fragmentos, afirma-se como uma alegoria pop de indisfarçável leveza e beleza sonora.
A partir desse mote inicial, Why Hasn't Everything Already Disappeared? prossegue a sua senda encantatória, frequentemente com uma toada até algo progressiva. Além da base instrumental típica dos Deerhunter, temos composições em que o sintetizador é o elemento chave, como é o caso do instrumental Greenpoint Gothic e da experimental Détournement, outras em que é o piano, de mãos dadas com uma guitarra que às vezes parece planar, quem assume as rédeas, nomeadamente na nostalgia de What Happens To People e outras em que o colorido do cravo, um dos instrumentos predilectos de Cox, é, claramente, a grande força motriz, como é o caso de Element, uma ode dos Deerhunter ao meio ambiente e à natureza.
Até ao ocaso de Why Hasn't Everything Already Disappeared?, no clima buliçoso e descomprometido de Futurism, na mágica melancolia que trespassa o xilofone que sustenta Tarnung, no requinte do funk alegre e divertido que conduz Plains e, a encerrar as hostilidades, no devaneio algo caótico que, em Nocturne, dá vida a um minimalismo sintético que depois se transforma num tratado pop, somos convidados a deliciar-nos com um álbum onde a personalidade de cada uma das canções demora um pouco a revelar-se nos nossos ouvidos, já que imensos e variados são os detalhes precisos que as adornam.
Os Deerhunter vivem, de facto, no pico da sua capacidade criativa e mostram-se ao oitavo disco mais arrojados do que nunca, mostrando neste Why Hasn't Everything Already Disappeared? que conseguem navegar sem parcimónia em diferentes campos de exploração. Este projeto de Atlanta, na Georgia, prova-nos que a imprevisibilidade continua a ser, felizmente, algo valioso e ímpar no mundo artístico e Bradford Cox, uma das personagens mais excêntricas no mundo da música contemporânea, continua a jogar com essa evidência a seu favor, à medida que apresenta diferentes ideias e conceitos, de disco para disco, tendo, neste caso, excedido favoravelmente todas as expetativas e criado aquele que é já, na minha opinião, um dos álbuns essenciais de dois mil e dezanove. Espero que aprecies a sugestão...
01. Death In Midsummer
02. No One’s Sleeping
03. Greenpoint Gothic
04. Element
05. What Happens To People?
06. Détournement
07. Futurism
08. Tarnung
09. Plains
10. Nocturne
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Deerhunter – Element
Após quase década e meia de excelentes registos discográficos que consolidaram uma das carreiras mais bem sucedidas e profícuas do indie rock experimental contemporâneo, os Deerhunter de Bradford Cox já têm prontoWhy Hasn’t Everything Disappeared?, um registo gravado em Marfa, no Texas, que será lançado a dezoito de Janeiro próximo à boleia da 4AD Records e que foi produzido pela cantora e compositora galesa Cate Le Bon, com a ajuda da própria banda e dos produtores e engenheiros de som Ben H. Allen III e Ben Etter, que já tinham trabalhado com o grupo em discos anteriores.
O mais recente single divulgado deste Why Hasn’t Everything Disappeared?, o oitavo disco da carreira dos Deerhunter, que sucede ao aclamado disco Fading Frontier (2015), é Element, o quarto tema do alinhamento, uma composição descrita por Cox como uma ode ao ambiente e à natureza, um tema com uma tremenda sensibilidade pop e que resplandesce pelo modo como as cordas e os sopros vão interagindo entre si de um modo muito calculado, o que resulta, no seu todo, em quase três minutos de puro deleite sonoro, com indisfarçável leveza e beleza melódica. Confere...
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Cat Power – Wanderer
Seis anos depois do excelente Sun, já viu a luz do dia Wanderer, o décimo álbum de estúdio da norte-americana Cat Power, uma cantora e compositora também conhecida como Chan Marshall, nascida em Atlanta, na Georgia e que foi cedo viver para Nova Iorque onde conheceu Steve Shelley (baterista dos Sonic Youth) e Tim Foljahn (guitarrista dos Two Dollar Guitar) que a encorajaram a gravar Dear Sir (1995) e Myra Lee (1996), os seus primeiros registos de originais e que, desde logo, chamaram a atenção de Matador Records, sendo este Wanderer o primeiro alinhamento que ela publica noutra etiqueta, neste caso a também insuspeita Matador Records.
Uma das personalidades mais carismáticas e íntegras do indie rock atual, Cat Power oferece-nos em Wanderer mais um disco cheio de emoção e repleto de testemunhos de uma vivência pessoal que é, no fundo, comum a tantas mulheres da sua idade. E é curioso perceber que esta artista não é propriamente púdica no modo como se expôe aos seus admiradores e lhes conta eventos através das suas canções, quase como se estivesse a fazê-lo num balcão de um bar a uma das suas amigas numa noite de diversão. Aliás, escuta-se o dueto dela com Lana Del Rey em Woman e parece que estamos a testemunhar algo parecido com essa descrição. E depois, quando em Robin Hood ela disserta sobre as dificuldades da vida de quem tenta sobreviver com menos posses, ou quando em Me Voy ela fala diretamente connosco quase em jeito de despedida, percebemos esta proximidade que ela faz questão de ter com o ouvinte, esta busca clara de uma conexão que, como seria de esperar, faz que Wanderer tenha um clima geral bastante introspetivo, cheio de momentos de rara beleza e a exalarem a um forte travo a vulnerabilidade.
Produzido também com a ajuda da autora e com todos os instrumentos a serem tocados pela mesma, Wanderer deambula entre a folk, o blues e o melhor cancioneiro norte-americano, sabendo, por isso, sonoramente, a toda a carreira de Cat Power, já que foram estas as bitolas pelas quais ela se foi guiando nestas duas décadas, mesmo quando em Sun, o antecessor, ela explorou territórios mais eletrónicos e sintéticos, ou quando, neste mesmo Wanderer, nos oferece uma versão de Stay, um tema que Mikky Ekko produziu para o Unapologetic (2012), de Rihanna. Assim, cheio de pianos e guitarras inspiradas é, em suma, um registo de celebração de uma autenticidade rara nos dias de hoje, um disco que sabe a oferenda, mas também a versatilidade e empenho, por parte de uma das artistas mais marcantes, maduras e criativas do cenário musical contemporâneo. Espero que aprecies a sugestão...
01. Wanderer
02. In Your Face
03. You Get
04. Woman (Feat. Lana Del Rey)
05. Horizon
06. Stay
07. Black
08. Robbin Hood
09. Nothing Really Matters
10. Me Voy
11. Wanderer/Exit