man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Josh Rouse - The Embers Of Time
Josh Rouse, um dos meus intérpretes preferidos a solo, está de regresso em 2015 com The Embers Of Time, disco lançado no passado dia sete de abril por intermédio da Yep Roc Records. O álbum foi produzido por Brad Jones, que já havia trabalhado com o cantor em 1972, em Nashville e no anterior The Happiness Waltz e foi gravado entre Valência, Espanha, no estúdio do artista, chamado Rio Bravo e Nashville, cidade norte americana natal do músico.
The Embers Of Time começa solarengo e festivo com Some Day’s I’m Golden All Night e com o esplendor das cordas e os arranjos típicos da folk sulista norte americana a darem as mãos para a criação do habitual ambiente emotivo e honesto que carateriza a música e os discos deste cantautor que nunca perdeu o espírito nostálgico e sentimental que carateriza a sua escrita e composição. Na verdade, The Embers Of Time é mais um trabalho repleto de letras pessoais e a harmónica de Too Many Things On My Mind, uma das melhores canções do disco, oferece-nos um Josh que não se envergonha de escrever sobre o modo como aprecia alguns dos melhores prazeres da vida, que tanto podem ser um bom filme, ou uma garrafa de um excelente vinho que o músico terá certamente aprendido a apreciar devidamente desde que assentou arraiais na vizinha Espanha e como os nossos dilemas existenciais também podem relacionar-se com algumas das melhores coisas da vida. No blues de JR Worried Blues, essa mesma harmónica volta a fazer das suas e a servir para dar cor a um ambiente igualmente descontraído e regado com um teor etílico ainda mais elevado e oriundo da Nashville que certamente o terá inspirado neste instante do alinhamento.
Josh Rouse tem este lado muito humano que eu aprecio imenso e que já fez dele, em tempos, um dos meus maiores confidentes, quando Nashville, um dos momentos altos da sua carreira, liderou a banda sonora de um período menos feliz, mas muito importante da minha existência. Ele faz questão de se mostrar próximo de nós e de partilhar connosco as coisas boas e menos boas que a vida lhe vai proporcionando e, com essa abertura, faz-nos, quase sem darmos por isso, retribuir do mesmo modo. Começa-se a ouvir as vozes e o som ambiente que introduz You Walked Through The Door e torna-se obrigatório vislumbrar Rouse a entrar pela nossa porta com uma garrafa numa mão e um naco de presunto na outra e o maior sorriso no meio, como se ele fosse já da casa, um grande parceiro, confidente e verdadeiro amigo, um daqueles que não complicam e com o qual se pode sempre contar. Alías, é curioso constar-se que The Embers Of Time foi uma das formas de terapia que Josh Rouse encontrou para combater uma crise de confiança e um estado algo depressivo que se apoderou do músico nos últimos tempos vividos em Valência (It's my surreal expat therapy record), quando as dez canções do alinhamento podem ter em nós essa mesma função terapêutica e retemperadora. Escuta-se a melodia escorreita e preguiçosa de Time e torna-se impossível não olhar para o nosso íntimo e sentirmos inspiração suficiente para enfrentarmos de frente alguns dos nossos maiores dilemas enquanto descobrimos a solução para certas encruzilhadas, uma resposta que estava mesmo ali, dentro do nosso peito, à espera desta canção para se revelar em todo o seu esplendor.
Esta superior capacidade que a música de Rouse tem de suscitar sensações concretas no nosso íntimo, tem um travo muito particular naquela harmónica quando chamou para junto de si o piano ao terceiro tema, numa canção chamada You Walked Through The Door, que sabe a um Paul Simon em grande forma, presente não só no sabor country da harmónica ma também no modo subtil como Josh conjuga a enorme sensibilidade melódica que lhe é intrínseca com a envolvència dos arranjos que seleciona, tocando-nos bem fundo. Essa mesma sensação reconfortante de proximidade e de fulgor repete-se adiante, nos arranjos feitos com violinos e no dueto com Jessie Baylin em Pheasant Feather. Aliás, Josh Rouse é único e tem um estilo inconfundível no modo como dá a primazia às cordas, seja qual for o instrumento de que elas se servem, sem descurar o brilho dos restantes protagonistas sonoros e, principalmente, sem se envergonhar de colocar a sua belíssima voz na primeira linha dos principais fatores que tornam a sua música tão tocante e inspiradora.
Até ao ocaso de The Embers Of Time nunca se perde o elo de ligação entre músico e ouvinte já que é impossível ficarmos indiferentes aos lamentos sentidos e tremendamente confessionais que acompanham a viola em Ex-pat Blues e depois, já devidamente exorcizados, não deixarmos de olhar em frente, recompostos e prontos para olhar a vida de um modo mais otimista e positivo ao som de Crystal Falls, enquanto termina um alinhamento de dez canções que será, certamente, justamente considerado como um marco fundamental na carreira de um compositor pop de topo, capaz de soar leve e arejado, mesmo durante as baladas de cariz mais sombrio e nostálgico e de nos mostrar como é fina a fronteira que existe muitas vezes entre dor e redenção. Espero que aprecies a sugestão...
The Embers of Time was recorded between Spain and Nashville with Brad Jones who I've recorded with a lot. Part of it’s a band and part of it’s just me with some arrangements. A lot of the performances on there are live. We ran through each song maybe once or twice and [the band] just nailed it! They’re so good! As a result, it has something you just can’t get recording things one at a time. We were in the same room. Something happens. A sort of glue to everything.
01. Some Days I’m Golden All Night
02. Too Many Things On My Mind
03. New Young
04. You Walked Through The Door
05. Time
06. Pheasant Feather (Feat. Jessie Baylin)
07. Coat For A Pillow
08. JR Worried Blues
09. Ex-Pat Blues
10. Crystal Falls