man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Frans Asthma – Wait Outside EP
Sexta-feira, 03.05.24
Uma das boas surpresas que entrou nos ouvidos da nossa redação por estes dias chama-se Wait Outside, o novo EP de Frans Asthma, um músico norte-americano, natural do Arizona e que se move tranquilamente em territórios sonoros assentes num indie rock atmosférico, com um elevado travo lo fi e um espírito shoegaze ímpar.
Em pouco mais de oito minutos é possível absorver tranquilamente as quatro canções de Wait Outside, um EP em que sedução e melancolia se confundem e se arrastam, no bom sentido, tranquilamente, nas asas de uma guitarra crua, dedilhada com uma delicadeza muitas vezes surreal e uma simplicidade estonteante e que resulta, mas sem deixar de exalar um vigor e uma energia que mexe com os nossos sentimentos mais íntimos.
Tratam-se, portanto, de quatro temas que expandem no catálogo deste músico novos horizontes no campo da experimentação sonora, enquanto materializa um exercício comunicacional ávido com o lado mais indecifrável do ouvinte, o seu âmago, já que existe um travo cinematográfico intenso nestes oito minutos e um convite claro à introspeção, algo que, garantimos, acaba por suceder inconscientemente. De facto, estas quatro canções têm esse efeito mágico sobre quem as escuta e não se sai incólume da audição de um EP cheio de melodias harmoniosas e luminosas e que não deixam ninguém indiferente à sua passagem. Espero que aprecies a sugestão...
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Black Rebel Motorcycle Club – Live At Levitation
Terça-feira, 13.06.23
Criado em Austin no Texas, em dois mil e oito, por membros dos The Black Angels, Levitation é o nome de um movimento que organiza eventos em vários continentes, tendo já passado por Toronto, Vancouver, Paris, Chicago e algumas cidades da América Latina e que tem como grande alvo o indie rock de cariz mais progressivo e psicadélico. Bandas e artistas como os Night Beats, Holy Wave, Ringo Deathstarr e outras, já deram concertos organizados por este movimento, que teve como um dos momentos mais altos um espetáculo que os Black Rebel Motorcycle Club deram em dois mil e treze e que acaba de ser agora editado pela banda, no âmbito da edição deste ano do Record Store Day.
Neste Live At Levitation, os Black Rebel Motorcycle Club (BRMC) de Peter Hayes, Robert Levon Been e Leah Shapiro, passam em revista uma carreira que, na altura do concerto, tinha quase década e meia de uma banda que se estreou em 2001 com um extraordinário homónimo e cujo conteúdo fez desta banda de São Francisco os potenciais salvadores do rock alternativo.
Canções como Red Eyes And Tears ou Spread Your Love têm um cunho ainda mais orgânico, visceral e cru do que o respetivo original e Beat The Devils Tattoo é tocada de modo ainda mais experimental que a versão original. São versões ao vivo que vivem das várias transformações que o projeto foi sofrendo, quer estilísticas, quer ao nível do plantel, nuances que moldaram a sobrevivência e o próprio crescimento de um projeto que se abastece de um espetro sonoro muito específico e com caraterísticas bastante vincadas.
O único lamento deste registo é não conter Love Burns, talvez a canção mais imponente da banda. Seja como for, essa lacuna não retira brilho a pouco mais de quarenta minutos que nos oferecem uns Black Rebel Motorcycle Club que talvez não tenham salvo o rock, mas há que ser justo e admitir que se tornaram numa das bandas essenciais deste género musical. Nos primeiros dez anos de existência, mesmo após a estreia e o similar Take Them On, On Your Own, quando infletiram um pouco no rumo e em Howl e quando abraçaram também a country e a folk, não deixaram nunca de perder a sua identidade, que apenas foi um pouco abalada com Baby 81 e The Effects of 333, os dois únicos álbuns dos Black Rebel Motorcycle Club que não me seduzem e que considero terem sido verdadeiros tiros ao lado na valiosa trajetória musical do grupo. Portanto, na primeira década de existência, os Black Rebel Motorcycle Club nem sempre cumpriram a ótima expetativa criada na estreia mas, em 2009, Beat the Devil's Tattoo voltou a colocar o percurso do grupo nos eixos e pessoalmente devolveu-me uma esperança que se confirmou ser justificada, já depois deste Live At Levitation, em Specter At The Feast, um trabalho muito marcado pela morte do pai de Robert, que também era um grande suporte da banda, e que voltou a colocar o trio num caminho certo, que se endireitou definitivamente em Wrong Creatures.
