man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Moon Duo – Stars Are The Light
O fabuloso rock psicadélico dos Moon Duo está de regresso em dois mil e dezanove com Stars Are The Light, o sétimo registo de estúdio deste projeto formado pela dupla Ripley Johnson e Sanae Yamada e um nome incontornável do cenário indie atual. Detentores de um trajeto discográfico imaculado e com vários pontos altos, os Moon Duo têm tido uma segunda metade desta década bastante profícua, com o lançamento de Occult Architecture Vol. 1 e Vol., há dois anos, dois álbuns que nos levaram de novo rumo à pop psicadélica setentista, através dos solos e riffs da guitarra de Ripley a exibirem muitas vezes linhas e timbres muito presentes na country americana e no chamado garage rock, mas também de sintetizadores inspirados e com efeitos cósmicos plenos de groove. No início do ano seguinte voltaram com o lançamento de um duplo single, à boleia da Sacred Bones, o refúgio perfeito que encontraram há já algum tempo para explorar todo o hipnotismo lisérgico que carimba o seu adn e agora, com este Stars Are The Light, cimentam uma posição forte, dentro de um espetro sonoro muito peculiar e tremendamente aditivo.
Com um olhar bastante anguloso numa mescla entre o funk setentista e o salutar caos em que se instalou o rock progressivo no final do século passado, Stars Are The Light oferece-nos oito canções que refletem as experiências humanas que têm no amor, na mudança e na luta interna, muitas vezes a maior força motriz. Em Flying levantamos logo voo nas asas de uma batida inebriante e um sintetizador repleto de cosmicidade e a partir daí ficamos, rapidamente absorvidos por este caldo algo entropecedor, mas nada bafiento. Depois, a curiosa toada épica e vibrante do tema homónimo e, principalmente, o riff abrasivo que define o punk inspirado de Eye 2 Eye afunda-nos definitivamente na espiral filosófica dos Moon Duo, uma espécie de catarse psicadélica que, pouco depois, em Lost Heads, ao assentar numa batida inspirada e em flashes de efeitos e timbres de cordas divagantes, faz-nos dançar em altos e baixos enleantes, ao som de uma química interessante e única entre o orgânico e o sintético.
O que mais impressiona nos Moon Duo é que, registo após registo, a fórmula selecionada é muito simples e semelhante, mas conceitos como inovação, diferença e inquietude estão timbrados com indelével marca porque aquilo que sobressai acaba por ser a genialidade e a capacidade de execução de dois verdadeiros mestres do improviso psicadélico, uma estratégia que, melodicamente, cria atmosferas nostálgicas e hipnotizantes capazes de nos transportar para uma outra galáxia, que terá muito de etéreo, mas também uma imensa aúrea crua e visceral e que contém muitos dos pilares fundamentais que são ainda, meio século depois dos anos setenta, definidores da nossa contemporaneidade cultural.
Álbum que prova que ainda é possível, várias décadas depois, haver um som que pode ser recriado com elevado grau de inedetismo e de acessibilidade, Stars Are The Light tem essa subtil capacidade para nos fazer deambular entre diferentes mundos, inclusive da própria world music (escute-se Eternal Shore), uns com mais groove e outros mais relaxantes, mas sempre com a tónica do experimentalismo na linha da frente e sem este projeto de São Francisco se perder em exageros desnecessários. Espero que aprecies a sugestão...
01. Flying
02. Stars Are The Light
03. Fall In Your Love
04. The World And The Sun
05. Lost Heads
06. Eternal Shore
07. Eye 2 Eye
08. Fever Night