man on the moon
music will provide the light you cannot resist! ou o relato de quem vive uma nova luz na sua vida ao som de algumas das melhores bandas de rock alternativo do planeta!
James Supercave – Better Strange
Joaquin Pastor, Patrick Logothetti e Andrés Villalobos são os James Supercave, uma banda que acaba de se estrear nos discos abrigada pela insuspeita Fairfax Recordings. Better Strange é o nome desse trabalho, doze canções com uma abrangência pop bastante atual, que da eletrónica ao rock progressivo, impressiona pela forma subtil como, ao criar um ambiente muito próprio e único através da forma como se sustenta instrumentalmente, alberga diferentes géneros sonoros e, sendo um disco mutante, cria um universo que até parece algo obscuro, uma percepção que se vai transformando à medida que avançamos na sua audição, que surpreende a cada instante.
Os sintetizadores, o falsete impecável de Pastor, o groove do baixo e da bateria, os efeitos radiososo e a melodia intensa de Better Strange abrem-nos portas para um alinhamento de canções que não deixa ninguém indiferente. Logo de seguida, o ritmo e nos efeitos da pulsante Whatever You Want firmam a primeira impressão positiva e consubstanciam uma verdadeira entrada a matar num registo de forte pendor hipnótico, ora catártico devido à batida, ora em busca de uma psicadelia que, muitas vezes, só um baixo picado a lançar-se sobre o avanço infatigável de todo o corpo eletrónico que sustenta as canções e que também usa a voz como camada sonora, consegue proporcionar.
A partir daí, no groove sedutor de Brun, mais um exemplo que plasma a forte importância do baixo na filosofia sonora dos James Supercave, na linha rugosa mas surpreendentemente delicada da guitarra que conduz Body Monsters, na distorção desse mesmo instrumento no imponente piscar de olhos à brit pop em Get Over Yourself e no curioso pendor acústico e solarengo da frenética e exuberante The Right Thing, assistimos, consumidos e absortos, a uma verdadeira revisão histórica da pop dos últimos vinte anos, uma revisão eufórica que nos desperta para uns Radiohead imaginários e futuristas ao som da visceral Virtually A Girl e da divertida Chairman Gou, uns Radiohead que certamente não se importariam de ser manipulados digitalmente com tal mestria se for este o resultado final dessa apropriação.
Daqui em diante ainda há tempo para sentir no piano e no falsete de With You, um toque de lustro livre de constrangimentos estéticos e que nos provoca um saudável torpor e no efeito da guitarra de Just Repeating What’s Around Me uma impressiva mescla entre R&B e eletrónica ambiental, num disco que, no seu todo, contém uma atmosfera densa e pastosa mas libertadora e esotérica. Better Strange é um disco muito experimentalista naquilo que o experimentalismo tem por génese: a mistura de coisas existentes, para a descoberta de outras novas. Mas tem também uma estrutura sólida e uma harmonia constante. É estranho mas pode também não o ser. É a música no seu melhor. Espero que aprecies a sugestão...
01. Better Strange
02. Whatever You Want
03. Burn
04. Body Monsters
05. How To Start
06. Get Over Yourself
07. The Right Thing
08. Virtually A Girl
09. Chairman Gou
10. With You
11. Just Repeating What’s Around Me
12. Overloaded