man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Caveman – Otero War
Depois de Coco Beware, disco editado em 2011 e de um homónimo lançado dois anos depois, os nova iorquinos Caveman estão de regresso aos lançamentos com Otero War, um registo lançado a dezassete de junho último, por intermédio da Fat Possum. Este quinteto formado por Matthew Iwanusa (vocalista), Jimmy "Cobra" Carbonetti (guitarra), Sam Hopkins (teclista), Stefan Marolachakis (baterista) e Jeff Berrall (baixista) não complica muito e vive hoje essencialmente sob a influência do típico rock norte americano, desta vez procurando recriar uma espécie de narrativa sci-fi, como exemplarmente ilustra também, além das doze canções, o artwork de Otero War, da autoria de ilustrador Marc Ericksen.
Tal como os dois discos antecessores, este terceiro alinhamento da carreira dos Caveman pode servir como exemplo do estado atual do indie rock nesta segunda década do século XXI. A exuberância da bateria e das guitarras e o modo como as teclas se entrelaçam nesse pulsar orgânico que se estabelece entre cordas e percussão, é um bom exemplo do modo como trinta anos depois dos gloriosos anos oitenta ainda é possível construir baladas pop, plenas de ritmo e intensidade e, simultaneamente, com aquela sensibilidade desarmante capaz de tocar no coração mais empedrenido. Os sintetizadores de Life Or Just Leaving e o modo como em dois ou três acordes apenas exaltam a mensagem otimista de Believe, reforçam o ideário comparativo acima descrito, agora num modo mais contemplativo e os efeitos que enfeitam o frenesim de On My Own são outro detalhe que atesta o modo assertivo como estes Caveman expressam todo um catálogo de sons e estratégias de composição melódica que consolidam o indie rock atual.
Apesar do nome da banda, estes Caveman não têm muito de cavernoso e obscuro. Mesmo quando em Project o baixo salta para a linha da frente e uma certa toada punk assalta o edifício sonoro da canção, isso serve apenas para reforçar o ecletismo e a abrangência de um disco com uma sonoridade bastante pop e acessível. As canções também se destacam pela voz de Matthew e o vigor da bateria de Stefan é outro trunfo essencial, como se percebe, por exemplo, na cadência de Human, mais uma composição que nos remete, no imediato, para aquela pop dos anos oitenta que tinha uma toada épica e ao mesmo tempo etérea e que hoje não deixa ainda, como se percebe neste Otero War, de ser um manancial de inspiração no momento de compôr.
Numa época em que muitos críticos começam já a considerar que a maioria das bandas do universo alternativo acabam por se tornar aborrecidas por apenas replicarem sons do passado ou seguirem as habituais fórmulas há muito estabelecidas, pelos menos os Caveman, seguindo essas bitolas, denotam capacidade para passar com interessante distinção essa crítica, assentando tal permissa não só na elevada qualidade da sua seleção instrumental, mas também numa habilidade lírica incomum e numa interpretação instrumental e criação melódica exemplares.
Disco dominado essencialmente pelas guitarras, há em Otero War um notório amadurecimento na forma desta banda comunicar e chegar aos ouvidos dos seus fãs, com uma maior adição de elementos da eletrónica e uma mais vasta rede de influências que potenciam a capacidade dos Caveman em agradar a um universo mais vasto de admiradores. Espero que aprecies a sugestão...
01. Never Going Back
02. Life Or Just Living
03. On My Own
04. Project
05. Lean On You
06. The State Of Mind
07. 80 West
08. Human
09. Believe
10. Over The Hills
11. All My Life
12. I Need You In My Life
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mr. Gnome – Monster’s Heart
Lançado em novembro de 2014, o fantástico álbum The Heart Of A Dark Star, da dupla norte-americana mr. Gnome, continua a oferecer dividendos a este curioso projeto de Cleveland formado por Nicole Barille e Sam Meister.
Foram lançados em formato vinil Sleepwalker e Monster's Heart, dois temas que sobraram das sessões de gravação desse disco e que agradarão a todos aqueles que da psicadelia, à dream pop, passando pelo shoegaze e o chamado art rock, se deliciam com a mistura destas vertentes e influências sonoras, sempre em busca do puro experimentalismo e com liberdade plena para ir além de qualquer condicionalismo editorial que possa influenciar o processo criativo de um grupo. Confere...
