man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Martin Carr - The Breaks
Martin Carr, também conhecido como vocalista dos The Boo Radleys, editou no passado dia vinte e nove de setembro The Breaks, o seu segundo disco solo, um músico e compositor que, de acordo com o press release que me chegou às mãos da Tapete Records, é um songwriter cujo trabalho é pop mas não necessariamente popular e cujo percurso revela uma relação ambivalente com as sensibilidades convencionais. Neste disco, a sua voz transforma-se num eco confessional de todas as nossas dúvidas. The Breaks conta com as participações especiais de Andy Fung, Corin Ashley e John Rae.
Martin Carr aposta forte em composições certinhas feitas a partir de melodias pop e uma instrumentação bastante cuidada, que exala uma pop pura e descontraída por quase todos os poros. Neste trabalho ele apresenta em apenas dez canções toda a herança que os Red House Painters, os Fleetwood Mac ou os conterrâneos Prefab Sprout e os The Smiths deixaram na formação do músico, que parece ter utilizado referências do próprio quotidiano para construir o panorama lírico do disco, que pende para vários espetros sonoros, nomeradamente o indie rock, a própria folk (No Money In My Pocket) e a indie pop adocicada e acessível. Há desde logo aqui sucessos garantidos como The Santa Fe Skyway, St Peter In Chains e Senseless Apprentice, músicas que possibilitam não apenas o desenvolvimento de uma instrumentação radiante, como a possibilidade de constatar que Martin alcançou elevados parâmetros e patamares de qualidade, inclusive na sua intepretação vocal.
Ao longo do disco, umas vezes somos embalados e outras dançamos ao som de simples acordes, várias vezes dispostos em diversas camadas sonoras, com as cordas à cabeça. Estas podem escutar-se num registo acústico ou eletrificado e, muitas vezes, em ambos em simultâneo, onde também não falta uma secção de sopros imponente e um piano, que em Sometimes It Pours mal se nota e em Mainstream tem uma subtileza avassaladora enquanto sustenta uma viola. Acaba por ser um misto de cordas mas, seja em que registo for que se escutem, estão todas impregnadas com uma altruísta beleza utópica, principalmente quando se entrelaçam com algumas distorções e arranjos mais sintetizados. Assim, o que não falta mesmo neste álbum, são belas orquestrações que vivem e respiram lado a lado com relatos de um mundo tão perfeito como os nossos melhores sonhos. A bateria tem também uma presença sempre radiante, com a batida que marca o ritmo de Mountains e de Senseless Apprentice a serem os instantes do disco onde a percurssão mais se destaca.
Mesmo nos momentos mais melancólicos e sombrios, como Mainstream e No Money In My Pocket, dois belíssimos instantes acústicos e melódicos, há uma curiosa sensação de naturalidade e dinamismo em The Breaks, uma espécie de ligeireza cheia de charme e delicadeza, um ambiente sonoro descontraído que impressiona os mais incautos, à semelhança da naturalidade com que a voz de Martin e dos seus convidados que, quase sempre, são vozes de suporte, encaixam na melodia das canções. Percebe-se claramente que o músico é bastante inventivo, principalmente quando converte o que poderia ser compreendido por uma maioria de ouvintes como meros ruídos em produções volumosas e intencionalmente orientadas para algo épico.
Disco imponente mas também delicado e repleto de bons arranjos, The Breaks é um refúgio bucólico bastante aprazível, um compêndio de sensibilidade e optimisto onde o autor entregou-se à introspeção e refletiu sobre o mundo moderno, não poupando na materialização dos melhores atributos que guarda na sua bagagem sonora. Espero que aprecies a sugestão...
1. Santa Fe Skyway
2. St. Peter In Chains
3. Mainstream
4. Mountains
5. Sometimes It Pours
6. Senseless Apprentice
7. No Money In My Pocket
8. I Don't Think I'll Make It
9. Mandy Get Your Mello On
10. The Breaks