Em suma, Live At Levitation oferece-nos uns Black Rebel Motorcycle Club dentro da sua verdadeira essência, um projeto criador de canções assumidamente introspetivas, nebulosas e viscerais, que além de se debruçarem sobre o quotidiano, estilisticamente se preocupam em colocar o puro rock negro e pesado em plano de assumido destaque. Espero que aprecies a sugestão...
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Manchester Orchestra – Table For Glasses vs Jimmy Eat World - Telepath
Segunda-feira, 12.06.23
Os norte-americanos Manchester Orchestra existem há década e meia e são uma das bandas mais excitantes do cenário indie atual de Atlanta, na Georgia. O grupo é atualmente formado pelo guitarrista, cantor e compositor Andy Hull, pelo guitarrista Robert McDowell, pelo teclista e percussionista Chris Freeman, pelo baixista Jonathan Corley e pelo baterista Tim Very. Já têm diversos EPs no seu catálogo assim como vários álbuns de estúdio, numa carreira discográfica que começou em dois mil e seis com I'm Like a Virgin Losing a Child e que teve como capítulo último The Valley Of Vision, um registo de seis canções lançado em março, em simultâneo com um filme de realidade virtual, realizado por Isaac Deitz.
Quanto aos norte americanos Jimmy Eat World de Jim Adkins, chamaram a atenção da nossa redação no passado outono com uma nova canção intitulada Place Your Debts que, infelizmente, ainda não trazia atrelado o anúncio de um novo disco do projeto natural de Mesa, no Arizona, já com quase três décadas de uma muito profícua e bem sucedida carreira e que lançou álbuns tão fundamentais como Clarity (1999) ou Bleed American (2001), para muitos a obra-prima do colectivo.
Agora, quase no verão de dois mil e vinte e três, estes dois projetos acabam de encetar uma curiosa colaboração que se materializa num duplo single, em que cada banda apresenta uma versão de um tema da outra. Assim, enquanto os Manchester Orchestra revisitam o tema Table For Glasses, que fazia parte do disco Clarity que os Jimmy Eat World lançaram em mil novecentos e noventa e nove, os últimos apresentam uma versão de Telepath, original que fazia parte do disco The Million Masks Of God, que os Manchester Orchestra colocaram nos escaparates há dois anos atrás.
As duas covers respeitam o adn do projeto original e a sua essência, mas cada uma das bandas consegue dar um cunho identitário vincado à sua roupagem, com os Jimmy Eat World a apostarem, como é natural, na versão que apresentam de Telepath, um rock efusiante, encharcado em sentimentalismo e emoção, que vai crescendo, segundo após segundo, em arrojo e beleza e que explode num clímax pleno de cordas eletrificadas que clamam por um enorme sentido de urgência e caos. Já os Manchester Orchestra oferecem a Table For Glasses um clima ainda mais sofisticado que o roginal, numa cover que sobrevive num universo de experimentações, feitas de sofisticados cruzamentos entre o rock, a eletrónica e a música ambiental. Confere...
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Jimmy Eat World – Place Your Debts
Sexta-feira, 28.10.22
Depois de terem divulgado o espetacular tema Something Loud no passado verão, os norte americanos Jimmy Eat World de Jim Adkins voltam à carga este outono com uma nova canção intitulada Place Your Debts que, infelizmente, ainda não traz atrelado o anúncio de um novo disco do projeto natural de Mesa, no Arizona, já com quase três décadas de uma muito profícua e bem sucedida carreira e que lançou álbuns tão fundamentais como Clarity (1999) ou Bleed American (2001), para muitos ainda a obra-prima do colectivo.