01. Sleepwalker
02. Monster’s Heart
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Wolf Alice – My Love Is Cool
Produzido por Mike Crossey e editado no passado mês de junho pela etiqueta Dirty Hit, My Love Is Cool é o trabalho de estreia dos Wolf Alice, um coletivo britânico oriundo de Londres e formado por Ellie Rowsell, Joel Amey, Joff Oddie e Theo Ellis, sendo considerado por alguma crítica como um dos tesouros sonoros mais bem guardados de Inglaterra e que se estreou em outubro de 2013 com o EP Blush.
Inspirado no grunge dos anos noventa e com uma forte toada shoegaze, My Love Is Cool é um daqueles discos que agradam imediatamente aos amantes do género, não só por causa da energia frenética e dos riffs abundantes, mas também devido à componente lírica particulamrnete depressiva e que das dificuldades das relações amorosas, passando pela busca do amor eterno e das verdadeiras amaizades, versa sobre os temas mais comuns deste cenário musical.
Se o espetro sonoro em que uma banda se movimenta pode dizer muito do conteúdo do seu cardápio, então, logo na estreia, estes Wolf Alice cumprem à risca esta regra que, neste caso concreto, homenageia uma década que deixou saudades a todos os amantes do indie rock alternativo, fazendo-o com um espírito renovado e com alguns arranjos de cariz mais contemporâneo, reestruturando um som vintage com novas abordagens e perspetivas.
Logo na soul de Turn to Dust contactamos com um ambiente emotivo muito peculiare intenso. Um pouco adiante, numa aobrdagem mais rugosa e visceral, em You're A Germ, o jogo de vozes, o baixo marcado e as distorções incandescentes da guitarra, conduzem-nos à mesma estética nostálgica, mas com todos os ingredientes do noise rock em estado puro. Fluffy, o tema que encerra o alinhamento de My love Is Cool, assenta nessa mesma diretriz, com emoção lírica e sentimental e potência sonora em constante diálogo e um pacote nostálgico a gerir todo o processo de composição.
Se canções do calibre de Silk ou Soapy Soaker ao terem os sintetizadores e a percussão eletrónica a liderar a toada, concedendo-lhes uma abordagem mais pop e, de certo modo, um pouco mais inovadora, ou se Bros procura consagrar a imponência das cordas, como catalisadores assertivos de uma ideia de epicidade que, como sabemos, muitas vezes só no norte da Europa se replica com sucesso, o que importa realmente reter de My Love Is Cool é o modo como o seu conteúdo exalta alguns dos melhores detalhes específicos de uma época que impressionou pelos ambientes de rara frescura e pureza sonora que nos ofereceu, fazendo-o através de um feliz encontro entre sonoridades que se foram aperfeiçoando ao longo do tempo e ditando regras que hoje consagram as tendências mais atuais em que assenta uma dream pop com um cariz fortemente nostálgico e contemplativo, mas também feita, algumas vezes, com a substância e a riqueza estilística do rock mais ruidoso e encorpado, que exige, naturalmente, um ambiente eminentemente shoegaze. Espero que aprecies a sugestão...
01. Turn To Dust
02. Bros
03. Your Loves Whore
04. Moaning Lisa Smile
05. You’re A Germ
06. Lisbon
07. Silk
08. Freazy
09. Giant Peach
10. Swallowtail
11. Soapy Water
12. Fluffy
13. The Wonderwhy (Hidden Track)
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Os melhores discos de 2014 (10-01)
10 - Black Whales - Throught The Prim, Gently
Há uma farta beleza utópica nas composições dos Black Whales, assim como as belas orquestrações que vivem e respiram lado a lado com as distorções e arranjos mais agressivos. Throught The Prim, Gently esbanja todo o esmero e a paciência do quarteto em acertar os mínimos detalhes de um disco. Das guitarras que escorrem ao longo de todo o trabalho, passando pelos arranjos de cordas, pianos, efeitos e vozes, tudo se movimenta de forma sempre estratégica, como se cada mínima fração do projeto tivesse um motivo para se posicionar dessa forma. Ao mesmo tempo em que é possível absorver a obra como um todo, entregar-se aos pequenos detalhes que preenchem o trabalho é outro resultado da mais pura satisfação, como se a banda projetasse inúmeras possibilidades e aventuras ao ouvinte em cada canção, assentes num misto de pop psicadélica e rock progressivo.
