man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Magic Wands – Switch
Os Magic Wands são de Los Angeles e formaram-se em dois mil e oito quando Chris descobriu o myspace de Dexy Valentine, onde ouviu uma canção chamada Teenage Love e desde logo resolveu contactá-la. Pouco tempo depois Dexy mudou-se para Nashville e começaram a escrever música juntos, sendo o nome da banda uma alusão à capacidade de ambos conseguirem trabalhar e escrever música como equipa, apesar de viverem em lados opostos dos Estados Unidos. Ainda nesse ano de 2008 a dupla assinou pela Bright Antenna e editaram o primeiro EP, intitulado Magic Love & Dreams, gravado em Nova Iorque com o produtor John Hill. Na primavera de dois mil e doze editaram o disco de estreia, um registo chamado Aloha Moon que oito anos depois, em dois mil e vinte, ganhou sucessor, um álbum intitulado Illuminate que foi dissecado por cá nos últimos dias desse ano.
Agora, em plena primavera de dois mil e vinte e três, os Magic Wands, que são agora um trio, já que além de Chris e Dexy também contam na formação com o baterista Pablo Amador, estão de regresso com um novo compêndio de doze canções intitulado Switch, que nos remetem para aquele universo oitocentista bem balizado e com caraterísticas bastante peculiares e únicas, aquele rock com forte pendor nostálgico, feito com diversas camadas de guitarras, mudanças rítmicas constantes e um registo vocal geralmente abafado, nuances que ainda hoje são pedras basilares de alguns dos nomes mais proeminentes do indie rock, nomeadamente aqueles que o cruzam com a eletrónica.
De facto, o grande elogio que se pode fazer a estes Magic Wands é a capacidade que têm de agregar diferentes géneros e influências e, com essa amálgama impecavelmente organizada, incubarem um som com forte cariz identitário que tanto consegue ser enérgico, como etéreo e sempre bastante texturizado numa paleta vasta de efeitos, timbres e distorções, com a voz marcante de Dexy Valentine a ser o principal elementos agregador de toda esta trama conceptual.
O baixo encorpado de Joy e o cavernoso efeito planante que se entrelaça com a voz de Dexy, é uma porta escancarada, logo a abrir o disco, para este adn dos Magic Wands, com um polimento e uma majestosidade claramente superiores ao antecessor Illuminate, um disco que tinha um ambiente menos polido e um pouco mais lo fi. Depois, se o vibrante tema Switch, cruza o melhor soft rock com algumas bizarrias eletrónicas, numa espécie de cruzamento entre os The Kills e os The Horrors, já Daylight é um portento de garage rock repleto de doses indiscretas de uma pop suja e nostálgica que tanto diz a amantes de nomes ímpares como os Jesus And The Mary Chain ou os próprios Cure no período mais precoce da carreira.
Para conferir um cariz ainda mais imponente ao disco, se Time é uma daquelas composições que exala por todos os poros a pop dançante de uns Blondie, Falling Trees é uma daquelas composições que bebeu sem pudor na fonte daquela pop charmosa que abastece os mais contemporâneos Still Corners, uma pop leve e sonhadora, íntima da natureza etérea e onde os sintetizadores são reis, mas também uma pop que pisca muitas vezes o olho aquele rock alternativo em que as guitarras eléctricas e acústicas marcam indubitavelmente uma forte presença.
Em suma, disco que sonoramente obedece a um perfil interpretativo eminentemente experimentalista e lisérgico e que contém, como é natural, um elevado travo orgânico, já que os sintetizadores são, quase sempre, meros adornos indutores de detalhes e tiques que, muitas vezes, servem apenas para preservar o adn do projeto, Switch é um excelente soporífero para que não nos afoguemos nas águas turvas destes dias sempre agitados e inquietantes. É uma explosiva coleção de canções que nos conduz a um amigável confronto entre o rock alternativo de cariz mais lo fi com aquela pop particularmente luminosa e com um travo negro muito peculiar. Espero que aprecies a sugestão...