man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
Joseph Arthur – Days Of Surrender
Editado no final da última primavera, Days Of Surrender é o novo registo de originais de Joseph Arthur, um músico e compositor que nasceu em Akron, no Ohio, em setembro de 1971 e já com uma longa carreira discográfica, iniciada no início deste século e que conta com quase duas dezenas de lançamentos, com destaque para o anterior, um trabalho intitulado Lou e que serviu de tributo a Lou Reed, uma das grandes referências de Arthur.
A passear entre o rock alternativo, o indie pop e a folk, este músico norte americano aposta, quase sempre, em composições que são verdadeiras peças melódicas recheadas com um turbilhão de emoções. E o alinhamento de Days Of Surrender não escapa quer às próprias opções instrumentais de Arthur sempre ricas e exuberantes e interpretadas pelo próprio, praticamente na íntegra, mesmo em palco, quer à evidência acima referida, sempre com uma preocupação clara por parte do autor em realçar o cariz intimista e singelo das suas canções, com arranjos e letras que falam por si.
Days Of Surrender ilumina a nossa mente e afaga os ouvidos logo no início, com os timbres de cordas bastante marcados de Pledge Of Allegiance e de Mystic Sister e o piano grave de Maybe You, a serem temas que colocam a nú a receita predileta de Arthur. Independentemente da primazia instrumental de cada um dos temas, raramente faltam alguns efeitos, percussivos ou atmosféricos, quase sempre com uma origem sintética, mas que nunca colocam em causa o vincado sabor orgânico de canções com as quais poderá haver uma identificação clara por parte do ouvinte, tal é a clareza e a acutilância com que Arthur versa sobre assuntos do quotidiano de qualquer comum mortal, sempre com uma vincado convite à reflexão profunda sobre os mesmos. Break, por exemplo, é uma canção agridoce, criada com inspiração e apurada veia criativa e que explora a fundo as diversas possibilidades sonoras da viola, com uma tonalidade única e uma capacidade incomum para quem souber ser exímio no seu manuseamento, como é o caso, ser capaz de a dedilhar para transmitir sentimentos e emoções com uma crueza e uma profundidade simultaneamente vigorosas e profundas. Mesmo quando o instrumento é eletrificado e deixado um pouco à sua sorte e a um andamento algo boémio, como sucede em Hold A Hand, ou opta por um frenesim agitado, como é o caso de Innocent Man, em vez do perigo do descontrole e da perca de homogeneidade no alinhamento, assiste-se à obtenção de um estado superior de consciência e profundidade, na abordagem temática da canção, que nos convida a um urgente exercicio de exorcização de todas as amarrras que o amor, como sentimento libertador, ainda coloca a muitos de nós.
Joseph Arthur tem conseguido sobreviver airosamente à erosão dos anos e estas suas novas canções soam ainda mais atuais e profundamente harmoniosas. São, no fundo, novas pinturas sonoras, carregadas de imagens evocativas que já conferimos em outros tempos, mas pintadas com melodias acústicas bastante virtuosas e cheias de luz e arrumadas com arranjos meticulosos e lúcidos, que provam a sensibilidade do autor para expressar tudo aquilo que sustenta a memória e o coração de muitos de nós. Espero que aprecies a sugestão...
01. Pledge Of Allegiance
02. Maybe You
03. Mystic Sister
04. Break
05. Come Back When You’re Poor
06. Isolate
07. Hold A Hand
08. I Don’t Know The Way
09. Innocent Man
10. Come Inside
11. Take You There
12. If I Could I’d Get Out