01. Spilt Personalities
02. Avalon
03. The Warm Parade
04. Are You The Matador
05. Red Fantastic
06. Come Get Immortalized
07. No Sign Of Life
08. O Fortuna
09. Do You Wanna Dance?
10. You Don’t Get Your Kicks
11. Tiny Prisms
12. Metamorphosis
9 - Foxygen - ...And Star Power
Deliciosamente arrojado e mal acabado, ...And Star Power é um ensaio de assimilação de heranças, como se da soma que faz o seu alinhamento de vinte e quatro canções nascesse um mapa genético que define o universo que motiva os Foxygen, uma banda com uma identidade muito própria e um sentido melódico irrepreensível. Numa dupla que primeiro se estranha, mas depois se entranha, é um impressionante passo em frente quando comparado com os registos anteriores, num disco vintage, fruto do psicadelismo que, geração após geração, conquista e seduz, com as suas visões de uma pop caleidoscópia e o seu sentido de liberdade e prazer juvenil e suficientemente atual, exatamente por experimentar tantas referências do passado.
I: The Hits & Star Power Suite
Star Power Airlines
How Can You Really
Coulda Been My Love
Cosmic Vibrations
You & I
Star Power I: Overture
Star Power II: Star Power Nite
Star Power III: What Are We Good For
Star Power IV: Ooh Ooh
II: The Paranoid Side
I Don’t Have Anything / The Gate
Mattress Warehouse
666
Flowers
Wally’s Farm
Cannibal Holocaust
Hot Summer
III: Scream: A Journey Through Hell
Cold Winter / Freedom
Can’t Contextualize My Mindi
Brooklyn Police Station
The Game
Freedom II
Talk
IV: Hang On To Love
Everyone Needs Love
Hang
8 - You Can't Win Charlie Brown - Diffraction/Refraction
Diffraction / Refraction é uma espécie de pintura sonora carregada de imagens evocativas, pintadas com melodias acústicas bastante virtuosas e cheias de cor e arrumadas com arranjos meticulosos e lúcidos, que provam a sensibilidade dos You Can't Win Charlie Brown para expressar pura e metaforicamente a fragilidade humana. E não restam dúvidas que eles combinam com uma perfeição raramente ouvida a música pop com sonoridades mais clássicas. No que diz respeito à escrita, uma espécie de fantasmagoria impregna a poesia das canções, por isso Diffraction / Refraction recordou-me também tempos idos, sonhos e aquelas pessoas especiais que não estão mais entre nós, mas que ficaram fotografadas por uma máquina em tudo semelhante à da capa na nossa memória.
1 - After December
2 - Fall For You
3 - Post Summer Silence
4 - Be My World
5 - I Wanna Be Your Fog
6 - Shout
7 - Natural Habitat
8 - Heart
9 - From Her Soothing Mouth
10 - Under
11 - Won’t Be Harmed
7 - Parquet Courts - Sunbathing Animal
Independentemente de todas as referências nostálgicas que Sunbathing Animal possa suscitar, o que importa reter é o seu conteúdo musical e a verdade é que neste trabalho os Parquet Courts apresentam-nos uma sucessão incrível de canções que são potenciais sucessos e singles, temas que parecem ter viajado no tempo e amadurecido numa simbiose entre garage rock, pós punk e rock, até se tornarem naquilo que são, peças sonoras que querem brincar com os nossos ouvidos, sujá-los com ruídos intermináveis e assim, proporcionarem uma audição leve e divertida.
