man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Kurt Vile – Back To Moon Beach EP
Meia década depois do excelente registo Bottle It In, e ano e meio após (watch my moves), o oitavo disco da carreira, Kurt Vile volta a dar as mãos à Matador Records e coloca nos escaparates Back To Moon Beach, o novo EP deste músico que descende da melhor escola indie rock norte americana e que adora piscar o olho à melhor folk nativa do outro lado do atlântico, quer através da forma como canta, quer nos trilhos sónicos da guitarra elétrica que abraça há duas décadas, sempre com elevado requinte.
Não deixa de ser um pouco estranho catalogar um compêndio de nove canções com uma duração de quase uma hora como um EP, mas é desse modo que se identifica Back To The Moon Beach, composições que são b-sides incubadas durante as sessões de gravação dos discos que Kurt Vile lançou na última meia década.
Back To The Moon EP é um sublime alinhamento que coloca Kurt Vile no rasto da herança de alguns dos cantautores de eleição do seu país e que são verdadeiras referências incontornáveis, como Johnny Cash ou Neil Young, só para citar alguns dos autores mais conhecidos. E Vile fá-lo servindo-se da folk, o seu universo sonoro de eleição, aqui mesclado com alguns dos melhores tiques identitários da country e do jazz, como o próprio plasma e assume, logo a abrir o EP, em Another Good Year For The Roses e Touched Somethin (Caught A Virus), por esta ordem. Se na primeira canção o piano assume as rédeas, na segunda compsição é o violão quem cerra os punhos, exemplarmente acompanhado pela bateria. Mas, em ambos os casos, a filosofia é semelhante, porque a base instrumental das canções vai-se deixando enlear por uma quase impercetível vastidão de arranjos, detalhes e nuances das mais diversas proveniências, que vão adornando, com um charme intenso, duas canções assentes numa simbiose quase hipnótica entre melancolia e exprimentalismo.
É neste modus operandi fascinante que se fundem os alicerces de Back To The Moon. O próprio tema homónimo é um impressivo flash sonoro de cosmicidade poeirenta e intimista, que abraça e suscita no ouvinte conceitos como espontaneidade e inocência. Depois, se Like A Wounded Bird Trying To fly plasma um perfil mais roqueiro e evocativo, sem deixar de lado o indispensável intimismo e se Tom Petty’s Gone (But Tell Him I Asked For Him) pisca o olho, com notável acerto, a uma espécie de sensualidade orgânica apimentada com pequenos delírios acústicos e elétricos, Blues Come For Some volta a chamar o piano para a linha da frente, sem rodeios e receios, numa canção que é um verdadeiro festim de sentimentalismo.
Back To The Moon Beach é, em suma, um calcorrear eminentemente lisérgico que olha para a folk de espírito livre e aberto, uma opção criativa que deu origem a composições sublimes no modo como aprimoram o melhor adn identitário de Vile, feito de melodias conduzidas quase sempre por cordas elétricas e acústicas inspiradas e também, neste caso, de um piano buliçoso, espraiadas em quase sessenta minutos de enorme beleza, emoção, arrojo e, acima de tudo, contemplação. Espero que aprecies a sugestão...
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1 comentário
De Homem a 22.11.2023 às 18:16