Place Your Debts é uma efusiante balada, encharcada em sentimentalismo e emoção, uma canção que vai crescendo, segundo após segundo, em arrojo e beleza e que explode num clímax pleno de cordas eletrificadas que clamam por um enorme sentido de urgência e caos, um incómodo sadio que não nos deixa duvidar acerca da manutenção do melhor ADN dos Jimmy Eat World numa das melhores canções que a nossa redação teve o privilégio de escutar nos últimos dias. Confere...
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Calexico – Seasonal Shift
Quarta-feira, 16.12.20
Na contagem decrescente para o Natal, continuamos a fazer o levantamento de alguns lançamentos discográficos alusivos a esta quadra festiva tão especial, tendo como proveniência bandas, artistas e projetos do universo sonoro indie e alternativo. E hoje a safra natalícia de dois mil e vinte leva-nos até Tucson, no Arizona, ao encontro dos Calexico, projeto encabeçado por Joey Burns e John Convertino e que tem um novo álbum dedicado a esta época especial.
Este novo trabalho dos Calexico chama-se Seasonal Shift e, mais do que um disco com canções de Natal, é, de acordo com o próprio grupo, um documento de celebração de uma época que deve fazer-nos esquecer um pouco as agruras de um ano particularmente atípico. As canções do disco inspiram-se nas relações familiares e no modo como os reencontros habituais destes dias natalícios, nos podem ajudar a refletir melhor sobre as nossas vivências mais recentes, que inapelavelmente nos moldaram, para melhor ou para pior.
Assim, estamos na presença de doze composições, alguns originais, mas também versões de clássicos de John Lennon & Yoko Ono, nomeadamente a composição Happy Xmas (War is over) e Christmas all over again de Tom Petty. Mas também não falta uma abordagem à herança sonora mexicana, com a ajuda do mexicano Camilo Lara e ao nosso fado através da participação especial da portuguesa Gisela João no tema Tanta Tristeza. Já agora, outros convidados especiais que se podem escutar em Seasonal Shift são Bombino, Gaby Moreno e Nick Urata, fundador dos míticos DeVotchKa, num disco de celebração intercultural.
Com uma vibe sonora explicitamente alicerçada naquela indie de final do século passado que nomes como os Wilco ou os Lambchop ajudaram a solidificar e imortalizaram, mas também transparecendo uma mítica espiritualidade que hoje encontrará semelhante paralelo no ideário sonoro de uns Fleet Foxes, Seasonal Shift é uma excelente proposta de banda sonora para uma noite de consoada que se pretende sempre especial e que também deve ser vivida escutando boa música em família. Espero que aprecies a sugestão...
01. Hear The Bells
02. Christmas All Over Again
03. Mi Burrito Sabanero
04. Heart Of Downtown
05. Seasonal Shift
06. Nature’s Domain
07. Happy Xmas (War Is Over)
08. Glory’s Hope
09. Tanta Tristeza
10. Peace Of Mind
11. Sonoran Snoball
12. Mi Burrito Sabanero (Reprise)
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Calexico – The Thread That Keeps Us
Segunda-feira, 05.02.18
Os estados do Arizona e da California foram em 2017 devastados por grandes incêndios, que resultaram, em parte, do fenómeno das alterações climáticas negado por Trump e os Calexico de Joey Burns e John Convertino, oriundos do primeiro estado e que foram buscar o seu nome a uma pequena cidade mesmo na fronteira mais a sul do seu país natal, resolveram gravar no segundo The Thread That Keep Us Apart, o nono disco da carreira do grupo que tem o foco não só em algumas das questões ambientais que mais inquietam a sociedade norte americana, mas que também se debruça no fenómeno da imigração oriunda do México e de outros países latino-americanos e na dificuldade que estes estrangeiros ainda sentem em se integrarem numa América cada vez menos tolerante a quem vem de fora. Basta conferir os ritmos latinos de Flores y Tamales, uma canção cantada em espanhol por Jairo Zavala, um dos multi-instrumentistas do grupo, ou a toada reggae de Under the Wheels, para ficar explícita de modo particularmente criativo e inspirado esta temática.