01 Bodies
02 Black and White
03 Dear Ramona
04 What Color Is Blood
05 Vienna II
06 Always Back in Town
07 She's Rollin
08 Sunbathing Animal
09 Up All Night
10 Instant Disassembly
11 Duckin and Dodgin
12 Raw Milk
13 Into the Garden
Future Sounds contém um cardápio instrumental bastante diversificado e prova que os Sunbears! entram no estúdio de mente aberta e dispostos a servir-se de tudo aquilo que é colocado ao seu dispor para criar música. Consegui-lo é ser agraciado pelo dom de se fazer a música que se quer e ser-se ouvido com particular devoção e estes norte americanos conseguem-no com uma quase pueril simplicidade, ao mesmo tempo que mostram capacidade para reinventar, reformular ou simplesmente replicar o que de melhor tem o indie rock psicadélico nos dias de hoje para nos oferecer. Assim, Future Sounds é um trabalho que faz uma espécie de simbiose entre a pop e o experimentalismo, temperado com variadas referências típicas do shoegaze e da psicadelia e carregadas de ácidos, um caldeirão sonoro feito por um coletivo que sabe melhor do que ninguém como recortar, picotar e colar o que de melhor existe no chamado electropsicadelismo.
01. Future Sounds
02. He’s a Lie! He’s Not Real!
03. I’m Feelin’ Low
04. Don’t Take Too Many Things
05. Overspiritualized
06. How Do You Go Forward??
07. Now You’re Gone
08. I Dreamed a Dream (That I Dreamt You)
09. Laughing Girl!
10. A Sad Case of Hypersomnia
11. Love (Breaks All Sadness)
Este disco consegue transmitir, com uma precisão notável, sentimentos que frequentemente são um exclusivo dos cantos mais recônditos da nossa alma, através de uma fresca coleção de canções pop que são uma das melhores surpresas de 2014.
01. Cristina
02. In Your Fur
03. Steam Train Girl
04. 23 Floors Up
05. Monday Morning
06. Skeleton Dance
07. Mainline
08. Lady Low
09. Redhead Saturday
10. Travel Song
Manipulator é o ponto alto da carreira de Ty Segall e um dos álbuns de referência deste ano. Não é apenas um disco de indie rock de garagem, é um compêndio de fusão de várias nuances que definem o que de melhor se pode escutar no indie rock com um cariz mais psicadélico.
01 Manipulator
02 Tall Man, Skinny Lady
03 The Singer
04 It's Over
05 Feel
06 The Faker
07 The Clock
08 Green Belly
09 Connection Man
10 Mister Main
11 The Hand
12 Susie Thumb
13 Don't You Want To Know? (Sue)
14 The Crawler
15 Who's Producing You?
16 The Feels
17 Stick Around
3 - Damon Albarn - Everyday Robots
Com um pé na folk e outro na pop e com a mente a sempre a convergir para a soul, Albarn entregou-se à introspeção e refletiu sobre o mundo moderno, não poupando na materialização dos melhores atributos que guarda na sua bagagem sonora, havendo, neste disco, vários exemplos do forte cariz eclético e heterogéneo da mesma.
01. Everyday Robots
02. Hostiles
03. Lonely Press Play
04. Mr Tembo
05. Parakeet
06. The Selfish Giant
07. You And Me
08. Hollow Ponds
09. Seven High
10. Photographs (You Are Taking Now)
11. The History Of A Cheating Heart
12. Heavy Seas Of Love
O Beck que antes brincava com o sexo (Sexx Laws) ou que gozava com o diabo (Devil's Haircut) faz agora uma espécie de ode à ideia romântica de uma vida sossegada, realizada e feliz usando a santa triologia da pop, da folk e da country. A receita é extremamente assertiva e eficaz e Morning Phase reluz porque assenta num som leve e cativante e contém texturas psicadélicas que, simultanemente, nos alegram e nos conduzem à introspeção, com uma sobriedade distinta, focada numa instrumentação diversificada e impecavelmente produzida. Fica claro em Morning Phase que Beck ainda caminha, sofre, ama, decepciona-se, e chora, mas que vive numa fase favorável e tranquila.
01. Morning
02. Heart Is A Drum
03. Say Goodbye
04. Waking Light
05. Unforgiven
06. Wave
07. Don’t Let It Go
08. Blackbird Chain
09. Evil Things
10. Blue Moon
11. Turn Away
12. Country Down
Disco muito coeso, maduro, impecavelmente produzido e um verdadeiro manancial de melodias lindíssimas, Familiars é mais um tiro certeiro na carreira deste trio de Nova Iorque e talvez o melhor álbum dos The Antlers até ao momento, não só por causa destas caraterísticas assertivas, mas também por ser capaz de nos transportar para um universo particularmente melancólico, sensível e confessional.
