man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Kings Of Convenience – Peace Or Love
Doze anos depois do registo Declaration Of Dependence e vinte do álbum de estreia Quiet Is The New Loud, os noruegueses Kings Of Convenience de Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe, estão de regresso com um lindíssimo disco intitulado Peace Or Love, um alinhamento de onze canções que viu a luz do dia a dezoito de junho, através da EMI Records.
A exploração profunda, singela e perene daquilo que é o amor e o desejo é o eixo central do conteúdo de Peace Or Love, um contemplativo, confiante e confidente exercício sonoro que, como seria de esperar, exala o adn indie folk típico desta dupla, assente em deslumbrantes cordas e num registo interpretativo que se mostra melodicamente sagaz e sofisticado. Duas décadas após a estreia, Eirik Glambek Bøe e Erlend Øye mostram-se, naturalmente, mais adultos e conscientes do mundo que os rodeia e com um outro conhecimento relativamente à vida, algo que se reflete no modo consciente como plasmam as suas ideias acerca da temática central do registo, com a pureza destas canções e a elegância das mesmas, conferida pelas pitadas deslumbrantes de bossa nova que contêm, a diferenciarem consistentemente este projeto de outras propostas dentro do mesmo espetro sonoro e a plasmarem tal astúcia e traquejo.
De facto, um dos grandes atributos dos Kings Of Convenience é conseguirem escrever músicas sem grandes truques ou adornos, mas sem deixarem de ser profundas, inspiradoras e tocantes, algo que requer uma capacidade criativa melódica incomum e uma dose de confiança mútua ímpar, com a dupla a nunca vacilar, ao longo do registo, no modo como, dentro desta evidência, entrelaçam cordas com alguns adereços percurssivos, fazendo-o com superior requinte, por exemplo, em Catholic Country, mas também deslumbrantemente em canções como Angel, que disserta sobre a tristeza de uma mulher destroçada pela não correspondência, ou na mais contemplativa Killers.
As vozes luminosas e imponentes de Bøe e Øye, de timbre semelhante, são a cereja no topo do bolo desta filosofia que sustenta um disco repleto de charme, delicadeza e cuidado, um trabalho que expressa inocência e experiência ao mesmo tempo e onde mesmo que pareça, em alguns momentos que algumas esperanças silenciosas de obter dele dicas infaliveis acerca de como sobreviver ao fim de um romance sejam frustradas, aquilo que fica é a clarificação de que quer o amor quer o desejo, que são sentimentos complicados e ilegíveis na sua essência, são também, em última análise, razões de ser fundamentais, inadiáveis e inaliáveis na nossa existência. Espero que aprecies a sugestão...