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Pfarmers – Gunnera

Quarta-feira, 27.05.15

Nome de planta gigante que abunda, por exemplo, nas margens do biblíco Rio Jordão e que se tornou personagem principal de um sonho que invadiu em tempos o descanso sagrado de Danny Seim (Menomena e Lackthereof), Gunnera é o trabalho de estreia do super projeto Pfarmers, que além desse músico conta também com Bryan Devendorf (The National) e Dave Nelson (David Byrne, St. Vincent, Sufjan Stevens).

Apesar da enorme notoriedade dos seus membros, Gunnera não soa a nada do que tenham produzido antes nos projetos de origem. Benthos, o tema de abertura de Gunnera, é uma longa composição instrumental de cariz fortemente ambiental, sustentada por várias camadas de sopros sintetizados e lança o disco numa espiral pop onde não falta o marcante estilo percurssivo de Devendorf, ou algum do cardápio de efeitos que Danny apresentou nos Lackthereof, mas onde tudo é filtrado de modo bastante orgânico, amplo e rugoso. A voz grave de Seim é outro atributo fundamental para a criação de um som profundo, assim como o seu baixo pleno de groove.

You Shall Know The Spirit lança-nos definitivamente no universo fortemente cinematográfico e imersivo destes Pfarmers, que parecem tocar submergidos num mundo subterrâneo de onde debitam música através de tunéis rochosos revestidos com placas metálicas que aprofundam o eco das melodias e dão asas às emoções que exalam desde as profundezas desse refúgio bucólico e denso onde certamente se embrenharam, pelo menos na imaginação, para criar estas sete músicas que impressionam pela orgânica e pelo forte cariz sensorial. No caso deste tema, apresentam-nos um som esculpido e complexo, onde é forte a dinâmica entre os sopros e o baixo, num encadeamento que nos obriga a um exercício exigente de percepção fortemente revelador e claramente recompensador. A mesma receita, mas de modo ainda mais grandioso e hipnótico repete-se em How To Build A Tube, canção que impressiona pela grandiosidade, patente nos samples, nos teclados e nos sintetizadores inebriantes, não havendo regras ou limites impostos para a inserção da mais variada miríade de arranjos, detalhes e ruídos. Mais um bom exemplo de uma banda capaz de ser genuína no modo como manipula o sintético, de modo a dar-lhe a vida e a retirar aquela faceta algo rígida que a eletrónica muitas vezes intui, convertendo tudo aquilo que poderia ser compreendido por uma maioria de ouvintes como meros ruídos em produções volumosas e intencionalmente orientadas para algo épico.

Os feitos que borbulham de Work For Me, uma canção onde os flashes metálicos projetados em várias direções e a percussão inebriante e irregular criam um cenário idílico para os apreciadores do punk blues mais enérgico e libertário, a insanidade desconstrutiva em que alicerçam as camadas de sons das guitarras e do baixo que dão vida a El Dorado e a incontestável beleza e coerência dos detalhes orgânicos dos sopros e dos flashes sintetizados que nos fazem levitar no single The Ol' river Gang, justificam, sem qualquer sombra de dúvida, a atribuição de um claro nível de excelência aos diferentes fragmentos que os Pfarmers convocaram nos vários universos sonoros que os rodeiam e que da eletrónica, à folk, passando pela pop e o rock progressivo criam uma relação simbiótica bastante sedutora, enquanto partem à descoberta de texturas sonoras que podem muito bem servir de referência para projetos futuros.

Gunnera termina com Promised Land, um ribeiro sonoro por onde confluem vários sons da mais diversa estirpe e de diferentes proveniências, mas todos cheios de vida e prestes a desaguar na Terra Prometida idealizada pelos Pfarmers. Aí são arremessadas para longe todas aquelas manhãs dominadas pelo nevoeiro e pelo frio intenso, que parecem muitas delas ter vindo do tal universo submerso, escuro e entalhado quase no ventre da terra mãe, para se passar a viver rodeados de sons fortemente apelativos e luminosos, sendo Gunnera a banda sonora perfeita desse território tremendamente sensorial, feita com uma arrebatadora coleção de trechos sonoros cuja soma resulta numa grande melodia linda e inquietante. Para chegarem a este resultado único, os Gunnera não recearam entregar-se de corpo e alma ao instrumentos que mais apreciam mas também ao mundo das máquinas, numa simbiose corajosa e sem entraves ou inibições, acabando cada um dos músicos por ser aquele detalhe orgânico que dá alma a todas as ligações de fios e transístores que tiveram que criar nestas sete canções e que transportam um infinito catálogo de sons e díspares referências que parecem alinhar-se apenas na cabeça e nos inventos nada óbvios de cada um deles. Espero que aprecies a sugestão...

Pfarmers - Gunnera

01. Benthos
02. You Shall Know The Spirit
03. Work For Me
04. El Dorado
05. The Ol’ River Gang
06. How To Build A Tube
07. Promised Land

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publicado por stipe07 às 22:09


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