01. Palace
02. Doppelgänger
03. Hotel
04. Intruders
05. Director
06. Revisited
07. Parade
08. Surrender
09. Refuge
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heklAa - My Name Is John Murdoch
Alsaciano de nascimento, mas inspirado sonoramente por latitudes mais a norte, Sébastien Touraton é um francês apaixonado pela islândia, além de um músico talentoso que adora post rock. Líder do projeto heklAa, o nome de um vulcão islandês, tem um novo álbum intitulado My Name Is John Murdoch, um trabalho inspirado em Dark City, um dos filmes preferidos de Sébastien, mas com referências a outras fitas, nomeadamente o Batman de Tim Burton.
O autor do disco nega que My Name Is John Murdoch seja uma banda sonora alternativa de Dark City mas, na verdade, tendo o filme na mente e escutado estas canções, é possivel fazer um paralelismo entre as duas obras, até porque o alinhamento de nove canções procura recriar o filme, com cada tema a servir como banda sonora de um capítulo da trama, descrita abaixo pelo próprio autor do disco.
heklAa começou a trabalhar no álbum há cerca de dois anos e ideias e sentimentos como a nostalgia, o fim precoce da inocência e a auto-descoberta estão muito presentes nas canções que trespassam esses conceitos para algumas personagens do filme, à medida que a história se desenrola.
Com uma forte componente instrumental e com a voz a servir esencialmente como suporte narrativo, My Name Is John Murdoch tem momentos coloridos e cheios de emoção e, ao mesmo tempo, instantes que se tornam profundamente pensativos, nostálgicos e melancólicos. No entanto, é nos instantes em que o autor pretende recriar uma aúrea mais sombria e dramática que sobressai a sua capacidade de composição e a grandiosidade instrumental que não descura praticamente nenhuma secção ou classe de instrumentos. Das cordas, acústicas e eletrificadas, à percussão, passando pelos instrumentos de sopro, arranjos com metais e efeitos sintetizados que replicam sons de diversas proveniências, Sébastien conseguiu atingir o pleno orquestral e com isso fazer com que My Name Is john Murdoch criasse uma impressionante sensação de beleza e de efeitos contrastantes dentro de nós, além da possibilidade de podermos visualizar a trama.
Claramente apaixonado pela música erudita, heklAa foi corajoso na ideia e no modo como a colocou em prática, apropriando-se de uma forma de experimentação sonora e musical algo inédita, o que atesta a sua enorme capacidade para pintar verdadeiras telas sonoras cheias de vida e cor, utilizando uma fórmula básica que serve de combustível a nuances variadas e harmonias magistrais, onde tudo se orienta de forma controlada, em nove canções avassaladoras e marcantes, claramente à altura do enredo que procuram musicar. Espero que aprecies a sugestão...
The Story.
The movie tells the story of John Murdoch, a music journalist, expert of Miles Davis’ work. After years, he comes back in sirenZ, the big city where he grew up, to cover a set of jazz concerts. As he is walking along the main street, he has the strange feeling that nothing is like it used to be. Did the city change so much? Did he change so much? Did time just go by?
