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Kurt Vile - b’lieve i’m goin down…

Segunda-feira, 28.09.15

Depois de ter lançado Smoke Ring For My Halo, no início de 2011 e Wakin On A Pretty Daze dois anos depois, Kurt Vile está de regresso com b’lieve i’m goin down…, álbum que viu a luz do dia a vinte e cinco de setembro por intermédio da Matador Records e já o sexto da carreira deste músico que descende da melhor escola indie rock norte americana, quer através da forma como canta, quer nos trilhos sónicos da guitarra elétrica.

Cantautor sempre intenso e profundo no modo como expôe os dilemas e as agruras da vida, comuns à maioria dos mortais, mas também as alegrias e as recompensas que a existência terrena nos pode proporcionar, Kurt Vile encontra-se aos trinta e cinco anos numa fase da sua carreira que reflete, de certo modo, o seu posicionamento posicional no mundo em que vive e vivemos, duas realidades diferentes, mas no seu caso paralelas, porque caminham a par e passo, não fosse este músico norte americano natural de Lansdowne, na Pensilvânea, profundamente autobiográfico e auto reflexivo, servindo-se da música que cria para expiar os seus pecados mas também para comungar com o ouvinte os prazeres que experimenta.

É assim a música de Vile, intensamente pessoal e rica em descrições quer da sua existência quer de outros alteregos que cria, geralmente para desafiar o destino a oferecer-lhe sonhos e anseios que não quer deixar de experimentar um dia, não só a boleia do banjo que o pai lhe ofereceu aos catorze anos, mas também da viola e da guitarra, outros fiéis companheiros nesta jornada única e sentimental, sobre a vida de um músico, mas também de uma américa cheia de encruzilhadas e dilemas. 

b’lieve i’m going down, este extraordinário novo disco de Vile é, pois, um exercício de aceitação plena de um estado de consciência sobre uma vida em constante rebuliço, mas constante no modo como lida com os diferentes sentimentos e emoções, doze canções que mostram esse Kurt Vile reflexivo, mas também auto confiante. Pretty Pimpin, o primeiro single divulgado desse trabalho, realça, principalmente, o segundo aspeto referido, já que a canção mostra o músico embarcado numa viagem lisérgica, patente na instrumentação e numa letra que rompe com as propostas mais intimistas de discos antecessores, apresentando-o menos tímido e mais grandioso. E essa luminosidade não abandona quase nunca o registo, com I’m An Outlaw a mostrar-nos como Vile lida com a sua constante necessidade de fuga aos padrões sociais e aos cânones pré estabelecidos, algo que todos nós desejamos muitas vezes fazer, mas nem sempre temos espírito e ousadia para avançar e com Dust Bunnies a fazer-nos embarcar numa incrível viagem ao rock psicadélico da década de setenta, mantendo-se o derrame de versos extensos e quase descritivos dos habituais acontecimentos quotidianos, sempre com um olhar para o mundo físico e não apenas para uma exposição das suas emoções intrínsecas.

Daí em diante não faltam momentos em que prevalece essa sensação nada abstrata, que mostra um músico que procura sempre deixar o seu ambiente para caminhar pelo mundo real, algo audível nas imensas passagens instrumentais, quase sempre feitas com o simples dedilhar de cordas, que pintam instantes que podem ser possíveis pontos de reflexão silenciosa, que todos experimentamos diariamente e que nos dizem muitas vezes bastante mais e de modo superiormente sábio, do que conversas de circunstância com quem nos é próximo mas tem apenas um conhecimento circunstancial e superficial do nosso âmago. Lindíssimas baladas como Stand Inside ou Lost My Head Tere, mas também o experimentalismo patente em Life Like This e as variações percussivas e os acordes deambulantes que empoeiram Wheelhouse, manifestam instrumentalmente estas experiências de vida sincera, que também precisa de ser uma jornada espiritual, para ser apreciada e saboreada em plenitude.

Demanda temática sobre um só ser que pode conjugar em si a esmagora maioria dos seres deste mundos, já que é profundamente genuíno no modo como expõe as principais virtudes e fragilidades da condição humana, b’lieve i’m goin down… discute melancolicamente sobre o amor, a saudade e outras futilidades diárias, à sombra de narrativas criadas por um músico que prova so sexto disco ser capaz de observar o tempo passar e de ser capaz de descrever cada mínimo aspecto sobre ele, à boleia das cordas,pelo menos durante mais trinta e cinco anos.

Kurt Vile estará em Lisboa a vinte e quatro de novembro, onde irá apresentar em nome próprio o novo álbum. A atuação está marcada para o Armazém F e a primeira parte está a cargo de Waxahatchee. Espero que aprecies a sugestão...

Kurt Vile - B'lieve I'm Goin Down...

01. Pretty Pimpin
02. I’m An Outlaw
03. Dust Bunnies
04. That’s Life, Tho (Almost Hate To Say)
05. Wheelhouse
06. Life Like This
07. All In A Daze Work
08. Lost My Head there
09. Stand Inside
10. Bad Omens
11. Kidding Around
12. Wild Imagination

 

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publicado por stipe07 às 17:16






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