man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Painted Palms – Horizons
Depois de me ter debruçado em 2011 no EP Canopy e o ano passado no álbum Forever, estou de regresso aos Painted Palms para divulgar Horizons, o mais recente trabalho desta banda norte americana, natural de São Francisco, formada pelos primos Chris Prudhomme e Reese Donohue. Editado no passado dia quatro de setembro pela Polyvinyl Records, Horizons foi misturado por Eric Broucek, engenheiro da DFA. Refiro-me a um trabalho que da pop psicadélica de há cinco décadas atrás, passando pela eletrónica de final do século passado, é um disco excitante e multifacetado, um trabalho que procura meditar sobre as constantes mudanças que a sociedade contemporânea nos exige e como muitas vezes parece não ter fim esta busca constante, levada a cabo por todos aqueles que vivem insatisfeitos porque querem sempre mais e melhor.
Há algo na música destes Painted Palms que nos deixa num constante sobreaviso, uma espécie de eminência de perigo, um pessimismo incontrolável mas, ao mesmo tempo e como se isso fosse possível, de alguma forma sedutor. A eletrónica madura e encorpada de Disintegrate, talvez o destaque maior de horizons, permite-nos fazer uma ponte assertiva entre a pop ambiental contemporânea e o art-rock clássico, numa epopeia de quatro minuos e meio onde se acumula um amplo referencial de elementos típicos desses dois universos sonoros e que se vão entrelaçando entre si de forma particularmente romântica e até, diria eu, objetivamente sensual. E a verdade é que ao longo de Horizons abunda a sobreposição de texturas, sopros e composições jazzísticas contemplativas, uma paisagem imensa e ilimitada de possibilidades, um refúgio bucólico dentro da amálgama sonora que sustenta a música atual.
Escuta-se a forte comoção latente de Waterfall e antes, logo no início, o punk blues enérgico e libertário de Contact, a insanidade desconstrutiva em que alicerçam as camadas de sons que dão vida a Painkiller e a incontestável beleza e coerência dos detalhes sintetizados que nos fazem levitar na sequência final feita com Gemini e Glaciers, para se conferir, num mesmo bloco autoral, os diferentes fragmentos que os Painted Palms foram convocar à pop e ao indie rock, os dois universos sonoros que os rodeiam e com os quais se identificam, com um elevado índice de maturidade e firmeza, para se perceber o bom gosto como apostam nesta relação simbiótica, enquanto partem à descoberta de texturas sonoras. E a verdade é que esta dupla parece confiar plenamente no seu instinto criativo e transborda uma vontade quase obsessiva de atingir a perfeição, talvez para provar a ela própria que o caminho que escolheu é o adequado para que a praia sonora onde se querem deitar nunca seja consumida por uma maré de dúvidas e hesitações sonoras implacáveis.
Em suma, em Horizons os Painted Palms praticam o exercício de buscar referências de décadas passadas e procurar acrescentar os seus próprios elementos para compor uma obra musical que, no cômputo geral, carrega um enorme charme na forma como se equilibra entre o perigo de uma derrocada e a capacidade particularmente vincada de conjugar eletrónica e psicadelia, com um certo relevo e singularidade. Espero que aprecies a sugestão...
01. Refractor
02. Contact
03. Gemini
04. Glaciers
05. Echoes
06. Control
07. Disintegrate
08. Waterfall
09. Painkiller
10. Tracers