A política fronteiriça da administração Trump e os desastres ecológicos são, como vimos, temas centrais de um alinhamento de quinze canções aos quais se juntam outros sete na versão deluxe do disco. E essa constatação é, desde logo, uma evidência clara de que os Calexico continuam a servir-se da música para exporem pontos de vista bem vincados e sustentados sobre o mundo que os rodeia e aquilo que os inquieta. Fazem-no criando personagens nos seus temas de modo a humanizar e a pessoalizar dramas e questões políticas que afetam diretamente a vida das pesoas, mas que muitas vezes não têm rosto conhecido e que são explanados com uma impessoalidade frequentemente perturbante. Quando em Voices In The Field se escuta Running through fields of flowers and smoke, Leaving behind all that we’ve built ou em Bridge to Nowhere versos do calibre de My focus was blurred as the world became consumed está dada essa alma ímpar e física às canções e clarificado o modo incisivo como os Calexico pretendem dramatizar mas também alertar e consicencializar os ouvintes, à boleia de trompetes e guitarras efusiantes, mas também da acusticidade singela e sedutora que homenageia, a meu ver, tudo aquilo que de mais puro e virgem tem uma América nativa que tem, na sua génese, muito pouco de caucasiano.
Explicitamente alicerçado naquela indie de final do século passado que nomes como os Wilco ou os Lambchop ajudaram a solidificar e imortalizaram, mas também transparecendo uma mítica espiritualidade que hoje encontrará semelhante paralelo no ideário sonoro de uns Fleet Foxes, The Thread That Keep Us é, em suma, um símbolo de alerta e de resistência contra tudo aquilo que coloca em causa o melhor da América, mas também um símbolo de esperança num amanhã mais sereno, humano e justo. Espero que aprecies a sugestão...
01. End Of The World With You
02. Voices In The Field
03. Bridge To Nowhere
04. Spinball
05. Under The Wheels
06. The Town And Miss Lorraine
07. Flores Y Tamales
08. Another Space
09. Unconditional Waltz
10. Girl In The Forest
11. Eyes Wide Awake
12. Dead In The Water
13. Shortboard
14. Thrown To The Wild
15. Music Box
16. Longboard
17. Luna Roja
18. Curse Of The Ride
19. Lost Inside
20. Inside The Energy Field
21. End Of The Night
22. Dream On Mount Tam
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Jimmy Eat World – Get Right
Quinta-feira, 25.08.16
Os norte americanos Jimmy Eat World já têm sucessor para Damage, o disco que lançaram há três anos e que foi o oitavo do cardápio deste projeto de Meza, no Arizona e que lançou álbuns tão fundamentais como Clarity (1999) ou Bleed American (2001), a obra-prima do colectivo. Isso irá mudar em 2016, já que este excelente grupo de rock alternativo divulgou para audição Get Right, uma nova canção que explode em cordas eletrificadas que clamam por um enorme sentido de urgência e caos, um incómodo sadio que não nos deixa duvidar acerca da manutenção do ADN dos Jimmy Eat World no nono disco, ainda sem data de lançamento prevista. Confere...
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Giant Sand - Heartbreak Pass
Sábado, 11.07.15
editado no passado dia quatro de maio por intermédio da New West Records, Heartbreak Pass é o novo registo discográfico dos míticos Giant Sand, um coletivo norte americano oriundo de Tucson, no Arizona e liderado por Howe Gelb, um dos nomes mais importantes do cenário indie folk contemporâneo na América do Norte. Heartbreak Pass marca mesmo o trigésimo aniversário deste projeto, à boleia de quinze canções que contêm a impressão sonora típica dos Giant Sand, um álbum produzido por John Parish e que não defrauda, nem por sombras, a herança de um grupo influente e decisivo e com uma genética sonora bastante vincada e inédita.
