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Sufjan Stevens – Carrie And Lowell

Quinta-feira, 09.04.15

Depois de ter deambulado durante uma década  entre o caótico, o esquizofrénico e o genial em discos tão importantes como Illinoise ou The Age Of Adz, Sufjan Stevens está de regresso mais negro, sombrio e recatado com Carrie And Lowell, um disco que marca o retorno do músico à folk mais intimista, nostálgica e contemplativa e que viu a luz do dia a trinta e um de março através da Asthmatic Kitty.

Oriundo de Detroit, no Michigan e atualmente a residir em Brooklyn, Nova Iorque, Sufjan Stevens começou a dar nas vistas no início da carreira na pele de um trovador acompanhado apenas pelas cordas de uma viola, estreando-se em 2000 com A Sun Came e a cantar sobre as agruras e as encruzilhadas de quem acaba de entrar na vida adulta. O entusiasmo, a inspiração e a apurada veia criativa trouxeram consigo um enorme entusiasmo e uma vontade de trabalhar fora do vulgar, com a exploração de outras possibilidades sonoras mais abrangentes, mas sempre com a folk na mira, a incubarem da mente incansável de um músico que chegou a prometer editar anualmente um disco dedicado a um estado norte americano, demanda que, tendo em conta os mais de cinquenta estados do país, lhe ocupariam mais de meio século de existência.

Carrie & Lowell são os sobrenomes da sua mãe e do seu padrasto e intitulam este seu sétimo disco, aquele que, como já referi, marca o regresso do músico à casa de partida, ficando para trás o experimentalismo avan-garde de The Age Of Adz, para agora voltar o puro sentimentalismo, embalado por uma folk madura e nostálgica, que se debruça sobre o falecimento da sua mãe, occorrido em 2012 após uma vida de excessos, abusos e um dignóstico de esquizofrenia, notícia essa que deixou o músico devastado.

De modo a exorcizar e lamber as feridas e a faxer o seu luto terapêutico de uma dor incontida e profunda, além da viola Sufjan Stevens recebeu também a companhia das teclas de um cândido sintetizador, que serve apenas para encaixar e dar um certo charme e brilho à moldura sonora estética de onze canções que são verdadeiras jóias, em todos os sentidos.

Das lembranças sentimentais que transbordam em Fourth Of July, aos lindíssimos arranjos medievais de All of Me Wants All of You, passando pelos arranjos de cordas tensos, dramáticos e melódicos de No Shade In The Shadow Of The Cross, todo o ideário sonoro e lírico de Carrie And Lowell serve para o músico fazer a sua homenagem póstuma à progenitora e recordar tempos idos, procurando a conexão possivel com tempos passados que ainda vageuiam pela sua memória de modo nostálgico e que são impossiveis de recuperar. O objetivo não é trazer até ao ouvinte o fantasma da mãe de Sufjan, mas fazer dele um veículo privilegiado de boas sensações que Sufjan, um homem de fé, convicto e assumido, quer que nós sintamos, para que, por muito amargurada que seja a nossa vida, permanentemente, ou em determinados momentos, ela possa sempre contar com aquelas recordações que guardamos no canto mais recôndito do nosso íntimo e que em tempos nos proporcionaram momentos reais e concretos de verdadeira e sentida felicidade.

Carrie and Lowell é alma e emoção traduzidas à voz e à guitarra, como documento sonoro ajuda-nos a mapear as nossas memórias e ensina-nos a cruzar os labirintos que sustentam todas as recordações que temos guardadas, para que possamos pegar naquelas que nos fazem bem sempre que nos apetecer. Basta deixamo-nos levar pelos sussurros do tema homónimo, para sermos automaticamente confrontados com a nossa natureza, à boleia de uma sensação curiosa e reconfortante que, pouco depois, ambientada pelo falsete de Sufjan e pelos sons percurssivos e rústicos de John My Beloved, transforma-se numa experiência ímpar e de ascenção plena a um estágio superior de letargia. Espero que aprecies a sugestão...

Sufjan Stevens - Carrie And Lowell

01. Death With Dignity
02. Should Have Known Better
03. All Of Me Wants All Of You
04. Drawn To The Blood
05. Fourth Of July
06. The Only Thing
07. Carrie And Lowell
08. Eugene
09. John My Beloved
10. No Shade In The Shadow Of The Cross
11. Blue Bucket Of Gold

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publicado por stipe07 às 21:31






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