(Episode 1: The Dark City of sirenZ) A whole series of events is going to intensify his conviction that something is wrong: that beautiful woman he meets in the “Hopper’s bar”; he does not know any Selina Kyle, but he could swear that he knows that woman, like a reminiscence from yesteryears, he knows that he had dinner once with her, that they have spent the night after that together, too. (Episode 2: L’Inconnue ) There is also this original recording of Miles Davis’ soundtrack for “Elevator of the Gallows” that he finds in an old music store; as an expert, he knows full well that this milestone in jazz was celebrated in 1958. “Générique”, the perfection of music according to John, this permanent catchy tune in his head could not be just a creation of his own mind. But, the calendar in the store still indicates that John is living in the year 1946… Last but not least, in place of Miles Davis’ music, John discovers a recording made by a Louis Malville who introduces himself as a French movie director. Louis reveals that sirenZ is a shameless lie, a Dark City like many others, where nothing is real. (Générique)
Nothing? What about Shell Beach, this sunny happy place of his childhood, where he used to fly a kite or go sailing and fishing with his father? So many memories of brighter times… (Episode 5: Remembering Shell Beach)
After days of investigating, at last, John finds out the truth, as he is walking by a souvenir shop. Behind the window, a glass snow ball representing sirenZ. He understands, terrified, that this is not just a trinket for tourists, but reality: The city is lying in the depths of the sea, under a giant bell. (Episode 3: The Dome) Shell Beach does exist, but only in his head, nothing more than pretty pictures in a photo album. Why? When? How? John will never get the answer. (Episode 4: Dance with the Shadows)
John’s world has collapsed. (Ep 7: Say hurray! ‘cause it’s the End of the World!). Now that he knows the whole truth, what comes next? Should he tell everything and run the risk of becoming a curse, an incurable decease for everyone in the city? Should he just live a normal, quiet life by the woman he loves? No, he will not be a tragic hero. He knows who he is. (Episode 6: My name is John Murdoch). Selina is waiting for him. (Epilogue).
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Bike Thief – Stuck In A Dream
Oriundos de Portland, no Oregon, os Bike Thief são Febian Perez, Greg Allen, Patrick White, Steve Skolnik e Thomas Paluck, uma daquelas típicas bandas indie que gostam de se mover por vários terrenos sonoros, fazendo-o com um equilibrio tal que evitam ao máximo decalcar apenas um espetro sonoro, para que a monotonia não se instale e um desses territórios não acabe por se tornar movediço, sugando a banda para um marasmo de onde dificilmente se encontra a saída. Assim, eles percorrem de forma inteligente estilos musicais tão variados como a indie pop, o rock progressivo e até a folk. Além da guitarra, da bateria e do baixo, também usam sintetizadores e instrumentos peculiares como o xilofone e o violino, ou seja, apostam numa conjugação entre uma instrumentação eminentemente acústica e clássica, com a contemporaneidade do sintetizador e da guitarra elétrica, o que resulta em algo vibrante e com uma energia batante particular, em canções carregadas de letras que andam quase sempre à volta de histórias sobre personagens peculiares e do universo fantástico, escritas por Febian Perez, dono de uma magnífica voz e aparentemente o lider da trupe.
Stuck In A Dream é um disco recheado de intensidade e de boas canções, com Ghosts Of Providence e Kiss The Light a serem bons exemplos da exuberância e do ritmo forte e alegre que os Bike Thief gostam de imprimir à sua música, sem que isso descure uma atmosfera bastante sentimental e até algo dramática. Se a folk parece querer dominar incialmente temas como We Once Knew Ya, a já referida Kiss The Light ou The Burning Past, neles o violino é rapidamente acompanhado por outros arranjos sintetizados e distorções que engrandecem essas canções e dão-lhes o tal clima de diversidade que os Bike Thief tanto apreciam. Mesmo em Violet Waves e Shimmer, duas canções que abordam essencialmente o indie rock, os Bike Thief fazem-no de formas distintas, com a primeira a ser objeto de um modo luminoso e ligeiro e a segunda a chamar a si um ambiente mais punk e sombrio, com uma abordagem ao rock de um modo mais progressivo e até psicadélico. Esta atmosfera acaba por se alastrar ate ao final, sendo a grande força motriz da magnificiência que percorre os mais de dez minutos do tema homónimo do disco, uma espécie de climax de todo o alinhamento, a bohemian rapsody dos Bike Thief que funciona como se fosse o olho de um furacão para onde convergem todos os temas escutados anteriormente.
Stuck In A Dream é, no fundo, um compêndio de art rock, um disco eloquente, cheio de vida e inspirador para quem gosta daquele rock feito de ambientes sonoros preenchidos e particularmente exóticos. Como podes verfificar abaixo, o disco está disponível no bandcamp da banda, com possibilidade de doares um valor pelo mesmo, ou de o obteres gratuitamente. Espero que aprecies a sugestão...