Os Giant Sand são, sobretudo, uma espécie de projeto a solo de Howe Gelb, um músico que nos últimos trinta anos soube sempre rodear-se das pessoas certas para dar vida a um cardápio sonoro muito próprio e com uma impressão sonora fantástica e única. A América enquanto continente e país, com uma multipliciadade de raças e culturas, mas com uma folk que, na sua génese, contém caraterísticas bastante vincadas e inéditas, é a força motriz destes Giant Sand e a sua maior inspiração lírica e instrumental. Mas neste novo trabalho, e como vamos perceber em seguida, os Giant Sand também extravasam por outras outras fronteiras geodésicas, inclusivé no lado de cá do atlântico, com a ajuda de Grant-Lee Phillips, Jason Lytle dos Grandaddy, Steve Shelley dos Sonic Youth, a croata Lovely Quinces e o baterista Winston Watson, as participações especiais deste disco.
A contemplativa e sedutora Done, uma das canções mais bonitas de Heartbreak Pass, foi gravada em Bruxelas, Creta e Otawa e a composição Heaventually começou a ser germinada em Itália, tendo depois também sofrido ajustes em Inglaterra e, já de regresso ao continente americano, no Tennessee e no Arizona. E estes temas são apenas dois exemplos da fórmula transfronteiriça e intercontinental, rica e imaginativa que regeu o processo de criação musical de Howe Gelb neste álbum, um cardápio fortemente emotivo, como seria de esperar e com uma riqueza instrumental vincada. Da inebriante, eletrónica e experimental Transponder e dos riffs épicos de Texting Feist, até à simplicidade melancólica de Home Sweat Home, uma canção que fala das rotinas de um artista em digressão e que conta com um dueto entre Gelb e a sua irmã mais nova, passando pelo pendor boémio e acústico de Heaventually, há, ao longo deste alinhamento de quinze canções, um forte sabor e cheiro à aridez texana que, em Hurtin' Habit ganha um crueza rock bastante máscula e assexuada, como se as hipóteses de sobrevivência no mais áspero dos ambientes exigissem a inserção dos Giant Sand no compêndio sonoro essencial, até como fôlego extra e dose vitamínica essencial, um ficheiro que não pode faltar em qualquer kit de sobrevivência regular.
Howe Gelb tem, como se percebe, um modo muito peculiar de comunicar connosco e utiliza um registo vocal declamativo que nos enclausura e desarma sem hipótese de retrocesso. Mas, desta vez, também soube convidar excelentes vozes femininas para dar vida ao universo sonoro muito próprio que idealizou. Assim, se a viola de Song So Wrong e o seu registo vocal grave contêm todos os genes da folk do outro lado do atlântico, que nos envolve num universo algo melancólico, uma espécie de euforia triste e de beleza num mundo sombrio, já o piano de Pen to Paper e o dueto que Gelb mantém com Love Quinces nessa canção, transmite uma intensa e quase sufocante sensação de introspeção e reflexão interiores, comprovando que as capacidades inatas do líder dos Giant Sand para a composição não se deterioraram com o tempo, ele que é detentor de uma voz única e incomparável e possui uma expressão melancólica acústica que terá herdado de um Neil Young e que sabe, melhor que ninguém, como interpretar. O modo como em Man On A String Gelb consegue manter o equilíbrio entre a emotividade da sua voz e as oscilações rítmicas do tema, plasmam a capacidade contrastante que este compositor tem de nos oferecer o sol, as harmonias e o calor, mas também o escuro, a falta de cor e a chuva.
Obra ambiciosa, grandiosa e, de algum modo, um exercício de síntese de tudo aquilo que os Giant Sand já nos ofereceram na sua longa carreira, Heartbreak Pass é um festim para os nossos ouvidos, um disco eclético e variado, recheado de momentos épicos e instantes cheios de tensão lírica, onde Gelb explora até à exaustão o espiritualismo nativo norte americano, num trabalho com evidentes influências em espetros sonoros de outros tempos, mas com uma forte tonalidade contemporânea. Espero que aprecies a sugestão...
01. Heaventually
02. Texting Feist
03. Hurtin’ Habit
04. Transponder
05. Song So Wrong
06. Every Now And Then
07. Man On A String
08. Home Sweat Home
09. Eye Opening
10. Pen To Paper
11. Bitter Suite
12. House In Order
13. Gypsy Candle
14. Done
15. Forever And Always