01. A Breath
02. Ghosts Of Providence
03. Kiss The Light
04. We Once Knew Ya
05. Somewhere New
06. The Burning Past
07. Violet Waves
08. Tide Of Reason
09. Shimmer
10. Stuck In A Dream
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Tim Bowness – Abandoned Dancehall Dreams
Nascido e criado no noroeste de Englaterra, Tim Bowness começou a sua carreira nos anos noventa, tendo sido representado pelas etiquetas Probe Plus, One Little Indian e Sony/Epic 550, tendo começado por se destacar como vocalista e compositor dos No-Man, banda onde também tocava Steven Wilson, membro dos Porcupine Tree. Nesse projeto participou em seis discos e um documentário, mas ainda arranjou tempo para colaborar com a italiana Alice e com Robert Fripp, Hugh Hopper (Soft Machine), OSI e Phil Manzanera dos Roxy Music, entre outros, além de ter feito parte dos Henry Fool e dos Memories Of Machines.
Além disso, Tim ainda gravou o álbum Flame (1994) com Richard Barbieri (Porcupine Tree), coproduziu e compôs para o aclamado Talking With Strangers (2009), um álbum de Judy Dyble, antigo membro dos Fairport Convention e tem colaborado com Peter Chilvers, um músico que costuma acompanhar Brian Eno e Karl Hyde. Desde 2001 ele dirige a bem sucedida etiqueta e loja de música online Burning Shed, juntamente com o baixista Pete Morgan, seu antigo companheiro nos No-Man.
Agora, vinte e um anos após o disco de estreia dos No-Man e dez depois de My Hotel Year, o seu primeiro registo a solo, Tim Bowness está de regresso aos lançamentos discográficos com Abandoned Dancehall Dreams, o seu segundo álbum a solo, lançado pela etiqueta Inside Out.
Produzido pelo próprio Bowness e misturado por Steven Wilson, parceiro nos No-Man, Abandoned Dancehall Dreams conta com as participações especiais de Pat Mastelotto (King Crimson), Colin Edwin (Porcupine Tree), Anna Phoebe (Trans-Siberian Orchestra) e alguns músicos que costumam tocar, ao vivo, com os No-Man, nomeadamente Stephen Bennett, Michael Bearpark, Pete Morgan, o próprio Steven Wilson, Andrew Booker e Steve Bingham. O compositor clássico Andrew Keeling, famoso pelo seu trabalho com a The Hilliard Ensemble e Evelyn Glennie ajudaram nos arranjos e nas orquestrações formidáveis que se podem escutar nas oito canções deste disco.
Abandoned Dancehall Dreams combina alguns dos detalhes mais significativos do chamado art rock, com uma escrita verdadeiramente sublime. Há algo de cinematográfico nestas oito canções, com uma sonoridade ampla e impecavelmente produzida, um conteúdo sofisticado que eleva a música de Bowness a um patamar qualitativo que alcança horizontes de excelência quando, antes de cada refrão, eleva o volume dos instrumentos como um todo e proporciona-nos algumas explosões que, com os coros finais, dão a alguns temas a cor e o brilho que nos fazem levitar. As cordas e a bateria de The Warm-Up Man Forever, o pendor acústico de Waterfoot, a combinação entre o baixo e o sintetizador em Dancing For You, o rock pulsante de Smiler At 50 e a guitarra pinkfloydiana e os violinos de I Fought Against The South, são alguns exemplos de canções capazes de nos fazer flutuar num universo de composições etéreas e sentimentalmente atrativas e que demonstram que Tim é exímio a misturar ótimos arranjos clássicos, feitos com cordas, teclados e bateria, com uma voz que parece ser cantada junto ao nosso ouvido.
Em Abandoned Dancehall Dreams o grande mentor dos No-Man supera largamente o desafio que o segundo disco, neste caso a solo, geralmente provoca. Tendo trabalhado, ao longo da sua carreira, com uma série de nomes importantes do rock progressivo e do art rock britânicos, não surpreende a mestria com que explorou um espetro mais minimalista desse ramo do indie rock, sem deixar de ser sonoramente exuberante, profundo, delicado e soberbo. Espero que aprecies a sugestão...
01. The Warm-Up Man Forever
02. Smiler At 50
03. Songs Of Distant Summers
04. Waterfoot
05. Dancing For You
06. Smiler At 52
07. I Fought Against The South
08. Beaten By Love